terça-feira, 4 de novembro de 2008

STEINER E O DIÁLOGO ENTRE CIÊNCIA E ARTE


Ontem na sessão "Os Livros Ardem Mal" no Teatro Académico Gil Vicente em Coimbra veio, mais uma vez, à baila a interessante questão das sissemelhanças e semelhanças entre ciência e arte. Eu, sendo evidentes as dissemelhanças, insisto nas semelhanças. Um amigo meu presente enviou-me hoje esta citação do famoso professor da Universidade de Cambridge George Steiner, um autor muito apreciado hoje nos meios literários. Foi publicada em "Le Monde de l'Éducation", em Dezembro de 1999. Embora correndo o risco de parecer um argumento de autoridade, não resisto a transcrever a opinião dele sobre o assunto, sublinhando a "bold" uma frase que mais me impressionou. Vai em francês porque Steiner, nascido em Paris, é bilingue e porque este blogue, hélas!, não tem publicado muitas citações na língua de Descartes:
- Une autre de vos préoccupations majeures, c'est la coupure dramatique entre le monde littéraire et le monde scientifique. (...)

- (...) Je vis à Cambridge, entouré de grands scientifiques parfois lauréats de prix Nobel ou dignes de médailles Fields (récompense décernée une fois tous les quatre ans pour les mathématiques). Aujourd'hui, la grande aventure de l'âme, ce sont les sciences qui se trouvent placées devant les trois portes - ne disons pas ultimes - phénoménales: réussir à créer de la vie humaine complètement in vitro, et à la cloner; comprendre ce qu'est le moi, la conscience (d'après Crick, codécouvreur de l'ADN, c'est une question de sucre et de carbone!); découvrir les limites de l'univers en déterminant quand a commencé le temps (les recherches comme celles de Stephen Hawking). Devant de telles questions, que voulez-vous, j'éprouve un certain ennui à lire un roman sur le thème d'un adultère à Neuilly. Les écrivains de nos belles lettres ne veulent pas suer un peu, faire le boulot pour avoir une approche, même la plus rudimentaire, de l'univers de l'imagination dans les sciences et de cette poétique de l'énergie pure qu'on y trouve. Si j'avais vécu au Quattrocento à Florence, j'aurais espéré, et vous aussi j'en suis sûr, déjeuner, de temps en temps, avec un peintre. La littérature contemporaine se retrecit en partie à cause de cela: elle recule devant la grande métaphore de l'avenir, cette alliance incroyable entre la poésie et les mathématiques."

1 comentário:

carolus augustus lusitanus disse...

«Aujourd'hui, la grande aventure de l'âme, ce sont les sciences...»

Não sei em que se baseia o autor para afirmar isto e o que entende por alma (a esta questão última, até hoje, muitíssimo poucas pessoas souberam responder e seria útil que ele desse a sua definição...).
De qualquer modo, o que ressalta é uma visão materialista e «à la mode» sobre (algumas) questões candentes da atualidade.
E não confundamos as coisas: a matemática (de «matêmatê) é a ciências das ciências, enquanto a poesia é a matemática da literatura (isto agora digo eu), estando apenas esta preparada para responder à «grande métaphore de l'avenir» - o que é isto?

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