Terminei o artigo “Como Incompreender Gutenberg” referindo a Susaninha da Mafalda, e vale a pena retomar a ideia com uma analogia, infelizmente bem real. Todos os anos morrem crianças e adultos por subnutrição. Muitas pessoas vivem numa situação definida como pobreza absoluta. Uma solução sem futuro, ainda que necessária a curto prazo, é as pessoas darem dinheiro para as ajudar, voluntariamente, e outras trabalharem sem remuneração em associações de ajuda humanitária. Mas isto é uma solução sem futuro, pois com certeza não queremos que essas pessoas e os seus descendentes fiquem sempre dependentes da nossa ajuda humanitária voluntária e gratuita. Queremos, ao invés, ajudá-los a sair da sua terrível situação, para passarem a ter uma vida economicamente viável e condigna. Queremos que tenham dinheiro para comprar comida, abrigo e roupas, em vez de dependerem das nossas ofertas; queremos que tenham empregos.
Isto é óbvio, mas não é óbvio quando se aplica à cultura. Aqui, a ideia aristocrática é que o que no outro caso é uma solução de emergência e necessariamente sem futuro, no caso da cultura é uma solução de longo prazo. Como vamos financiar a cultura? Não financiamos. Usamos o nosso dinheiro para comprar computadores, televisões, automóveis, viagens, sapatos, roupas e telemóveis caros. E esperamos que quem produz cultura o faça gratuitamente, escrevendo de borla na Wikipédia, oferecendo os seus livros gratuitamente, traduzindo de borla e digitalizando livros gratuitamente para o Projecto Gutenberg. Não se trata de pensar que esta é uma situação de emergência, como a descrita no parágrafo anterior, mas antes de desejar que esta seja a situação normal, a longo prazo. Claro que há nisto muito de hipocrisia: o voluntário da cultura quer dar palmadinhas nas suas próprias costas por estar a fazer um trabalho gratuito, pudicamente afastado do vil metal. É até uma sorte que se possa usar o argumento dos pobres que não têm dinheiro para pagar uma enciclopédia ou um livro, quando na verdade a generalidade das pessoas que usa a Internet pode comprar livros — caso contrário não poderia pagar o acesso à Internet — mas prefere comprar sapatos, telemóveis e bilhetes de cinema para ver jovens musculados e fazer explodir automóveis caros. Mas para lá da hipocrisia, o crucial é a ideia de que não queremos acabar com os pobres, mas antes manter a sua dependência das nossas ofertas culturais voluntárias e gratuitas. Este pensamento, aplicado à subnutrição, seria monstruoso. Aplicado à cultura é apenas cego.
Nada disto tem a ver com o sistema existente de patentes, que está errado em muitos aspectos. Nada disto é uma defesa das tolices económicas perpetradas por alguns editores. Por exemplo, hoje em dia muitos livros digitais são vendidos por editoras como a Oxford University Press a preços absurdamente elevados, como se fossem de capa dura, quando um livro digital deveria ser mais barato do que um livro em papel, pois não é necessário pagar a impressão — só é preciso pagar o trabalho editorial e autoral. Nada do que escrevi é também um encómio aos editores tradicionais — em Portugal, muitos editores publicam mal e mal traduzido. O mundo não é perfeito, mas esse é outro assunto. O que é relevante é a visão de futuro, e saber se essa visão é economicamente viável. A visão defendida pela Religião Nova Era Digital não é economicamente viável, fazendo da produção cultural uma coutada de privilegiados, impedindo a existência de uma indústria cultural que dê emprego a milhares de pessoas. Coisas como o Projecto Gutenberg e a Wikipédia fazem passar aos jovens a seguinte mensagem: “Como precisas de ganhar dinheiro para viver, esquece a cultura. A cultura é só para entreter as tardes de Domingo. Para ganhares dinheiro tens de ser engenheiro informático ou advogado ou um tubarão capitalista — estes são os únicos que ganham dinheiro com o Projecto Gutenberg ou a Wikipédia. Consegues viver alugando e programando servidores, sendo advogado ou investidor, mas não consegues viver da escrita nem da produção cultural. A menos, claro, que consigas um emprego numa universidade ou numa grande companhia.”
Que mensagem estaríamos nós a passar aos jovens se encarássemos o ensino como uma missão, algo que tem de ser feito voluntária e gratuitamente? Como poderíamos imaginar a sustentabilidade económica de um sistema de ensino universal pressupondo que quem ensina não deve ser pago porque é mais bonito trabalhar de graça? Haverá circunstâncias em que é defensável ensinar gratuitamente? Sim. Mas seria absurdo desejar que essa fosse uma solução de futuro, pois seria demasiado óbvio que isso prejudicaria gravemente o ensino — não o eliminaria, pois sempre houve ensino, mas só recentemente o ensino é encarado como uma profissão a ser paga como qualquer outra. Defender que o ensino não deve ser pago porque é um acto humano fundamental e esses actos humanos fundamentais devem ser gratuitos, é garantir que o ensino nunca poderá ser uma opção de vida para os pobres, nunca poderá ser para os jovens uma saída profissional — será sempre uma coutada de privilegiados que já têm emprego ou estão reformados e podem trabalhar de graça.
O problema de coisas como a Wikipédia e o Projecto Gutenberg não é disponibilizar cultura gratuitamente. É o preço a pagar por fazer isso. E o preço a pagar por fazer isso é impedir que as pessoas possam ganhar a vida digitalizando livros ou escrevendo artigos para enciclopédias, como acontecia no passado.
Quem nunca precisou de se preocupar com o ordenado ao fim do mês pode ter a veleidade de pensar que a cultura não deve ser paga. Quem ama a literatura ou a música mas precisa de se sustentar economicamente por não ser rico nem ter um bom emprego a fazer outra coisa que não a literatura ou a música não pode achar graça à ideia de o seu trabalho dever ser distribuído gratuitamente aos pobrezinhos. O sistema borlista é economicamente insustentável porque não permite aos criadores viver do seu trabalho; obriga-os a fazer outra coisa qualquer para se sustentarem ou a desenvolver apenas ao fim-de-semana a actividade que mais prezam e na qual mais se sentem realizados. É uma ideia infeliz, mas é fascinante ver como constitui hoje uma nova religião, impermeável à discussão racional.
O meu objectivo não é de modo algum persuadir os religiosos — esses estão para lá da possibilidade de persuasão racional. O meu objectivo é apenas alertar as pessoas que não pertencem à Religião Nova Era Digital mas que são bombardeadas com os discursos dos seus evangelizadores. Depois de comparar os dois discursos, cada qual toma a sua decisão sobre a cogência de cada um deles, agindo depois em conformidade com isso.
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48 comentários:
Caro Desidério,
Li com muita atenção este seu mais recente post. No entanto penso que padece dos mesmos defeitos que os seus últimos posts:
O Sr. Desidério alerta-nos incansávelmente para os efeitos perniciosos que uma, cito "Religião Nova Era Digital" tem no acesso das populações à cultura, e na qualidade desta, mas no entanto dispensa-se de apresentar exemplos concretos e factuais que sustentem a sua argumentação.
Ora das duas uma: Ou discutimos das coisas em abstrato (claro que discutir ideias não tem nada de mau em si) ou discutimos factos reais. Ora a mim parece-me que ao falar de "efeitos perniciosos" nos afastamos do domínio puro e abstrato das ideias, e nos aproximamos do mundo real. No entanto não deixo de constatar que a sustentação factual dos seus argumentos pernanece de uma verdadeira pobreza Franciscana.
Eu gostaria realmente que o Sr. Desidério fizesse um esforço para apresentar factos reais e palpáveis, e certamente mais aprofundados que uma qualquer tira da Mafalda (por muito boa que possa ser). Só assim me poderá convencer a mim e a outros que estes seus posts quasi-panfletários são algo mais que uma picardia, uma provocação.
Factos, Sr. Desidério, Factos. Como diria um colega meu: Numbers! Numbers! Numbers!
Penso que esta entrada do Desidério Murcho carece das mesmas debilidades das anteriores sobre o mesmo assunto. O raciocínio assenta numa lógica de exclusão: ou se é contra a Religião Nova Era Digital ou se é favor. O facto de existirem alternativas gratuitas disponíveis ao nível da informação cultural e científica não inavalida que se possa, e em muitas casos deva, optar por alternativas pagas. E algumas das primeiras são de uma qualidade bem mais superior do que à primeira vista se poderia supor. Dou dois exemplos: eu consulto com alguma regularidade o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, que assenta em trabalho gratuito realizado por muitos colaboradores de mérito, mas possuo em minha casa dicionários e prontuários. Numa investigação publicada na Nature demonstrou-se que a fiabilidade da informação disponibilizada na Wikipedia era comparável à Enciplopédia Britânica. Eu também possuo enciplopédias digitais mas consulto com alguma regularidade a Wikipedia que, entre outros méritos, aborda assuntos "menos nobres" que as enciplopédias clássicas não cobrem.
PJ
O Desidério simplesmente não compreende o séc XXI e pensa que tudo devia ser como era no séc XX. Para este tipo de pessoas houve um célebre dramaturgo português que inventou a personagem "Velho do Restelo".
Sinceramente, o seu post é extremista e idiota. Que me venha defender o copyright de trabalhos artísticos, ainda vá que não vá, até concordo. E concordo ainda mais consigo que precisam de reformas sérias. Agora virar os canhões contra a Wikipédia e o projecto Gutenberg é que me parece tão idiota como ignorante. Já tinha lido umas linhas suas sobre o assunto, que isto é tudo uma enorme conspiração da Google para monopolizar a internet, etc., etc. Não podia estar mais errado, e falta-lhe sobretudo uma certa noção histórica de como é que a internet surgiu e como é que as diversas companhias que surgiram desde a década de 70 fizeram o seu dinheirinho.
Ironicamente, a Apple é uma empresa extremamente "fechada" mas que trabalha cooperativamente com a "comunidade", ao distribuir o webkit, o kernel do OSX, e tanta coisa que já nem sei. A google financia o Firefox mais por defesa contra a MS do que por atitude predatória. Inventou ainda outro browser open source baseado no webkit. Quem não gostar do mesmo mas gostar das suas tecnologias é livre de mudar o browser como quiser.
Sei que isto é aberrante para a sua maneira de pensar, mas avie-se. Para mim o open source como opção não é o "vírus" que o Steve Ballmer e o Desidério nos querem fazer acreditar. Para mim, o copyright que defende corporações como a Microsoft em monopolizar todo o mercado e todas as soluções de comunicação é que restringem a criatividade e o empreendorismo, e é uma aceitação plácita de uma taxa sobre produtos incompetentes e pouco alterados vai quase uma década.
Ah, e já agora, sou a favor dos genéricos. Provavelmente o Desidério odeia-os.
Eu gostava de perguntar ao Dr. Desidério, o que é que ele pensa de grandes livrarias como a FNAC, e outras, deixararem as pessoas estarem sentadas a ler livros (podem ler o que lhes apetecer), e depois até fazem feiras onde vendem esses livros, a preços de desconto, a que chamam "livros manuseados"?
A mim parece-me que contradiz a teoria do Desidério. Estarão eles a perder dinheiro propositadamente?
Não é a FNAC a que sabe, mesmo, fazer dinheiro à custa dos livros, e não o Desidério? E são eles próprios a favorecer a borlice?
Será que é uma contradição?
Será que as bibliotecas publicas fazem com que as pessoas leia mais e comprem mais, ou é apenas uma coisa que tira dinheiro aos autores?
É que há autores que defendem que se os seu livros tiverem mais exposição, mesmo aos borlistas, os livros vendem mais. Há vários autores, incluindo o autor que mais vende no mundo, o Paulo Coelho, que põe os seus livros nos torrents! Atenção, há paises onde os torrents são legais, como em Espanha, porque acham que, mais ou menos, os torrents funcionam como um empréstimo de livros aos amigos.
Eu pergunto é se a FNAC, e o Paulo Coelho, estão errados, e se o Desidério, que não sabe nem vende nada, está certo, é essa a minha pergunta.
Eu sou de famílias pobres e sempre fui um pobretanas, além disso, sempre fui muito bebado e gasto os poucos trocos em cerveja, em vez de livros e discos. Mas leio bastante e ouço bastante música. Claro que leio livros de bibliotecas e de amigos, e sempre gravei os discos em cassetes porque só tinha um walkman barato, nunca consegui juntar dinheiro para um hifi. Agora uso os torrrents. A música que piratei nunca fez diferença nenhuma ao autor porque se eu tivesse que a comprar nunca a teria comprado. Tive sempre que escolher entre a UNICER ou EMI.
Mas quero dizer que com o meu entusiasmo com livros e discos, e em conversa com muitas pessoas, sei que houveram muitos amigos que compraram livros e discos porque eu lhes falei deles. Quando eu queria um disco, que eles não tinham, convencia um amigo a comprar e depois eu gravava.
É a tal coisa, se calhar alguma borla faz aumentar o negócio.
Ou não será assim?
luis
PS:
Depois de ler o outro texto, fiquei ainda mais desiludido com o Desidério. Agora pensa realmente que o trabalho (que ninguém "renumerado" até hoje o fez, diga-se de passagem), grátis de pessoas a trabalhar para o Gutenberg é maléfico porque retira outras profissões.
Li bem? Mas então o projecto Gutenberg não é sobre livros de domínio público? Ou seja, de todos nós? E se houver pessoas que nos seus tempos livres ajude toda a gente a ter mais um livro disponível na internet, isso é maléfico? Estou doido com certeza, não posso estar a ler isto. Com certeza que as pessoas que estão a fazer isto pela wikipédia e pelo gutenberg (associações sem lucro, não sei o que quer dizer por tubarões a lucrar com isto...), fariam melhor em estar sentadinhas a ver a novela à noite... ora essa!
Mas sabe uma coisa? O que vale é que a acção de uma pessoa dar X ao domínio público será sempre uma acção concordante com a liberdade de cada um, independentemente das tentativas de certas pessoas, ao nível intelectual ou outros, e decerto não é nem nunca poderá ser ilegal, e por isso concluo que o Desidério não faz melhor que o Dom Quixote a lutar contra os moínhos.
E ele (Désir, «O Cogente» - também conhecido por «O Paladino Abstruso») a dar-lhe e a burra a fugir... [Isto é apenas uma brincadeira].
[Agora a sério]
Atira umas atoardas para o ar e usa palavras de sete e meio, que infelizmente não vêm definidas no (seu) «Dicionário Escolar de Filosofia» (pelo menos na versão on-line -- estou-me a referir a «cogente/cogência»), demagogo e cego (ou, pelo menos, de olhar enviezado perante a (nova) realidade); como bem constata o signatário de um comentário anterior, é patente a sua pobreza franciscana argumentativa, pois «numbers» não é com ele... o teórico da «velha religião» e «grande despertador de consciências» («O meu objectivo é apenas alertar as pessoas que não pertencem à Religião Nova Era Digital mas que são bombardeadas com os discursos dos seus evangelizadores.» -- «dixit» o «Velho do Restelo» no seu português meio macarrónico).
Aliás, acho que o Desidério faria melhor em não dizer mais nada neste blogspot, que todos sabem ser domínio da Google. Não estará ele, ao partilhar connosco a sua sabedoria, a colocar imensa gente sem trabalho?
Até porque pelo menos em princípio é extraordinariamente hipócrita criticar tanto os serviços gratuitos da Google mas usá-los à mesma. Nem acredito que é um filósofo a cometer semelhante gaffe!
Bem, mas ninguém é perfeito. Cumprimentos, sr. Desidério, acredite quando lhe digo que este tópico não é, de longe, o seu forte.
Um pensamento:
alguém que produz cultura "com qualidade", que as obras artisticas que produz ressoam com as pessoas que a rodeiam, é, forma geral, alguém que absorveu essa cultura e conhecimento do seu meio ambiente. Ao tornar o meio ambiente mais rico (culturalmente), promove-se também o aumento de produção e qualidade das obras produzidas. Há no entanto um efeito "pernicioso": como o nível geral subiu e há mais produtores e obras há menos lugar para destaque e é mais dificil sustentar uma vida apenas com produção artistica.
É apenas mais uma noz para o pensamento.
Depois, provocatoriamente também digo que antes de outra coisa qualquer deviamos era ser todos engenheiros. Há engenheiros-poetas mas não conheço poetas-engenheiros e todos sabemos quem é que aumenta o PIB (porque de barriga vazia a poesia costuma ter um sabor amargo).
bom fim-de-semana
É isso mesmo, Kyriu. Que é que interessa o Desidério vir dizer que trabalhou muito, ou que dedicou um ano à escrita de um livro e por isso exige que lhe paguem 10000 euros? As pessoas pagam o que lhes apetecer. Ele pode vir para aqui queixar-se que as pessoas não compram cultura, mas não compram é a dele, porque há outros que estão ricos à custa da escrita, tipo J K Rowlins, P Coelho, Saramago, etc.
Ele não pode exigir que lhe paguem as horas de trabalho que ele acha altamente intelectual. O trabalho dele está dependente da apreciação dos outros.
Por falar em poesia, toda a gente sabe que mesmo os melhores poetas vendem muito pouco, uns 5000 mil livros por edição, no máximo. Todos têm outros trabalhos que os sustentam, como tinha o Eugénio de Andrade, etc.
É impossível obrigar as pessoas a comprar o que não querem.
O Desidério anda muito caladinho, não sei que se passa, já não passa confiança, agora nunca comenta. Ou as manias estão a agravar-se ou então está a ficar sem peito para responder ao pessoal.
O Tema é que é sempre o mesmo, mas não se pode fazer nada.
luis
Realmente, o artigo do nosso filósofo é bem fraquinho. Não vou argumentar, pois concordo com grande parte dos juízos negativos até agora expendidos.
Relativamente ao comentário do primeiro anónimo sobre o Ciberdúvidas, gostaria de esclarecer que esse site não é nem nunca foi fruto de pura carolice. Inicialmente, foi até um meio mal dissimulado de publicidade e de angariação de clientes para um dos seus fundadores, o jornalista João Correia Bom (falecido, que a terra lhe seja leve!) e para a sua empresa, JCB Comunicação, que atuava no negócio da língua (redação de comunicação empresarial). Pode haver um ou outro colaborador que trabalhe de graça, mas pelo menos alguns deles (creio mesmo, a maioria) são pagos à tarefa. Tenho um amigo que me mostrou um mail do jornalista José Mário Costa, funcionário da RTP e comproprietário do site, em que lhe era feita uma proposta de colaboração remunerada. É evidente que os subsídios que eles recebem da Fundação Vodafone, dos CTT e do ME, entre outros, são para mais alguma coisa do que pagar o serviço de ligação à internet ou para distribuir pelos pobrezinhos.
Não se esqueça tampouco que o site tem a assistència a tempo inteiro de dois professores do secundário (Ana Martins e Carlos Rocha), destacados pelo Ministério da Educação, os quais evidentemente não trabalham pro boneco.
Alberto Sousa
Veio mesmo a calhar. Hoje mesmo recebi uma mensagem de correio electrónico que me anunciava que poderia recorrer gratuitamente ao dicionário electrónico da MacMilland (http://www.macmillandictionary.com/). Como é que eles descobriram o meu endereço de correio electrónico? Porque lhes comprei um dicionário em papel e porque consultava com alguma regularidade o seu site outrora exclusivo dos seus clientes. A argumentação do Desidério sobre esta "dávida" só poderá ser negativa, tendo em conta o teor das suas anteriores entradas.
Relativamente ao Ciberdúvidas que o Alberto Sousa mencionou estava convencido de que as colaborações eram graciosas. Irei informar-me se assim não é. Realço, todavia, que eu nunca disse que a máquina que mantinha o Ciberdúvidas em funcionamento era gratuita. Aliás, segundo me recordo, quando há alguns anos atrás este site esteve para fechar, por falta de financiamento das suas despesas, foi o ministro da Cultura Pedro Roseta quem desbloqueou uma verba que permitiu a sua continuação.
PJ
Há só um problema. parece que a massificação da cultura não deu grande resultado. encontrar um livro em que valha a pena gastar dinheiro é hoje tarefa difícil. Se até o Ian McEwan , escritor de telenovelas , ganha prémios...
Subsidiar rebelos e rodrigues não apetece nada. nada mesmo.
Vá lá que restam os de antes ,os da cultura elitista , e como já , na maior parte , estão a banhos de terra , nem subsidios nos custam.
Ou seja , há malta em que a gente lhe faz um favor em passar os olhos em diagonal por algumas linhas ou em ouvir uns trechos. E agora até dispõe da net , sem precisarem de edições caras de autor .Ou de andarem de editora em editora.
Se for bom , alguém lhe reconhecerá o talento e o divulgará. Gratuitamente , sem pagar publicidade. E como iremos querer mais , depois da amostra , pagaremos. Para os bons , o ciberespaço é bom também.
o que penso é que a generalidade das pessoas estão psicologicamente acomodadas a ideias que lhes parece, a primeira vista, confortáveis. Um exemplo simples:
Queremos a TV gratuita. Para a TV nos ser oferecida tem de vender publicidade. Para os produtos pagarem a publicidade vão ter de cobrar mais caro ao consumidor. Logo, estamos a pagar a TV já que estamos a pagar mais pelo real valor do produto, estamos a pagar o produto + o marketingue, isto é, a sustentar a TV gratuita. Esse é o esquema usado pelo Google. O consumidor comum continua na sua imberbe postura de que ter a TV sem pagar é coisa boa. Pois é! Ele não sabe é que a paga, de algum modo. Mas este é só um aspecto da coisa, apesar de me parecer já revelador da psicofoda.
Ó Rolando,
Se proibissem a publicidade num canal, e pedissem que os telespectadores pagassem directamente, os gajos não iam pôr a publicidade noutro lado, não ia dar ao mesmo?
Ou então teria que se proibir completamente a publicidade.
Mas eu não quero! Se não fossse a publicidade como é que teria descoberto esse maravilhoso café que é o nexpresso? Demoraria anos, assim é melhor, mais rápido e eles também ganham dinheiro porque vendem mais e mais rápido.
Parece-me, não sei.
Caro Luís,
Comete um erro no exemplo das bibliotecas. As bibliotecas pagam direitos de autor para terem os livros e no caso das bibliotecas de países mais cultos que o nosso, ao contrário do nosso, o preço dos livros é muito mais elevado se vendido a uma biblioteca. Fica a informação.
O exemplo dos discos também não funciona já que o que acaba a defender é que o bem deve ser vendido uma vez que alega que o publicitou aos amigos que o compraram.
E já agora uma sugestão: que tal uma manif em frente à Unicer a exigir a cerveja de borla?
Barba Rija,
Os livros são um produto verdadeiramente democrático: enquanto mais se vendem, mais baratos são, mais livrarias abrem, mais se escrevem, mais escritores podem viver da sua arte. A wikipédia e o gutemberg nada disto possibilitam, pelo que o seu argumento parece ruir.
João platão,
Não sei se percebi o teu exemplo, talvez não, mas arrisco a uma objecção: o que está em causa não é retirar a publicidade do canal x e colocá-la no canal y. Claro que a publicidade está aí e ninguém ou nenhum argumento vai dar cabo dela. daí não se segue uma coisa: que o mundo pseudo gratuito pago pela publicidade seja melhor que o mundo onde pagamos directamente os produtos. E é isto que está em causa.
De resto parece-me que todos estamos de acordo num aspecto: todos defendemos que todas as pessoas devam ter igual acesso à cultura e ao conhecimento.
Luís (outra vez)
Se os autores que citas (J K Rowlins, P Coelho, Saramago) quiserem oferecer os seus livros vão receber contratos milionários em publicidade para o fazer. Se a moda pega, todos os escritores vão ter de se sujeitar à oferta de livros. Se tu fores escritor não vais certamente viver da escrita, ao passo que os autores que citas são os que mais vão beneficiar mais com o grátis. O que está em causa é precisamente isto: é que o facto de ser grátis não torna as coisas diferentes do que são, pelo que, nesse caso, mais vale pagá-las e dessa forma ajudar os menos conhecidos.
Continuo a discordar em muitos aspectos da ideia de Desidério Murcho.
1.º não concordo que o facto de se digitalizar gratuitamente livros (já do domínio público) em detrimento de digitalizações pagas de livros (do domínio público repito)origina assim a perda de tantos empregos ou uma redução significativa de qualidade das digitalizações.
2.º Acredito que a acessibilidade gratuita a livros do domínio público é um meio de cativar novos leitores que assim despertam para a leitura e que poderão interessar-se por procurar livros mais recentes ainda sob direitos autorais e portanto pagos.
3.º Acredito que a criação de públicos mais numerosos na área da cultura, por acessibilidade gratuita, incentiva mais à dinamização da economia neste sector que o constrangimento inicial do preço que afasta uma grande maioria pouco interessada em comprar livros.
Acho que este último comentário não anda muito longe da verdade.
Uma coisa que ainda não foi dita nesta temática/«problemática» prende-se com a questão do desaparecimento do «livro papel» (que alguns, como eu, receiam), mas isso vai ser um pouco como aconteceu ao latim (que ainda hoje é falado...) e que vai acontecer ao inglês...
Agora quanto à questão de comprar versus «ler à pala» (continuo a dar razão ao geocrusoe) quem gosta/r, compra: no meu caso particular (que nem sou endinheirado e que possuo largos milhares de livros em cerca de um dúzia de estantes, para além de não gostar de ler (livros) no ecrã, dá-me uma seca tremenda ter que fazer o «copy/paste» de material do Gutenberg, p. ex., e depois ter que o formatar em Word, PageMaker, QuarkXpress ou InDesign... o tempo que perco (mais o valor das folhas e tinta) não compensa; e daí, preferir ir a uma livraria e comprar ou mandar vir do estrangeiro um exemplar - que «cheire a antigo», de preferência; isto aqui já é «pessoal»...).
Rolando, fico agradecido me me voltares a ligar alguma coisa, olha que eu sou o tal do manja-me, se calhar já te esqueceste outra vez!
Como até és do FCP, vamos lá.
Agora só te falta justificar o exemplo da FNAC, porque é que eles deixam ler os livros de graça.
Mas também te digo que desconfio muito que os direitos de autores que as bibliotecas paguem, que não podem ser muitos, compensem a perda da directa compra de livros. Mas acredito que sejam um bom meio de divulgação que nos leva à compra de outros, de coisas que não temos ali à mão, e que acaba por compensar a prazo.
Mais uma coisa: O paulo Coelho não põe os livros nos torrents para ganhar dinheiro, ele não recebe nada, o que se passa é que ele é um defensor dos torrents, é só isso.
Mais uma coisa em que parece que não fui claro: eu não defendo que as coisas sejam de borla, nem pensar, acho que o trabalho de um escritor deve ser pago. O que me parece é que a divulgação, o marketing, a borla, que é uma falsa borla, como a da FNAC, e os torrents, acabam por trazer compradores. O que eu disse é que as borlas que eu curti, serviram para fazer vender alguma coisa, e que se eu não tivesse tido essas borlas não poderia conhecer os livros e discos e não os iria ajudar a divulgar.
Até o google, que o Desidério diz que não, mostra pequenos bocados de livros que só têm "limited preview" e que nos podem levar a comprar o livro, porque nos interessou. Há muitos livros no google que não se pode ler sequer uma única página, a única coisa que nos diz é onde o podemos comprar, por exemplo na amazon. Não vejo em que o google seja tão mau como isso.
Quando estavas zangado comigo por eu te chamar nabo, e eu tive que interpretar a pomposa figura de António Williams Araújo, não me chegaste a responder porque é que o Casanova e o maradona podem ser anónimos e eu não!
Com esta camabada de malucos anónimos que há por aí, mais os pedófilos internetescos, mais killers de série, prefiro não dizer muito de quem sou!
Ah, eu também era o Joaão Platão! Mas só estes, o resto não sou eu, senão dizia.
Cerveja nos torrents, isso é que era! Infelizmente a teletramsportação quântica só ainda está a dar os primeiros passos, para já é só brincadeirinhas com fotões, nem sequer um electrãozeco os gajos conseguem teletransportar!
Também, se finalmente aparece super bock nos torrents, mais uns hamburguers, o Desidério dá um tiro na mona!
E uma Angelina Jolie teletransportada, copiada e pirateada por aí? Isso é que era o fim da macacada!
Físicos, apertai aí com as experiências, dái gás aí na coisa!
luis
Alguém acredita honestamente que uma pessoa desinteressada em comprar e ler livros, vai passar a ficar interessada só porque os pode descarregar de borla no Gutenberg?
Quando comecei a comprar livros sozinho tinha pouquíssimos recursos. A minha primeira fonte era uma velha papelaria, com muitos livros de bolso a 300 e 500 paus, em estantes cheias de pó. Aí comprei os primeiros livros de ficção e alguns clássicos. Mas todos os que de nós passaram por esta fase sabem muito bem que os nossos amigos e familiares que simplesmente não gostam de ler, não liam mais depressa por terem os nossos livros gratuitamente à mão, livros que nós comprámos abdicando sem dor de coisas de que eles jamais abdicariam.
E creio que no fundo, até os mais cínicos que começam a metralhar antes de pensar, e que disparam a sua opinião sem a ter avaliado criticamente, sabem isto.
Pensem e digam com honestidade, quantas pessoas que conheceram ao longo da vida que simplesmente não conseguiam ler se tornaram mais propensas à leitura pelo facto de ter livros de borla à mão. A minha resposta é: zero. As únicas pessoas que me pediam livros eram as que já gostavam de livros e não tinham de ser convencidas com a gratuitidade, pois, tal como eu, preferiam gastar os 300 e os 500 paus no livro ocasional do que noutras coisas... porque valorizavam espontaneamente os livros.
Outro aspecto incongruente que não tem sido referido é o pedido lançado pelo projecto Gutenberg aos donativos por parte dos leitores. Ora, o convite ao donativo, sublinhando a sua urgência, mostra bem a inviabilidade do sistema borlista. Ou bem que estamos na gratuitidade militante, ou bem que o moral é todos contribuírem. Mas se o moral é todos contribuírem então concluímos que o melhor sistema é afinal cada um pagar o que consome, o que é justo. Mas aqui há algo pior: mesmo que toda a gente desatasse a fazer donativos ao projecto gutenberg, será que este deixava de assentar no trabalho gratuito?
Seria um modelo interessante a aplicar na taberna: o leitor vai para o balcão servir bjecas todo o dia, gratuitamente. Alguns bêbados recebem cerveja de borla e os gajos mais filatrópicos do bairro fazem contribuições ao taberneiro. A dada altura a malta torna-se muito moral e começam todos a fazer donativos substanciais, generosos e militantes. O leitor continua a servir bjecas sem receber chavo e o taberneiro faz obras à loja e muda de carro. O leitor vai no dia seguinte trabalhar para outro emprego para pagar a renda da casa e comprar cerveja ao fim de semana.
(LOL! LOL!LOL! ...)
Recomedo-te vivamente "Os que Fazem a Cultura" do Javier Marías ( artº do livro"Paixões Passadas") ...
ai-ai ... não haverá por aí 1 sondagem com os valores das herança deixadas pelos que vão partindo desta terra??
.........
A indústria Cultural é um Presente envenenadíssimo. Pensemos. Pensemos nisso.
A quem interesssar...
Chegou-me à caixa de correio um endereço do Ministério da Educação Brasileiro (que alguns, se calhar já conhecem): www.dominiopublico.gov.br, e, ao que parece, está para ser desativado devido à falta de uso...
O que o Augusto Cardeal mostra é que há uma oportunidade, para quem o queira, de aproveitar a disponibilidade do Guttenberg para fazer dinheiro, disponibilizando versões com um "extra" (a dita formatação) em relação ao que lá há. E isto para rebater o Desidério que diz que os livros estarem lá impedem outros de fazer guito com isso.
Depois, o exemplo da Taberna do Vitor Guerreiro esquece uma coisa: o dinheiro pedido é para fazer obras na taberna e, sobrando, aumentar a qualidade do local. Não é para o pessoal comprar um póṕó de última geração. Segundo, esquece também que no seu exemplo a pessoa pode gostar de servir cervejas. Curte faze-lo, que coisa! E se deixar de gostar, ou se cansar, vai passear para outra freguesia. E portanto cabe a quem gere o projecto pensar em maneiras de manter essas pessoas a gostar de servir cervejas. O misto de trabalho remunerado-trabalho voluntário pode, muitas vezes funciona bastante bem. A maior prova disso é o MAIOR festival aeronáutico do MUNDO feito em Oskhosh, nos USA. É organizado pela Experimental Aircraft Association of America, as pessoas responsáveis pela organização são remuneradas mas tudo falharia se não fossem os milhares de voluntários que fazem todas as tarefas de apoio. Estarão esses voluntários a ser "chulados"? Não, estão a participar numa actividade que gostam e que sem o seu contributo não existiria (outro exemplo são as corridas de aviões em Reno, Nevada, USA). E é o mesmo que se passa com Guttenbergs, Wikipedias, Linuxs e etc. É por isso que o exemplo do taberneiro não colhe (ou melhor, colheria se todos pensassem segundo as linhas do esterotipo do portugues oportunista). Esquecem-se é que nem todos são Presidentes de Camara (que vestem o esterotipo de P.de C.M.) e um gestor de um projecto de trabalho voluntário que assim se comporta-se estava fadado ao fracasso mais cedo ou mais tarde porque uma qualidade crucial nesse contexto é a honestidade.
E outra coisa que o Desidério & Ca. esquecem é que a diversificidade melhora a oferta porque aumenta a competitividade. E se argumentam que oferecer gratuitamente algo é fazer dumping do sistema porque as empresas não conseguem competir é porque de forma geral não oferecem algo melhor. E a prova está que muitos serviços e produtos tem melhorado devido à competitividade (a segurança e estabilidade do Windows, as novas versões do IE para citar 2). E também se esquecem que "os pequeninos" já não conseguem competir, muitas vezes, pelo abafamento legal e económico provocado pelos grandes jogadores já estabelecidos no mercado. E que estas muitas vezes não são "justas" nem sequer legais mas como vem de quem vem, passam impunes.
Quem está só, qualquer que seja o contexto, está sempre em dificuldades. A diferença esta na facilidade ou não de arranjar "aliados". E o mundo, graças a evolução digital, tornou-se num local onde isso é cada vez mais fácil de acontecer.
"E portanto cabe a quem gere o projecto pensar em maneiras de manter essas pessoas a gostar de servir cervejas."
Nada como as pequenas pérolas de honestidade ocasionais.
Luís,
A Fnac deixa-te ler os livros para que os compres, não para tos oferecer.
Não te respondi ao argumento do Casanova porque é um argumento tolo. Tu podes ser anónimo e adoptares quantos pesudónimos quiseres. És livre para isso. Mas eu continuo a pensar que quando estamos a conversar é positivo e uma coisa boa dizermos quem somos. E é isso que faço. Mas nunca quis dizer com a inha ideia que as pessoas não são livres para assinarem como querem. Isso é uma opção inteiramente pessoal. Como é uma opção pessoal as autores deste blog não responderem a anónimos.
O exemplo do Kyriu trouxe-me à memória uma história que já contei várias vezes e que presenciei há uns anos. Uma vez estava na praça maior, em Salamanca e chamaram-me a atenção aos bustos de personalidades da cultura espanhola que estão colocados nas paredes da praça. Reparei logo que o busto de Franco era o que mais reluzia. Como é que é possível que logo o busto do ditador que tanto mal fez a espanha, seja aquele que mais reluz? Depois lá me contaram a história que acabei por comprovar anos mais tarde ser verdadeira em relatos e fotos que encontrei aqui na net. Os anarquistas todas as madrugadas, numa certa altura, passavam pelo busto e atiravam baldes de tinta, para mostrar o quanto detestam a figura do ditador. Os empregados municipais no dia seguinte eram obrigados a limpar aquela tinta toda, já que a praça é um simbolo turístico da cidade e do mundo. Mas os anarquistas queriam mesmo mostrar o seu ódio ao ditador e voltavam madrugada atrás de madrugada a atirar baldes de tinta para o busto. A solução encontrada para melhor limpar o busto foi envernizá-lo para facilitar a limpeza. Esta história é engraçada pois mostra , penso, até que ponto pode chegar a psicofoda. E algo semelhante pode estar a passar-se com o trabalho voluntário que aqui falamos. Os custos do trabalho voluntário, por muito boa que seja a intenção, podem ser elevados. Ainda assim, sinceramente também defendo a posição que eticamente o trabalho voluntário é algo bom.
abraços
Caro Desidério,
talvez ler mais qualquer coisa não lhe fizesse mal. A ignorância tem um elevado preço. Deixo-lhe uma referência que de certeza lhe fará algum jeito: http://www.lessig.org/
Em vez de ter estudado filosofia devia ter estudado ciencias dessa forma pensava de forma mais clara, objectiva e interessante.
O problema do pessoal das humanidades e que falam falam falam e nao dizem nada de significativo
E os Bombeiros voluntários?
Depois de tanta conversa fina, tanta paneleirice que até mete nojo, queria saber se a questão dos bombeiros não é também importante?
Que é que o senhor Desidério pensa dos bombeiros, que são quase todos voluntários, excepto alguns sapadores de Lisboa, imagino, não tenho a certeza.
Que é que o Desidério iria dizer se a sua casa estivesse a arder? Não, por favor, não chamem os bombeiros, são voluntários, não podem ter qualidade suficiente para apagar o fogo da minha cas, deixem arder?
Victor, senão fossem os empréstimos, eu nunca teria lido 95% do que li. É evidente que as borlas chamam clientes! Estás a delirar, h+a montes de estratégias de vendas que passam por oferecer algo ao cliente para ele se viciar. Porque não ncom os livros e discos?
Rolando, és um vigário, quando não tens argumentos dizes que os dos outros são tolos. Em que é que o maradona é mais do que eu?
A FNAC é que sabe, não o Victor, eles é que sabem como vender e fazer viciar as pessoas em livros, e há alguns que se viciam tanto que até os roubam.
Caro Luís,
O teu argumento dos bombeiros voluntários não funciona e continua a ser um argumento tolo. Não funciona porque a) começa por ser falso que maior parte das corporações de bombeiros seja voluntária, à excepção de Lisboa, como referes eb) mesmo considerando o sistema dos antigos bombeiros voluntários, eles tinham bons sistemas de auto financiamento (então os bailes de bombeiros?) e era co financiados pelo governo e autarquias.
Como vês respondo-te aos teus argumentos, tu é que não respondes aos meus.
Quando estiveres nalgum lado público basta perguntares quem eu sou que toda a gente te vai dizer. Como vês não tenho receio de ficar ao teu lado no tal jantar, mesmo sem saber quem és e que tu saibas quem eu sou. É que eu meço 1m e 83, e pratiquei pugilismo no Boavista,razão suficiente para não ter medo.
Tiago Azevedo,
Desculpe meter-me , mas permita-me que faça um reparo ao seu comentario: em vez de afirmar "talvez ler mais qualquer coisa não lhe fizesse mal. A ignorância tem um elevado preço." é mais justo afirmar: "talvez ler mais qualquer coisa DO QUE EU LEIO não lhe fizesse mal. A ignorância tem um elevado preço."
É que temos uma tendência gritante para pensar que as coisas que lemos são A verdade, quando as pessoas podem ler muitas coisas e diferentes.
cada vez mais me parece que estes murchos artigos são para agradar a certos influentes editores...
Tanto desidério de agradar para certa influênçia e tacho alcançar...
Cada vez mais este blog se parece mais com um "In rectum Natura" com o apoio escondido à agenda teísta das lojas maçónicas ocultistas e às piores elites da monstruosa academia portuguesa.
E a maior vergonha de todos é que isto se deve á ganância e ambição de um fisico. Já nem se pode confiar nas ciencias exactas. Bem.. quando se vangloriam de artigos em que se é quarto co-autor...
Rolando, não percebi o teu exemplo franquista. É pa, faz-me um favor. Assume que eu tenho 5 anos e explica-me por A+B onde é que eu erro. A sério.
Digo-te mais, perco o muito do meu tempo em trabalho voluntário que preferia que alguém me pagasse porque acaba por ser aquilo que eu gostava mais de fazer e não vejo essa coisa horrível que dizes que eu faço ao mundo. Ao diabo a ética e a moralidade que são porcarias que nada me dizem. Eu faço o que faço porque gosto e acho que nisso encontro uma mais valia pessoal.
Como já disse isto é uma discussão puramente economica. Sejam sérios e apresentem exemplos de causa efeito que sustentem as vossas teses e submetam-nos ao escrutínio geral. Afinal estão a defender a tese que todos deviamos deixar de fazer coisas à borla porque estamos a prejudicar o nosso futuro, não é? É coisa séria! Porque há algo que te dou de mão beijada, de boas intenções está o inferno cheio.
De repente dá-me a ideia que és daqueles que defendem que as rádios universitárias são más porque prejudicam as rádios locais...
Já agora, de facto, em Portugal, a esmagadora maioria de corporações de Bombeiros é de serviço voluntário. Basta pensar que só há Bombeiros Sapadores nas grandes cidades e todo o resto do país é coberto por Bombeiros Voluntários. O que de facto não significa que não haja remunerações. Assumir que trabalho voluntário é equivalente a trabalho não pago é errado.
As pessoas parecem estar completamente centradas na ideia de que (foi defendido) a imoralidade intrínseca de ter algo sem pagar. Então a tese seria que todos temos de pagar directamente por rigorosamente tudo o que temos, e seria automaticamente imoral pedir um livro emprestado.
A ideia é que não existem "borlas". As coisas são sempre pagas, chamamos "borla" quando não pagamos directamente, mas alguém paga.
Mas isto não basta para dizer que o pagamento indirecto das coisas é imoral em si mesmo. O que está em causa é o sistema borlista aplicado à cultura, o seu enquadramento, as suas consequências. A sustentabilidade económica dessas actividades, a capacidade de proporcionarem um modo de vida tão viável a quem as faz como qualquer outra actividade produtiva. É só isso que está em causa.
Por não verem isto, as pessoas pensam que se é imoral descarregar 10 000 vezes ao mesmo tempo um livro na Internet logo é imoral emprestar um. Isto é análogo às discussões sobre a natureza do produto cultural, onde se desvia a questão da sustentabilidade económica para a metafísica do objecto cultural.
Se as pessoas não estivessem cegas pelo furor religioso e militante, parariam um segundo para pensar. É curioso a acusação constante de discutir no abstracto, quando são os comentadores hostis que na sua maioria recusam sair da abstracção e inserir as coisas no contexto.
Um pequeno apontamento: é curioso que imensos comentadores passem a vida a recomendar actividades mais significativas do que a filosofia, desde ir estudar ciência ou matemática até ir para o balcão da taberna fazer pose. Dito isto, é incompreensível o que prende tantas pessoas a estes comentários e discussões. Parece que há milhares de coisas mais importantes e sensatas do que isto e no entanto estão todos aqui assanhados contra "o inimigo". Não se entende.
Vou experimentar eu também: "se todos os comentadores hostis estudassem agronomia, teriam uma opinião diferente acerca deste assunto."
Ok, o que inferimos daqui? Que argumento foi este? Que "dados concretos" se escondem neste tipo de posturas?
Kyriu, duas questões:
1) Não percebo bem essa coisa do trabalho voluntário não ser equivalente a trabalho não pago/remunerado; podias explicar, sff?
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2) Dizes: «... perco o muito do meu tempo em trabalho voluntário que preferia que alguém me pagasse porque acaba por ser aquilo que eu gostava mais de fazer...»
Uma análise superficial leva a crer que (e desculpa-me a «análise» - que pode ser, e com certeza será injusta) o teu objetivo é estares à espera que abra uma vaga para fazeres o que mais gostas (mas remunerado), e aí faz sentido o estares-te a burrifar para éticas e morais... e o teu altruísmo ser «interesseiro» - para além de revelar que, se calhar, não estás a «realizar-te» (não encontro outra palavra) no teu trabalho.
(Numa de moralista diria: temos que ter em atenção que, quando estamos a escrever não é (só) para nós que o fazemos, mas que há outros a ler e a fazer a sua interpretação daquilo que dizemos - o que (nem sempre) poderá corresponder àquilo que se pretendia transmitir.
Desculpa a verborreia e a «chamada de atenção», mas foi a minha leitura (possível) do que escreveste, não pretendendo ter juízo de valor nem dar lições de moral (ou o que quer que seja) a ninguém.
Victor,
Mas ainda não te deste conta de um aspecto: este blog tem milhares de visitas, mas nos comentários aparecem sempre as mesmas pessoas: os fanáticos e nós feitos tolos a responder a fanáticos como se fosse possível discutir com fanáticos. Onde é que estão então os outros milhares de leitores? Provavelmente são pessoas que pensam sobre o que estão a ler e esses acabam a ser mais importantes que os fanáticos que jamais admitem mudar uma virgula às suas crenças mais elementares.
Kyriu,
Os bombeiros são tão voluntários como eu fui voluntário para uma licenciatura em filosofia e sou professor voluntário. O exemplo dos bombeiros não funciona no argumento. Mas podes encontrar alguma informação sobre isso em: http://www.bombeiros.pt/
Em relação às outras explicações que pedes é o que se tem feito o tempo todo.
Caro Augusto
Não sou altruista e não estou à espera de nenhuma "vaga". Sou 100% egoista naquilo que faço e não tenho problemas nenhuns em dize-lo. Faço que que faço porque gosto de o fazer. E estou ainda para conhecer quem não seja egoista naquilo que faz independentemente daquilo que diz. E mesmo prevendo ter uma resistência pessoal a acreditar no contrário, so mo provararem por A+B, cá estou para dizer que ando enganado. É só por isso que acho que devemos deixar juízos de moral e considerações éticas de lado.
Quando digo que trabalho voluntário não é sinónimo de ausência de remuneração penso em coisas como ajudas de custo. No entanto admito que posso ter esticado as palavras. Uma consulta rápida pela definição (que é um erro de que por vezes padeço) dá-me:
"o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos..." de http://jovem-voluntario.blogspot.com/2007/11/definio-de-voluntariado-pelas-naes.html
Assim, retrato o que disse mas sinto-me renitente a ter de considerar que "ajudas de custo" eliminam o estatuto de voluntário.
Quanto minha "vaga", não existe em nenhum instituto público ou local privado. Pode vir a criar-se algo (por um conjunto de pessoas que gosta da actividade especifica) mas senão der, não irei dar um tiro na cabeça nem lamentar-me. Ou as coisas que fazemos ressoam à nossa volta e encontram espiritos semelhantes que as façam vingar ou não (é a massa critica). Como disse, gosto do que faço, dá-me gozo. Se me pagassem em vil metal (plimplim, plimplim) para isso era porreiro, podia fazer mais, senão paciência. Posso dizer-lhe que me sinto recompensado pelo efeito geral e o caldo criativo que se tem gerado à volta do meu trabalho e das pessoas com quem trabalho (who doesn't want to be paid by his hobby-horse?).
Se ainda não perceberam eu acho que o Desidério tem razão que há uma hipocrisia entre as preferências oficiais de muita gente e a realidade mostrada pelo sítio onde põem o seu dinheiro. No entanto desconheço a época da história humana em que tal não se tenha passad:). Não concordo com ele no entanto quando argumenta que:
- projectos de voluntariado não originam produtos de qualidade e o que é gratuito "não presta". Ou melhor, que os projectos que ele indicou terem falta de qualidade padeçam desse mal;
- que o efeito global destes projectos é pernicioso e nocivo (se bem o leio (e ele ou o Rolando que me corrijam se erro)) porque o balanço entre o possível ganho originado pela divulgação de conhecimento ou disponibilização de ferramentas de trabalho é inferior aos ganhos gerados pela divulgação dessa informação (no sentido do editor que ganha dinheiro com um livro) e aumenta os obstáculos à geração de riqueza pela exploração de ideias (o tal inventor não vinga porque ninguém está disposto a pagar o que faz). Esta visão a "preto e branco" não me parece muito correcta para entender tudo mas pode-me estar a escapar algo.
O que eu gostava de ler era o parecer de economistas que tenham pensado no assunto e que possuissem argumentos de rigor cientifico sobre o mesmo (que são os que eu peço Rolando, e ainda não os vi, that's my point).
PS: só acho irónico o Desidério achar que o trabalho dos voluntários em contextos humanitários é que tem justificação olhando à quantidade de problemas que esse mesmo trabalho tem originado em muitos cantos do mundo. É o episódio do D. Quixote e do criado amarrado à oliveira...
O Rolando fala de fanáticos mas já postou mais de centenas de comentários aqui, não deixa de ter a sua piada. Não é minha intenção retribuir-lhe o elogio, de tão idiota que é. Parece-me idiota que se se tiver opinião contrária, é-se um "fanático".
Em relação à sua argumentação de como o meu argumento "rui", sinceramente é fraquíssimo. Oiça (leia). Os livros que estão no Gutenberg estão em domínio público, ou seja, não precisam de pagar direitos nenhuns. Depois, quem os escreveu por norma já morreu faz décadas, não é agora que vão lucrar por isso.
Por isso resta perguntar, quem é que o projecto Gutenberg tem o potencial de prejudicar? Digo-lhe já. Editoras que lucram com a impressão de livros e sua distribuição, que nada têm a ver com a criação de arte. É uma indústria do papel, nada mais do que isto. Por mim, que abram falência, se é esse o seu serviço. Não só se poupa em papel e em florestas, como se diminui o número de intermediários entre a obra original e a minha pessoa.
Também não vejo o que é que a Wikipédia tem a ver com o mercado dos livros. Ironicamente é devido a serviços de informação gratuitos que me dei conta de livros interessantíssimos que acabei por comprar.
O Vítor Guerreiro gasta muitas linhas em dar um sermão em como "nós" não "entendemos" o contexto da discussão, em como exageramos as conclusões, etc. Digo-lhe que entendi sim muito bem, e por ter entendido bem é que não gostei, ok? Não se tenha por baluarte da inteligência que lhe fica mal.
Aquilo que você "não entende" é que tanto o projecto Gutenberg não desloca nenhum escritor de livros actual porque só se destina a livros do domínio público (D'Oh!), como todo o tipo destes projectos gratuitos que florescem na internet só demonstram que existem serviços no presente que estão a descer de valor a uma velocidade muito grande.
Tenho pena, mas este também é uma consequência do capitalismo. O fenómeno do Wikipédia, do youtube, e parecidos é um fenómeno de pessoas a criar cultura, a participar nela. A ler cultura e a criá-la (read and write), nos tempos livres, ou seja, nos tempos em que se estaria a ver a novela ou a série dos ficheiros secretos.
E fazem-no usando o seu direito à liberdade. Se uma pessoa é livre, e decide "dar" o seu contributo a uma comunidade que tem por objectivo qualquer coisa que seja (voluntarismo), não há nada que um Desidério ou um Rolando possa fazer senão amargurar como o velho do Restelo. Aquilo que lhes faz mossa é que este voluntarismo ganhou uma dimensão e uma força na cultura sem precedentes (se fosse um voluntarismo pequeno, à medida da boa caridade tradicional, como a do Marcelo dar os seus livros a uma biblioteca pública, então não haveria problema).
Se isto tem consequências no mercado geral? Claro que tem. Mas não é solução olhar para o séc. XX com nostalgia e dizer que devíamos voltar para trás. Urge olhar em frente e perguntar que modelo permite melhor a prosperidade intelectual, a todos os níveis. E de todos os modelos, os vossos aparecem-me como reaccionários.
O que importa é que os autores de qualidade possam viver do seu trabalho, independentemente do meio onde o publiquem. Mas como saber se certo autor tem qualidade? Pelas vendas, pelas consultas na Net? Ora, é indiferente onde se vai buscar o produto, pois a porcaria do Paulo Coelho tem tanto sucesso nos livros impressos quanto na Net, e se os disponibiliza lá de graça é porque ficou muito rico antes disso. Não é aliás o sucesso comercial que qualifica o valor das obras. Talvez alguém seja descoberto como autor de qualidade por publicar na Net sem se fazer pagar. Todavia terá depois de encontrar maneira de viver do seu trabalho. Mas se a leitura se tornar grátis na Net, a tendência será para comprar menos livros, e quem tem qualidade mas vende pouco ainda menos rendimento pode esperar e terá menos hipóteses de viver do seu trabalho criativo. Não vejo mal algum na publicação de obras na Net, mas desde que se pague um certo montante pelo acesso e pela cópia de um limitado número de exemplares. Não creio também que a Net motive a leitura de obras completas e densas, pois só a leitura de obras completas e densas é que pode motivar para outras difíceis leituras. Antes pelo contrário: o que as pessoas procuram na Net é informação rápida, simples, resumida. É óptima para a divulgação de artigos, de excertos de livros, etc., dando a conhecer autores interessantes, que de outro modo teríamos dificuldade em conhecer. É boa para quem não canse a vista no monitor, do que duvido. É boa para quem não se importe de ler em folhas A4. Mas é desagradável para os que, como eu, preferem o aspecto sensorial volumétrico do livro, com o seu carácter táctil e a tridimensionalidade densa que se aproxima mais da nossa corporeidade. Penso, além do mais, que grande parte dos comentadores gostaria de explorar o trabalho cultural gratuito dos outros, e que só o trabalho técnico deveria ser remunerado pela qualidade e quantidade fornecida, mesmo que seja à custa dos produtos dos criadores intelectuais. Numa sociedade em que os bens essenciais se pagam e não há contemplações para quem não tem dinheiro, pode ser muito bonito
fazer trabalho de voluntariado. Mas ficaria de consciência mais tranquila se os bombeiros que viessem apagar o fogo na minha casa tivessem uma vida desafogada.
Pedro, apenas um aparte sobre a preferência do livro fisico. Isso é algo um sentimento que nós, que vivemos antes da internet, temos. Quem decidirá esse futuro, quem estará com àvontade para ler "obras densas e profundas" num formato digital são os miúdos que usam usa as tecnologias digitais e não sofrem tanto desse bias. Não tenho muitas dúvidas que o livro de papel e o seu uso irá desaparecendo.
Viver (exclusivamente) de livros sempre foi uma excepção e não a regra, seja-se de "qualidade" ou não. E quando se é bom, a porta das actividades paralelas sobe (é como os músicos que vivem de concertos, há quem viva de palestras, só para dar um exemplo).
onde se lê "sobe", leia-se "aumenta" :)
Kyriu. Também só duas notas. Em primeiro lugar, o passado não é argumento. Em segundo, não defendo que todos os escritores vivam apenas de livros, mas que o resultado das suas actividades, nomeadamente investigações, devem ser remuneradas em função da relevância que os outros encontram nelas e que são espelhadas nas obras publicadas. Espinosa fabricava lentes, Einstein trabalhava numa repartição de patentes, passou para a investigação e para a leccionação. Nada contra isso, mas quando um emprego se torna, não uma fonte de inspiração e de actividade conducente à escrita, quando se torna um obstáculo à criação de autores que já comprovaram a sua elevada qualidade, creio que lhes é devido - porque não acredito apenas na selecção natural pelo mercado - a possibilidade de viverem do que escrevem, em qualquer área, e também do que pintam, compõem, etc.. De resto, concordo. O livro tenderá a ser substituído por suportes informáticos (poupa-se papel?), menos, creio, os livros de arte, porque também pode ser uma obra de arte. Cumprimentos.
Não creio também que a Net motive a leitura de obras completas e densasÉ apenas uma experiência pessoal, mas eu comecei a ler muito mais desde que descobri livros disponíveis gratuitamente na internet.
- Comecei com Wuxia traduzido por fãs em fóruns da especialidade.
- Passei para livros de fantasia e ficção cientifica distribuidos gratuitamente pela TOR.
- Passei para livros tirados ilicitamente da internet.
Já não lia há quase uma dezena de anos. Hoje em dia leio pelo menos um livro por semana (60 em 2008, e livros como os da série "A Song of Ice and Fire", por exemplo, não são pequenos ~300k palavras cada).
Curiosamente, os poucos livros em papel que tenho comprado acabei por tirar também da internet porque me é mais conveniente ler na PSP do que ler no papel.
Tenho mantido uma lista dos livros que li. Um destes dias, amealho algum dinheiro e encomendo-nos num qualquer sitio da internet, não tanto pelo interesse em tê-los em papel mas mais para apoiar os autores.
Pedro
"quando se torna um obstáculo à criação de autores que já comprovaram a sua elevada qualidade, creio que lhes é devido - porque não acredito apenas na selecção natural pelo mercado - a possibilidade de viverem do que escrevem, em qualquer área, e também do que pintam, compõem, etc.."
ao contrário de ti não acredito que lhes seja devido. Acredito sim que será uma opção inteligente (no sentido de ficarmos todos a ganhar com isso) fomentar ambientes que tal proporcionem. Mas daí a torná-lo um qualquer tipo de obrigação vai uma grande distância.
Acho também que de forma natural se o vulgo se apercebe dessa mais valia essas pessoas são, e cada vez mais, recompensadas pelo seu trabalho e criadas condições para que isso aconteça. Tanto porque é cada vez mais fácil que dentro das suas áreas especificas sejam descobertas (há mais olhos a ver) como pela facilidade (global) cada vez maior de se mudarem para onde são apreciadas.
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