sexta-feira, 10 de abril de 2009
Cultura e genética em interacção
E pronto, acabou-se o velho debate, principalmente político, entre quem defende que traços fundamentais dos seres humanos (como a inteligência ou a violência) nada devem à genética mas sim à educação e quem defende que os seres humanos estão geneticamente pré-determinados. Ou melhor, o debate acabaria se não fosse um debate político, mas como todos os debates políticos (ou melhor, combates), os defensores dos dois campos vão continuar infatigavelmente a insultar-se mutuamente, como acontece com os "debates" entre criacionistas e evolucionistas, ou entre ateístas militantes e (des)crentes religiosos. Mas quem tem interesse na verdade e não em festivais de luta-livre, terá muito a ganhar lendo este excerto do próximo livro de Mark Henderson.
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7 comentários:
É interessante verificar o que esse debate tem de semelhante ao do "livre arbítrio" vs "predestinação".
E o designer idiota (vulgo, "gazeteiro dos 6 dias") disse:
"Coloquemos fósseis na Terra, para pôr à prova os homens de fé que por lá crescem e se multiplicam .
Contudo, os preservativos estão banidos, porque o vírus da sida ainda não apareceu ..."
A "vox populi" contempla a hereditariedade e o meio ambiente com os ditados, respectivamente, "filho de peixe sabe nadar" e "a ocasião faz o ladrão".
Numa época condicionada pela estatística, a discussão, portanto, parece-me residir em saber em que percentagem a hereditariedade é condicionada pelo meio ambiente, e vice-versa. Esta uma discussão que está longe de estar resolvida por não se poder pôr o rei da criaçãonas retortas dos laboratórios sujeitando-o a experiências, ainda que refutáveis mais cedo ou mais tarde.
Nesta espécie de entreacto decorre uma guerra surda entre as ciências humanas e as ciências duras. Estas, em trauma pós-popperiano, não querendo abdicar dos seus "dogmas"; aquelas lutando desesperadamente por um estatuto que séculos de cientismo lhe pretendem negar.
Caro Desidério: A expressão "rei da criação", utilizada por mim no comentário anterior, pode induzir a que se pense ser eu criacionista. Nada disso.
Por via da dúvida, faço a sua substituição para bicho-homem.
How an Evangelical Preacher Became One of Americas Leading Atheists
"After 19 years as an evangelical preacher, missionary, and Christian songwriter, Dan Barker ‘threw out the bathwater and discovered there is no baby there.’
Barker, who is now co-president of the Freedom From Religion Foundation (America’s largest organization of atheists and agnostics), describes the intellectual and psychological path he followed in moving from fundamentalism to freethought.
The four sections in Godless–Rejecting God, Why I Am An Atheist, What’s Wrong With Christianity, and Life is Good!–include chapters on bible problems, the historicity of Jesus, morality, the Kalam Cosmological argument, the unbelievable resurrection, and much more.
Barker relates the positive benefits from trusting in reason and human kindness instead of living in fear of false judgment and moral condemnation.
Godless expands the story told in Dan’s 1992 book, Losing Faith in Faith–the two books overlap about 20%–but a lot has happened in 16 years, and Dan updates the story with four new chapters, including ‘The New Call’ (lessons from the debate circuit), ‘Adventures in Atheism,’ and ‘We Go To Washington’ (FFRF’s Supreme Court lawsuit, in which Dan was a plaintiff)."
http://www.goddiscussion.com:80/168/godless-how-an-evangelical-preacher-became-one-of-americas-leading-atheists/
Mas ó Desidério, você só descobriu isso agora? Já há muitas dezenas de anos que se sabe da aquisição da capacidade biológica de assimilação pelos adultos do leite por efeito da pastorícia e da condição da evolução anatómica do homem para a produção da linguagem e dos utensílios. Leia a Dialéctica da Natureza de Engels, escrita em finais do século XIX e que aliás nenhuma novidade científica contém. Antes de pensarmos em inventar a pólvora é melhor que nos certifiquemos se alguém já disparou sobre nós e, pobres ígnaros que somos, se nos desactualizou.
O que alimenta o debate, e se calhar vai continuar a alimentar, é que tem sido em nome da natureza, reconceptualizada como genética nos nossos dias, que certos sectores da humanidade procuram justificar a opressão a que sujeitam outros; foi e é assim com as mulheres, com a escravatura, com a solução final nazi, etc. etc. E isto é importante para aqueles que não são indiferentes a estas questões.
Por isso diz bem, interacção, mas não determinismo biológico ou se quiser genético; e uma interacção em que o contributo das partes está longe de se encontrar contabilizado e em que se deve investir, na medida do possível, tanto numa como na outra para criar um futuro mais humano.
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