domingo, 6 de outubro de 2019
MORREU GUENTER KUNERT
Em Portugal passou despercebido, mas em 21 de Setembro passado morreu um dos maiores poetas contemporâneos da língua alemã, Guenther Kunert, nascido em Berlim em 1929 e que viveu na Alemanha de Leste. Tenho dele um livro belíssimo "90 poemas", com seis desenhos de Mário Botas e um ensaio de João Barrento, que foi um dos tradutores (editor apáginastantas, 1983). Transcrevo três breves poemas desse livro:
SOBRE ALGUNS QUE ESCAPARAM
Quando o homem
Foi retirado
Dos escombros
Da sua casa
Bombardeada.
sacudiu-se
E disse:
Nunca mais.
Pelo menos não já,
LAIKA
Numa esfera de metal
Do melhor que possuímos
Gira dia após dias um cão morto
À roda da nossa terra
Como aviso
De que também ano após ano
Poderá um dia girar á volta do sool,
Carregado com uma humanidade morta,
O planeta terra
O melhor que possuímos.
COMO LUXO DESNECESSÁRIO
Como luxo desnecessário
Foi proibido o fabrico daquilo a que as pessoas
Chamam lâmpadas
Pelo rei tarso de Xantos,
Cego
De nascença.
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