Alguns activistas da Microsoft-Free Life abandonaram recentemente esta associação depois de debates intensos quanto ao seu futuro. Fundada nos anos 80, esta associação bateu-se pela necessidade de criar alternativas aos produtos da todo-poderosa Microsoft. Somaram-se sucessos à medida que alternativas como as diversas distribuições Linux, os sistemas da Apple ou aplicações como o Open Office ganharam algum terreno. Contudo, depois de tantos sucessos, a associação entra em crise em resultado de uma “divergência de visões”, como afirmou um dos dissidentes. Em causa está o Google.
Os membros mais activos da MFL começaram a defender a necessidade de lutar por um mundo sem Google, com o objectivo de criar alternativas — daí a sigla proposta para a nova associação: Google-Free Life. Outros membros, contudo, discordam da estratégia: “agora que estamos a ganhar pontos no combate à Microsoft”, defendeu um dos seus mais antigos membros, “não faz sentido dispersar energias contra o Google”. Esta não é, contudo, a opinião do fundador da MFL, que defende a fundação da Google-Free Life: “parece hoje tão irrealista lutar contra o predomínio do Google quanto o parecia lutar contra o predomínio da Microsoft; no entanto, as vitórias da MFL mostram que o que parece irrealista pode tornar-se realidade”.
Os críticos afirmam que é pura e simplesmente impossível viver sem o Google usando a Internet. Não se trata apenas de o Google oferecer vários serviços populares usados por milhões de pessoas em todo o mundo, como o Google.com e o Gmail; a dificuldade de viver sem o Google é que a maior parte das páginas na Internet têm anúncios publicitários do Google. Efectivamente, esta empresa controla cerca de 40% do mercado publicitário online (nos EUA), e todo o seu modelo de negócio se baseia na publicidade (98% dos seus lucros provêm da publicidade, que só na primeira metade de 2007 renderam nos EUA quase quatro mil milhões de dólares). Torna-se por isso praticamente impossível, e não apenas irrealista, pugnar por uma vida sem o Google, a menos que se deixe de usar a Internet.
Os defensores do GFL, contudo, não se deixam desencorajar. “O Firefox foi a nossa mais recente vitória: mostrámos que um grupo de voluntários determinados poderia fazer frente ao Internet Explorer da todo-poderosa Microsoft; faremos o mesmo com o Google.” Esta posição, contudo, é vista como risível por parte dos críticos, pois o sucesso do Firefox deveu-se precisamente ao apoio do Google, que só em 2007 pagou 66 milhões de dólares à Mozilla Foundation, que controla o Firefox. “A única alternativa seria apoiar os mais directos concorrentes do Google: o Yahoo e a Microsoft”, explica um crítico da GFL, “mas isso não é conducente ao que se deseja, que é um mundo com várias empresas independentes a concorrer em vez de poucos gigantes a controlar.”
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
AS FÉRIAS ESCOLARES DOS ALUNOS SERÃO PARA... APRENDER IA!
Quando, em Agosto deste ano, o actual Ministério da Educação anunciou que ia avaliar o impacto dos manuais digitais suspendendo, entretanto,...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à in...
8 comentários:
Desidério abusaste agora o pessoal já não quer saber!
Bem que te avisei sobre o arruinar-lhes a inteligência.
Não fiques triste, sempre lês o meu comentário que pelos vistos vai ser o único.
Além de que, tu também não te cansas de escrever sobre a gratuidade e Microsoft e sei lá mais o quê!
Valha-nos o Senhor, Ámen
arte
Caro Anónimo que todos já identificamos,
Uma parte considerável dos leitores que aqui comentam são assalariados do estado pagos para exercer actividades associadas ao ensino da ciência e da cultura que aproveitam o fim de semana grande para fazer mini férias que têm duas ou três vezes por ano, razão que pode explicar a ausência de comentários. Ou acha que de repente as pessoas telepaticamente acordaram todas deixar de ligar aos posts que denunciam as psicofodas borlistas?
Rolando,
«posts que denunciam as psicofodas borlistas»
Não percebi ainda o que há para denunciar. Suspeito que algures no meio destes posts haja algum boneco de palha a levar pancada, mas nem esse encontro.
Se o Desidério me pedir um livro emprestado devo dizer que não, que compre ele um? É imoral da minha parte pôr online as gravações das aulas que dou? Devo cobrar ao Desidério por cada comentário que aqui ponho?
Há problemas na legislação actual, que proibe uma data de coisas no acesso e uso da informação. Não sei se o Desidério é a favor que cortem o acesso à internet a todas as pessoas que partilharem sequências de bits, ou que a lei aplique leis de regulação comercial à vida pessoal de cada um de nós. Talvez ele até seja contra. E talvez um dia contribua para o diálogo se levar a sério o seu próprio conselho de estudar as coisas a fundo em vez de dedicar-se a atoardas superficiais.
Mas que mal é que tem fazer coisas à borla? Não é isso que ele faz neste blog quando escreve, e que centenas de pessoas todos os dias fazem quando investem o seu tempo a ler?
O Desidério é pago pelo Público pelos posts no blog logo é um blogger profissional e isso vê-se na qualidade dos seus últimos posts. Infelizmente os comentadores fazem-no gratuitamente, com a falta de qualidade que se vê.
Ludwig,
Claro que não há mal fazermos coisas à borla. Acontece que só as fazemos porque temos um qualquer sustento que nos paga a ligação à net, o tempo disponível para escrever, etc.. Não é realmente disso que se trata. O argumento é que a distinção que regra geral tem sido feita entre físico e infísico não faz sentido. O próprio valor do dinheiro se for infísico, por que razão nao se oferece? Era engraçado: oferece-se dinheiro, de borla. O problema é que o Ludwig confunde as borlas e só as acha moral por uma questão de quantidade (milhares de pessoas juntas no roubanço). Mas já agora: o que é que determina que numa loja de cds os cds não sejam de borla? è a empresa que o determina? Por que razão pagamos o cd e não pura e simplesmente o pegamos e vamos embora? Por que razão aceitamos que temos de o pagar e até discutimos preços e até achamos alguns deles muito justos? Quem ou o quê que determina uma coisa dessas? Vamos supopr que, no caso do cd é a editora e o artista quem primariamente determinam o preço. E acaso a editora e o artista determinaram que na net pode ser sacado o disco de borla? Se não o fizeram, então admitamos que não há diferença entre o Ludwig roubar o disco da net ou roubá-lo na loja. A diferença é que a net é uma loja com milhares de pessoas e é impossível existir policias para todos.
abraço
Rolando,
O dinheiro serve para eu trocar um bem escasso, como o meu tempo, por outros como laranjas e pacotes de leite. Por isso é preciso manter a quantidade total de dinheiro aproximadamente proporcional à quantidade desses bens que, por o seu uso ser exclusivo (quando um o usa exclui outro de o usar da mesma forma) temos de sujeitar a leis de propriedade.
Também por isto, um bem que seja infinitamente replicável não pode ter um valor monetário maior que zero. Felizmente, qualquer bem destes, cujo uso por parte de alguém não exclui ninguém de o usar, não precisa ser sujeito a leis de propriedade e pode assim ficar fora do mercado. Exemplos disto são o número trinta e sete, a operação de adição, a nota dó, o valor da carga do electrão em Coulomb, a letra m, o texto da bíblia, o vira minhoto e a teoria da relatividade.
Quem descarrega algo da net está a copiar uma sequência de números. Nem o servidor ou peer de onde a copiou fica sem ela, nem muito menos desaparece algum CD da loja. E o problema de roubar é subtrair a alguém algo que essa pessoa tem.
Se o Rolando escrever num papel o número 37, mostrar-me o papel e eu copiar "37" para o meu papel pode ficar descansado que não lhe roubei nada com isso.
Na verdade, a única forma de roubar a música ao autor é convencê-lo a assinar um papel transferindo direitos exclusivos. Mas isso é mais um defeito da lei que temos agora. Sem esta lei era impossível roubar música, no sentido de subtrair a alguém a música em si.
Ludwig,
Vamos considerar a sua hipótese como a melhor. nesse caso um autor cobra independenetemnte do que vai vender. Por exemplo, um músico não pode levar 1€ por unidade vendida do seu disco, mas terá de cobrar 50.000€ pela obra criada. Se assim for, tudo bem, mas continuo a não ver diferença alguma.
abraço
Enviar um comentário