sexta-feira, 3 de abril de 2009

Manifesto pela Divulgação da Energia Nuclear

Recebemos da Associação para a Divulgação da Energia Nuclear o seguinte manifesto, que é divulgado pelo "Expresso" (assinam o manifesto vários cientistas portugueses como Augusto Barroso, João Caraça, Manuel Sobrinho Simões, Carlos Fiolhais e Carlos Salema):

O aumento das necessidades energéticas mundiais é um facto inegável que decorre das legítimas aspirações de desenvolvimento e maior bem-estar.

Paralelamente, é inevitável a necessidade de uma diminuição da dependência dos combustíveis fósseis, nomeadamente do petróleo, decorrente de razões físicas, geopolíticas e ambientais.

Em conjunto, estes dois processos vão moldar o que será o futuro do Planeta. As respostas a estes problemas passam por medidas activas de promoção da eficiência energética, pela aposta decisiva nas energias renováveis, mas também pelo investimento na energia nuclear.

Só o conjunto destas soluções poderá fazer face à procura e à mudança estrutural necessária para reduzir a produção de gases com efeito de estufa.

Em particular, todos os esforços para uma diminuição do consumo de petróleo no sector dos transportes implicam, directa ou indirectamente, um aumento do consumo de energia eléctrica.

Quer seja pela utilização de veículos eléctricos directamente recarregáveis na rede eléctrica, ou pela utilização de células de combustível a hidrogénio, a energia eléctrica estará sempre presente.

Apesar de o hidrogénio ser o elemento mais abundante do Universo, na Terra ele não existe livre, a maior parte está associada ao oxigénio constituindo a água. A sua separação faz-se utilizando energia eléctrica.

Não faz sentido que a redução da emissão de gases com efeito de estufa que se conseguirá com estes novos veículos implique um aumento da sua produção, por efeito da utilização de combustíveis fosseis na produção de energia eléctrica.

Em 2008 a European Physical Society (EPS ), organismo não governamental que representa mais de 100.000 físicos europeus, tornou pública a sua posição sobre a utilização da energia nuclear para fins pacíficos afirmando que o nuclear pode e deve dar um contributo relevante para o portfolio de fontes energéticas com baixo nível de emissões de CO2.

A Sociedade Portuguesa de Física (SPF ), associação privada sem fins lucrativos filiada na EPS, divulgou em Portugal essa posição numa mesa redonda que teve lugar na Universidade Nova de Lisboa, em Setembro de 2008.

Dada a relevância deste assunto e a necessidade de se aumentar a informação e a formação sobre as tecnologias nucleares, um grupo de sócios da SPF e outros cientistas entenderam que era importante alargar a discussão à Sociedade em geral. Decidiram constituir a Associação para a Divulgação da Energia Nuclear (ADN), como plataforma de debate e de informação rigorosa sobre a energia nuclear, envolvendo participantes dentro e fora do meio académico e científico.

A ADN está aberta à Sociedade Civil, acolhendo todos os particulares e organizações que queiram participar num debate que não pode ser tabu em Portugal.

Toda a energia que consumimos na Terra é proveniente do Sol e a energia do Sol é nuclear.

23 comentários:

José Meireles Graça disse...

Não tenho, por ignorância e dúvidas, posição na matéria. Como o assunto é de evidente importância, aguardo o debate com interesse. O último parágrafo do post é, parece-me, um mau começo: Toda a energia ... etc. etc. O Sol está a 8 minutos/luz (espero não estar a dizer tolice). Nós estamos aqui. Logo, como argumento pró-nuclear eu vou ali e já venho.

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

O movimento anti-nuclear teve na sua génese a mãozinha de Moscovo que aproveitou o medo das pessoas de novidades.
Claro que Chernobil e o da central de N.Y. não ajudaram muito.
Com o fim à vista das reservas de petroleo não parece haver outra solução.

Mas, ó senhores cientistas, não conseguem desenrascar uma forma menos perigosa de produzir energia ?

Sempre me perguntei se não seria possivel utilizar a energia dos explosivos, tipo TNT e cia, para produzir energia.

Não é possivel ?

carolus augustus lusitanus disse...

Realmente, o último parágrafo, para além de tudo o que há de desconhecido por detrás da utilização dessa Caixa de Pandora, é deveras infantil... aliás, como a idade em que se encontra a Humanidade.
Os físicos modernos deveriam ler e estudar Capra e, sobretudo, meditar sobre a história passada e presente; talvez daí lhes possa surgir aquele «insight» que vê para além das modas e do racionalismo cartesiano, que têm vindo a tornar a presente comunidade científica uma espécie de porta-voz oficial das posições governamentais e políticas dos vários países.
É a hora do «turning point», da reflexão profunda na procura de um novo paradigma para a Humanidade, onde todos os seres humanos possam viver em harmonia com a natureza e consigo próprios e não da procura de uma nova «panaceia» para males que não se curam com energias negativas, mas sim positivas.

Anónimo disse...

"Toda a energia que consumimos na Terra é proveniente do Sol e a energia do Sol é nuclear."

mas está a uma distância segura (enquanto os escudos da nossa nave espacial aguentarem :))

Anónimo disse...

A energia nuclear é limpa e, hoje em dia, baseia-se em tecnologia sofisticada e fiável. O maior problema foi e é o dos resíduos resultantes da sua exploração.
É uma energia com uma rentabilidade muito superior a uma central de produção de outro tipo, seja ela a carvão, a gás ou ciclo combinado.
"nuclear" foi/é uma palavra tabu, pois conduz às consequências de acções bélicas realizadas ou acidentes que ocorreram. Em relação a estes últimos, a segurança das mesmas evoluiu muito.
Até hoje ninguém contabilizou os acidentes e as consequências dos acidentes ocorridos em minas, plataformas petrolíferas, acidentes ocorridos provenientes de derrames, vidas retiradas a prazo em consequência das actividades mineiras,...
Mais dois pontos: e instalação de uma central nuclear exige dois factores importantes e imprescindíveis: 1) Grande quantidade de água para os ciclos de refrigeração; 2)estar instalada numa zona geologicamente segura contra causas naturais.

joao moreira

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

De facto a industria nuclear comparada com outras industrias de energia tem um rol de vitimas muito inferior. Se calhar há mais vitimas da industria dos iogurtes ou das fitas-colas.

Agora continuo na dúvida quanto à energia quimica.

Não é mesmo possivel utilizar a energia de explosivos de uma forma produtiva?

A fabricação dos mesmo implica mais energia do que a que é possivel de recuperar ?

Não percebendo pevas de quimica sei que se misturar enxofre, sal e carvão consigo bastante energia. O TNT ou a nitroglicerina tem bastante energia acumulada.

Isto é um disparate ?

Anónimo disse...

Julgo que o nuclear precisa de urânio, ora este não é um recurso esgotável? E em que países é que existe?

Anónimo disse...

Não percam tempo a pôr questões e a escrever disparates. Aproveitem que têm internet e pesquisem, instruam-se antes quererem se afirmar.

Pedro E. Santo disse...

O que é que o Sol faz aos resíduos?

Pedro E. Santo

Rui leprechaun disse...

Uáu!!! Grande pergunta, ó Pedro Santo!!! :)

De facto, não tarda talvez muito a que tenhamos oportunidade de assistir a esse memorável "evento", mas tal não deve ser assim muito conveniente...

Numa só palavra: expulsa-os! Mas desse parto, a actual ciência nada sabe e, contudo, há relatos e sinais visíveis de um poderoso acontecimento, que a comunidade científica continua a confundir com meteoritos ou asteróides ou cometas... but it's the sun firing its gun!!!

Eis uma série de vídeos sobre o chamado "Younger Dryas Event", e que dão a resposta a essa pergunta sábia e que irá ser desvendada:


American Geophysical Union Press Conference


The layer's composition may indicate that a massive body, possibly a comet, exploded in the atmosphere over the Laurentide Ice Sheet 12,900 years ago.

Mas esse "cometa" veio do Sol...

Rui leprechaun

(...os tais resíduos em longo rol! :))

Rui leprechaun disse...

Fantástico, ó Cardeal!!! :)

Mas essas palavras aqui caem no imenso buraco da douta ignorância que se alimenta apenas da inteligência racional e discursiva, ignorando a mais fundamental inteligência intuitiva!

De facto, a ciência e a tecnologia cada vez são mais dependentes e meros apêndices dos poderes político e económico, como a actual polémica sem sentido sobre o Aquecimento Global bem demonstra.

A multidão está sempre errada, e isso inclui qualquer "mainstream", claro. Mais ainda, vão-se adensando os sinais de que a presente concepção da matéria está fundamentalmente errada e de que a física das partículas é uma espécie de mitologia matemática, sem qualquer correspondência com a realidade.

Assim, o que é o átomo, o núcleo, o electrão e suas forças... ou qual a natureza fundamental da matéria? Ou ainda, será que o antigo e agora renovado atomismo filosófico está muito mais conforme à realidade do que a completa balbúrdia que a física actual tem promovido,com uma multiplicidade espantosa e sem sentido de partículas e subpartículas e sabe-se lá que mais... quer reais, quer virtuais?

Os espíritos sinceramente curiosos e inquisitivos têm aqui um vasto campo de indagação perene e vivo!

E para completar... eis um vídeo a escutar! :)


Atomic Buddhism: Quantum Energy and the Nonexistence of Matter

Armando Quintas disse...

sou contra a energia nuclear, produz resíduos que demoram milhares de anos a serem decompostos pela natureza, destroem a fauna e flora em redor, são uma ameaça permanente à segurança e dependem de matérias primas não renováveis.
toca é a investigar as renováveis e deixemos-nos de ideias no tempo da outra senhora.
Só resta saber que lobby anda ai por detrás da energia nuclear em Portugal.
É outro projecto megalómano como o tgv, para o qual o país não tem dinheiro, e que se for construído demora anos e quando estiver pronto estará obsoleto e irá para o lixo, tal como uma central nuclear.
Os senhores físicos deixem-se de ideias tontas, procurem é investigar a melhor maneira de tornar super eficiente a captação de energia solar.

João Sousa André disse...

Realmente o último parágrafo é vergonhoso. Está ali mesmo só para dar uma "caução natural" ao manifesto e para manipular a opinião pública que não conhece as diferenças entre fusão e fissão.

Antes de mais, respondendo ao Sousa da Ponte. O problema com o uso de explosivos é a sua capacidade de explodir. Note: um explosivo pode ser muito útil se quisermos provocar um impulso de energia (ou seja, criar energia num espaço de tempo curto), mas não serve de nada se a intenção é usar essa energia num espaço de tempo mais longo. O TNT ou a nitroglicerina reagem de forma excessivamente rápida, pelo que não podem ser usados. Até se pode acumular TNT suficiente para aquecer uma casa durante um ano, mas a energia vai ser gasta numa fracção de segundo. Espero poder ter ajudado.

Quanto à questão do nuclear, tenho pena que o João Moreira não tenha feito a ligção entre as quantidades de água para refrigeração e a poluição térmica. É que estas águas vêm de rios (ou lagos) e são devolvidas aos mesmos. Só que são devolvidos a temperaturas superiores àquelas a que entram, o que provoca poluição térmica. A poluição térmica é má para os rios porque, por um lado, ao mudar a temperatura dos rios está a prejudicar as espécies que ali existem mas também porque, ao aumentar essa temperatura, está a reduzir o oxigénio dissolvido, o que provoca ainda mais a morte de muitas outras espécies (e o surgimento de outras, mais anaeróbicas). Já quanto ao problema ds resíduos, creio que não vale a pena falar agora. São mais que conhecidos.

Um ponto sobre o manifesto. Concordo que se deva promover a discussão sobre a energia nuclear. E até nem sou totalmente contra a mesma. Aquilo que questiono é o facto de as objecções serem constantemente varridas para debaixo do tapete pelos proponentes da mesma e as alternativas, como a energia solar, eólica, geotérmica, etc, serem mencionadas lado a lado com a energia nuclear como se do mesmo se tratasse. Chama-se a isto validação por associação.

Estou ainda para ver os posts destes autores sobre as energias renováveis (nem uma linha). Além disso pergunto: se os autores (entre os quais está Carlos Fiolhais) querem promover a discussão e é com esse espírito que publicam aqui este texto, porque razão não vêm então discutir o assunto nem esclarecer as perguntas que aqui são colocadas?

Luís Sequeira disse...

De tempos a tempos lá volta este "lobby" da energia nuclear, com as suas campanhas cheias de desonestidade intelectual.

Tentam ignorar a questão dos resíduos, de elevada perigosidade que permanece durante séculos.

Mas o mais interessante ainda é que ninguém se lembra sequer da questão económica. A energia nuclear nem sequer é "barata", não é limpa nem inesgotável. Alguém alguma vez apresentou uma verdadeira análise de custos de construção, exploração e gestão de resíduos?


Por que razão se fala em metas tão pouco ambiciosas, de 20% ou 30% para a cobertura das necessidades energéticas a partir de fontes realmente limpas, como o vento, o sol, as marés, lá para 2030 ou 2050?

Os verdadeiros obstáculos a uma sociedade totalmente servida por energia limpa e barata são os interesses económicos instalados. E são interesses económicos os grandes motivadores daqueles que propalam o nuclear, escondendo os seus gravosos inconvenientes.

É pena que homens da Ciência, que são merecedores do maior respeito, se deixem ludibriar por esta enorme falácia.

Luís Sequeira

Jose Simoes disse...

A economia da energia nuclear tem 1 questão a responder antes de eu pensar a sério no assunto sequer.

PERGUNTA: quando custa um seguro (com re-seguro como mandam as regras) que garanta TODOS os possíveis materiais e pessoais que uma dada central nuclear pode provocar, incluindo obviamente a fase de processamento do combustível "usado".

Quando tivermos esse valor podemos começar a fazer as contas. Até lá não me prenuncio categoricamente.

Mas suspeito que as actuais centrais funcionam no princípio. Se há lucros, óptimo, os ordenados (e bónus) vão para a conta na Suiça. Se há um acidente vamos à falência e o público que page os tratamentos e os familiares que tomem conta dos contaminados. Não fazem mais que a sua obrigação.

O que me lembra qualquer coisa...

José Simões

Jose Simoes disse...

"Toda a energia que consumimos na Terra é proveniente do Sol e a energia do Sol é nuclear"

Se são os Físicos que dizem isto os que defendem a energia nuclear...

E a própria linguagem é enganosa. Ficava bem não usar o termo "nuclear" para incluir a fusão e a cisão no mesmo saco, que são coisas muito diferentes.

José Simões

Manuel Gonçalves Soares disse...

A energia nuclear é a versão energética da centralização política.
E quem pretende centralizar/controlar...está de alma e coração com o nuclear!
Isto é, trata-se em boa verdade e essencialmente de um problema político com contornos obscuros. É bem evidente, por oposição, que as outras formas de energia estão muito mais perto das teorias de descentralização.

Vilar de Perdizes disse...

"Toda a energia que consumimos na Terra é proveniente do Sol e a energia do Sol é nuclear."

Por esta pérola de sabedoria, os nossos parabéns aos senhores cientistas portugueses subscritores do manifesto da Associação para a Divulgação da Energia Nuclear.

Os abaixo-assinados:
Ordem dos Astrólogos Reikianos,
Sindicato dos Quiromantes do Sul e Ilhas,
Federação Nacional dos Homeopatas Índigo,
Professor Kabamza, especialista em assuntos de impotência e mau-olhado,
União Criacionista da Lusitânia, Açores e Berlengas,
Movimento Telepatia-é-Ciência-assim-como-a-Clarividência,
Clube de Fãs da Maga Patalógica.

Anónimo disse...

Antes de mais gostava de felicitar o grupo de cientistas portugueses que criaram e assinaram o manifesto.

Depois de ler os comentarios escritos ate agora e facil de perceber que mais uma vez a populacao em geral tem fortes opinioes sobre assuntos dos quais nao percebe.
A energia nucear e um tema complexo e exige um conhecimento aprofundado tanto de prespectiva de ciencia energetica como de politica energetica.

Da mesma forma que energias renovaveis evoluiram com o passar dos anos e a experiencia ganha em varios projectos tambem a energia nuclear evoluiu bastantes desde o projecto manhattan. Neste momento em varios paises como por exemplo na china e a india encontram-se em construcao varias centrais nucleares 4G(quarta geracao).
Em relacao aos residos nucleares a toxicidade destes e comparavel a outras substancias vastamente usadas como o mercurio, chumbo e cadmium.

João Sousa André disse...

«Em relacao aos residos nucleares a toxicidade destes e comparavel a outras substancias vastamente usadas como o mercurio, chumbo e cadmium»

Por acaso não, podem ser bem mais tóxicos. Só que também o mercúrio é um problema muito grave, o chumbo idem e o cádmio segue pelo mesmo caminho. Isto é equivalente a dizer que se já há armas, não faz mal em desenvolver mais, uma vez que podem nem ser piores.

Quanto à frase: «mais uma vez a populacao em geral tem fortes opinioes sobre assuntos dos quais nao percebe», soa oca quando se vê que esta manifesto é fraquinho sobre esclarecimentos e que os seus autores nem se dão ao trabalho de tentar responder às questões que os comentadores aqui colocam.

carolus augustus lusitanus disse...

Muito bem, Sousa André!

O senhor anónimo vê-se logo que deve estar a falar de uma qualquer «cátedra» para a plebe... mas com frágeis argumentos a que só os incautos (vulgo, massas) dão ouvidos. Porque isso de ciência energética (que não sei o que seja) só para entendidos e ilustres seguidores da elite que lê (com pouco sentido crítico, diga-se de passagem) as revistas «esotéricas» que volta e meia dão o dito por não dito (claro que a culpa não é das revistas...).

Não se desculpem com o «povão» (como alguém lhe chamou), mas apresentem argumentos fortes e, sobretudo, tentem fazer «tabula rasa» sobre o que o 'magister dixit' nos bancos da faculdade, porque mais vale «fortes opinioes sobre assuntos dos quais nao percebe» do que ter uma opinião «fraquita» sobre assuntos que domina...

LJ disse...

alguém me sabe dizer como posso chegar a esta Associação para a Divulgação da Energia Nuclear? email, tlf?
obrigado.

Anónimo disse...

alguém me sabe dizer como posso chegar a este Sindicato dos Quiromantes do Sul e Ilhas? email, tlf, telepatia?
Lady J.

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