Minha crónica no "Sol" de hoje (na imagem a Welwitschia no deserto do Namibe):
Agora que também há “Sol” em Angola, não pode este jornal deixar de falar da ciência ligada a esse país. Por exemplo, da rica variedade de espécies biológicas que Angola alberga.
Uma das plantas mais extraordinárias do mundo encontra-se no deserto do Namibe, no Sul do país. Foi descoberta há 150 anos, a 3 de Setembro de 1859 (pouco antes, portanto, de sair a primeira edição da Origem das Espécies de Darwin) por um botânico austríaco que se deixou encantar pela natureza africana a ponto de só a ter abandonado ao ser vítima de maleitas tropicais. O nome científico da espécie, Welwitschia mirabilis, foi dado em homenagem ao seu descobridor, Friedrich Welwitsch (1806-1872). Foi preciso criar um género novo para integrar esta espécie, tão diferente ela é das outras.
A grande planta, que chega a ser milenária, tem um caule duro, do qual saem duas folhas, que crescem lentamente, esfarrapando-se nas extremidades. As suas características mais não fazem do que comprovar os prodigiosos mecanismos de adaptação a ambientes adversos de que os seres vivos são capazes. Crescer no deserto como ela faz parece um verdadeiro milagre!
Jorge de Sousa Braga dedicou a essa planta um poema publicado no seu livro Herbário: No meio do mais árido deserto/ Há uma planta que consegue medrar,/ E até se dá ao trabalho de florir,/ Mesmo que não haja ninguém por perto, / Que a possa contemplar. Para além de Welwitsch, outros naturalistas têm estado perto da Welwitschia para, mais do que a contemplarem, a estudarem com cuidado. Um deles foi o português filho de mãe holandesa, Luís Wittnich Carrisso (1886-1937), professor da Universidade de Coimbra (chegou a ser reitor), que, enfeitiçado por África, protagonizou três expedições a solo angolano para estudar a respectiva flora. Na última, no deserto namibiano, perto de uma Welwitschia, faleceu vítima de inesperado ataque cardíaco. O local da sua morte, no morro do Kane-Wia que os povos Mucubai dizem amaldiçoado, é um dos sítios inescapáveis da história da ciência angolana.
Agora que também há “Sol” em Angola, não pode este jornal deixar de falar da ciência ligada a esse país. Por exemplo, da rica variedade de espécies biológicas que Angola alberga.
Uma das plantas mais extraordinárias do mundo encontra-se no deserto do Namibe, no Sul do país. Foi descoberta há 150 anos, a 3 de Setembro de 1859 (pouco antes, portanto, de sair a primeira edição da Origem das Espécies de Darwin) por um botânico austríaco que se deixou encantar pela natureza africana a ponto de só a ter abandonado ao ser vítima de maleitas tropicais. O nome científico da espécie, Welwitschia mirabilis, foi dado em homenagem ao seu descobridor, Friedrich Welwitsch (1806-1872). Foi preciso criar um género novo para integrar esta espécie, tão diferente ela é das outras.
A grande planta, que chega a ser milenária, tem um caule duro, do qual saem duas folhas, que crescem lentamente, esfarrapando-se nas extremidades. As suas características mais não fazem do que comprovar os prodigiosos mecanismos de adaptação a ambientes adversos de que os seres vivos são capazes. Crescer no deserto como ela faz parece um verdadeiro milagre!
Jorge de Sousa Braga dedicou a essa planta um poema publicado no seu livro Herbário: No meio do mais árido deserto/ Há uma planta que consegue medrar,/ E até se dá ao trabalho de florir,/ Mesmo que não haja ninguém por perto, / Que a possa contemplar. Para além de Welwitsch, outros naturalistas têm estado perto da Welwitschia para, mais do que a contemplarem, a estudarem com cuidado. Um deles foi o português filho de mãe holandesa, Luís Wittnich Carrisso (1886-1937), professor da Universidade de Coimbra (chegou a ser reitor), que, enfeitiçado por África, protagonizou três expedições a solo angolano para estudar a respectiva flora. Na última, no deserto namibiano, perto de uma Welwitschia, faleceu vítima de inesperado ataque cardíaco. O local da sua morte, no morro do Kane-Wia que os povos Mucubai dizem amaldiçoado, é um dos sítios inescapáveis da história da ciência angolana.
2 comentários:
Interessantíssimo!
É mesmo mirabolante e há uma colecção no Jardim Botânico (MNHN) da Universidade de Lisboa!
São cerca de 10 000 folhas de herbário (muitas das quais foram novas espécies para a Ciência) e centenas de produtos vegetais, incluindo grandes caules de Welwitschia mirabilis.
O 150º aniversário do achamento da Welwitschia (3 de Setembro), vai ser comemorado, na Linnean Society de Londres, com uma conferência proferida pela jovem investigadora portuguesa que desde 2005 estuda Welwitsch e as suas colecções.
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