quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

MAIS CIÊNCIA E POESIA

A eventual oposição entre ciência e poesia encontra-se poeticamente retratada num poema do brasileiro Manuel Bandeira (na foto a Lua e Vénus):

"Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmistificada,
Despojada do velhe segredo.
Não é agora o filão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Demissionário de atribuição romântica,
Sem show as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si:
-Satélite".

Encontrei este poema no livro de Ronaldo Mourão "Astronomia e Poesia", Difel, Rio de Janeiro, 1977 (Gilberto Gil, actual Ministro da Cultura do Brasil, tem um poema de sentido semelhante).

2 comentários:

Paulo Abreu disse...

Ainda sobre ciência e poesia, há um excerto brilhante de Sir Eddington sobre ondas. Coloquei-o aqui, citado por Ken Wilber no seu livro Quantum Questions (sobre textos de cientistas famosos sobre metafísica e espiritualidade).

Atrapalhado disse...

I saw two shooting stars last night,
I wished on them, but they were only satellites,
is it wrong to wish on space hardware,
I wish, I wish, I wish you'd care.

-- Billy Bragg (cantor ingles) New England

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