“Na sexta-feira, para o encontro com a ministra da Educação, a Plataforma Sindical levará já uma proposta de avaliação para ‘salvar o ano lectivo’. Será uma solução simples, sem questões burocráticas, transitória, focada na vertente científico-pedagógica e para aplicar aos professores em vias de progredir na carreira. Proposta que não acolherá nenhuma das medidas de simplificação apresentadas pela ministra esta semana, garante ao DN Mário Nogueira. Até porque, sublinha o porta-voz sindical, o modelo de que o Governo não desiste continua a ser para ‘rasgar’”.
Desta forma, a solução apresentada assume-se como prepotente e transitória num país que deve estar farto de salvadores da pátria em proveito sindical com prejuízo dos verdadeiros interesses de um sistema educativo ao serviço do desenvolvimento social e económico. Mas não passará pela cabeça da Fenprof que o respectivo modelo possa ter como destino provável o cesto dos papéis por se apresentar como uma solução que deveria ter sido apresentada há muito tempo para merecer o crédito da boa-fé em se querer sair de um longo e desgastante impasse?
Acresce que, nesta proposta de avaliação, não foram auscultadas as opiniões generalizadas dos professores sindicalizados ou não. E o que é também grave é a própria Fenprof confessar no texto completo da referida notícia não ter sido a proposta aprovada “por todos os sindicatos da Plataforma”. Daqui se infere estarmos em presença de uma manobra de bastidores de sindicatos da Plataforma em que os professores, foram afastados ou tidos como meros espectadores de um espectáculo antidemocrático em que a vontade da Fenprof e dos sindicatos que giram à sua volta se querem acima de quaisquer outros interesses por mais justos que sejam.
Bem sei que este “statu quo” transcendeu, de há muito e em muito, fronteiras estritamente pedagógicas para se tornar, nas próprias palavras de Mário Nogueira, num processo político-partidário. Ora, como escreveu Paul Valèry, “a política é a arte de impedir as pessoas de meterem o nariz em coisas que lhes dizem realmente respeito”. Só assim se compreende, embora não seja desculpável, que o processo de avaliação docente possa deixar de ser uma questão que diz essencialmente respeito aos professores que dele tomaram conhecimento, tão-só, através de uma notícia publicada nas colunas de um jornal diário.
O que se irá passar, na próxima sexta-feira, dia 28, com a proposta da Fenprof é bem demonstrativo da ausência de lisura de uma processo avaliativo em que os professores, nunca é de mais repeti-lo, não foram, mais uma vez, nem ouvidos nem achados. O desejo de protagonismo público por parte dos sindicatos e dos seus dirigentes tem limites que foram mais uma vez ultrapassados sem qualquer espécie de pudor!
1 comentário:
A Ordem está cada vez mais na ordem do dia!!!
Nuno Calisto
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