sábado, 12 de março de 2011

MEDIR O TEMPO (II)

(Continuação)

Voltamos à questão inicial: há quanto tempo, nós, humanos, medimos o tempo?

A repetição de fenómenos de observação astronómica terá sido o molde para os padrões de repetição que levaram a progressiva cultura humana a registar as coincidências, os padrões, as repetições. A associação com as necessidades básicas da sua própria vida e sobrevivência terão forjado culturas primevas que ritualizavam, não um aumento na concentração de uma biomolécula, mas já o aumento progressivo da claridade a partir daquilo que hoje designamos por solstício de inverno, por exemplo.

Enquanto a espécie humana estava fundamentalmente dedicada à pastorícia, à agricultura e à pesca, digamos que há cerca de 8 mil anos atrás, ser-lhe-ia suficiente ter meios e a capacidade de prever a sucessão das estações e a variação da duração do dia ao longo do ano.



São testemunhos os inúmeros monumentos megalíticos, supostamente com fins astronómicos, espalhados pelo planeta há pelo menos 5000 anos. Representam a importância do registo das coincidências celestes. Pressupunham populações sedentárias, pelo menos sazonalmente, uma vez que não foram concebidos para serem movíveis!

Mas a mobilidade migratória humana, também ela oscilante, terá mobilizado o engenho para registos do Tempo móveis. Para além dos relógios de sol, que a sombra do próprio permitia medir o tempo ao andar, talvez possa ainda ser exemplo o enigmático disco de Nebra com pelo menos 3600 anos terrestres (foi enterrado há esse tempo).


Com a urbanização da humanidade e com a necessidade de viajar entre povoações, para um qualquer fim mesmo que fosse o desconhecido, o medir o Tempo passou a ter outra dimensão e importância. Importância na precisão da contagem de períodos de tempo iguais. Se dantes mais dia, menos dia não fazia grande diferença no passar das estações, o intensificar das trocas e viagens entre urbes instalou a necessidade de registos do tempo mais precisos.

E com a introdução da grandeza Tempo na explicação dos fenómenos, da natureza, do universo, imprecisões na sua medição por dois indivíduos diferentes retornava em observações menos compatíveis, mais ambíguas de uma certa realidade.

(continua)

António Piedade

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