sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Energias alternativas: os carros do futuro estão a chegar


Na figura: Andreas Gutsch, director executivo da Li-Tec Battery apresenta a última geração de pilhas de lítio, o Separion (Figura: Li-Tec Battery)

Inventadas há mais de 200 anos, quando Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta rejeita o «fluido eléctrico animal» proposto por Luigi Galvani e inventa a primeira célula voltaica, em 1800, as pilhas electroquímicas sofreram desenvolvimentos consideráveis nos últimos anos, os mais divulgados a nível das células de combustível.

As pilhas e baterias são utilizadas num enorme número de aplicações mas a substituição de derivados do petróleo como alimentação de veículos automóveis por esta energia mais limpa tem apresentado muitas dificuldades, nomeadamente porque até há bem pouco tempo as baterias disponíveis eram pesadas, com pouca autonomia e difíceis de recarregar. A Toyota e outras companhias têm conseguido progressos notáveis no sentido de ultrapassarem estes problemas desenvolvendo baterias mais leves e mais potentes.

O lítio, o metal de número atómico 3, é o metal menos denso (mais «leve»), e com potencial normal mais baixo, isto é, permite o desenvolvimento de pilhas não só com a melhor razão energia/peso como com maior força electromotriz ou maior voltagem. As pilhas/baterias de lítio iónico ou lítio ião, desenvolvidas em meados dos anos 80 por John B. Goodenough para a Sony são comercializadas desde 1991 mas a sua baixa estabilidade térmica e a sua tendência para explodir quando sujeitas a elevadas temperaturas limitam o seu campo de aplicação.

Estes problemas levaram a Toyota a atrasar a instalação de baterias de lítio na terceira geração do Prius, que deverá sair em finais de 2008, provavelmente equipado com versões melhoradas das actuais baterias de hidreto de níquel.

Mas dois anúncios recentes prometem revolucionar em breve o mercado da energia limpa portátil com novas baterias de lítio. A ExxonMobil Chemical e a sua afiliada japonesa Tonen Chemical apresentaram um polímero revolucionário que permite melhorar a potência, segurança e estabilidade das baterias de lítio-ião usadas em veículos eléctricos e híbridos. O anúncio foi feito no 23rd Electric Vehicle Symposium and Exposition (EVS-23) que decorreu entre 2 e 5 de Dezembro perto da Disneylândia, em Anaheim na Califórnia.

Jim P. Harris, vice presidente da ExxonMobil Chemical Company afirmou «Com o que são essencialmente camadas muita finas de filme, podemos melhorar a performance de segurança da bateria e ajudar a tornar possível a próxima geração de carros híbridos e eléctricos».

Na Alemanha foi criado um consórcio, Lithium-Ion Battery LIB 2015, que pretende explorar as baterias de lítio-ião da firma Li-Tec, que «são 30% menos volumosas que as da Toyota e permitem uma autonomia três vezes maior com o mesmo peso dos modelos franceses». Em vez de um filme polimérico, a Li-Tec, uma pequena empresa que integrou o consórcio que inclui a Volkswagen, a BASF e a Bosch, inventou uma membrana cerâmica muito flexível que separa como um papel os dois elementos de pilha e permite uma maior estabilidade térmica.

Como referiu um porta-voz da Bosch «É um passo para tornar os automóveis completamente eléctricos».

Só podemos esperar que este passo seja dado rapidamente, assim como os que faltam para esse carros serem uma realidade dentro de pouco tempo.

8 comentários:

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas tenho a sensação que a OPEP não vai gostar muito do assunto e vai tentar fazer alguma "coisa"! Ou então sou eu que sou paranóico.

TMC disse...

Os problemas associados aos carros não são findados pelo término ou redução das suas emissões poluentes. A solução que a Professora Palmira aborda respeita só às soluções tecnológicas que visam reduzir os efeitos negativos da poluição causada pelos transportes.
Queria pois sublinhar os aspectos que nunca serão resolvidos por tecnologias enquanto não nos livrarmos do conceito de carro:
-mortes na estrada
-invasão do espaço público
-descaracterização dos centros históricos
-engarrafamentos
-estacionamento abusivo
-alienação social
-subúrbios dependentes do automóvel

O problema não está a ser atacado na raíz.

Manuel Rocha disse...

Em rigor estamos a falar de uma energia alternativa ou de um uso alternativo de energia ?

Um pouco das duas coisas, se bem entendi o funcionamento das células de combustivel.

Mas mesmo estas baterias-maravilha têm de ser recarregadas, certo ?

Se se globalizarem os padrões ocidentais de uso do transporte individual, isso significa o quê ?

Já agora : como estamos de litio ? E os custos energéticos da produção, distribuição, recolha, reciclagem das baterias-maravilha, estão contabilizados ?
Ou iremos por caminho semelhante ao que nos aconselha a substituir as lampadas de incandescencia e nada diz sobre os consumos dos novos TV plasma e consolas anexas ?

Interessante o achado. Mas também não me parece que a questão energética esteja a ser sériamente encarada.

Marco Oliveira disse...

Palmira,
Isto é uma boa notícia.
Mas lembro que não basta o sucesso tecnológico; é necessário um sucesso comercial.
Veja-se o que aconteceu no duelo VHS-Beta...

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

manuel rocha,
Devagar se vai ao longe. temos que dar um passo de cada vez, e este é um passo importantíssimo.
Como vamos produzir a electricidade para carregar as novas pilhas de lítio? Bom, há a energia hidro-eléctrica, a eólica... a nuclear, quer queiramos quer não... e quem sabe se de futuro não será possível haver centrais térmicas a hidrogénio, produzindo como único resíduo água pura utilizável.
Ainda estamos muito longe de ficar independentes dos hidrocarbonetos, mas para lá caminhamos. Já pensou nos benefícios ambientais, sociais e geopolíticos desta independência?

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

arlequim,
Eu também gostaria de viver num mundo sem automóveis, mas primeiro é preciso inventar uma alternativa tão boa como eles, ou de preferência melhor, para assegurar a mobilidade individual.
Enquanto não se inventar uma maneira, que não seja o automóvel, de uma pessoa acordar às três da manhã e levar ao hospital uma criança com febre; ou de uma pessoa sair do emprego, ir buscar os filhos ao colégio, fazer as compras e chegar a casa sem ser a meio da noite - enquanto não se inventar isto, continuarei a dizer: carro, sim, obrigado.

Manuel Rocha disse...

Pois, Caro José Luis...que lhe hei-de responder?

Parece-me claro que nos separa um diferença essencial: enquanto você considera que os problemas sociais e ambientais com que nos debatemos estão na forma como fazemos as coisas, eu penso que estão no conteúdo daquilo que fazemos.

Por isso, enquanto você aceita o modelo como válido e dá as boas vindas a todos os pequenos passos que possam melhorá-lo, adoptando assim uma postura reformista, eu não acredito no modelo, embora não despreze o contributo que achados como o do post possam trazer para consolidar um outro paradigma.

Paulo Alexandre Graça Franco disse...

http://biocrude.blogspot.com/

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