O jornalista Rui Cardoso, do "Expresso", perguntou-me o que vejo nesta imagem e a minha resposta foi publicada no número de ontem. Reproduzo aqui a legenda que enviei, fazendo notar que um lapso na colocação das aspas fez atribuir a Fernando Pessoa uma frase que é minha depois de ter lido o poema "A Aranha" de Pessoa ("Mais apto será, então, quem conseguir ganhar ao destino"):
"Darwin gostava de aranhas. Foi a observação, no Brasil, de luta entre uma aranha e uma vespa (ganhou a vespa) que o terá levado à ideia da sobrevivência dos mais aptos. Há também aranhas e teias metafóricas. Pessoa escreveu num poema: A aranha do meu destino / Faz teias de eu não pensar. Mais apto será, então, quem conseguir ganhar ao destino". Carlos Fiolhais, físico e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, conclui o comentário da seguinte forma: "É feia a aranha e bonita a teia?" E deixa Alberto Caeiro responder: Ambos existem; cada um como é.
4 comentários:
Vejo trabalho árduo, beleza da construção,reconstituição dos estragos provocados pelos elementos...enfim rotinas da vida...não apenas as das aranhas.
Muito Zen...
TEIA
Tecendo a teia
tece a aranha um tempo
que intersecta o tempo das moscas...
Citação:
"Darwin gostava de aranhas."
Sim, e daí?
"Foi a observação, no Brasil, de luta entre uma aranha e uma vespa (ganhou a vespa) que o terá levado à ideia da sobrevivência dos mais aptos."
Bastava observar o gato a comer o rato, ou ver a raposa a comer galinhas.
Não era necessário ir ao Brasil.
A única coisa que se pode perguntar é:
Em que é que o facto de a vespa ganhar à aranha explica a origem das vespas e das aranhas?
O facto de podermos observar que uns animais matam os outros demonstra apenas que uns animais matam os outros.
Não demonstra que a vida surgiu ha 3,8 mil milhões de anos por acaso nem que as diferentes espécies tiveram um ancestral comum.
Realmente a aranha é uma maravilha de design.
A teia de uma aranha é muito fina. No entanto, ela é mais resistente do que aço com a mesma espessura.
A teia é suficientemente pegajosa para poder apanhar insectos.
As longas linhas de seda que as aranhas tecem permitem às suas crias balançar e procurar novos sítios para viver.
A teia de uma aranha combina de forma óptima força e elasticidade.
A complexidade da informação necessária para fazer as teias é um enigma para a teoria da evolução e demonstra como essa capacidade foi criativamente colocada no software e no hardware das aranhas.
Uma aranha pode dar lições gratuítas de química, engenharia e arquitectura.
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