quinta-feira, 3 de setembro de 2009
UMA EXCURSÃO A URBINO
Foi em Urbino, cidade histórica não muito longe da Riviera italiana, que Maquiavel, então modesto secretário da Senhoria de Florença, encontrou, em 1502, César Bórgia, o filho de um papa que ele tomaria como modelo para o seu "Príncipe". Ontem como hoje, Urbino é dominada pelo imponente Palazzo Ducale, que alberga um museu com um boa colecção da Renascença, a época de ouro da urbe.
Mas o turista faz bem em entrar na Duomo, de facies neo-clássico, mas muito mais antiga do que parece, mesmo ao lado do palácio. E em descer às catacumbas, um conjunto de capelas que serviram para guardar alguns dos muitos tesouros de Veneza durante a Segunda Guerra Mundial. O visitante português não pode deixar de lembrar que um dos clérigos de Urbino chegou a papa com o nome de Clemente XI: foi a esse pontífice amigo das artes e das ciências que D. João V enviou uma embaixada com coches que estão no Museu dos Coches de Lisboa.
Em Urbino há, porém, um terceiro lugar de peregrinação, além do palácio e da igreja. É a casa de Rafael, evidentemente situada na Via Raffaelo. O grande pintor renascentista (a Palmira já aqui falou dele) nasceu aí, filho de um pintor muito menos conhecido do que ele (na imagem, o busto rafaelita à entrada da casa da família de pintores). Apesar de ter morrido aos 37 anos, Rafael compete com Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci para o lugar de "príncipe" dos pintores renascentistas. Não se pode é dizer que, depois dele, a pintura não voltou a ser a mesmaque era antes porque, no século XIX, a Irmandade dos Pré-Rafaelitas, em Inglaterra, quis voltar à arte do tempo antes de Rafael... Uma das obras-primas de Rafael, "Scuola di Atenas" , começou a ser pintada em 1509, faz este ano 500 anos, aparecendo nela retratados Leonardo da Vinci no papel de Platão e Miguel Ângelo no papel de Heráclito. Não, não está em Urbino, o turista, para ver a obra ao vivo, tem de ir a Roma, ao Vaticano.
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