quarta-feira, 16 de setembro de 2009
GIÃO SOBRE CIÊNCIA, FILOSOFIA E RELIGIÃO
António Gião (na foto), o físico de Reguengos de Monsaraz que se correspondeu com Einstein, a 25 de Fevereiro de 1959 proferiu uma conferência na sua terra natal sobre ciência, filosofia e religião, que terminou assim:
"Só há, parece-me, dois grandes caminhos susceptíveis de conduzir à verdadeira felicidade. Nesta conferência tentei descrever rapidamente as principais paisagens intelectuais, os principais marcos milenários, que os homens têm encontrado ao longo de um destes caminhos, desde a aurora da Astronomia e da Ciência até às generalizações cosmológicas da Relatividade. Depois de terem encontrado neste caminho o templo de Pitágoras e de para todo o sempre terem ficado deslumbrados pelo ideal que ele simboliza, fizeram-se peregrinos desde ideal que se confunde com a essência do saber, e continuam caminhando porque consideram que ainda não chegaram ao fim da jornada e não sabem mesmo se a viagem terá um fim. Contudo, depois de várias aproximações ou ascensões sucessivas, atingiram uma altitude donde podem contemplar o vasto horizonte dos Cosmos e vislumbrar lá ao longe, por meio dos telescópios da lógica, as propriedades e as operações da Causa do Universo, a sua razão de ser, a sua significação e o seu destino. Caminhando sempre para miradouros ainda mais elevados, talvez um dia eles venham a encontrar-se com aqueles outros peregrinos que desde o início têm percorrido o outro caminho, porventura ainda mais difícil. estes fazem a viagem com os olhos fechados e principalmente durante a "noite obscura" de que fala S. João da Cruz, porque o que eles procuram só pode ser encontrado na "treva mais do que luminosa do Silêncio".
Qualquer que seja porém o caminho que seguir, o Homem só encontrará a verdadeira felicidade como um limite, talvez inacessível, de Conhecimento e de Amor".
(Transcrito de um livrinho da Sociedade Portuguesa de Autores de 1981: "Professor António Gião. Evocação da sua vida e obra seguida de uma antologia").
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1 comentário:
Devia ser : religião , filosofia e ciência. Ando ansiosa pela nova linguagem , a seguir á ciência , que explicará o mundo . Não me digam que acham que a evolução do pensamento humano acabaria na ciência?
A linguagem do Amor , e de um Conhecimento que procure a união entre visões que parecem excluir-se ?... era um bom fim evolutivo.
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