A minha crónica semanal no jornal i, desta vez dedicada ao planeta mensageiro dos Deuses ...
É uma espécie de patinho feio do nosso sistema solar e não é, certamente, um dos planetas preferidos dos astrónomos e dos amantes das paisagens astronómicas: pequeno, recheado de crateras, sem bonitos anéis, sem cores deslumbrantes e pouco original, quase uma cópia da nossa Lua. Falo-vos de Mercúrio, um dos planetas menos visitado pelos emissários robóticos dos humanos - apenas a americana Mariner 10 andou pelas redondezas e deu-nos a primeira imagem próxima do planeta em 1975. Porém, esta quinta feira Mercúrio terá nova companhia: a sonda Messenger, também americana, irá dedicar-lhe total atenção. Como qualquer migalha do nosso sistema solar, Mercúrio esconde vários mistérios: um núcleo metálico estranhamente grande; desconhecemos 55% da sua superfície; os pólos têm crateras que nunca são visitadas pela luz solar (que esconderão?); e uma finíssima atmosfera. Eis a palavra sexy para um planeta melancólico: água! Em 1991 foram apontados para Mercúrio uns gigantes radiotelescópios que mostravam uma forte reflexão do sinal no pólo norte, algo encontrado, por exemplo, nas enormes calotes de gelo de Marte. Gelo no planeta mais próximo do Sol, a 400ºC? O mistério adensa-se (ou evapora-se): em 2008 e ainda a milhões de quilómetros de Mercúrio, os instrumentos da Messenger encontraram delicados sinais de água na rarefeita atmosfera do planeta... e vulcanismo! E assim temos um novo planeta a descobrir, nada monótono, altamente excitante!
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