"Enquanto as escolas de primeira recuperam o grego e o latim (…) e alargam ao primeiro ciclo os ensinos da história e da filosofia, as escolas de segunda mitigam os saberes humanísticos e artísticos, introduzem o empreendedorismo e transformam a cidadania num instrumento transversal de interminável burocracia.
Enquanto nas escolas de primeira a avaliação contínua é um instrumento de exigência e rigor assente na confiança nos professores, nas escolas de segunda a avaliação dá primazia a um inferno processual.
Enquanto nas escolas de primeira as regras disciplinares são simples, sensatas, nas escolas de segunda há um guião prévio, com duas dezenas de formulários. E num elenco de intermináveis argumentos - desde a restrição dos telemóveis para uns até ao "sempre-ligado-e-intocável" para outros -, há uma evidência a sublinhar: as escolas de segunda deixarão os pobres mais excluídos.
Claro que tudo isto não é novo."
Este extracto de um texto publicado na blogosfera com o título "Escolas de Primeira e de Segunda" e assinado por Paulo Prudêncio, professor no nosso sistema de ensino, formula claramente uma preocupação que tem vindo a ser destacada, tanto em análise académicas como em apontamentos mais informais.
A possibilidade de o actual quadro de política de Autonomia e Flexibilidade Curricular, (implementada em vários países) agudizar diferenças de ensino (que se reflecte na aprendizagem entre escolas privadas ou públicas com ou sem currículo especificamente escolar é uma séria possibilidade que importaria investigar. Essa diferença será real ou percepção de quem está no sistema?
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