quarta-feira, 1 de abril de 2009

FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM VEZ DE MAGALHÃES

Marcel Thouin, Professor de Didáctica das Ciências na Faculdade de Ciências de Educação da Universidade de Montreal no Canadá, autor de vários livros sobre educação científica recentemente publicados pelo Instituto Piaget ("Resolução de problemas científicos e tecnológicos nos ensinos pré-escolar e básico 1º ciclo", "Ensinar as ciências e tecnologias nos ensinos pré-escolar e básico 1º ciclo", "Noções de cultura científica e tecnológica" e " Explorar a história das ciências e das técnicas. Actividades, exercícios e problemas") vai abrir a 2 de Abril o V Encontro de Educação no Campus de Almada do Instituto Piaget, com uma conferência sobre o ensino das ciências no pré-escolar e no básico.

O jornal "Ensino Magazine" de Março, num suplemento sobre o encontro, perguntou-lhe:

- "Para atingir melhores resultados no ensino das ciências ao nível do Pré-Escolar e do 1º Ciclo, é mais importante que os alunos tenham acesso a outros recursos, nomeadamente tecnológicos, ou será que é mais importante investir na formação inicial de professores e na formação contínua dos docentes que estão no sistema?"

A resposta foi bem clara:

-"Contrariamente ao que é comum pensar-se, os recursos tecnológicos não são importantes para ensinar ciência no Pré-Escolar e no 1º Ciclo. É bem possível ensinar ciências com materiais muito simples que podem ser encontrados na reciclagem, adquiridos em drogarias ou em lojas de hardware. Muito mais importante que isso é investir na formação inicial e contínua de professores. E as actividades desenvolvidas nesta formação devem ser muito similares àquelas que os professores irão desenvolver com as crianças. Isto significa que a formação deve consistir em identificar as ideias erradas dos professores (sim, os professores têm ideias erradas acerca de muitos conceitos científicos) e na resolução de um vasto número de problemas, através de actividades práticas."

Já vários portugueses disseram isto mesmo. Mas agora como é um professor canadiano pode ser que seja mais ouvido...

3 comentários:

nuvens de fumo disse...

O Magalhães é uma ferramenta , como outrora foram as canetas de esfera vs as penas. Os computadores dão para tirar notas, ter cadernos de apontamentos em dia, gravar aulas, aceder á net e estar mais informado sobre o mundo.
Como pode ser isto mau ??? o dinheiro gasto agora nesta tecnologia é uma gota de água quando comparada com investimentos noutras infra-estruturas, são escolhas.
A formação dos professores pode ser feita por eles também, ou será que tudo tem de partir do grande pai estado ? não podem organizar fóruns ? dinamizar centros ? não existe autonomia das escolas ? não podem dar esse tempo uns aos outros ? partilhar conhecimento ?

E depois existe em todas esta discussão um problema retórico , utiliza-se o computador como “straw man “ , bate-se na ideia sem sequer se perceber muito bem porque, e serve para criticar tudo, principalmente a política educativa, mas também as acusações de que são vendidos, de que permitem ver pornografia, que vão distrair os alunos etc. A falta de decoro é total.
Fico muito com a ideia que o computador diz mais da ignorância da maioria dos professores perante a informática que de os alunos.
Daqui a 3 anos os miúdos vão saber muito mais trabalhar com as máquinas que a maioria dos professores, e faço apostas já. Por isso muitos professores que nunca trabalharam numa máquina daquelas e que se sentem ultrapassados, devem dizer cobras e lagartos, mas isso é outro problema, a informática está aí há muitos anos.

Isto cria um precedente de maledicência que há-de trazer amargos de boca a muita gente, porque é o espírito um pouco mesquinho que tudo isto gera que é preocupante e pode ficar sem controle. Hoje é o Magalhães, amanhã a aulas de educação sexual, depois o uso de um outro equipamento, e por este andar , daqui a 20 anos teremos o regresso à lousa , ao ábaco e à cartilha a dos males do espírito e não a do Deus. Assim é que seríamos felizes longe das tentações da tecnologia, back to basics , isto leva ao espírito que pode um dia levar o fantasma de um professor de economia de uma aldeia perdida vir a tomar conta do país para poupar muito dinheirinho e ensinar a ler e a escrever.
Cheira a morte filosófica toda esta tuberculose mental que impede de olhar o Magalhães como um dado adquirido, pensando como o optimizar em vez de o continuar a criticar. Ele está a ser distribuído, vivam com ele e tirem o melhor partido.
Mas…
Como país estamos sem dinheiro, o pai está falido e a mãe há muito anda na má vida, a todos os que ainda pensam que a mesada vai cair certinha, cuidado, os irmão invejosos vão começar a fazer queixas : ))) e não tem muita piada.

Oscar Maximo disse...

Não concordo com o comentário das 11:05, mas vou ser breve:
1) Há matérias que os alunos da instrução primária devem aprender.
2) O uso do computador não se enquadra nelas, pode ser perfeitamente aprendido noutras alturas.
3) O tempo e energia gasto pelo aluno tem limites.
4) O uso do computador requer paciência e tempo, quando não, pior, vicia.
5) A energia canalizada para excesso de jogos e comunicação será menos energia (ou atenção) dedicada ás matérias fundamentais.
6) Fica patrocinado o fim das contas á mão (existe uma janela de idades para aprendê-las), de hábitos de leitura (idem), e é encorajado o Copy & Paste.

nuvens de fumo disse...

A frase 1 é uma generalidade sempre verdadeira e inerente ao processo educativo

A frase 2 carece de justificação. Não deve ser ? eu acho que tem de ser, faz parte das necessidades de um cidadão, como saber usar um livro, utilizar um dicionário, etc. Porque ? porque já hoje e muito mais no futuro, tudo há-de ser feito via PC/Internet. Ser-se info excluído é uma tragédia.

A frase 3 é do tipo da 1 e não adianta nada de substancial

A frase 4 pode ser alterada usando computador por livro. Não ficamos a saber nada de especial.

A frase 5 é a tentativa de deitar fumo, jogos ? porque não a wikipedia? A criação de artigos ? a criação de fóruns de discussão , a partilha de exercícios, locais como este de debate ?

quanto mais cedo for a tecnologia familiarizada , mais depressa termos frutos. E mais uma vez carece de prova, toda a minha vida li imenso, quer em suporte papel quer em suporte digital. Sempre joguei imenso, sempre pratiquei desporto , acabei o curso, trabalhei e continuei a conseguir ler, jogar, utilizar o pc para o trabalho etc. o desporto também tira tempo, a convivência social também, enfim. O computador é mais uma ferramenta que nos permite efectuar actividades. A gestão do tempo é individual e devem os pais tratar desse problema. não serve como argumento.
A frase 6 sobre o copy past é tão verdadeira como , mutatis mutandis, eram no meu tempo as fotocopias dos cadernos das colegas direitinhas ( obrigado a todas elas pela preguiça que me permitiram) .Era delicioso, só ouvir e depois, qual parasita do pinheiro, usufruir daquelas fibras vegetais devidamente hieroglifadas. É errado ? provavelmente é uma forma de inércia mental, mas a culpa era minha e não da fotocopiadora.

Os PCs são máquinas fundamentais, não as dar a crianças necessitadas é aumentar o fosso entre ricos e pobres , que já é assustador.

As crianças ricas não só os podem levar para a escola como os tem em casa, com ligações à net e pais que tem condições para integrar esse uso com a pesquisa, a procura de conteúdos, etc.
O pc é hoje em dia um potenciador de conhecimento como nunca existiu nada no planeta. Com conhecimentos de pesquisa na net podemos saber em semanas uma quantidade de informação que outrora demoraria anos a recolher.
O que fazer disso é um problema de cada um, dar as ferramentas para esta possibilidade é obrigação de qualquer estado que se diga civilizado.

Imaginar que quem pode possa aceder à net e ter o mundo disponível a um clique e quem não pode esteja enterrado no séc XIX, é ridículo, principalmente porque estamos a falar de por os pobres mais pobres e os ricos mais ricos. Porque quando hoje tudo migra para a net, não ter acesso é estar mais atraso do que se estava sem televisão no sec XX.

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