sábado, 12 de março de 2011

MEDIR O TEMPO (III)




(continuação)


E Galileu observou e identificou a coincidência regular com que o pêndulo oscilava em torno de uma determinada posição e isso permitiu a invenção do relógio com mecanismo de pêndulo. Introduziu uma nova maneira, mais precisa, de domesticar os intervalos de Tempo.


De referir também a necessidade de instrumentação de medição ou contagem do Tempo para a exploração terrestre e, de forma muito crítica, para a navegação marítima. Se a observação solar e de outros astros servia de referência para a deslocação em latitude, a viagem para Este e Oeste, ou seja para longitudes diferentes, obrigava a instrumentação de medição de Tempo que não dependessem do utilizador nem do local. E isso só foi possível no século XVIII com a invenção, em 1737, do cronómetro marítimo pelo relojoeiro britânico John Harrison, o que permitiu medir a Longitude com a precisão necessária.


É agora altura de aqui introduzir duas invenções que estão associadas ao aumento ímpar na nossa capacidade de medir intervalos de tempo: o parafuso e a roda dentada. Sem eles não teríamos hoje instrumentação científica de precisão, nem Harrison teria resolvido o problema da medição da Longitude. Aliás, é difícil hoje encontrar instrumentos, objectos tecnológicos que não tenham pelo menos um parafuso em algum lugar. As engrenagens resultantes das rodas dentadas estão associadas mais ao movimento, por isso só as encontramos em instrumentos ou objectos que produzam ou que participem no movimento de algo. E, movimento significa que algo se deslocou de um ponto a outro durante um certo intervalo de tempo.

Apesar de existirem dúvidas sobre a sua invenção (há algumas referências que a ligam a Arquimedes), a primeira descrição sobre o parafuso foi efectuada pelo matemático grego Arquitas de Tarento (428 - 347 a.C.). Parafusos de madeira tornaram-se rapidamente comuns em todo o mediterrâneo principalmente em tornos de prensas para fazer vinho, azeite e outros óleos.
Em relação às rodas dentadas elementos de engrenagens, as referências mais antigas que se conhecem remontam à Escola Alexandrina durante o 3º século a.C. Há registos de terem sido desenvolvidas e exploradas por Arquimedes (287 - 212 a.C). Contudo, melhor fundamentadas são as referências a engrenagens utilizadas por Hero de Alexandria (10 – 70 d.C) por volta do ano 50 d.C. Diga-se a propósito que também é atribuída a Hero a invenção de uma ferramenta para cortar parafusos.

Mas as engrenagens só receberam renovado impulso aquando do fabrico da primeira máquina de cortar engrenagens inventada por uma artífice italiano de nome Juanelo Torriano de Cremona (1501-1575). Só com um corte regular dos dentes das engrenagens, precisamente divididas e cortadas, é que foi possível uma maior estabilidade na regularidade do movimento entre duas rodas dentadas.

Em associação, o parafuso e as engrenagens permitiram e alavancaram um novo mundo de máquinas. Com estes elementos, construíram-se as primeiras máquinas de medição de Tempo modernas e, simultaneamente, os relojoeiros tornaram-se pioneiros no fabrico de instrumentos científicos de precisão.


Se hoje utilizamos o conhecimento que temos sobre a estrutura atómica da matéria, e sobre o próprio átomo, para definirmos a unidade fundamental de Tempo, o segundo, (“um segundo é o tempo de duração de 9.192.631.770 vibrações da radiação emitida pela transição electrónica entre os níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133”), a sua medida e definição implicou a utilização de variada instrumentação de medida progressivamente mais precisa, reprodutível e robusta, que utiliza parafusos e engrenagens como parte integrante dos seus mecanismos ou que estiveram presentes em algum momento do seu fabrico.

A medição do Tempo e a noção e definição da própria grandeza Tempo é assim inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico da Humanidade.

Para além de ser uma propriedade da própria vida que só existe num determinado período de Tempo.

Há quanto Tempo?



António Piedade

2 comentários:

Anónimo disse...

Ke legall precisava fazerrr um trabalhoo e isso me ajudou um pokooo, tenho que fazer um trabalho sobre grandes invenções do seculo XVIII

Cláudia S. Tomazi disse...

Com relação a engenhos de tempo: o monjolo uma invenção curiosa, alinhando instrumento de tempo e força.

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