sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Múmias e dinossáurios

A noite de domigo próximo vai ser uma noite de dinossáurios no National Geographic Channel. Um dos documentários programados promete ser especialmente interessante. O «Dino Autopsy» apresenta a Dakota, um «lagarto bico de pato» ou Hadrosaurus foulkii, uma múmia extraordinariamente bem preservada.

Uma múmia de dinossáurio é um dos achados mais raros em paleontologia e os estudos preliminares sobre a Dakota, apresentada ao público no passado dia 3 de Dezembro, estão já a alterar o que pensávamos saber e estudos mais alargados prometem lançar luz sobre a evolução dos dinossáurios e seus descendentes.

O documentário referido conta a descoberta espantosa de uma múmia praticamente intacta, encontrada em 1999 nas Hell Creek Formation Badlands no Dakota do Norte pelo então adolescente Tyler Lyson - agora um estudante de pós-graduação em Yale. A múmia não o é no sentido que normalmente associamos ao termo, como na múmia de Tutankhamon, mas refere o facto raro de processos minerais terem tornado grande parte do corpo do dinossáurio em pedra antes de as bactérias terem tido tempo de o degradar, o que inclui pele, tendões e outros tecidos moles.

Esta múmia é a primeira descoberta de um exemplar em que a pele não colapsou no esqueleto o que permitiu aos cientistas calcular a massa e volume de músculo num dinossáurio pela primeira vez. Por outro lado, uma vez que a pele está praticamente intacta pode significar que a química respectiva foi preservada.

Os estudos preliminares envolveram um olhar para o interior do corpo e cauda do Dakota com o auxílio de tomografia computadorizada, possibilitada pela Boeing que emprestou o aparelho com que testa partes de naves espaciais para a NASA, e este olhar, que forneceu informaçõs preciosas aos paleontólogos, vai ser igualmente revelado no documentário.

Todos os detalhes da descoberta são contados num novo livro publicado pela National Geographic Society, «Grave Secrets of Dinosaurs: Soft Tissues and Hard Science», escrito pelo paleontólogo Phillip Manning e que será lançado nos Estados Unidos em 8 de Janeiro e na Europa três semanas depois.

Fica a sinopse do livro:

«Two years ago Dr. Phil Manning was contacted by Tyler Lyson about a new dinosaur find. Tyler had found the fossil remains of a dinosaur. When Phil got to see the fossil remains for the first time, both he and Tyler knew they had an animal that could change the way dinosaurs were viewed. This dinosaur belonged to an elite group of fossils. This was a dinosaur mummy!

While Jurassic Park brought dinosaurs to life through models and animation, here the nuts and bolts of science are deployed to piece together the evidence of a past life. Drawing upon the cutting edge techniques developed by the dinosaur mummy team, Manning takes the reader on a chronological tour of the handful of dinosaur mummies that have teased the scientific community for 100 years. In 1908 the first remarkably preserved dinosaur mummy was discovered and excavated by the legendary Sternberg's, palaeontological aristocracy in their own right.

Discoveries of dinosaurs with soft-tissue structures from Italy to China, and from the USA to Patagonia will recount our increasing knowledge and understanding of these remarkable fossils. Last and most important, Manning reveals the soft tissues and hard science behind this splendid new find from the Late Cretaceous Badlands of North Dakota. Manning chronicles the progress of the international team of scientists brought together to excavate, record, analyse, and interpret this incredible find.»

10 comentários:

Ciência Ao Natural disse...

:)
Quem escreve bem sobre ciência, fá-lo em todos os campos!.
E eu mortinho por a apanhar em falso na "paleo"!
Nicles!
:)

Luís Azevedo Rodrigues

Fernando Martins disse...

Pois discordo do uso do termo "múmia" para estes moldes de tecidos moles...

Estarei errado? O meu gosto por arqueologia (e egiptologia) se calhar trai-me neste assunto...

JSA disse...

Ainda estou para ver a reacção dos criacionistas que se vão atirar a este achado para dizer que "prova" que os dinossuro não existiram assim há tanto tempo. Querem uma aposta?

Já agora, qual é o termo mais correcto em português: dinossauro ou dinossáurio? Alguém me pode esclarecer?

Ciência Ao Natural disse...

Caro JSA,

Embora não filólogo tenho sido confrontado inúmeras vezes com essa pergunta.
Ver aqui, por favor.

Luís Azevedo Rodrigues

http://www.triplov.com/galopim/dino_saurio.htm

Anónimo disse...

Mumia no sentido da conservação do corpo e tecidos por oposição a fossil e esqueleto, mummias não as há só no egipto, tambem na america do sul, e nas zonas geladas penso que ou do alasca ou da siberia, que foram sepultadas no gelo e por lá ficaram e tornaram-se mumias por isso.
O fantástico dessa descoberta é que vai permitir estudar muitas mais coisas num dissossauro, e julgo que esta descoberta e as proximas do genero porque de certeza que haverá muitas mais irá revolucionar o nosso conhecimento sobre esses seres ancestrais..

Aqualung disse...

Sim, se visitarem o site da conservapedia eles apresentam de forma triunfante esta descoberta, indicadora de que os dinosáurios existiram recentemente.

Mas como sempre, não chegaram a ler os artigos que usam como referência para as suas alucinações.

Na ausência dos comentários do sr. anónimo, convido vos a uns bons momentos de comédia, não aos nível dos Gato Fedorento como é óbvio, mas mesmo assim deveras estimulantes.

http://www.conservapedia.com/Talk:Main_Page#Interesting_Article

Mr. Shankly disse...

"Ainda estou para ver a reacção dos criacionistas que se vão atirar a este achado para dizer que "prova" que os dinossuro não existiram assim há tanto tempo"
Pensei precisamente o mesmo :)

Fernando Martins disse...

Já agora, estive a ver na programação da TV Cabo e não bate a bota com a perdigota... É mesmo este domingo o especial Dinossáurios, ou, comme d'habitude, é uma semana depois?

perspectiva disse...

Para os criacionistas bíblicos, a descoberta de pele, tecidos moles, ligamentos e órgãos intactos em dinossauros não é surpresa nenhuma.

Pelo contrário, isso concorda inteiramente com aquilo que seria de esperar de acordo com o seu modelo explicativo e preditivo.

Segundo a Bíblia, os dinossauros e os seres humanos foram criados na mesma semana e coexistiram até ao dilúvio e, depois dele, durante mais algum tempo.

Os dinossauros extinguiram-se depois do dilúvio em virtude das grandes transformações que a terra, o clima, a fauna e a flora experimentaram depois desse cataclismo.

Ainda assim, encontramos muitos relatos da antiguidade com referência dragões, em muitos casos com características muito semelhantes às dos dinossauros actualmente conhecidos.

Além disso, como se pode ver, encontramos hoje tecidos moles, pele, homoglobina, órgãos intactos, não fossilizados, em restos de dinossauros.

Os criacionistas não têm mais nada a declarar. Têm toda a evidência de que precisam. Esta concorda inteiramente com aquilo que vêm sustentando.

Os evolucionistas é que têm que explicar como é que todos esses restos de dinossauro poderiam razoavelmente ter sido preservados durante 65 milhões de anos.

Mas primeiro importa tentar ter em mente o que são 65 milhões de anos.

É que a história humana registada tem uns escassos milhares de anos e 65 milhões de anos é, certamente, uma quantidade de tempo que transcende a nossa capacidade de compreensão.

João Moedas Duarte disse...

Caro Perspectiva,

Pode fornecer-me uma referencia de uma publicação científica que descreva "órgãos intactos, não fossilizados" de dinossaurios? E já agora com referencia ao local e às condições em que foram encontrados.

É que desconheço e pode ser problema meu.

Obrigado e cumprimentos

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