sábado, 31 de janeiro de 2009
O FÍSICO DE OBAMA
Minha crónica no "Sol" de hoje (na imagem Steven Chu):
Jorge de Sena, no conto “O Físico Prodigioso”, incluiu os versos: “Dona Urraca tem um físico / que cura toda a maleita”. Pois o novo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem um físico, nomeado Secretário de Estado da Energia, de quem se espera que ajude a curar algumas das maleitas do mundo.
Chama-se Steven Chu, é filho de emigrantes chineses e tem no seu currículo o Prémio Nobel da Física em 1987, pelos seus trabalhos sobre o arrefecimento de átomos com a ajuda de luz laser. É a primeira vez que um Prémio Nobel toma posse como membro do governo americano.Antes disso dirigiu um grande laboratório de estado, o Lawrence Berkeley, e era professor na Universidade de Califórnia, Berkeley.
As maleitas do mundo que Chu vai tratar têm a ver com as carências de energia e com os efeitos nefastos dos combustíveis fósseis. Espera-se que ele rompa com a excessíva dependência do petróleo dos Estados Unidos (“Estamos viciados em petróleo”, reconheceu um dia, batendo com a mão no peito, George W. Bush). O físico tem defendido o recurso a energias alternativas, como a energia solar e os biocombustíveis, mas, como sabe que estas formas de energia não podem nos tempos mais próximos satisfazer as enormes necessidades mundiais, advoga a continuação do recurso ao carvão e ao nuclear. O nuclear tem, em relação ao carvão, a vantagem de não contribuir para o efeito estufa, um efeito que Chu está empenhado em combater. O próprio Obama já tem feito declarações nesse sentido: os Estados Unidos vão juntar os seus esforços aos dos muitos países que procuram a redução de gases de efeito estufa.
Decerto que a presença de um cientista no governo americano não se notará apenas na área da energia. No tempo de Bush, era notória, por exemplo, a influência de grupos de criacionistas, que não aceitam a ideia da evolução. Proliferaram abaixo-assinados contra o ensino da teoria de Darwin. Pois Steven Chu tem o seu nome incluído no Projecto Steven, uma iniciativa de cientistas com o nome de Steven em defesa desse ensino. Já são cerca de mil...
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7 comentários:
A ideia da evolução naturalista é aceite por muitos porque é aceite por muitos.
Para além da origem da vida e da informação codificada de que ela depende ser um problema insolúvel para os naturalistas evolucionistas (nunca ninguém viu informação codificada sem origem inteligente), também se tem concluido ultimamente que a hipotética transição evolutiva de procariontes para eucariontes também é um problema não menos insolúvel.
Por seu lado, a "árvore da vida" tem vindo a ser descartadada pelas novas descobertas da genética, falando muitos cientistas da necessidade de a sepultar de uma vez por todas, de forma discreta e simpática.
Refira-se que essa "árvore da vida" já tinha sido descrita como meramente fictícia, do ponto de vista paleontológico, por Stephen Jay Gould.
Se a isto somarmos a evidência crescente de catastrofismo no registo fóssil e na coluna geológio, realidade para a qual já Derek Ager chamava a atenção há anos no seu livro The New Catastrophisms, temos um cenário de "tempestada perfeita" a adensar-se sobre a teoria da evolução.
É isso que está na base da crítica de que tem sido alvo o darwinismo e continuará a ser, à medida em que os projectos do Genoma Humano e ENCODE revelaram as quantidades inabarcáveis de informação genética e epigenética, com camadas de informação e meta-informação em códigos paralelos nas sequências genéticas.
Igualmente importante é a observação, que se torna rotineira, que muita da adaptação e da especiação está programada nos genes, não sendo o resultado nem de mutações nem de selecção natural.
Igualmente relevante é o facto (observável todos os dias) de que as mutações e a selecção natural reduzem e degradam os genomas, o que é exactamente o oposto do que aconteceria se umas e outra tivessem um efeito evolutivo.
A ideia com que se fica é que nas próximas décadas as críticas ao paradigma evolutivo só vão intensificar-se, como já sucede nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Alemanha, França, Turquia, Rússia, Brasil, etc.
Como afirmava recentemente a revista The Economist, numa caixa de primeira página, assiste-se hoje à globalização do Criacionismo.
Dois reparos.
O Dr. Chu apoia a ideia do controverso (porque não provado) aquecimento global devido ao CO2 antropogénico.
Verifica-se a ausência de qualquer referência ao projecto ITER (aparentemente congelado) ou de estímulos a outros projectos de investigação sobre fusão nuclear, por parte deste novo governo.
Acho que talvez o Dr. Fiolhais sobre este último ponto possa ajudar a explicar as razões deste impasse.
Ou será que o principal motivo de não haver mobilização significativa de recursos humanos e financeiros para estes projectos tem a ver com razões de tacticismo político-económico a nível mundial?
Dois reparos.
O Dr. Chu apoia a ideia do controverso (porque não provado) aquecimento global devido ao CO2 antropogénico.
Verifica-se a ausência de qualquer referência ao projecto ITER (aparentemente congelado) ou de estímulos a outros projectos de investigação sobre fusão nuclear, por parte deste novo governo.
Acho que talvez o Dr. Fiolhais sobre este último ponto possa ajudar a explicar as razões deste impasse.
Ou será que o principal motivo de não haver mobilização significativa de recursos humanos e financeiros para estes projectos tem a ver com razões de tacticismo político-económico a nível mundial?
A nomeção de um físico importante, só por si, não é um facto interessante. Na política é preciso tomar decisões e não investigar o átomo. Tomar decisões não é, no fundamental, uma questão tecnocrática nem de competência científica. A questão ideológica é o mais importante.
Dr Carlos Fiolhais, certamente que a agenda do Dr Chu é virtuosa e mesmo que a causa do global warming seja pouco consensual, a independência dos combustíveis fósseis é um objectivo estratégico para os países ocidentais e para o mundo, já que os grandes produtores e exportadores são regimes ditatoriais e com pouco interesse na liberdade e na democracia.
O que achei algo fora do contexto foi essa sua referência às influências criacionistas da Administração Bush.
Antes de Bush havia criacionistas, com Bush havia criacionistas e com Obama tb haverá criacionistas e abaixo-assinados do mesmo género.
Não tem nada a ver com Bush (é espantoso como se tenta colar ao homem tudo o que cada um acha negativo), mas sim com a natural diversidade em sociedades abertas e na capacidade de organização e livre expressão.
O Bush era criacionista?
Não!
Quem é que, na sua administração, era criacionista?
Frequentava uma igreja?
Sim, e Obama também e, pelo que se sabe, ainda mais "criacionista".
Há criacionistas nos EUA, em Portugal, na China, no Nepal, no Burkina Faso, na Suécia, etc. E a culpa não é do Bush.
Tal como não é culpa do Bush haver cientologias, Reinos de Deus, etc,etc.
Aqui em Portugal, Dr Fiolhais, milhões de pessoas acreditam que uma senhora apareceu empoleirada numa azinheira, ali para os lados de Fátima.
Será culpa do Bush?
"Se a isto somarmos a evidência crescente de catastrofismo no registo"
Caro perspectiva, não entendo em que é que o catastrofismo contraria a teoria da evolução.
A ver se entende uma coisa: a teoria da evolução não é "verdadeira", no sentido em que é imune à refutação.
Pelo contrário, ela é refutável e por isso é que tem carácter científico.
Acontece que um modelo explicativo é válido enquanto explicar, melhor que qq outro, o que se conhece e permitir fazer previsões.
Até que apareça um melhor, é esse o "verdadeiro".
É o que acontece com a teoria de Darwin.
Explica bem as coisas, é refutável, e não há nenhuma explicação melhor que seja igualmente refutável.
As explicações religiosas não são refutáveis, logo não têm qq interesse, uma vez que dependem apenas da crença e esse é imutável.
Parece que é falacioso o argumento de que a energia nuclear é boa para combater os gases de efeito estufa...pergunta-se: e toda a energia que é necessária para a extracção e refinação do urânio? São toneladas de CO2! Além de que o urânio é finito e parece que as reservas durarão menos que as do petróleo.
Lembro, também, que os resíduos radioactivos são uma herança pesada e perigosa para muitas gerações: da actual às futuras.
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