segunda-feira, 7 de outubro de 2019

UMA ANÁLISE ELEITORAL MUITO BREVE

O facto mais preocupante do dia eleitoral de ontem foi o crescimento da abstenção. É uma vaga de fundo a crescer há muito tempo e os partidos mais instalados fingem que não vêem (e, quando vêem, é quase só para ralhar ao eleitorado que não foi votar neles).

O facto mais importante foi o falhanço da maioria absoluta do PS, apesar da sua vitória clara: ela seria muito má para o país, dada a sua arrogância e  incompetência em várias áreas como a ciência, a educação e a cultura que esse partido tem mostrado, para já não falar da situação grave no sector da saúde. Ao falar de repetir a gerigonça, Costa parece que não percebeu o que se passou. Engana-se ao afirmar que os seus parceiros se consolidaram: o PC caiu muito, saindo da parceria, os Verdes estão desaparecidos em parte incerta, e o BE caiu ligeiramente  (menos cem mil e cinquenta mil votos respectivamente). Do lado dos perdedores estão o PSD (por muito que Rio tivesse tentado disfarçar) e, mais claramente, o CDS (Cristas não pôde nem podia disfarçar o fim da era Portas).  Claro que Costa vai arranjar um governo de PS sozinho, mas não se sabe se será estável. Duvido, pois depende muito não só de factores internos (Rio dará a mão quando necessário?) como sobretudo de factores internacionais. Se houver uma crise, o PS vai ser o primeiro a pedir novas eleições.

Por último: a entrada de vários pequenos partidos no Parlamento é de saudar, pois a pluralidade é sempre um valor em democracia. Só por isso valeram a pena estas eleições, que introduziram mais colorido em S. Bento. Sei bem que o PAN é totalmente inconsistente - é inimigo da ciência em muitos aspectos -  e que o CHEGA quer ser a extrema-direita que não tínhamos, mas a IL e o Livre, muito diferentes e cada um à sua maneira, introduzem novidades num discurso que estava muito estafado.

4 comentários:

Rui Baptista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui Baptista disse...

Na legislatura finda o PAN arvorou a louvável defesa dos animais maltratados, mas rapidamente extravasou estas fronteiras. Que terá de novo o seu corifeu no
pacote para esta legislatura? Como escreveu Maria José Morgado, "no país perdeu um bocado o sentido de ser de esquerda ou de direita. Acho que se calhar tem mais sentido ser honesto, defender interesses de transparência e de integridade que à vezes não tem a ver ser de esquerda ou de direita. Há gente de esquerda que não tem princípios de integridade e transparência e há gente de direita que tem". Preconizo, com tal, um anúncio nos media, a página inteira: "Procura-se políticos íntegros e honestos".

Boa fé disse...

Há algum tempo que oiço falar de Portugal como um oásis na Europa cheia de populismos de extrema-direita com assento parlamentar.
Nunca nos achei intrinsecamente diferentes. Faltava apenas um líder carismático a esses movimentos a nível nacional. Afinal nem isso foi preciso...

Rui Baptista disse...

No meu comentário acima, corrijo "procura-se": procuram-se.

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