sexta-feira, 25 de setembro de 2009
CIENTISTAS AO PALCO
Minha crónica no "Sol" de hoje (na foto, cena dos ensaios da peça "Sr. de Chimpanzé"):
“Cientistas ao Palco” é o nome de um projecto que pretende, através do teatro, aumentar a comunicação entre os cientistas e o público. Vários cientistas portugueses fizeram os necessários ensaios (os químicos deixaram os tubos no laboratório) para se apresentarem em palco perante expectantes plateias hoje, dia 25 de Setembro, quando tem lugar por toda a Europa, com o apoio da Comissão Europeia, a “Noite dos Investigadores”.
Os cientistas-actores actuam no Porto (Praça dos Leões), em Coimbra (Museu da Ciência da Universidade), em Lisboa (Jardins da Fundação Gulbenkian) e em Olhão (no Ria Shopping). Em Coimbra, foram não uma nem duas mas logo três peças sobre a teoria da evolução preparadas especialmente para a ocasião, constituindo estreias absolutas entre nós: Stupid Design, de David Marçal, um bioquímico que integra a equipa de humoristas do jornal Inimigo Público, Nascer da Evolução, do mesmo David Marçal em co-autoria com André Levy, e Sr. de Chimpanzé, de Júlio Verne, numa tradução e adaptação de Mário Montenegro, um engenheiro que dirige o Teatro Marionet.
O escritor francês Júlio Verne, autor dos famosos livros de aventuras e de ficção científica, escreveu dezenas de peças de teatro pouco conhecidas, algumas das quais ainda permanecem por representar. A comédia musical Sr. de Chimpanzé, que glosa as relações entre o homem e o macaco, foi escrita em 1857, dois anos antes da Origem das Espécies de Charles Darwin, mas só foi publicada em 1981, no Bulletin de la Société Jules Verne. O enredo é muito divertido: Como um conservador de um museu zoológico não autoriza o namoro da sua filha, o pretendente vê-se obrigado a vestir uma pele de chimpanzé (um fato de macaco, portanto) para chegar à fala com a sua amada. Os quiproquos que se seguem, e que incluem uma tentativa de embalsamamento do primata, chegam e sobram para fazer rir o mais sisudo dos espectadores. A conclusão bem pode ser que quem não quer ser macaco não lhe veste a pele. Mas o leitor fará bem em ver a peça para tirar as suas próprias conclusões...
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