sexta-feira, 7 de maio de 2010

Quantos são 5+2 ?

A Sociedade Portuguesa de Matemática emitiu um parecer sobre o extremo facilitismo das provas de Matemática do 6.º ano. De uma notícia do "Público" cuja totalidade se pode ler aqui transcrevemos:
“Há em ambas as provas um número muito exagerado de questões demasiado elementares para o nível de escolaridade dos alunos a que se destinam”, afirma a SPM num parecer divulgado há pouco.

A SPM chama a atenção de que “uma larga maioria das questões é de resposta imediata, ou requerem apenas uma operação de cálculo”.

A SPM considera particularmente grave a situação da prova do 6.º ano. Das 24 questões, 13 diziam respeito a matéria do 1.º ciclo. Duas das perguntas colocadas aos alunos do 6.º ano: “Qual é a quarta parte de 8?”; “Quantos são 5+2?”

Este era o raciocínio a que os alunos tinham de responder, embora as questões não estejam assim formuladas. No primeiro exemplo refere-se que o Rui partiu um chocolate em oito bocados iguais e comeu 1/4 , perguntando-se depois quantos bocados comeu ele.

No segundo exemplo, apresenta-se uma tabela com o número de alunos que pratica natação, andebol, basquetebol e karaté e pergunta-se quantos jogam andebol, devendo os estudantes, para o efeito, contar os sete tracinhos que lá estão – um grupo de cinco e outro de dois.

“Provas destas não valorizam o empenho, o rigor e o conhecimento, desorientando tanto os alunos como os professores. Os alunos, por estarem habituados a outro tipo de questões, com um grau de dificuldade mais avançado e adequado ao seu nível etário. Os professores por ser um desincentivo ao seu trabalho. Esta continuada tendência não pode deixar de causar reflexos muito negativos”, alerta a SPM.

7 comentários:

Fartinho da Silva disse...

Depois de ler o teste, concluí que o Ministério da "Educação" deve consultar o mais depressa possível um psicanalista, porque algo vai muito mal por aquelas bandas. Um teste daquelas talvez fosse interessante se aplicado a alguém desprovido de neurónios, mas a um ser humano normal... é assustador. Mas mais grave ainda são os critérios de correcção (os critérios escritos, porque existem os critérios orais que ninguém se atreve a escrever com receio que se tornem públicos). É o delírio total.

Desde há longos anos que afirmo não se pode descer mais o nível de dificuldade, mas todos os anos o Ministério consegue descer mais um nível; e esta semana, talvez, se tenha atingido o patamar da obscenidade. Nível esse que aprendi a não catalogar como mínimo, porque o Ministério tem uma imaginação e uma determinação difícil de bater.

Fernando Martins disse...

Concluíram-se hoje as Provas de Aferição, que os nossos alunos de 4º e 6º todos os anos fazem em Maio, aquele que na minha zona chamam do mês dos burros. Tive a honra de vigiar a prova de Português do 6º Ano e, quando o li, apeteceu-me vomitar - era tão fácil que o meu filho, que está no 2º Ano num Jardim Escola João de Deus, tenho a certeza que tirava pelo menos 80% e ainda lhe sobrava tempo...

Hoje foi a vez da Matemática e - surpresa...! - ainda era mais fácil...

Quem é que os burocratas do Ministério da Educação querem enganar ou insultar? Os professores, que querem que os seus alunos aprendam o máximo possível, aos alunos, pois provam-lhes que não vale a pena estudar, ou à opinião pública, que come as valorosas classificações dos nossos alunos?

Lá porque o nosso PM tirou um pseudo-curso na Universidade da Farinha Amparo, a um domingo e por fax, lá porque alguns não precisaram de trabalhar nada para chegar onde chegaram para ganharem milhões, lá porque alguns acham natural roubar ou mentir, não motivo para generalizar a todos estas situações aos nossos miúdos de 4º ou 6º Ano.

in Geopedrados: http://geopedrados.blogspot.com/2010/05/provas-de-afericao-ou-exames-fingis-de.html

Joaquim Ferreira disse...

Enfim... Este é o país que temos. Por isso, Não Calarei A Minha Voz… Até Que O Teclado Se Rompa !.
Estamos a caminho do analfabetismo. Por isso se plagiam teses... Ministras são condenadas... Tudo um bando de incompetentes que ocupam cargos sem conhecimento da realidade que vão governar... Não admira que Armando Vara tenha sido nomeado para o cargo que foi na CGD... Afinal, com as parcas habilitações específicas na área, não estava provado que não fosse competente (foi o que noticiaram na altura!). Como alguém dizia, um cidadão se esquece de alguma obrigação legal, e, ao descobrir a falha antes de ser detectado e quiser declarar esse esquecimento (engano ou omissão (voluntária ou involuntária!) no mínimo tem de pagar essa falta com JUROS DE MORA, seguidos de custas do processo e arrisca-se a ficar na "lista negra" dos contribuintes faltosos. Porém, se forem os nossos "incompetentes representantes" (leia-se deputados) que foram escolhidos pelos partidos por serem EXCELENTES (Vejam Inês de Medeiros, por exemplo!) para serem eleitos "democraticamente", ou se for a incompetente e teimosa da Ministra da Educação Isabel Alçada (Condenada pelo Tribunal...!) com o apoio do Conselho de Ministros que legisla ilegalmente (vomita diarreia verbal!)... isso... isso é uma decisão política e, como tal, só será condenada "politicamente"! E o máximo que lhe pode acontecer é... ser reeleita ou despedida e nomeada para outro cargo onde poderá demonstrar impunemente a sua incompetência!
E lá vão subtraindo do Orçamento de Estado (dinheiro de todos nós!) um valor incalculável de milhões de Euros que, apesar de estarem rodeados assessores, equipas técnicas, jurídicas, fiscais, de direito público, privado, comunitário, internacional, (E extremamente bem pagos e de que maneira!), NADA NEM NINGUÉM PAGA PELOS ERROS...
E viva a democracia ou partidocracia!... Talvez isto ajude a perceber por que motivo alguns preferem ser ex-ministros (onde se descobrem os podres e a incompetência!) e desempenhar um qualquer cargo de menos visibilidade (mas ainda melhor remunerado!) do que expor-se a fazer parte do Governo onde os cidadãos depressa descobrem que são uns incompetentes!
Vejam isto… Ministra da Educação condenada por desobediência. . Esta e outras realidades levam-nos a prosseguir em frente. Por isso, Não Calarei A Minha Voz… Até Que O Teclado Se Rompa !.

maria disse...

sim , convinha saber quem são as pessoas que atribuem grau de dificuldade suficiente a semelhantes perguntas para examinar alunos...suponho que será gente para quem divisões com decimais é questão para exame de curso superior.

Setora disse...

Ó Fernando Martins, quantos meninos frequentam ou frequentaram o João de Deus no 1º ciclo? Vá ver o que se passa em grande parte das escolas do 1º ciclo e analise depois as provas de português. Ponha-se na pele daqueles alunos que mal aprendem a ler durante o 1º ciclo (e não por não serem capazes de aprender) e faça as provas.

joão boaventura disse...

Conclusão, para a Memória do Futuro:

Há muitas maneiras para dizer mal dos professores, a primeira teve como protagonista a Maria de Lurdes Rodrigues que o demonstrou musculadamente, maquiavelicamente, estalinamente ou maotzetungamente:

1 - através da prolixa arquitectura inquisitorial de avaliação, para ocupar os professores, nas horas vagas, a interpretar o código de Hamurabi, em que o sistema foi baseado;

2 - através da ocupação das horas livres, dos professores, a entreter as crianças dos "berçários", gratuitamente, desde que o sol nasce até ao sol posto;

3 - através da defesa das crianças indefesas, maltratadas com faltas injustificadas, chumbadas desnecessariamente, passando a não haver faltas para haver passagens administrativas.

4 - através dos três itens anteriores que encheu os media, que também são gente e precisam de viver, os alunos e respectivos pais, deduziram que os professores passavam a ser seus escravos, e pensaram que bater nos professores ajudaria a evidenciar as medidas marialurdomartins lícitas por legitimadas.

Conjugando assim quatro efeitos perversos para demonstrar que os professores não trabalhavam, tantas eram as ocupações temporais, mentais e psicológicas, em acções marginais às tarefas para que foram vocacionadas, provando-se assim que o estatuto do Estado era o de desmotivar o professorado, com a ajuda de alunos e pais.

O ensino é como as margens do rio, ao sabor das ondas.
Passada a primeira onda tão mal enformada, veio a segunda onda pretender corrigir a primeira, e não se sabe o que dela se espera, em ambiente deletério que se arrasta, mas, tal como a crise que assola os países periféricos, onde Deus nos colocou - e ele lá sabe por que o fez - parece que o futuro na matéria em apreço, tem também tendência a escurecer as portas do futuro.

E, agora que o Papa nos vem bater à porta, é caso para dizer, como S. Pedro: Domine salva nos perimus.

Fernando Martins disse...

Cara colega "Setora":

Digo e repito, achei as Provas de Aferição de 6º Ano de Português muito fáceis - dei um exemplo forte (não estou à espera que todos os garotos de 2º Ano as conseguissem fazer - nos Jardins Escola João de Deus dão matéria de 3º Ano no seu segundo ano...). Não espero que haja só positivas, sei muito bem que há alunos que não aprendem ou estudam nada, que bloqueiam na primeira prova, mas isto tudo é um exagero e uma fantochada...

PS - é professora onde? E de de Ciclo? Eu sou professor de CN de 3º Ciclo.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...