sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Um ano de Museu da Ciência em Coimbra


Do jornal "O Primeiro de Janeiro" a propósito do 1º aniversário do Museu da Ciência de Coimbra:

Em declarações ao "Janeiro" a propósito do primeiro aniversário do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, o físico Carlos Fiolhais recuou a 1807 e ao cenário das Invasões Francesas para lembrar que o edifício do Laboratório Chimico, onde hoje funciona a estrutura, “foi na altura transformado em paiol de pólvora e esteve quase a incendiar-se”. No entanto, acrescentou, “quando anos depois houve uma grave epidemia, transformou-se num cenário de paz, e foi convertido numa farmácia”. Carlos Fiolhais explica que aquele “é um lugar que reúne histórias da História”, sublinhando que “essa relação da ciência com a sociedade, a paz e a guerra, a saúde a doença” mereceria das autoridades uma atenção para com o museu que não tem tido, até porque, alega o cientista, “chamar-lhe Museu da Ciência de Coimbra é algo redutor, porque é um museu de todo o país”.

Albergue de “alguns tesouros nacionais”, o Museu de Ciência é “uma estrutura que devia ser mais conhecida”, mas em vez disso, atesta o cientista, tem “esbarrado” na pouca divulgação – “Toda a divulgação seria pouca” –, e “nem o circuito turístico do Centro o inclui ainda no seu cartaz”. Considera que “não faz sentido dizer que o museu é só da Universidade de Coimbra, quando esta, como todas as outras, está em contenção de custos”, tal como “não faz sentido que sejam os estudantes, com as suas propinas, a sustentar o património deste museu”, que “só tem um ano, mas vai crescer”. Porque “o museu com um ano está bonito e recomenda-se”, Fiolhais é da opinião de que deveriam ser as autoridades governamentais, a Universidade de Coimbra, a Câmara Municipal, a Região de Turismo do Centro e os meios de informação a apoiar a dinamização do projecto, que “é único no país e até na Europa”.

Ao seu jeito muito particular, sempre divertido, Carlos Fiolhais comparou o Museu da Ciência a “uma criança que já anda” e, evocando a sabedoria popular, lembrou que “ao ano andante, aos dois falante”, desejando “que esta seja uma criança precoce e fale antes disso”. Frisando que “não basta dizer que há um problema com a cultura e com a ciência, é preciso resolvê-lo”, enalteceu a importância de “mostrar o nosso património”, para que se saiba o que temos e a importância que tem. Salientou ainda o “edifício fantástico”, que valeu ao Laboratório Chimico um prémio de arquitectura, e a modernidade no interior, que torna a ciência uma actividade acessível a todos os públicos.

Carla Teixeira

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