quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ciência e crença: Galileu, Darwin e o Big Bang

Informação recebida do Ciência Viva:

Debate no Forum Ciência Viva, Sábado, 22 de Novembro, 16 horas:

Ciência e crença: Galileu, Darwin e o Big Bang

Galileu e Darwin tiraram a Terra e o Homem do centro do Universo desafiando as crenças da sua época. Actualmente, uma das maiores experiências de Física procura recriar algumas das condições que ocorreram no início do Universo. Será que os resultados vão desafiar as crenças dos dias de hoje? Quatro investigadores debatem os mitos e ideias que mudaram a nossa maneira de ver o mundo.

Convidados: Alexandre Quintanilha (investigador do IBMC), Gaspar Barreira (investigador do LIP), Nuno Crato (investigador do ISEG), Carlos Fiolhais (investigador do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra)

Moderador: António Gomes da Costa (Director do Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva)

Cada convidado fará uma intervenção de 5 minutos, seguido de debate, aberto a perguntas da assistência

Ciência Viva- Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, Rua do Pólo Sul, Lote 1.01.1.1, 3º A 1990-273 Lisboa
Tel: +351 21 898 50 20 Fax: +351 21 898 50 55

www.cienciaviva.pt

6 comentários:

perspectiva disse...

Rerum Natura diz:


"Galileu e Darwin tiraram a Terra e o Homem do centro do Universo desafiando as crenças da sua época.

Muito bem.

Mas será que têm razão?

Será que a sua posição é hoje cientificamente sustentável?

Vejamos os dados científicos disponíveis, esquecendo aqui e agora as questões filosóficas ou teológicas.

No domínio da astrofísica e da cosmologia são cada vez mais os cientistas que falam na necessidade de reverter a revolução coperniciana.

Para eles, quanto mais se conhecem outros sistemas solares e os planetas desses sistemas, maior é a convicção do carácter único e singular da Terra e do sistema solar.

Veja-se, por exemplo, a revista Science et Vie de Outubro de 2008.

A teoria do Big Bang e a hipótese nebular para a origem do sistema solar, que lhe anda associada, são hoje alvo das maiores reservas entre um número crescente de cientistas.

A primeira não responde a questões básicas como a origem da matéria e da energia que explodiu, a causa da explosão, a causa da inflação, a paragem da inflação, o problema do horizonte, a origem das estrelas e das galáxias, etc., etc.

A esta luz, mais vale reconhecer, como fez o astrofísico Joseph Silk, que a teoria do Big Bang ainda não resolveu a questão do princípio.

Por seu lado, a hipótese nebular, muitas vezes ensinada como uma certeza aos nossos alunos, apresenta falhas estruturais quando confrontada com questões como a tendência de expansão das nebulosas, a ausência de um mecanismo convincente para o colapso gravitacional, a rotação extremamente lenta do Sol, a rotação retrógrada de Vénus, a superfície muito nova (pouca erosão e craterização) de Vénus, o campo magnético de Mercúrio, o facto de os planetas extra-solares desmentirem os modelos de evolução cósmica, a diferente composição química dos supostos meteoritos condritos “primitivos”, a diferente composição química da Lua e de Marte, de Vénus e da Terra, etc., etc.

Em face destas e de muitas outras questões, que são científicas e não teológicas ou filosóficas, é totalmente despropositada a tendência de alguns cientistas de, misturando especulação com observações, apresentarem os seus modelos teóricos acerca da origem do Universo e como se fossem a realidade e como se eles tivessem sido testemunhas oculares dessa suposta realidade.

Melhor é moderação epistemológica recentemente exemplificada na revista Nature, por um astrofísico norte-americano, ao reconhecer que “o Universo inteiro não pode ser plenamente compreendido por qualquer sistema de inferências isolado que exista dentro dele”. P.-M Binder, “Philosophy of science: Theories of almost everything,” Nature 455, 884-885 (16 October 2008) | doi:10.1038/455884a.

Relativamente a Darwin poderíamos dizer algo semelhante.

Mesmo não falando dos seus problemas com o registo fóssil, que S.J. Gould só veio acentuar, Darwin estava convencido que uma célula era mero protoplasma indiferenciado.

Hoje sabemos que a probabilidade de uma célula surgir por acaso foi estimada em menos do que 1 em 10^57800.

Sabemos que no DNA não existe apenas um, mas existem múltiplos códigos paralelos, com informação em qualidade e quantidade inabarcáveis.

Do ponto de vista estatístico, o DNA tem uma densidade volumétrica calculada em 0.94 x 1021 letras/cm3 e densidade informativa estimada em 1.88 x 1021 bits/cm3.

A descoberta de novos códigos e a suspeita de que existem outros por descobrir aponta para uma revisão em alta destes valores.

Ora, como dizia o matemático N. Wiener, a informação não é matéria e energia, mas uma realidade imaterial. Pelo que só pode ter uma origem imaterial.

O significado biológico do DNA e do RNA encontra-se não nas bases nucleótidos em si mesmas, mas na sua sequência.

Não existe nada nas bases, em si mesmas, que as fizesse adoptar uma organização de acordo com padrões pré-determinados que tivessem significado biológico, tal como não existe nada nas propriedades físicas das moléculas da tinta e do papel que as leve a formar palavras e frases com determinadas instruções.

Tal como a informação contida nas sequências de letras de uma página impressa é estranha à química de uma página impressa, também as sequências de bases de uma molécula de DNA são estranhas às forças químicas que operam na molécula de DNA.

O DNA é um código com 4 letras (ATGC), precisamente sequenciadas, num sistema de armazenamento e transmissão de informação extremamente eficaz.

Estatisticamente, o genoma humano tem cerca de 3 biliões de letras, ao passo que a bactéria E.Coli tem 8 milhões de letras.

A quantidade de letras varia entre as espécies.

No entanto, em todas elas uma qualidade mantém-se: todas dependem de informação codificada.

Por exemplo, a replicação das células de uma “simples” bactéria envolve 30 000 letras por minuto, sendo uma operação bidireccional nas duas fitas do DNA, de alta precisão e envolvendo múltiplas enzimas, todas elas antes especificadas no DNA.

A produção de informação codificada é impensável sem uma inteligência.

Não existe nenhum processo naturalístico conhecido através do qual a matéria e a energia possam criar informação codificada.

Por estas razões, apenas científicas (e deixando as razões teológicas e filosóficas de lado), é totalmente descabido encarar Galileu e Darwin como tendo dado a última palavra em matéria de origens, sentido e destino da existência humana.

sguna disse...

"é totalmente descabido encarar Galileu e Darwin como tendo dado a última palavra em matéria de origens, sentido e destino da existência humana." não deram a última, mas sim a primeira!

alf disse...

perspectiva

talvez devesse dar uma vista de olhos nos meus blogues.. no

http://www.outramargem-alf.blogspot.com/

(veja os posts das etiquetas «A Origem da Vida» e «A Inteligência», por exemplo)

não encontrará contestação ao que diz mas a procura de respostas. Suponho que seja isso que lhe interessa, procurar respostas.

A teoria do BB tem grandes dificuldades; mas essas dificuldades desaparecem na teoria que estou a apresentar em

http://outrafisica.blogs.sapo.pt/

(este blogue tem de ser lido desde o inicio; é experimentar os primeiros posts e logo vê se lhe interessa)

Vicente Ferreira da Silva disse...

"Galileu e Darwin tiraram a Terra e o Homem do centro do Universo desafiando as crenças da sua época.“

Isto é indiscutível. Não foram os únicos, é verdade, mas os seus contributos abalaram os pressupostos vigentes. E se a ciência de hoje questiona o legado destes dois homens, não o questionaria se eles não o tivessem formulado. Somos, “nos ombros de gigantes”.

A inflação de Guth é uma teoria portentosa, mas não explica tudo. É uma peça no puzzle, como o são o Big Bang e a nucleossíntese de Fred Hoyle. Representam três momentos diferentes na formação do universo (dito de uma maneira simples, o antes, o durante e um dos pós BB).

Por si só, o BB não explica a totalidade, mas em conjunto com outras ideias, a explicação expande-se. Literalmente!

“No domínio da astrofísica e da cosmologia são cada vez mais os cientistas que falam na necessidade de reverter a revolução coperniciana.
Para eles, quanto mais se conhecem outros sistemas solares e os planetas desses sistemas, maior é a convicção do carácter único e singular da Terra e do sistema solar.”

Muito curiosa esta afirmação, principalmente sabendo que é infinitamente ínfimo o nosso conhecimento dos outros sistemas e dos corpos que aí são. Provavelmente, daqui a uns anos, estarão a dizer que não seremos tão singulares como agora afirmam.

Não sou físico, nem sei porque me atrevo. Talvez porque para mim, a base do conhecimento é o erro. E eu não me importo de errar!
Obrigado pela reflexão e tenho pena que estas coisas praticamente só aconteçam em Lisboa.
Vicente Ferreira da Silva

P.S – permito-me uma pequena relação: a teoria das cordas pressupõe a existência de dimensões invisíveis. Talvez o DNA também tenha códigos (ainda) invisíveis, em numero igual ao que é conhecido para garantir o seu equilíbrio e inter-relação. Quem sabe?

UFO disse...

Helder Velez
sigam o caminho do alf , ver acima, http://outrafisica.blogs.sapo.pt/
se tiverem um pouco de paciência e começarem a ler o blog desde o início irão, tenho a certeza, ficar Desvanecidos, ou melhor, adeptos da Teoria do Desvanecimento.

Anónimo disse...

"Às vezes, basta um pouco de luz para abalar uma concepção de mundo. Nesse caso, a luz da borda do Universo visível, enviada, 12 bilhões de anos atrás, por objetos de luminosidade extrema só encontráveis a mais de dois bilhões de anos-luz da superfície terrestre, os quasares (nome derivado de uma abreviação do latim: Quasi stelars objectus). Nessa viagem inimaginável, a luz atravessou nuvens de gás que, além de não servirem para segurá-la, nela imprimiram mensagem duradoura.

Alguns bilhões de anos mais tarde, o raio de fótons atinge um pequeno planeta rochoso chamado Terra. Capturado por um dos telescópios mais modernos então existentes, ele é submetido Pesquisadores australianos, sob a liderança dos físicos John Webb e Michael Murphy, examinaram a notícia proveniente dos primórdios do Cosmos e concluíram: trata-se de um testemunho sobre a constância das leis da Natureza.

Os cientistas encontraram uma variação minúscula na conhecida constante alfa – também chamada de constante de estrutura fina –, aquela grandeza que determina a construção dos átomos. Hoje ela se apresenta 0,0006% maior do que no passado. O fenômeno pode ser encarado como simples sopro cósmico, um desvio imperceptível para os humanos. Mesmo assim, caso a variação se confirme, é uma sensação.

Se constantes da natureza como alfa oscilam – mesmo que seja por um nadinha –, então toda a visão de mundo atual entra em oscilação. A teoria que vigora sobre o tornar-se e desvanecer-Natuse do Universo teria que ser reformulada. A teoria se baseia na certeza de que a Natureza é regida sempre e em todo lugar pelas mesmas forças – e que isso ocorre em todos os tempos. Mas, se assim fosse, deveria ter sido válida para os átomos da nuvem de gás interestelar, que entregou sua mensagem à luz do quasar."
... e se o Universo oscilasse?
Por Klaus Bachmann (TEXTO), Teun Hocks
(ILUSTRAÇÃO)
http://revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/6/artigo153638-1.asp

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