domingo, 9 de novembro de 2008

A TEIA E A ARANHA


O jornalista Rui Cardoso, do "Expresso", perguntou-me o que vejo nesta imagem e a minha resposta foi publicada no número de ontem. Reproduzo aqui a legenda que enviei, fazendo notar que um lapso na colocação das aspas fez atribuir a Fernando Pessoa uma frase que é minha depois de ter lido o poema "A Aranha" de Pessoa ("Mais apto será, então, quem conseguir ganhar ao destino"):
"Darwin gostava de aranhas. Foi a observação, no Brasil, de luta entre uma aranha e uma vespa (ganhou a vespa) que o terá levado à ideia da sobrevivência dos mais aptos. Há também aranhas e teias metafóricas. Pessoa escreveu num poema: A aranha do meu destino / Faz teias de eu não pensar. Mais apto será, então, quem conseguir ganhar ao destino". Carlos Fiolhais, físico e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, conclui o comentário da seguinte forma: "É feia a aranha e bonita a teia?" E deixa Alberto Caeiro responder: Ambos existem; cada um como é.

4 comentários:

Em busca da Verdade disse...

Vejo trabalho árduo, beleza da construção,reconstituição dos estragos provocados pelos elementos...enfim rotinas da vida...não apenas as das aranhas.

Valco disse...

Muito Zen...

João Ventura disse...

TEIA

Tecendo a teia
tece a aranha um tempo
que intersecta o tempo das moscas...

perspectiva disse...

Citação:


"Darwin gostava de aranhas."

Sim, e daí?

"Foi a observação, no Brasil, de luta entre uma aranha e uma vespa (ganhou a vespa) que o terá levado à ideia da sobrevivência dos mais aptos."

Bastava observar o gato a comer o rato, ou ver a raposa a comer galinhas.

Não era necessário ir ao Brasil.

A única coisa que se pode perguntar é:

Em que é que o facto de a vespa ganhar à aranha explica a origem das vespas e das aranhas?

O facto de podermos observar que uns animais matam os outros demonstra apenas que uns animais matam os outros.

Não demonstra que a vida surgiu ha 3,8 mil milhões de anos por acaso nem que as diferentes espécies tiveram um ancestral comum.

Realmente a aranha é uma maravilha de design.

A teia de uma aranha é muito fina. No entanto, ela é mais resistente do que aço com a mesma espessura.

A teia é suficientemente pegajosa para poder apanhar insectos.

As longas linhas de seda que as aranhas tecem permitem às suas crias balançar e procurar novos sítios para viver.

A teia de uma aranha combina de forma óptima força e elasticidade.

A complexidade da informação necessária para fazer as teias é um enigma para a teoria da evolução e demonstra como essa capacidade foi criativamente colocada no software e no hardware das aranhas.

Uma aranha pode dar lições gratuítas de química, engenharia e arquitectura.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...