Pode ser um facto conhecido nas lojas maçónicas, mas para mim foi novidade descobrir que o Conde Cagliostro, aliás Giuseppe Balsamo, viveu em Lisboa com a sua mulher Serafina, intitulada Condessa de Cagliostro (na imagem). O casal tinha fugido de Madrid, depois de ter fugido de Barcelona, onde tinham interrompido uma suposta peregrinação a Compostela, durante a qual encontraram Casanova (não, não foi Casanova que tentou seduzir Serafina, foi Serafina que, aparentemente sem êxito, tentou seduzir Casanova). Corria o ano de 1771, portanto, o tempo do Marquês de Pombal.
Ouçamos o que diz o historiador australiano Ian McCalman, no livro, que recomendo, "O Último Alquimista" (Pergaminho, 2007):
"[Em Barcelona] sucessivos fidalgos ricos contrataram Giuseppe para trabalhar como artista ou químico em troca do acesso aos favores da sua jovem companheira. Graças a essa troca, Giuseppe conseguiu um ano de trabalho regular em Madrid, que terminou quando se envolveu numa questão litigiosa com outro artista. Mudaram-se para Lisboa, onde Serafina foi bafejada pela sorte: com o encorajamento activo de Giuseppe, ela atraiu as atenções de um mercador português fabulosamente rico, Anselmo da Cruz, que dava a Giuseppe oito pistolas por cada visita matinal de Serafina e a cobria de ofertas. Giuseppe investiu os ganhos em topázios brasileiros, convencido que os venderia a bom preço na florescente metrópole comercial de Londres."
O casal de intrujões mudou-se a seguir para Londres. Parecia, então, um casal inseparável, mas foi Serafina que, bastante mais tarde, haveria de denunciar o marido à Inquisição romana...
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