Um preconceito é uma ideia feita, uma bengala mental, algo em que se acredita sem que se tenha realmente pensado nisso seriamente. Todos temos preconceitos. Eu não sei realmente justificar cabalmente a minha crença de que a Terra não está imóvel, nem a minha crença de que a água é H2O; apenas acredito nisso porque acredito no modo como os cientistas trabalham. Também não sei realmente justificar cabalmente o que há de errado com a escravatura. No entanto, tudo isto é presumivelmente verdade: a Terra realmente não está imóvel, a água realmente é H2O e a escravatura realmente é imoral. Mas para mim estas ideias são preconceitos porque não sei justificá-las cabalmente, nunca tentei fazê-lo sequer: apenas acredito que é possível fazê-lo bem. Um preconceito, ao contrário de um preconceito comum relativamente aos preconceitos, não é uma ideia falsa em que acreditamos firme e dogmaticamente: é apenas uma ideia em que acreditamos firmemente mas na qual nunca pensámos seriamente e que por isso somos incapazes de justificar cabalmente.
Pôr preconceitos em causa é muito importante. Porque se o preconceito em causa for insustentável e não resistir à discussão, está na hora de o abandonar. E se o preconceito for sustentável, está na hora de saber o que fundamenta a ideia em causa. Se não o soubermos, ficamos vulneráveis a qualquer besta que apareça a atacar o preconceito, e corremos o risco de trocar uma ideia verdadeira mas que não sabemos justificar por uma ideia falsa que um falsário defende com sofismas de mestre-escola. (Daí que eu defenda que o criacionismo deve mesmo ser ensinado nas escolas, em biologia: para todo o cidadão ver a idiotia da coisa e saber refutar tal ideia: ao passo que hoje em dia só os biólogos sabem refutar os sofismas criacionistas.)
Um dos aspectos mais interessantes do controlo de mentalidades ocorre em reacções infelizmente comuns quando alguém argumenta contra um preconceito. A reacção consiste em cometer -- involuntariamente, talvez -- a falácia da irrelevância. Esta falácia assume várias formas, mas o que tem em comum é mudar subtilmente o assunto em discussão. Por exemplo, imagine-se que eu afirmo que as mulheres negras são muitíssimo mais inteligentes, em média, do que qualquer outra população humana, e que se uma parte significativa delas estudasse medicina de investigação há muito que o problema do cancro estaria resolvido. Uma pessoa pode concordar ou discordar disto, mas a falácia consiste em desviar o assunto e começar por dizer que eu estou a fazer uma afirmação “grave”, que não deve ser proferida, que é ofensiva para os albinos do sexo masculino, por exemplo. Acontece que nada disto é relevante. Se a minha afirmação é falsa, mostre-se que é falsa, com argumentos; refute-se os meus argumentos um a um. Se não há realmente maneira de refutar a minha afirmação mas mesmo assim ela parece inacreditável, diga-se isso mesmo: podemos exprimir a nossa perplexidade por contactarmos com uma ideia que intuitivamente nos parece falsa, apesar de não termos realmente bons argumentos para mostrar que é falsa. Ao menos esta reacção é honesta e não tenta mudar o assunto.
Uma variante da reacção curiosa é acusar quem faz uma afirmação que contraria os nossos preconceitos de ser ditatorial, ou impositivo, ou até de não exibir as boas maneiras próprias de virgens recatadas. Como devia ser evidente, isto é mais uma forma falaciosa de procurar desviar o assunto, que se torna agora a questão de saber se eu sou uma besta mal-educada porque defendo o que defendo, evitando-se assim o assunto incómodo de discutir o que eu estava realmente a dizer.
A minha sugestão é esta: sempre que nos deparamos com ideias que nos ofendem, o melhor é pensar outra vez, antes de tentar desviar o assunto. Perguntemo-nos se realmente conseguimos refutar cabalmente aquelas ideias que nos irritam, ou se é precisamente porque não sabemos fazer tal coisa que ficámos irritados. Esta prática de análise tranquila e cuidadosa de ideias escabrosas devia ser feita nas escolas. Mas infelizmente as escolas são cada vez mais encaradas como veículos da propaganda do governo ou dos responsáveis educativos que decidiram há muito que sabem em que devem acreditar piamente as crianças e jovens. Portanto, desculpem-me os leitores e amigos que se irritam com as tolices que escrevo, mas escrevo-as por acreditar que as ideias mais básicas devem mesmo ser postas em causa e essa é um dos meus deveres, já que infelizmente a escola e os meios de comunicação estão cada vez mais apostados no pensamento único.
Pôr preconceitos em causa é muito importante. Porque se o preconceito em causa for insustentável e não resistir à discussão, está na hora de o abandonar. E se o preconceito for sustentável, está na hora de saber o que fundamenta a ideia em causa. Se não o soubermos, ficamos vulneráveis a qualquer besta que apareça a atacar o preconceito, e corremos o risco de trocar uma ideia verdadeira mas que não sabemos justificar por uma ideia falsa que um falsário defende com sofismas de mestre-escola. (Daí que eu defenda que o criacionismo deve mesmo ser ensinado nas escolas, em biologia: para todo o cidadão ver a idiotia da coisa e saber refutar tal ideia: ao passo que hoje em dia só os biólogos sabem refutar os sofismas criacionistas.)
Um dos aspectos mais interessantes do controlo de mentalidades ocorre em reacções infelizmente comuns quando alguém argumenta contra um preconceito. A reacção consiste em cometer -- involuntariamente, talvez -- a falácia da irrelevância. Esta falácia assume várias formas, mas o que tem em comum é mudar subtilmente o assunto em discussão. Por exemplo, imagine-se que eu afirmo que as mulheres negras são muitíssimo mais inteligentes, em média, do que qualquer outra população humana, e que se uma parte significativa delas estudasse medicina de investigação há muito que o problema do cancro estaria resolvido. Uma pessoa pode concordar ou discordar disto, mas a falácia consiste em desviar o assunto e começar por dizer que eu estou a fazer uma afirmação “grave”, que não deve ser proferida, que é ofensiva para os albinos do sexo masculino, por exemplo. Acontece que nada disto é relevante. Se a minha afirmação é falsa, mostre-se que é falsa, com argumentos; refute-se os meus argumentos um a um. Se não há realmente maneira de refutar a minha afirmação mas mesmo assim ela parece inacreditável, diga-se isso mesmo: podemos exprimir a nossa perplexidade por contactarmos com uma ideia que intuitivamente nos parece falsa, apesar de não termos realmente bons argumentos para mostrar que é falsa. Ao menos esta reacção é honesta e não tenta mudar o assunto.
Uma variante da reacção curiosa é acusar quem faz uma afirmação que contraria os nossos preconceitos de ser ditatorial, ou impositivo, ou até de não exibir as boas maneiras próprias de virgens recatadas. Como devia ser evidente, isto é mais uma forma falaciosa de procurar desviar o assunto, que se torna agora a questão de saber se eu sou uma besta mal-educada porque defendo o que defendo, evitando-se assim o assunto incómodo de discutir o que eu estava realmente a dizer.
A minha sugestão é esta: sempre que nos deparamos com ideias que nos ofendem, o melhor é pensar outra vez, antes de tentar desviar o assunto. Perguntemo-nos se realmente conseguimos refutar cabalmente aquelas ideias que nos irritam, ou se é precisamente porque não sabemos fazer tal coisa que ficámos irritados. Esta prática de análise tranquila e cuidadosa de ideias escabrosas devia ser feita nas escolas. Mas infelizmente as escolas são cada vez mais encaradas como veículos da propaganda do governo ou dos responsáveis educativos que decidiram há muito que sabem em que devem acreditar piamente as crianças e jovens. Portanto, desculpem-me os leitores e amigos que se irritam com as tolices que escrevo, mas escrevo-as por acreditar que as ideias mais básicas devem mesmo ser postas em causa e essa é um dos meus deveres, já que infelizmente a escola e os meios de comunicação estão cada vez mais apostados no pensamento único.
30 comentários:
“Daí que eu defenda que o criacionismo deve mesmo ser ensinado nas escolas,”
Caro Desidério, deixe-me fugir um pouco ao tema do seu ‘post` e pegar apenas nesta frase.
Acho sempre alguma piada quando se discute se em Portugal o criacionismo deve ser ensinado nas escolas ou não. E acho piada porque eu, na escola, nunca estudei o “Evolucionismo” nem nunca dei Darwin a sério. Pode ser que os programas escolares tenham mudado, o que duvido, mas quando andei no liceu (e tenho agora 34 anos) o mais próximo que dei do evolucionismo foi a evolução dos primeiros hominídeos até ao Homo Sapiens. E estudei isto em História, ou seja com não especialistas em Biologia. Muito sinceramente, antes de se discutir se o criacionismo deve fazer parte dos curricula escolares, mas vale discutir se não se deverá estudar o evolucionismo e o princípio da selecção natural.
Já agora, este atraso observa-se em várias ciências. Sobre Filosofia nem falo, porque Desidério já falou bastante. Mas, por exemplo em Física, nunca estudei a teoria da relatividade (nem a estrita nem a geral), uma teoria que já tem mais de 100 anos! Parece que continuamos no paradigma de Newton e que nada de relevante foi feito depois. Os manuais de liceu de Economia (e de História) continuam, muitas vezes, a falar do comunismo como uma forma de organização válida e alternativa da sociedade e a falar das maravilhas que foram os planos quinquenais na União Soviética e os grandes progressos na agricultura nos países comunistas. Parece que não se aprendeu nada com os fracassos e os sucessos do século XX. Muitos destes manuais estariam adequados em 1960, não 50 anos depois
Enfim, sempre que alguém goza com os americanos que querem introduzir o criacionismo nas escolas, lembro-me que nós, nas nossas escolas, nem o evolucionismo temos.
Comentário certeiro. Obrigado pela achega!
Este texto é muito interessante e mais ainda em simbiose com o excelente comentário de Luís Aguiar.
O texto do Desidério parece apelar àquela ideia de que não é boa ideia perseverar numa posição excessivamente prescritivista em relação ao que devem ser as boas maneiras ou ao que deve ser politicamente correcto.
Pois em relação aos mecanismos da selecção natural das teorias da evolução também me parece que faz mais sentido interpretá-la como não sendo prescritiva. Não há qualquer prescrição no sentido de uma melhor adaptação, antes pelo contrário. Tudo pode servir para a sobrevivência excepto aquilo que não deu certo. Então a selecção natural actua mais sobre aquilo que é abandonado e fica pelo caminho, do que sobre aquilo que continua a evoluir. E é assim que a selecção natural tem possibilitado a diversidade.
"nunca estudei a teoria da relatividade (nem a estrita nem a geral)"
Não creio que esse exemplo seja o mais adequado. Para o grosso das aplicações a Física Newtoniana é perfeitamente suficiente. As equações de Navier-Stokes para a mecânica dos fluidos também já têm quase 200 anos, mas não creio que faça sentido ensiná-las fora dos cursos superiores.
Eu diria que conhecimentos básicos de Sociologia e Economia são bem mais importantes para integrar no currículo obrigatório das nossas escolas. E questiono a relevância para a generalidade dos alunos de algumas matérias leccionadas na matemática como por exemplo os números imaginários.
O comentário do Sr. F.Dias é que é particularmente perspicaz: a evolução não promove necessariamente "o mais bem adaptado", apenas tende nesse sentido. É um ponto que é muitas vezes ignorado ou esquecido.
“Para o grosso das aplicações a Física Newtoniana é perfeitamente suficiente.”
Não é por uma questão de aplicação, mas sim de conhecimento. Aliás, se fosse por uma questão de aplicações…., não estou muito bem a ver qual a utilidade de estudar Filosofia, História, Literatura, Evolucionismo, Criacionismo, etc.
Eu até acho que se houvesse tempo para ensinar criacionismo, então que se o ensinasse nas aulas de religiao. Nas de biologia nunca porque criacionismo não é biologia. Talvez seja geologia, uma vez que é um fossil cognitivo, mas ainda assim acho que não era adequado.
Li ha pouco no blogue "viridarium" que se aconselha aos professores não se debruçarem demasiado sobre a teoria da evolução.
Agora directamente em relação ao assunto do post: estou de acordo. (mais um insulto desiderio)
Vejo aqui refletido o velho problema de "ter de respeitar a opinião" significando "não podes refutar o que digo senão eu fico ofendido".
O ensino de, por ex., o criacionismo nas escolas, não nos levaria a estar constantemente a "inventar(ensinar) a roda"? Não é suposto a escola desenvolver o espírito crítico? O ensinar da teoria da evolução não deveria ser suficiente para refutar o criacionismo?
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nunca estudei a teoria da relatividade (nem a estrita nem a geral
Por este andar, daqui a pouco nem a mecânica newtoniana vai ser possivél ensinar!!!
A escola tem ido de mal a pior! Mas pelo menos eu ainda estudei alguma coisa da teoria evolucionista! Não a fundo, mas pelo menos com algumas luzes fiquei! Quanto a fisica pouco ouvi falar em relatividade até vir para a faculdade! Mas admito que demasiado complicado para mim! E duvido muito que algum aluno do secundario a saberia interpretar pelo menos com as bases que se estudam!
Ana R
"Todos temos preconceitos. Eu não sei realmente justificar cabalmente a minha crença de que a Terra não está imóvel, nem a minha crença de que a água é H2O; apenas acredito nisso porque acredito no modo como os cientistas trabalham."
Isto parece-me um exagero, Desidério, e de duas maneiras. Por um lado, não me parece que tenhamos de poder justificar p cabalmente (i.e., conclusivamente, presumo) para que a nossa crença em p não seja um preconceito. Uma justificação mais fraquita será aceitável. Por outro lado, acho que está a desprezar completamente o testemunho: eu posso não saber como é o que os cientistas justificam a ideia de que a Terra não está imóvel, mas ter boas razões para crer que o testemunho dos cientistas é fiável -- e, desta forma, a minha crença (e a tua!) de que a Terra não está imóvel não é um preconceito.
Obrigado pelos comentários!
Começando pelo Pedro: o conhecimento por testemunho é crucial porque a verdade é que em termos primitivos pouco sabemos realmente; e mesmo em muitos casos em que investigamos algo primitivamente, apoiamo-nos sempre numa imensidade de “conhecimento alheio”, conhecimento por testemunho. O conhecimento é profundamente social, neste sentido (e não no sentido tolo de ser uma mera ficção social, como querem alguns sociólogos). Aceito por isso a tua refutação: não podemos ter justificações cabais para uma ideia para que essa ideia não seja um preconceito; basta ter alguma justificação algo plausível, o que inclui argumentos de autoridade. Mas repara como há aqui outro elemento que não tornei claro no texto: o apego emocional. O preconceituoso até pode ter uma justificação fraquinha, mas algo plausível, a favor de uma ideia, mas o apego emocional que tem a essa ideia é desproporcional. E é isto que gera tolice e dogmatismo. Obrigado por me ajudares a ver mais claramente este aspecto.
Luís Aguiar-Conraria: em cheio! Esta malta que está sempre a pensar na escola como se fosse uma fábrica de tijolos — vamos ensinar o que é utilzinho e tal — é uma das razões pela qual a escola é a psicofoda que é hoje em dia.
Há pouco tempo, pareceu-me que destituía de valor o argumento de autoridade; agora aceita-o?
Parece-me estar a incluir a autoridade como nova qualidade dos argumentos, a juntar à validade, à solidez e à cogência (esta bastante discutível).
O conhecimento nunca é alheio, mas coisa própria, resultado de um processo cognitivo pessoal. Doutro modo, poderá ser outra coisa qualquer (notícia, informação, etc.). A originalidade do conhecimento é que pode ser alheia, por ele ter tido origem noutro. Neste caso, o nosso conhecimento é coincidente com esse conhecimento alheio, não sendo por isso original.
Se não forem justificadas, as crenças alheias a que atribuímos alguma plausibilidade não perdem a qualidade de preconceitos. A justificação é o garante da plausibilidade, e não o contrário.
Cremos que a Terra se move porque as crenças dos outros, que fazemos nossas, são plausíveis e justificadas. Se esta ideia fosse apenas plausível não deixaria de ser um preconceito, uma mera hipótese de conhecimento.
É claro que a carga emocional da adesão aos preconceitos lhes confere maior força. Não deixam por isso de continuar sendo preconceitos. O erro é o que impede o preconceito de adquirir o estatuto de conhecimento. Como errar é humano, muito do que designamos por conhecimento não passa de preconceito.
CL.
Sobre argumentos de autoridade, leia-se o que escrevi aqui:
http://dererummundi.blogspot.com/2007/04/argumentos-de-autoridade.html
Sem argumentos de autoridade, quase nenhum de nós poderia saber praticamente coisa alguma. O que importa é distinguir os bons dos maus argumetnos de autoridade.
Pensar que há leite no supermercado porque a sua mulher foi lá e lhe disse que há leite no supermercado é algo perfeitamente adequado e justificado.
E para distinguirmos bons de maus argumentos de autoridade, baseamo-nos na boa ou na má autoridade dos argumentadores? Se a autoridade dos argumentadores nada confere aos argumentos, para que servem os argumentos de autoridade?
O testemunho refere-se ao relato de factos ou à sua explicação? Conhecer notícias é conhecer explicações? Conhecer informações é equivalente de tê-las compreendido e transformado em conhecimento?
“Sem argumentos de autoridade, quase nenhum de nós poderia saber praticamente coisa alguma”, é um perfeito disparate. Por esta e por outras, cada vez mais frequentes, parece-me que faz uma filosofia pueril baseada no trocadilho semântico. Para filosofar é também necessário alguma maturidade, para além de aplicar a filosofia a problemas do mundo.
CL.
Espero que tenham a noção que cientificamente a questão "A terra está imóvel?" nem sequer faz sentido.
«nunca estudei a teoria da relatividade (nem a estrita nem a geral), uma teoria que já tem mais de 100 anos!»
A Relatividade Restrita já é (ou foi) ensinada no ensino secundário.
Quanto à geral, agora vamos ensinar geometria pseudo-euclidiana no ensino secundário?
Nem vale a pena argumentar que se pode ensinar RG sem isso. Fica-se pelo princípio de equivalência e pouco mais, a não ser que seja feito de forma desonesta tipo a esmagadora maioria de livros de "divulgação" sobre o assunto.
Onde escrevi "pseudo-euclidiana" deveria ter escrito "pseudo-riemanniana".
Peço desculpa pelo lapso.
Qual é o argumento para mostrar que é um disparate? Eu sei que sou uma besta pueril, de modo que podemos passar a parte dos insultos e avançar logo para a discussão de ideias.
Simples, meu caro: a autoridade não confere qualquer qualidade aos argumentos. Sem bons argumentos é que não conheceríamos grande coisa. E os bons argumentos são apenas bons argumentos. Satisfeito?
Você reage com emoção ao facto de eu ter afirmado que uma sua afirmação era um disparate e que faz uma filosofia pueril. Mostra ser muito sensível, muito emotivo, quando reage a algo que se diga acerca das suas ideias. Contradiz a cada passo aquilo que escreve. E, levianamente, infantilmente, acusa de insulto as ideias dos outros acerca das suas ideias. Não seria bom parar, acalmar, e reflectir um pouco melhor?
Mesmo não sendo profissional da filosofia, poderia dizer-lhe um pouco mais acerca do seu filosofar. Assim como acerca da sua fixação com o ensino não superior, de cuja realidade mostra ser um desconhecer. Frequentemente, você confunde filosofar com divulgação de conceitos filosóficos. É isso a sua filosofia? E também se dedica a questionar o ensino não superior, quando poderia orientar o seu interesse para o ensino superior, onde ensina.
Tenha calma e procure alguma coerência entre o que afirma e o que pratica. Está bem?
CL.
Graças a deus termos por cá pessoas tão maduras para nos recordar da nossa infantilidade.
O que seria de nós?
Por mim, admito prontamente a minha infantilidade: porque até uma criança compreende algo tão simples como não saber cabalmente justificar a sua crença verdadeira de que a água é H2O.
Uma criança, antes de ser pervertida pelas tretas de pessoas maduras, que não são capazes de compreender algo tão simples como o facto de não serem omniscientes.
E quem não salta... não é anal-retentivo!
Guerreiro.
Ai! ui! O seu comentário é tão comovente, enternecedor! Digo mesmo mais: expoente do filosofar!
Que seria de vós (você e o Murcho, presumo)? Pois, sentindo-se infantes, infantes continuariam, sem que alguém vos lembrasse a vossa infantilidade. É sempre bom as desgraças não serem faladas, não é? Como crê em deus, provavelmente conhecerá o dito: felizes os pobres de espírito, porque será deles o reino dos céus.
Como infante, presumo que compreenda não saber cabalmente justificar a sua crença verdadeira de que a água é H2O. Por isso, os infantes crêem em muitas coisas, verdadeiras ou não, por fé ou por ouvirem dizer. Têm sobre elas preconceitos. Nada conhecem acerca delas. Alguns, quando crescem, dedicam-se à comunicação social, à informação. Outros teimam e enveredam pela filosofia, e acabam fazendo com ela notícias.
Mas, como filósofo, saberá certamente justificar que a água é H2O por argumento de autoridade. Pela autoridade do argumento, pela do argumentador ou pela de ambos? Os argumentos são de autoridade porque são autoritários, porque os argumentadores o são ou por qualquer outra qualidade? Se o argumento não for de autoridade a água, desgostosa pelo facto, deixará de ser H2O? Coitada da água! Vale-lhe existirem bons argumentos que justificam continuar sendo o que é.
O seu último parágrafo é uma pérola do tão falado desviacionismo falacioso. Supimpa, mesmo! E o facto de ter vindo socorrer o seu companheiro Murcho é outra pérola, neste caso de companheirismo, o tal espírito de grupo que faz a carneirada.
Agora por isso: deu uns pulinhos de contente? Com isso borrou a pintura.
CL.
A autoridade não muda a qualidade de alguns argumentos – dos argumentos que não são de autoridade, como as deduções — mas muda a qualidade de outros, como os argumentos de autoridade. Se um louco lhe disser que estão a roubar um banco na esquina, você não tem boas razões para pensar que é verdade. Mas se a sua mulher lhe disser o mesmo, você tem boas razões para pensar que é verdade.
A maior parte do nosso conhecimento é obtido por confiarmos nos outros, e nem é possível que seja de outro modo. Eu não posso analisar a água para saber que é H2O, apenas aceito que dizem os cientistas. Não posso ir verificar os documentos históricos para ir verificar se a segunda guerra mundial realmente aconteceu ou se Neil Amstrong realmente foi à Lua — apenas aceito a autoridade dos historiadores.
O verdadeiro problema dos argumentos de autoridade é distinguir os bons dos maus, e é para fazer essa distinção que dei pistas no meu artigo. Mas, como é evidente, os argumentos de autoridade não são dedutivos, pelo que um argumento de autoridade válido pode ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.
... e quem não salta... é umbigo-diarrento!
Esta verborreia discursiva que por aqui vai (e que já originou outro post esclarecedor do tipo do seu filosofar), à mistura com alguma diarreia enojante de um seu companheiro de rebanho, nasceu motivada por ter afirmado que uma sua afirmação era um perfeito disparate.
Reafirmo-a e lembro-lhe que a autoridade não confere qualquer qualidade nova aos argumentos; a qualidade dos argumentos é que confere autoridade aos seus formuladores. Por terem formulado bons argumentos é que a algumas pessoas foi reconhecida autoridade na matéria a que aqueles respeitavam.
CL.
CL, repare no seguinte argumento: “não há realmente omeletas, porque as omeletas são feitas de ovos, e sem ovos não há omeletas”. O seu argumento contra os argumentos de autoridade é análogo a este. Claro que o tipo de conhecimento mais sólido é o conhecimento directo, ou não inferencial. E claro que o conhecimento primitivo, se falarmos em termos da espécie humana, e não de um agente cognitivo particular, não pode basear-se na autoridade. Só que tudo isto é irrelevante porque para um agente cognitivo em particular, como você ou eu, a maior parte do conhecimento primitivo tem mesmo de ser inferencial e tem mesmo de ser baseado em autoridade. Você acredita que fumar provoca cancro. Mas não pode verificar isso directamente. Há algo de errado com este seu conhecimento? Não. Desde que o argumento de autoridade na qual você se apoia seja válido, não há problema. Daí o interesse de distinguir cuidadosamente os argumentos de autoridade válidos dos inválidos.
"Por terem formulado bons argumentos é que a algumas pessoas foi reconhecida autoridade na matéria a que aqueles respeitavam."
Isto é patentemente falso. Uma parte importante das pessoas que detêm autoridade não a detêm por terem formulado bons argumentos, mas apenas por ocuparem um determinado cargo, como um bispo ou um papa. Atribuição de autoridade não é o mesmo do que ter realmente autoridade, e infelizmente atribui-se muita autoridade a quem não a detém realmente.
Mas isto é irrelevante para a questão de fundo, que é a sua ideia de que a autoridade em nada muda a qualidade do argumento. Mas isto é patentemente falso. O argumento "Einstein disse que nada pode viajar mais depressa do que a luz, logo nada pode viajar mais depressa do que a luz" parece razoável, ao passo que o argumento "O meu filho de três anos disse-me que se pode viajar mais depressa do que a luz, logo pode-se viajar mais depressa do que a luz" parece irrazoável. Qual é a diferença entre os dois? A autoridade da pessoa em causa; num caso, alguém que sabe do que está a falar; no outro, alguém que não sabe do que está a falar.
Desidério Murcho.
Você pode tergiversar à vontade. A casa é sua, o tempo também. A paciência para aturar os seus lugares comuns e as suas palermices é minha, por isso, por minha parte, ponho ponto final no assunto. Não, porém, sem lembrar-lhe a falsidade de duas ou três das suas tiradas.
Você diz: “Claro que o tipo de conhecimento mais sólido é o conhecimento directo, ou não inferencial”. Nada prova que o conhecimento mais sólido é o do tipo directo (seja o que for que você pretenda designar por isto, mas presumo que seja a observação), nem que o conhecimento inferencial não seja o conhecimento mais sólido referente a objectos que não possam ser observados, nem ainda que a conjugação de conhecimento directo com conhecimento inferencial não seja mais sólido do que qualquer deles por si só. O seu conceito de conhecimento parece restringir-se à constatação de factos ou à existência de objectos. A constatação, ou a observação, pouco nos diz sobre a essência das coisas, e menos sobre as suas relações, para além do que elas aparentam. Nenhum conhecimento relevante foi obtido apenas com observação e sem inferência. As coisas, para além de se mostrarem (quando tal acontece) nada nos dizem sobre o que são, como são e porque são como são. Aquela sua afirmação, portanto, não passa doutro disparate.
Você também diz: “"Por terem formulado bons argumentos é que a algumas pessoas foi reconhecida autoridade na matéria a que aqueles respeitavam". Isto é patentemente falso”. Para demonstrar a “patente falsidade” da minha afirmação, você afirma que “atribuição de autoridade não é o mesmo do que ter realmente autoridade”. Pois claro que não é! Mas quem falou em atribuição de autoridade além de você? Eu disse, apenas, que foi reconhecida autoridade a quem a tinha… por ter formulado bons argumentos. Quem formula bons argumentos tem autoridade no campo respectivo; a autoridade advém-lhe de ter formulado bons argumentos, e pode ou não ser reconhecida, mas não pode ser atribuída. Pode-se reconhecer o que existe; o que não existe não pode ser atributo. Não se pode atribuir a algo ou a alguém qualidades que não tenha (a não ser nas relações sociais, mas não é disso que tratamos). Você tergiversa com a autoridade hierárquica, quando não foi desta que falei nem esta tem qualquer relação com o assunto em questão.
Você diz, por fim: “O argumento "Einstein disse…" parece razoável, ao passo que o argumento "O meu filho de três anos disse-me…" parece irrazoável. Qual é a diferença entre os dois? A autoridade da pessoa em causa”. Parecendo um bom exemplo para a defesa da sua dama, vira-se contra as suas pretensões. Independentemente de quem o disse, o certo é que ambas as proposições são verdadeiras. E quem o disse apenas confere maior ou menor credibilidade ao que foi dito, não acrescenta um pingo à sua validade nem à sua solidez. A credibilidade diz respeito à aceitação do argumento, não às suas qualidades intrínsecas. Em relação ao exemplo, são conhecidas as reacções de cepticismo e de incredulidade com que a argumentação do Einstein foi acolhida quando formulada. Ainda não lhe tinha sido reconhecida a autoridade que possuía na matéria, que lhe advinha de produzir bons argumentos. Reafirmo, por isso, que a sua afirmação “Sem argumentos de autoridade, quase nenhum de nós poderia saber praticamente coisa alguma”, é um perfeito disparate.
Discutir e discordar das ideias alheias é salutar. Mas é difícil fazê-lo com quem distorce o que o interlocutor diz, para deste modo tentar levar a água ao seu moinho. Estou à vontade nestas discussões, porque não sou especialista na matéria e não tenho qualquer autoridade ou outro tipo de reputação a defender. Tento ser prudente ao intervir, e só agora me dispus a fazê-lo. Mas o modo como você alardeia uma pretensa superioridade intelectual, e filosofa com lugares comuns sobre lugares comuns, dizendo impunemente disparates, obriga-me a intervir e a dizer-lhe o que pouco mais gente tem mostrado disposição para dizer-lhe. A autoridade, em qualquer matéria, tem-se, ou não se tem, não se conquista, e quando se tem não necessita ser constantemente alardeada, ainda por cima apoucando os outros, tratando-os, explícita ou subliminarmente, de jumentos. Tente ser mais comedido. E mais cuidadoso com as matérias que aborda e com a forma como o faz. Quem sabe se você não poderá vir a ser um bom filósofo?
CL.
Eu não defendo o verificacionismo e já escrevi isso inúmeras vezes neste blog. Por isso, não considero que o conhecimento directo, simples, de mera observação, seja o fundamento de tudo. Apenas estava a conceder-lhe uma vantagem, admitindo algo desse género. Na verdade, é na justificação que está o que conta realmente no conhecimento, e não na mera observação.
Mas se aceitarmos isto, não parece defensável defender que todos os argumentos de autoridade são falaciosos, se é que é realmente isso que defende. A maior parte do nosso conhecimento é obviamente obtido por autoridade: uma pessoa que está em condições de saber algo que eu não estou em condições de saber diz-me e eu acredito. E sob certas condições, o argumento é bom. Sob outras condições, o argumento é mau.
Concedo que ter autoridade é diferente de lhe ser atribuída autoridade. Mas nesse caso isto torna-se irrelevante. Claro que é a autoridade invocada num argumento de autoridade que faz do argumento um bom ou um mau argumento. Mas isso em nada afecta a caracterização que apresentei de argumentos de autoridade. Um argumento de autoridade é bom ou mau em função de vários factores. Um deles é a autoridade invocada saber estar em condições de saber do que se está a falar. Daí que invocar Einstein para falar da velocidade da luz seja legítimo, mas invocá-lo para falar de teoria da literatura, não.
Desidério Murcho.
Faça-nos um favor, a mim e a si: não deite mais achas para uma fogueira com a qual apenas você se queima. Para além de afirmações sobre alguns comportamentos que depois não segue, você, de facto, também umas vezes diz umas coisas e outras vezes o seu contrário, como parece ter sido o caso. Por outro lado, é escusado dar-me vantagem. Neste jogo não necessito disso, e noutros sei reconhecer quando não estou à altura e não devo participar.
Também é escusado conjecturar sobre o que eu defendo acerca de argumentos de autoridade além do que deixei dito. Adiante digo-lhe algo mais sobre isso. Antes da autoridade de quem o formula, o que importa é a qualidade do argumento, a sua solidez e bondade, porque é ela que justifica a autoridade do argumentador. Muitos dos argumentos que você qualifica de autoridade ou são inválidos, ou não são sólidos, ou sendo-o são maus, são portanto maus argumentos. E há bons argumentos a cujos autores não é reconhecida autoridade, embora a tenham. Como há argumentos de autoridade que são maus argumentos e bons argumentos que não são de autoridade reconhecida, e o que justifica a autoridade dos argumentadores é os seus argumentos serem bons, não é crível que a “maior parte do nosso conhecimento é obviamente obtido por autoridade”. Mas é perfeitamente plausível que isso se deva a bons argumentos. E o resto do nosso “conhecimento”, porque baseado em maus argumentos, de autoridade ou não, ou em crenças não justificadas, não passa de preconceito.
Um argumento de autoridade não é bom ou mau em função de vários factores, muito menos daquele que enumerou – “a autoridade invocada saber estar em condições de saber do que se está a falar” – pois quando formula argumentos o argumentador, em princípio, julga “saber estar em condições de saber”, doutro modo não formularia argumentos ou prestar-se-ia, conscientemente, a fazer figuras ridículas. Um argumento de autoridade é bom ou mau em função das características que fazem bons ou maus os argumentos, todos os argumentos. E os bons argumentos de autoridades reconhecidas apenas têm maior credibilidade do que bons argumentos de autoridades não reconhecidas, e, logo, são mais facilmente aceites. “Claro que é a autoridade invocada num argumento de autoridade que faz do argumento um bom ou um mau argumento” é disparate. A autoridade invocada pode não ter a autoridade justificada pelo argumento em causa, e um argumento duma suposta autoridade pode ser um mau em vez dum bom argumento.
Mas o que é definido como argumento de autoridade raramente são argumentos de autoridades. Se fossem apresentados como argumentos da autoridade que os formulou, apenas aceites e por isso repetidos, sê-lo-iam. Na maior parte dos casos, porém, o que é definido como argumento de autoridade é um argumento da forma em que na premissa é invocada a autoridade que formulou a proposição que verdadeiramente a constitui, seguida da conclusão repetindo aquela proposição. Ora, isto é um argumento de quem assim o formula, e não um argumento da autoridade invocada. É, quanto muito, um argumento cuja premissa é da autoridade invocada. Seria menos enganador designar este tipo por “argumentos por autoridade invocada” ou por “argumentos por invocação de autoridade”.
Apresentar como argumento de autoridade apenas uma proposição de conclusão formulada por uma autoridade reconhecida pela bondade de outros argumentos, com ausência das outras proposições com as quais se relaciona, é um jogo de lotaria, cuja forma é a típica dos maus argumentos (ainda que sólidos, mas desprovidos de qualquer valor). Citações de proposições de autoridades são usadas frequentemente por questões de economia. Se quem as usa conhece o argumento e usa-o nesta forma por aceitá-lo, não advém daí grande mal. Se o argumento da autoridade invocada for mau, quem o cita arca com a responsabilidade de usar maus argumentos. O problema é que argumentos deste tipo (na forma A disse p; logo p, ou na forma de citação) são de uso frequente no âmbito do ensino universitário por quem não conhece o argumento da autoridade invocada. Daí que muito do que é produzido como conhecimento por recurso a tal tipo de argumentos não ultrapasse o preconceito. Por estas razões, parece-me que seria de toda a conveniência não conferir grande valor a tal tipo de argumentos.
Creia que lamento sinceramente ter tido necessidade de dizer-lhe o que ficou dito. Você colocou-se a jeito. Tem comportamentos muito emotivos, que lhe ofuscam a razão e o fazem dizer disparates desnecessários; e mostra uma ânsia desmesurada para que as suas qualidades lhe sejam reconhecidas, alardeando-as e tecendo juízos depreciativos sobre os outros, o que é contraproducente. Reconheço-lhe qualidades e conjecturo que possa ir longe. Mas não se apresse. Conhece o ditado alentejano “as cadelas apressadas parem os cães cegos”? Medite um pouco nele.
CL.
Um argumento de autoridade não é um argumento que dê autoridade à autoridade invocada. Nem é um argumento que emana de uma autoridade. É um argumento em que se cita uma autoridade.
Ou seja, quando Einstein argumenta a favor da sua teoria da relatividade, isso não é um argumento de autoridade, apesar de ser um argumento que dá autoridade a Einstein — porque, como bem diz, o argumento de Einstein é bom.
Um argumento de autoridade é quando invocamos alguém que está em posição de saber algo e nós não, para dizermos que, porque essa pessoa afirma isso, isso é verdade. E na maior parte dos casos é precisamente o que todos nós temos de fazer, porque não podemos ir ver tudo directamente. Eu não sei directamente qual é a composição química da água, mas posso ler isso num livro de química e invoco isso num argumento: a água é H2O porque é o que está dito num livro bom de química. Este argumento não dá autoridade a mim nem ao livro de química. Apenas usa a autoridade que o livro supostamente tem — e que tem por outras razões que não este argumento — para sustentar a proposição de que a água é H2O.
Em vez da expressão “autoridade”, podemos usar a expressão “especialista”. Num argumento de autoridade invoca-se um especialista, mas não é esse argumento que faz o especialista ser um especialista.
A forma lógica de um argumento de autoridade é muito simples: “x disse que p; logo, p”, sendo x o especialista e p a afirmação. Mas x não ganha autoridade por causa deste argumento, nem este é um argumento proferido por x.
Qual é a tese principal na linha em que o Desidério cita:
"Pôr preconceitos em causa é muito importante. Porque se o preconceito em causa for insustentável e não resistir à discussão, está na hora de o abandonar. E se o preconceito for sustentável, está na hora de saber o que fundamenta a ideia em causa.
A minha sugestão é esta: sempre que nos deparamos com ideias que nos ofendem [ou de que não gostamos ou concordamos], o melhor é pensar outra vez, antes de tentar desviar o assunto. Perguntemo-nos se realmente conseguimos refutar cabalmante aquelas ideias que nos irritam, ou se é precisamente porque não sabemos fazer tal coisa que ficámos irritados."
Sou aluno do 10ºano e deparei-me na dúvida.
Obrigado com antecedência
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