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Com a devida vénia, transcrevemos a crónica de Miguel Gonçalves publicada no "I" de ontem:
Estes dias quentes convidam a um certo atrevimento romântico. Vou tentar ajudá-lo usando a ciência como catalisador amoroso. O universo como o conhecemos é regido por quatro forças fundamentais, duas delas relacionam-se com o mundo do infinitamente pequeno e envolvem os habitantes dos núcleos atómicos (protões e neutrões). As outras duas forças têm muito mais piada porque sentimos mais a sua presença e efeito. A força electromagnética conta-nos como se relacionam os electrões entre si e a força da gravidade é sobejamente conhecida e sobretudo apreciada na altura do Verão pelas ondas que animam as nossas praias. De todas estas forças, a gravidade é a mais fraca. A força que atrai os corpos para o chão, que disciplina o movimento dos planetas à volta do Sol é muitíssimo mais fraca que a força que une os átomos.
A força electromagnética será a nossa agente romântica: experimente acariciar o rosto dessa pessoa que está à sua frente e por quem sente alguma atracção (amorosa, não gravítica).
Se ainda não levou um estalo, explique-lhe que é uma mera experiência científica: a palma da sua mão e a face da sua futura amada estão repletos de electrões. A força electromagnética que actua ao nível dos electrões impede que a mão resvale na face, permitindo a suave carícia! E graças a uma força fundamental o meu amigo terá ganho uma de duas coisas: um estalo ou uma vida. Se for estalo, diga que vai da minha parte; talvez atenue a força da fúria!
Miguel Gonçalves (areiaeestrelas@gmail.com), Coordenador Nacional da The Planetary Society, escreve à segunda-feira no I
5 comentários:
Estes dias quentes também inspiraram uma marca de cervejas na concepção de um anúncio que vale a pena ver - [aqui].
Parabém caro Miguel. Belo artigo.
Um abraço.
Essa é a óbvia. Depois há a outra, a de Públio Ovídio Nasão (43ac-18dc):
"Se, como acontece algumas vezes, cair algum grão de poeira no peito da tua bela, que os teus dedos o sacudam diligentemente; mesmo que não haja poeira, sacode a poeira imaginária."
Ai que engraçado...
Que vívido!
Tu lees mucho a Walt Whitman, Verdad?...
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