terça-feira, 4 de dezembro de 2007

GRANDES ERROS: O PRÉMIO SANTILLI - GALILEU


O estimável “Jornal de Letras” de 21 de Novembro publicou uma curiosa entrevista com o Doutor José Croca, membro fundador do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa, a propósito do prémio "Prémio Santilli-Galileu 2008 - Gold medal for the crusading work towards the demise of the prevailing scientific obscurantism" que lhe foi atribuído.

A entrevista contém vários erros que serão resultado de deficiente trabalho de edição. Antes do título vem Prémio Galileu da Física quando o prémio se chama Santilli-Galileu e não é da Física mas sim "for the crusading work towards the demise of the prevailing scientific obscurantism". Infelizmente Galileu não aparece em boa companhia. Quem é Santilli? Pois é um italiano autor de várias teorias estranhas, que a comunidade científica considera pseudociência. Entre elas, há até uma “química hadrónica”, uma ideia bizarra pois a química pouco ou nada tem a ver com os hadrões, que são as partículas constituintes do núcleos atómico. Não conseguindo publicar nas revistas científicas existentes, criou ele próprio uma revista, o “Hadronic Journal”, que é da sua inteira responsabilidade (a editora, Hadronic Press, é propriedade da sua mulher). A Santilli-Galilei Association on Scientific Truth, associação de 81 amigos de Santilli, que deu o prémio ao investigador português (ele próprio membro da associação tal como os outros quatro recipientes da mesma medalha), segue a linha do seu mentor. No seu sítio encontra-se um pedido recente à Academia de Estocolmo solicitando três Prémios Nobel, o da Física, o da Química e o da Matemática, para Santilli: outro erro, pois não há Prémio Nobel da Matemática.

Depois, o título da entrevista é “Contra os limites de Heinsenberg”. Deve ser Heisenberg, do nome do físico alemão Werner Karl Heisenberg, mas esse erro é repetido várias vezes no corpo da entrevista que pode até dar a ideia que existe o nome. Desconheço esse “princípio de Heinsenberg” apesar da insistência no nome, que é colocado cinco vezes na boca do entrevistado (há também um outro erro engraçado, que é o adjectivo “borheana” para a mecânica quântica).

Finalmente, a peça abre dizendo que o prémio foi atribuído por “ter refutado o princípio de Heisenberg” (agora grafia correcta). Ora aqui e independentemente dos méritos do laureado deve haver algum equívoco, pois isso ter-lhe-ia dado não o prémio Santilli-Galileu mas o Prémio Nobel da Física. O princípio de Heisenberg é uma consequência matemática dos axiomas da teoria quântica. E podemos discutir esses princípios – muita gente o tem feito – mas as consequências deles, incluindo o princípio de Heisenberg, têm estado de acordo com todas as numerosas e cuidadosas experiências realizadas. Não quer isso dizer que eles sejam irrefutáveis, mas ainda ninguém os refutou pela via privilegiada na física que é a da experimentação.

35 comentários:

Anónimo disse...

O jornal de letras têm sido um grande jornal e têm sido muito boma, mas isto é 1 erro grave que nunca deveria surgir num jornal de referencia como é o jornal de letras.
Penso não ser a ideologia da linha editorial publicar estas coisas, talvez por desconhecimento da mesma espero.
Alguem deveria avisar o director sobre este facto para que viesse uma correcção na proxima edição, pois é gravissimo que tal suceda.

Unknown disse...

Meu Caro Professor: Razão tem o sábio povo. "No melhor pano cai a nódoa!"
Rui Baptista

alf disse...

Não há fumo sem fogo. Estas coisas crescem porque há um fogo: a Ciência, que deevria servir o propósito de explicar o Universo Às pessoas, não o faz. É, nesse sentido, obscurantista porque usa uma linguagem que as pessoas não entendem.

Não é por falta de esforço de muitos cientistas; aliás, aproveito por felicitar o Carlos Fiolhais pelo que tem feito; mas é simplesmente porque as teorias científicas se tornaram meros modelos matemáticos intraduziveis em conceitos lógicos acessíceis.

Estou a trabalhar para acabar (temporariamente) com o "obscurantismo" científico... embora possa parecer o contrário.

A. R. Ray disse...

A culpa nem será do Jornal de Letras. À partida um prémio atribuído a um docente universitário pelo seu trabalho científico não devia ser suspeito, nem ser necessário o JL comprovar a sua "qualidade".
O problema é que o Sr. Croca parece ter-se passado para o lado de lá há muito. Leia-se o seu texto sobre a "Realidade na Física Quântica" ( em http://cfcul.fc.ul.pt/equipa/croca/
arealidadenafisicaquantica.pdf)
que mistura Deus com física quântica e está tudo dito. Os outros textos na página do sr. Croca são de semelhante calibre.
Isto até teria piada se o sr. Croca não fosse um docente universitário pago por todos nós para ensinar numa universidade pública.

P Amorim disse...

Parece que há pessoas muito informadas sobre este assunto. Gostava de ver um post esclarecedor, para quem não sabe grande coisa.

Manuel Rocha disse...

Pegaria no comentário do Ray para extrair como corolário desta interessante questão uma pergunta, que é a seguinte:

Então nas Universidades, e em concreto na Universidade de Lisboa, também se faz pseudociência ?!

Anónimo disse...

Por estas e por muitas outras, duvido muito, mesmo muito do propósito de reunir as "ciências" e as "humanidades".

Quando as duas culturas se "reúnem", os "cientistas" não conseguem dizer nada mais do que banalidades sobre as humanidades, enquanto os "humanistas" só dizem asneiras sobre as ciências.

Não sei sinceramente qual é o grande mal de admitir que as duas culturas se separaram definitivamente, que por exemplo uma deve usar métodos quantitativos e a outra nem pensar...

Anónimo disse...

Se há pseudo-ciência nas Universidades? Claro que há. O melhor exemplo é a Física de Partículas. Uma Física que não produz rigorasamente nada de ciência, pois trabalha com entidades que a própria teoria quântica não concede existência - facto assinalado, por exemplo, por Dirac, Bohr, Heisenberg e, mais recentemente, D'Espagnat. Contudo, o mais grave é que quase todo o financiamento para a Ciência da CE vai para o CERN. Isto é, investe-se muitíssimo mais na Física das Partículas - que não produz nada de novo - do que, por exemplo, na pesquisa do Cancro.

Ah! Claro está. Carlos Fiolhais é um Físico de partículas. Creio que isso explica alguma coisa.

João Moedas Duarte disse...

Caro Rodrigo,

não percebi se está a brincar ou tentar ser irónico, mas partindo do principio que está a dizer o que pensa..

e a tomografia por emissão de positrões, por exemplo, que faz uso das antipartículas do electrão (os positrões), e que é utilizada em medicina, caiu do céu por milagre?

A ignorância pode de facto ser uma coisa assustadora..

Anónimo disse...

Caro Professor:
Muito folgo em saber que refutação dos princípios da Física se deve fazer pela via privilegiada na física que é a da experimentação.

É que, de pois de ter lido um escriba deste blogue que afirmou repetidamente que os Físicos e os matemáticos nada percebem de lógica , ou que a ciência não dispõe de quaisquer processos para aferir a validade dos seus raciocínios ou ainda que o ensino universitário em Portugal em Ciência é catastrófico, é “refrescante” ler os seus posts.

Anónimo disse...

João Moedas:

A sua confusão é típica. Uma coisa é haver aparelhos que fazem isto ou aquilo. A outra é saber por que razão fazem isso ou aquilo. Repare: Vivemos no Mundo da Electrónica. Porém, o que isso de um electrão? Em que medida se pode dizer que um electrão é uma partícula? Que tem colisões?

Já se fez estas questões? Shröndinger, por exemplo, fê-las. E sabe que a resposta do grupo Bohr-Heisenberg-Born-Pauli é que não faz sentido algum falar em partículas como se fosse entidades objectivas, ou até mesmo como entidades como uma cadeira ou uma árvore. Para Schröndinger tudo era ondas. E Heisenberg defendeu mesmo, repetidas vezes, que toda a Física de Partículas não passava de um engano. Mais radical, Dirac diria mesmo mais - era um puro charlatismo matemático.

O facto é que não faz sentido algum falar em partículas e respeitar a teoria quântica. E o facto é que o CERN "come" mais dinheiro de investigação científica que toda a investigação em qualquer outra área. Estranho, não acha? Mais do que estar preocupado com o dinheiro que vai para a investigação do Prof. Croca - que é um professor reformado - eu estaria preocupado com o dinheiro que vai para a investigação do Prof. Carlos Fiolhais - que é catedrático. Ou seja, custa-nos muitíssimo mais caro. Afinal, que ciência tem ele - Carlos Fiolhais - produzido?

Anónimo disse...

Já agora, as teses do Prof. Croca têm sido publicadas nas melhores revistas científicas (Physical Review, Foundations of Physics) e têm sido alvo de testes experimentais e têm sido debatidas em congressos científicos insuspeitos.

Curiosamente, num congresso de optica quântica, realizado este ano em Turim, já ninguém tinha dúvidas em relação à "violação" experimental das relações de Heisenberg. Espero que o Prof. Fiolhais leve avante com a sua proposta de Nobel.

Anónimo disse...

A "Foundations of Physics" uma das melhores revistas? Essa é para rir... Quanto à Physics Review, o próprio currículo do Prof. Croca revela que a sua
única publicação nesta (realmente) prestigiada revista remonta a 1992. Se esta pesquisa fosse levada a sério, talvez merecesse uma submissão a uma revista mais idónea, não?

Anónimo disse...

Foundantions of Physics é para rir?
Boa, boa. E estes são os humorístas, portanto:

Editorial Board:
Jeffrey Bub, University of Maryland, MD, U.S.A;;
Arthur Fine, University of Washington, Seattle, U.S.A;
Bas van Fraassen, Princeton University, NJ, U.S.A.;
Robert Geroch, University of Chicago, IL, U.S.A.;
GianCarlo Ghirardi, University of Trieste, Italy;
Sheldon Goldstein, Rutgers University, NJ, U.S.A.;
Daniel Greenberger, The City College of CUNY, NY, U.S.A.;
Alan Kostelecky, Indiana University, IN, U.S.A
Tim Maudlin, Rutgers University, Bloomington, U.S.A.;
D. Carlo Rovelli, Centre de Physique Theorique de Luminy, Marseilles, France;
Abner Shimony, Boston University, MA, U.S.A.;
Lee Smolin, Perimeter Institute, Canada;
C. Anton Zeilinger, University of Vienna, Austria;
Wojciech H. Zurek, Los Alamos National Laboratory, NM, U.S.A;

Founding Editors: Wolfgang Yourgrau; Henry Margenau

Past Board Members:
Asim O. Barut; Peter G. Bergmann; David Bohm; Nikolai N. Bogolubov; Louis de Broglie; Robert H. Dicke; Vladimir Fock; Murray Gell-Mann; Lajos Jánossy; André Mercier; Alwyn van der Merwe; Christian Möller; Louis Néel; Lars Onsager; Rudolf Peierls; Asher Peres; Ilya Prigogine; Nathan Rosen; Arthur Ruark; Abdus Salam; John l. Synge; Albert Szent-Gyorgy; Jean-Pierre Vigier; Mikhail Vol'kenshtein

Sério, sério, é a Nature, não é Jorge? Ou então a Gazeta de Física.

Anónimo disse...

Foundation, corrijo. Que quando se tem argumentos há a tendência para pegar nas gralhas e ortografias.

Filipe Moura disse...

"Já agora, as teses do Prof. Croca têm sido publicadas nas melhores revistas científicas (Physical Review, Foundations of Physics) e têm sido alvo de testes experimentais e têm sido debatidas em congressos científicos insuspeitos."

Rodrigo, você está ERRADO. Resta-me saber se está enganado ou se mente deliberadamente. Eu não sei quem você é. Eu tenho perfil disponível, página web, blogue, email e afirmo aqui que você (que não quer que saibamos quem você é) é um MENTIROSO. NADA do que afirma é verdade.

Unknown disse...

Penso que vale a pena referir que existe uma publicação recente de divulgação de autoria de José Croca (com Rui Moreira), "Diálogos sobre Física Quântica", da Esfera das Ciências. Embora não tenha a capacidade científica para fazer a sua crítica, parece-me, contudo, uma obra que merece uma leitura e uma referência na literatura da especialidade. A escrita é bastante fluente e adopta uma perspectiva dialética entre visões científicas e não será tarefa fácil contestar a interpretação da mecânica quântica preconizada pela Escola de Copenhaga, como fazem os autores do texto.

Gostaria muito, pois, de ouvir alguns dos comentadores anteriores criticar a obra. Julgo que poderá ser muito mais interessante do que o esgrimir argumentos de autoridade como os que se apresentam.

LRC

Anónimo disse...

Oh Rodrigo, vá ver o factor de impacto da Foundations of Physics e depois comente... Já agora, já fiz dois refereeings para a Foundation of Physics. Saber porquê? Porque o meu orientador decidiu dar-me essa oportunidade, e recomendou-me ao dito painel de editores. Obviamente, não me deu essa oportunidade inicial na Physical Review (da qual ele também é árbitro), pois sou "caloiro" e, como tal, tenho de começar no fundo da tabela.

Anónimo disse...

Ó Fílípe. Claro que é tudo mentira. Basta que voçê, que até tem blogue, perfil, ligação à net, email, teclado, e um par de cuecas, que o diga. Ou melhor, que o BERRE. Realmente não sou capaz de contrapor nada à sua argumentação profundamente técnica e científica.

Jorge. Foundations of Physics é fundo da tabela? É para caloiros? Bem me queria parecer que, por exemplo, o Zeilinger era um novato. Por falar em novatos, então o seu orientador não lhe explicou que diferentes revistas têm diferentes linhas editoriais? Confesso que fico horrorizado com a ideia que Vxa. - um novato que, pelos vistos, da física só lhe conhece a parte contabilística -tenha feito ref. para a FoP. Ao menos que tenha sido de qualquer coisita de Cordas. Essa maravilhosa teoria científica que não falsificável empiricamente. Ah, espera, não era isso que o Carlos Fiolhais chamava de Pseudo-Ciência?

Boa sorte para a sua carreira científica.

anonimodenome disse...

Os neutrões são todos iguais ?
Eu sei que em todas as experiências eles parecem mesmo todos iguais quando colocados em circustâncias idênticas.
Pelo que se tem assumido que são todos iguais (massa em repouso).
Não tenho encontrado nenhuma referência a experiências que testem que são de facto todos iguais.

E se eles pudessem ser ligeirissimamente diferentes ?
Eu não estou a afirmar que são ou não são iguais.

Um sujeito que proponha que vai gastar €s a fazer uma experiência nesse sentido não vai ganhar nenhum apoio financeiro nem académico.

Bem, sempre é menos disparatado do que afirmar que está provado que a matéria negra existe, ou a energia negra idem aspas aspas.
Claro que sabemos que o universo expande, perdão, não é bem assim, o que nós sabemos é que medimos a expansão do universo. É uma nuance fundamental.
E se o universo não estiver em expansão? existe matéria negra?

Querem um conselho ? estejam atentos ao alf.

Eu já estou na outramargem desde 1991.

P Amorim disse...

Onde se pode ver uma argumentação sólida contra esta reformulação?

Manuel Rocha disse...

Ontem passei por aqui na tentativa de ver esclarecida a ilac�o central do post, que nos diz que na Universidade de Lisboa se faz pseudoci�ncia.

Hoje volto e n�o vejo esta quest�o esclarecida.

Mas encontro �bvios sinais de "luta de galos" da mesma capoeira. Ser� ent�o apenas disso que se trata ?

Anónimo disse...

Caro Rodrigo: a minha carreira científica vai bem, obrigado -- e é bastante contabilística, dada a quantidade de cálculos envolvidos. Nunca me fascinei pela teoria de cordas, precisamente pela relativa intangilibidade das previsões; por isso, fico-me pela cosmologia e astrofísica.

Quanto à pergunta do Manuel Rocha: realmente, alguns professores mais velhos tendem a divergir de linhas de investigação actuais, optando por trabalhos que muitas vezes não têm actualidade. Do meu conhecimento, a maioria prefere abordar temas que os intrigaram na "infância" científica, não obstante já terem sido resolvidos e ultrapassados.

Mas, lá está, a maioria destas actividades não constitui pseudo-ciência, apenas ciência desactualizada e pouco interessante, logo não-publicável. Serão poucos os casos que a estas características relativamente inóquas (embora se possa questionar o porquê do seu financiamento pelo erário público) adicionam a falta de rigor e a negação "sociológica" de teorias apoiadas pela experiência -- aí sim, parece-me que se atinge o tal patamar pseudo.

Obviamente, não tenho conhecimento suficiente para lhe fornecer uma estatística razoável; talvez o pessoal mais senior do blog (incluindo os responsáveis, claro) possam ser mais esclarecedores.

anonimodenome disse...

Não me desculpem, mas vou comentar.
Os senhores comentadores discutem muita coisa e gastam muitas palavras MAS não discutem os prós e contras da posição defendida pelo Prof.Croca.
Só afirmam que é pseudo-ciência.
Nem apontam para papers que comentem essa mesma posição.

Esbarram na palavra Deus e tropeçam logo. Eu que sou ateu continuei a leitura do pdf acima referido e não fiquei perturbado.
Nesse pdf ele tenta ser pedagógico, mostrar outros pontos de vista e explicar o seu.
Tem a coragem de ser contra a corrente, paciência.
É em alguma contracorrente que a física virá a sair do molho de bróculos em que está agora.
Se ele tivesse nome na moda poderia facilmente inventar uma história que resolvesse um imbróglio inerente ao BB, como por exemplo a luz ter tido no passado uma velocidade superior a 'c'. Com que fundamento teórico ? Nenhum. Foi só uma maneira deselegante de tapar um buraco. E a comunidade dos contracontracorrentes aplaudiu de pé.
Também o autor do post tropeça na palavra química e pronto, aqui del-rei, que abuso.
Preferia que postasse a explicar o que é que eles propõem e em que medida estão errados. Mas não me precisa de explicar o que é a Química. Basta ter presente que o termo química é usado em mais de um contexto.
Dizer só que é pseudociência não chega. Eu gosto que me tentem explicar.
Pelo menos o Prof.Croca tenta pensar e explicar.
Os que se lhe opõm façam o favor de se explicarem, se fizerem o favor.
Concordo que este comentário é uma provocação.
Não tenho perfil publicado.
Podem continuar as vossas batalhas.

Manuel Rocha disse...

"Dizer só que é pseudociência não chega. Eu gosto que me tentem explicar".

Subscrevo isso e acrecento o seguinte, com o à vontade de quem nem sequer conhecia o Professor em causa nem a sua obra: a etiqueta colocada assim sem mais justificações no minimo não é curial, uma vez que se trata de elementos da mesma "orporação".

Quando o Jorge refere que se trata de ciência desactualizada e pouco interessante, também se poderia perguntar "segundo quem?", não era ?

O facto é que se conhecem inúmeras histórias de trabalhos que são menosprezados quando produzidos para serem ressuscitados anos depois, com eucómios consensuais.

Anónimo disse...

Quando digo que é desactualizada e pouco interessante, refiro-me à pura verdade estatística: as interpretações epistemológicas da mecânica quântica e dos seus resultados foram férteis, filosofica e cientificamente, nos anos 20 a 60, já esticando a corda.

Actualmente, a mecânica quântica está tão bem estabelecida experimentalmente que a preocupação reside nos modelos que a expandam ao comportamento a altas energias, bem como a possíveis sinais dessa física ainda desconhecida que sejam fornecidos pelo Large Hadron Colider, que está quase a arrancar.

Quanto à definição de mecânica quântica, além do frequente abuso da linguagem matemática e falta de formalismo, também consiste em questionar os resultados de uma teoria, sem compreender que esta funciona de um modo unificado, e que não se pode desconfiar de uma parte sem colocar em causa o manancial de resultados experimentais afectos ao todo.

Isto não significa que o Princípio da Incerteza seja uma verdade sacrossanta; para começar, é um resultado derivado matematicamente, não um postulado a priori, e resulta da interpretação probabilística da função de onda. Além disto, uma coisa é questionar a interpretação epistemológica deste princípio, outra é negar a sua formulação matemática precisa. Por último, todos os físicos trabalham para descobrir o que falta saber e, deste modo, desafiam a fronteira do que já se sabe; obviamente, tal pode incluir uma teoria em que o princípio da incerteza seja apenas um resultado válido para baixas energias; mas, nesse caso, não obteriamos uma negação do princípio da incerteza, apenas uma versão generalizada deste.

A pseudo-ciência tem como mau hábito anunciar a negação de resultados já estabelecidos, como se a física avancasse por rupturas, como muitas outras ciências sociais. No entanto, na física o progresso é feito por incrementos, mesmo se drásticos, não por negações:

- Aristóteles tinha razão quando dizia que a uma força constante corresponde uma velocidade constante, se estivermos sempre na presença de uma força de atrito adequada (e ignorada);

- Newton percebeu que a uma força constante corresponde uma aceleração constante; no caso da existência de uma força de atrito contrária à aplicada, pode é suceder que a força total seja nula e, como tal, também a aceleração: assim ,temos uma força aplicada constante a corresponder a uma velocidade constante, mas não uma força total não-nula. O Newton generalizou o resultado do Aristóteles.

- Einstein questionou a lei da Gravitação de Newton; substituiu-a pela Relatividade Geral, que é dramaticamente diferente na interpretação. No entanto, a solução para o movimento de um corpo em torno do Sol é, em primeira instância, igual ao previsto por Newton (como tinha de ser, dada a verificação feita pelos astrónomos dos séculos que se seguiram a este último). No entanto, surgem termos extra que podem ser medidos no caso de Mercúrio, por exemplo. Mais uma vez, Einstein não negou o resultado de Newton, apenas o expandiu (enormemente) e reinterpretou. Idem para a relatividade restrita: as transformações de Lorentz correspondem às clássicas de Galileu, se nos limitarmos ao dia a dia, em que as velocidades são muito menores que a da luz...

- Idem para a mecânica quântica: o modelo semi-clássico de Bohr, que apenas roça a quantização, corresponde ao resultado derivado utilizando a mecânica quântica que se lhe seguiu; do mesmo modo, embora entidades estranhas como electrões se possam comportar como partículas (porque têm massa e momento linear) ou ondas (porque têm um comprimento de onda e são difractadas), não temos de temer que o nosso braço atravesse os estores e surja numa figura de interferência na parede da casa em frente -- a mecãnica quântica acrescentou conhecimento no domínio microscópico, mas não nega o comportamento clássico de corpos macroscópicos...

Rui Moreira disse...

Os trabalhos do Prof. José Croca estão publicados em revistas internacionais com refree. Peço ao Carlos Fiolhais que, na mais pura tradição científica, em vez de desencadear uma torrente de calúnias, publique um artigo em que demonstre que a posição do Prof. Croca está errada. Você não é o único. Outros adoptam a mesma atitude. Mas a deturpação do que os outros dizem para tornar mais fácil a calúnia não é legítima.
Desde já lhe digo que o Prof. Croca não afirma que as relações de Heisenberg estão erradas. Diz apenas que estão errados aqueles que pretendem que elas traçam um limite teórico inultrapassável para previsão do resultado de uma experiência em que queiramos medir simultaneamente variáveis conjugadas. Numa conferência proferida na Universidade de Oxford em 1996, já lá vão uns anos, foi a primeira vez que o Prof. Croca tentou mostrar que existe hoje evidência empírica que mostra que o limite imposto pelas relações de dispersão de Heisenberg foi violado empiricamente. Já na altura foi criticado, em Portugal, por pessoas que nunca pensaram profundamente nos fundamentos da Física Quântica mas, mais uma vez, sem que tivessem tido a coragem de publicar as suas opiniões num artigo científico numa revista ligada aos fundamentos da Física.
Já agora aconselho-o vivamente a ler o livro que o Prof. Croca publicou na World Scientific com o título "Towards a Non-linear Quantum Physics" (2003) e, já agora, o que eu e ele publicámos este ano "Diálogos sobre Física Quântica. Dos paradoxos à não-linearidade", Esfera do Caos, 2006.
Agradeço-lhe ainda a possibilidade que nos dá de fazer publicidade grátis a estas obras.

Rui Moreira

Anónimo disse...

PARABÉNS! Os meus sinceros parabéns ao emérito Prof. Ca Fiolhais e a todos os que o seguem!

Acredito que só um misto de inveja e falta de senso/ ignorância o poderia levar a escrever tal artigo, pródigo em calúnias, miserável na argumentação. A verdade é que os limites de Heisenberg foram ultrapassados EXPERIMENTALMENTE. Sim leu bem, isto faz parte do trabalho do Prof. Croca pelo qual recebe a mais alta distinção da associação Santilli Galilei.

Contudo isto não é nada de novo para si Prof. Ca Fiolhais, dado que conhece bem o contexto da questão.

Como é possível que o Prof. Croca isolado, sem nenhum apoio financeiro, alvo de zombaria por alguns “ilustres” colegas, que leccionava aulas práticas de electrónica (não lhe era reconhecida competência para mais) ser convidado para apresentar vários trabalhos nas sessões de honra em congressos internacionais e finalmente a ganhar um prémio internacional.

Tem toda a razão para ficar abismado Prof. Ca Fiolhais que depois de uma vida totalmente orientada para a auto-promoção ganhou o Prémio Globo de Ouro de Mérito e Excelência em Ciência atribuído pela televisão SIC e pela revista “Caras”.

No entanto um prémio maior o aguarda, a ASSOCIAÇÃO SANTILLI GALILEI prometeu oferecer 1 MILHÃO DE DÓLARES (!!!) a quem refutar o trabalho do Prof. Croca.

Está na hora fazer mais que escrever calúnias e foleiradas no seu blogue. Agora é tempo de provar que tem razão. Seguramente que publicará em revistas distintas e será louvado por todos os grupos dedicados às partículas, big-bangs e afins.

É também do seu conhecimento que o trabalho está bem facilitado, pois tal já foi feito na altura em que o Prof. Croca foi impedido de se candidatar a Prof. Associado (!?). Sim mais de 20 “notáveis” professores assinaram a “demonstração” do erro do Prof. Croca e claro a sua franca “incompetência” científica.

Pena que tal demonstração nunca tenha sido publicada em alguma revista. Pode-se argumentar que não havia interesse… Mas agora, toda a comunidade científica está à espera.

Força! Em frente! Toca a mostrar que faz mais que auto-promoção, gerir fundos científicos com os amigos e escrever blogues. Tem tudo a ganhar e muito a perder.

Depois de ter cuspido tanto no seu blogue E TAL TER FICADO REGISTADO, já não pode voltar atrás e desdizer-se. Em termos de política científica vai passar a ser conhecido como ignorante, maldizente, destruidor de talentos, indigno dos cargos que ocupa SALVO DEMONSTRE O CONTRÁRIO e tal não se faz em blogues.

C V F

Anónimo disse...

In response to Dererummundi Blog article

Tuesday, 11 December 2007

Dear Sirs, You have no idea of what you are talking about!
Before writing article dealing with science, one should do serious research on the subject.
The science of Santilli and Myron Evans are a monument to mankind search for truth.
Indeed, the world has never had greater Physicists and Mathematicians (and the people that have used you as bate knows these fact very well!). The great scientists that are members of the Santilli - Galilei Association are among the very best.
The letter to the Nobel prize foundation requesting the Nobel for Mathematics to be given to Santilli, was made in full knowledge that there is no such prize, and in solidarity to the great contribution in pure Mathematics made by Santilli, ie, a sollecitation for a prize in Mathematics.
Its obvious that you have no idea of what Santilli Galilei Foundation it's all about.
Since the Nobel is given to people like Dario Fo, and Arafat for reasons that YOU MAY NEVER KNOW, you should ask yourself why such letter was send out by Dr Marafioti.
The Santilli Galilei and AIAS represent the foundation to the protection of TRUE SCIENCE.
Please read the published work by Santilli and Evans no doubt you would agree a great DEMISE of present Quantum and Relativistic Physics.
See our published material on www.santilli-galilei.com and www.aias.us.
I challenge you, to find us a single living scientist to disprove Santilli's Hadronic science or to challenge ECE listed inconsistancies with the present ongoing dogmatic "model".
If you or anyone do, you will get a "MILLION DOLLARS FROM OUR FOUNDATION".
Hope you will have the decency to publish this letter on your news papers.
Going back to the real issues, if you did your home work, you would soon realised that you up against the greatest conspiracy since the Spanish Inquisition.
Presence Quantum and Relativistic theories ARE ALL CATASTROPHYCALLY WRONG!
The tragedy is that (unknown to you) every PHYSICISTS today are aware of these facts.
Similarly, (unknown to you), you were used as bate by the WIKIPEDIAN FRIENDS that represent today the greatest medium for the proliferation of scientific obscurantism.
GO OUT AND FOUND OUT WHY THAT IS!
I can prove to you that all that its written about Santilli in Wikipedia and Evans it's FALSE!
Santilli and Evans are among the greatest Physicist and Mathematician of all times.
Unfortunately for you, you have ridiculed yourself historically.
Your letter shows clearly that you have no idea on what is going on out there.
In my opinion, you are an illiterate individual with no scientific background whatsoever to qualify in the writing of such sensitive articles.
As to Dr Croca, I can say that Portugal should be celebrating his birth with a public holiday.
Dr Croca is one of the great sons of Portugal.
Finally, I note that the newspapers attacks on Santilli - Galilei are taking place in Portugal.
Could it be that the reason for that may be found in the very fact that Santilli - Galilei its highly followed in Portugal?


Dr Carlo Marafioti

Esta resposta encontra-se publicada na página oficial da Associação. Dado a não publicação de nenhum artigo ou comentário referente no Rerum Natura e para impedir más interpretações do prémio “MILLION DOLLARS” tomei a liberdade de a colocar aqui.

Alexandre Dias

Fernando Fernandes disse...

Que Carlos Fiolhais comente a entrevista concedida por José Croca ao Jornal de Letras, é seu direito na qualidade de físico e de cidadão.
Que classifique o comentário sob o insinuante "label" de pseudociência é, em minha opinião, grave e revela desconhecimento da obra científica de Croca. Por exemplo, o seu recente livro científico "Towards a nonlinear quantum physics"(World Scientific Publishing,2003), vários artigos científicos (com "peer review") sobre o assunto e o livro de divulgação "Diálogos sobre física quântica. Dos paradoxos à não-linearidade" (Esfera do Caos,2007) em co-autoria com Rui Moreira.
Fiolhais, no seu comentário e classificação, aparenta inspiração no livro "Ciência ou Vodu. Da insensatez à fraude" (Editorial Bizâncio,2002) de Robert Park!
Tive a honra de apresentar o livro de divulgação de Croca e Moreira na sessão de lançamento, em Maio de 2007. Eu próprio tive a oportunidade
de discordar, publicamente, de algumas opiniões dos autores sobre temas gerais. Considero, no entanto, as contribuições científicas de José Croca de grande relevância para a física quântica. Croca não põe em causa as relações de Heisenberg. Após estabelecer a sua "nonlinear master equation" mostra que, afinal, essas relações são um caso limite nem sempre válido, mas contido, sublinhe-se, num formalismo mais geral. Croca generaliza e unifica, e sugere, com evidências experimentais, que a mecânica quântica ortodoxa não é a "última palavra". Certamente que Fiolhais conhece, neste contexto, as afirmações de Dirac em Jerusalem, 1979, aquando do centenário do nascimento de Einstein!
Acredita Fiolhais que a "alma" da natureza é linear? Está José Croca errado? Então, Carlos Fiolhais que o demonstre perante a comunidade científica internacional. Se assim for, contribuirá para o progresso da ciência. Pelo contrário, a adjectivação e classificação que usa no seu comentário (o qual não tem qualquer substância científica)são, quanto a mim, científica e deontologicamente deploráveis.

Fernando Fernandes
Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa.

Rui leprechaun disse...

Estou a trabalhar para acabar (temporariamente) com o "obscurantismo" científico...


Hummm... pois vim agora propositadamente ver aqui estes temas sobre o Prof. José Croca e também Ruggero Santilli, cujos trabalhos li por alto aquando destas controvérsias por aqui.

Muito interessante, já que o edifício da ciência não é por certo uniforme.

Ora bem, vou então aproveitar o fim de semana para ler com mais vagar e atenção esses textos que gravei da Net e onde se faz a apologia de uma física mais racional e menos transcendental.

Ora bolas, e eu que todo me encanto com as nebulosidades...

Rui leprechaun

(...e querem-me converter a tão lógicas verdades?! :))

Fernando Henrique de Passos disse...

Ainda não li os trabalhos do Professor Croca, embora os tencione ler, por isso não posso ajuizar do seu valor. De uma coisa tenho no entanto a certeza: o dogmatismo nunca foi bom para a ciência. Achar que a mecânica quântica, na forma como é actualmente aceite, é uma verdade eterna e intocável, e ostracizar quem se atreva a pensar o contrário, mais faz lembrar os velhos tempos da escolástica de má memória. Quanto ao Professor Fiolhais, prestaria um melhor serviço à ciência se, em vez dos seus comentários vagos e irónicos, apontasse algum ou alguns erros que porventura tivesse detectado nos trabalhos do Professor Croca. Concluo observando que li o Capítulo 1 (Introdução) do livro "Towards a Nonlinear Quantum Physics" do Professor Croca (está disponível na Amazon), e que pude daí concluir que ele não pretende "deitar fora" a mecânica quântica, mas apenas inseri-la num quadro mais vasto, dentro do qual ela surgiria como uma boa aproximação à realidade em certas circunstâncias, mas apenas em certas circunstâncias. É sempre assim que a ciência avança.

Unknown disse...
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Armando Almas, Magda Campos disse...

Já agora pago para ensinar doutrina científica, presumo... O que me confunde, digo enquanto ignorante assumido, é que os discursos do prof. Croca se misturam com ideias não tão distantes das dele e provenientes de muitos quadrantes deste nosso mundo bem conceituados... Quanto à questão de Deus, responder-lhe-ei quando recuperar a serenidade relativamente ao meu erro em ter criado a espécie a que o meu amigo pertence...

Deus

sara4u disse...

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