quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um momento revelador


Na sua primeira conferência de imprensa como presidente eleito, Barack Obama foi inquirido por uma repórter que lhe colocou uma série de perguntas bastante deslocadas, entre elas se Obama tinha falado com algum ex-presidente vivo.

Obama respondeu adequadamente ao tom das perguntas dizendo «Let me list those off. In terms of speaking to former presidents, I have spoken to all of them that are living. Obviously, President Clinton. I didn't want to get into a Nancy Reagan thing about, you know, doing any seances».

Toda a sala irrompeu em gargalhadas e podemos pensar que a maioria dos repórteres percebeu a crítica implícita de um presidente eleito que não é exactamente um grande apreciador de perguntas irrelevantes.

Posteriormente, Obama pediu desculpa a Nancy Reagan «for the careless and offhanded remark». De facto, Nancy Reagan nunca realizou «seances» na Casa Branca embora não dispensasse a «astróloga» Jean Quigley que se gaba no livro «What Does Joan Say?: My Seven Years As White House Astrologer to Nancy and Ronald Reagan» de ter influenciado a política de Reagan em tudo e mais umas botas, desde a Guerra das Estrelas ao relacionamento com Gorbachev. No entanto, várias primeiras damas embarcaram na patetada de contactar os «espíritos» dos mortos, nomeadamente Hillary Clinton realizou seances que não eram seances durante as quais «conversou» com Eleanor Roosevelt.

Claro que por razões políticas era necessário que Obama se desculpasse junto de Nancy Reagan mas desculpas necessárias àparte a questão fulcral neste momento de descontracção é francamente encorajadora. Isto é, depois dos disparates obscurantistas que aparentemente nortearam pelo menos as primeiras damas da nação mais poderosa do mundo nas últimas décadas (Bush filho não precisava de contribuição conjugal para isso), é muito reconfortante ver que o futuro presidente dos Estados Unidos considera anedotas estas charlatanices, mesmo que apenas num momento «careless and offhanded». Podemos apenas esperar que Obama tenha muitos mais momentos destes porque a mensagem que eles nos dão são muito animadores: para além de indicarem que será a racionalidade que norteará as decisões presidenciais, dada a popularidade de Obama é expectável que a sua posição em relação a banhas da cobra seja emulada por cada vez mais pessoas, nos Estados Unidos e não só!

6 comentários:

Vitor Guerreiro disse...

Há aqui só um dado desanimador:

Se as pessoas vão emular a atitude de Obama perante a banha da cobra apenas por ser Obama quem é (isto é, o lugar que ocupa) e não por causa da banha da cobra ou da racionalidade, então significa que estamos tão mal como no tempo em que emulavam a Nancy e o Ronald na astrologia.

"Não é o disco que está a tocar que é o problema, mas o espírito de gramofone" - esse é o problema. É com o gramofone que é preciso acabar, e não apenas virar os discos.

Os diversos esquerdismos, inclusive aqueles que qualificam os primos de "doentes infantis do esquerdismo", sim também esses, sofrem particularmente com esta mazela de não perceber que o problema é o espírito de gramofone. Acham que basta por lá o disco "certo", o disco "verdadeiramente" coiso e tal, (democrático? revolucionário? progressista? whatever...) para que tudo se resolva.

É por isto que as esquerdas não largam a mania de que a ideologia é uma coisa muito boa e muito importante. É hilariante ler pérolas bibliográficas onde se acusam de "fraqueza ideológica" uns aos outros. O ideologicamente fraco é aquele que não consegue ter carisma suficiente para levar os outros a agir em rebanho, de modo acéfalo, só porque sim, porque é bom, porque é "isto", porque é "fixe", porque é "verdadeiramente coiso e tal, prontos..."

parta-se o raio do gramofone. se as pessoas pensarem por si próprias, então as respostas a questões morais e políticas, o que é bom e o que é justo, surgirão por força da inferência, do rigor lógico, do respeito pela realidade.

AS pessoas impensam ideologicamente quando já sabem que querem fazer o que iam fazer independentemente da força de quaisquer argumentos.

Sócrates morreu por isto e ainda hoje não aprendemos a lição fundamental daquele sacrifício. E não é preciso ser um sacana de um platónico ou de um "idealista" para perceber a porra da lição.

perspectiva disse...

O recurso a astrólogos, a videntes ou a feitiçeiros é consistentemente censurado pela Bíblia.

Barack Obama, que durante cerca de duas décadas tem frequentado uma Igreja Evangélica em Chicago, deve ter consciência disso.

A melhor receita contra a superstição e a irracionalidade é o conhecimento de Deus, e da sua Palavra, a expressão última da Razão em si mesma.

Por se desviarem de Deus, alguns adoram guiam a sua vida pelos astros, outros acham que lhes devem a vida.

Alguns chegam mesmo a confundir cubos de gelo com DNA, como se os cubos de gelo armazenassem informação codificada para a produção e reprodução do que quer que seja.

Um cristal de gelo não contém informação codificada que representa uma outra realidade para além do cristal de gelo, ao contrário do que sucede com o DNA.

O próprio Richard Dawkins reconhece que no núcleo de uma célula existe informação codificada correspondente a cerca de 400 vezes toda a enciclopédia britânica.

E num cristal de gelo? É comparável?

Um cristal forma-se apenas porque a sua ordem regular, determinada pelas forças direccionais dos átomos, requer pouca energia.

Diferentemente, as sequências nucleótidos de DNA que, tal como as letras, codificam informação, são uma realidade não aleatória, independente das propridades físicas e químicas dos nucleótidos e dos aminoácidos.

Elas codificam informação, e não existe informação e código sem uma origem inteligente.

O DNA tem uma realidade material ou física (v.g. nucleótidos) e uma realidade imaterial ou metafísica (v.g. informação e código).

Uma concepção puramente materialista do DNA não consegue discernir o seu elemento mais importante: informação codificada, tal como uma compreensão puramente material de um livro atentará exclusivamente para as moléculas do papel e da tinta e não para a informação codificada que nele se contém.


Voltando à questão da astrologia e da feitiçaria, veja-se, entre muitos exemplos, a veemente reprovação bíblica dirigida ao rei Manassés,


"Fez ele também passar seus filhos pelo fogo no vale do filho de Hinom, e usou de adivinhações e de agouros, e de feitiçarias, e consultou adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do SENHOR, para o provocar à ira".

II Crónicas 33:6

Para a Bíblia, consultar as estrelas é tão absurdo como dizer que somos o resultado da sua explosão.

Da Bíblia resulta que devemos consultar a Deus, porque somos o resultado da sua Criação.

Velasquez disse...

ate nos momentos menos felizes o Obama tem a capacidade de inspirar:)

abraço, colega

casadospoetas.blogs.sapo.pt

JPG disse...

E, no entanto, segundo consta nos "mentideros" mediáticos, Barack Obama já tomou uma decisão política absolutamente decisiva para o futuro da humanidade: acaba de decidir (mais ou menos) qual será o canídeo mais adequado para decorar a Sala Oval. Hipoalergénico e imbecil (mutt), como ele.

Vasco disse...

Não dou mais de um ano para que todos aqueles que hoje jubilam de alegria chorem de lágrimas. Obama pode ser preto por fora, mas é muito branco por dentro. Entre ele ou o outro, nenhum. Os melhores candidatos ficaram todos pelo caminho e ninguém deles falou. Porque será?
Obama é um Bilderberguista, um verdadeiro "shark".

LEONARDO SARMENTO disse...

Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos e dos últimos acontecimentos de forma leve.


www.mosaicodelama.blogspot.com

Boa leitura!


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