sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CONTRIBUTOS DOS TRÊS LIBERAIS, G. CENTAZZI, COR. AMORÓS, E D. PEDRO IV PARA A GINÁSTICA NA CASA PIA - 5

Quinta parte do texto do Professor João Boaventura. As anteriores podem ser acedidas a partir daqui.

Para o efeito importa referir que os alunos da Casa Pia, à data da sua criação, em 1780, pelo corregedor Pina Manique, ficaram instalados no Castelo de S. Jorge. Com Lisboa ainda em ruínas, rescaldo ainda do terramoto, com vadios e gatunos, jovens e adolescentes, muitos deles órfãos, tornou-se obrigatória a recolha de todos, para benefício da cidade e dos carenciados de atenções em cama, mesa, roupa e educação. Homens e mulheres que vagueavam pela cidade, desocupados, foram igualmente conduzidos para o Castelo de S. Jorge, onde se abriu uma loja, e muitas oficinas, com a vinda de mestres do estrangeiro para a fabricação de lonas, brins e tecidos de malha, fiação, tecelagem de seda e algodão, cordoaria, serralharia, carpintaria [28]. O ensino não foi descurado: matemática, química, artilharia e fortificação, óptica, alemão, francês, latim, inglês, anatomia, cirurgia, obstetrícia, desenho, música. A ginástica ou a educação física não figuravam no currículo.

Pina Manique queria mais, desejava actualização, e enviou os melhores alunos para o estrangeiro para estudarem ciências e artes, Londres, Copenhague, Edimburgo, Roma, e também Universidade de Coimbra, o que levou Latino Coelho a considerar a Casa Pia como a Universidade dos Pobres.

Até que as tropas da primeira invasão francesa, em 1807, o ocuparam para se aquartelarem, o que implicou o descalabro da obra de Pina Manique, e a distribuição dos casapianos por outros destinos: asilos, paróquias e conventos. Com o fim da 1.ª invasão a Casa Pia reorganizou-se, em Julho de 1811, no Convento dos Bernardos, mais conhecido como o Convento do Desterro, nele se reagrupando todos os casapianos distribuídos algures, mas, para o efeito, dada a sua responsabilidade na matéria, o Desembargador e Intendente Geral da Polícia, Filipe F. de Araújo e Castro, resolveu, em 31.10.1820 requerer à Academia Real das Ciências a nomeação de uma comissão para estudar e propor as reformas necessárias ao engrandecimento e prosperidade da Casa Pia do Desterro [29].

A Academia acedeu logo a este desejo, tendo a Comissão elaborado a respectiva Memória, subscrita por três académicos mas, sem data, abordando, na “Secção I – Cap. III (educação física e moral), a pp. 396-399, mas o tema é o recreio e as actividades físicas associadas aos diferentes ofícios braçais e manuais (funileiro, sapateiro, tecelão, ferreiro, carpinteiro); na “Secção II – Cap II (Melhoramentos na educação física, e moral / Quanto à educação física no estado de saúde)”, a pp. 404-408, e mais, considera que, di-lo a pp. 404-405:

Convém regular de uma forma sistemática, da qualidade dos exercícios e recreios em que devam entreter-se os Órfãos, e melhorar suas disposições físicas, sendo muito para recomendar, que na ordem dos exercícios se guarde alguma semelhança com os da forma militar; não só porque utilizam ao vigor da constituição; mas até porque dão mais airosidade ao corpo; além das vantagens que resultam da formação de uma espécie de Escola Militar, sempre útil a qualquer Nação, ainda nos empregos civis.
Casa Pia no Castelo de S. Jorge (1780-1807)

Depois da revolução de 1822, a Casa Pia do Convento do Desterro (1811-1833) 
chegou a mudar o nome para Colégio Constitucional dos Artistas [30]

No Capítulo IV, da mesma Secção II – Melhoramentos da Administração, expende as funções adequadas ao Director da Educação Física e Moral (pp. 412-415), considerando que um hábil Médico de probidade e acreditados estudos seria o mais próprio para o desempenhar, sem dúvida um higienista assente no aforismo de que a higiene é a clínica do homem são, posto que aborda os preceitos da Polícia sanitária, tanto nos dormitórios como nas enfermarias, além de tratar das moléstias dos internados. Daqui se deduz que o conceito de educação física igualava ou se assemelhava ao de higiene, e não propriamente ao conceito de ginástica ou de movimento [31]

Portanto, quando Morais Rocha e Fernando Barreto aludem que a parte final apresentada pela Academia foi no sentido de se ensaiar, na Casa Pia do Desterro, uma Escola Nacional de Educação Física [32], tal sugestão não se define apesar de, na Síntese Cronológica, os autores reincidirem na referida Escola, com o senão de que a Memória da Academia não figura na bibliografia, pelo que se fica na incerteza sobre a fonte que permite a asserção.

A única referência que aparece na Mémória, de 36 páginas, diz respeito à formação de uma espécie de Escola Militar, incluída na 20.ª página do relatório, e não no final, e é muito provável que a sugestão dos académicos se tenha reflectido na orientação futura dos casapianos, como mais tarde se verificará [33], porque, atingida a idade de serviço militar, a maioria dos internados preencherá o quadro de recrutas, derá um bom contingente de cabos e sargentos, e alguns oficiais que frequentaram a universidade. Mas a Escola Militar nunca terá a Casa Pia como sede.

D. Pedro IV, pelo decreto de 28 de Dezembro de 1833 [34], expedido da Secretaria de Estados dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, ordenou a transferência da Casa Pia para o Mosteiro dos Jerónimos, o que poderá denunciar ter visitado a instituição do Desterro, antes de 28 de Dezembro de 1833, como se deduz nos três primeiros artigos:


Decreto de 28.12.1833 (In Crónica Constitucional de Lisboa, n.º 135, 31.12.1833)

A sede da nova Casa Pia foi instalada nos claustros do
Mosteiro dos Jerónimos por decisão de D. Pedro IV

Dois dias depois de ter oficializado a transferência da Casa Pia para o Mosteiro dos Jerónimos, terá visitado algumas instituições de acolhimento, dando assim uma atenção muito especial aos órfãos e desvalidos, e motivando a solidariedade, conforme se lê na notícia do Paço das Necessidades, de 30.12.1833:
(In Crónica Constitucional de Lisboa, n.º 135, 31.12.1833)

Ficando assim desfeitas as dúvidas, sobre qual a Casa Pia visitada por D. Pedro IV, bem como a data da visita, retoma-se o historial de Guilherme Centazzi.

Onde se nota o ausentismo pela questões ginásticas ou da educação física, apesar de referenciais para a tese de Paris e para o manuscrito oferecido à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCML), está patente na assunção concordante do Parecer da Comissão de Higiene da SCML, aprovado pela mesma Sociedade, acerca deste escrito, onde se conclui que é por conseguinte a Comissão de parecer, que se deve aprovar o escrito, e intenção do Sr. Centazzi, 1.º por ser o primeiro escrito que trate especialmente desta matéria em nossa língua, 2.º porque ele preenche o fim a que é destinado, e 3.º por ser de suma utilidade para o nosso País. (…). Em 17 de Março de 1836.

Parece um pouco tardio o aparecimento da obra de Centazzi para ser o primeiro escrito sobre a matéria, se não houvesse outras do mesmo âmbito, antes de 1836. Para não criar distâncias maiores era do conhecimento geral que a imprensa se debruçava sobre a matéria. A contribuição dos periódicos da época merece especial destaque, como se pode verificar, entre outros:

A Gazeta de Lisboa, n.º 136, de 9.6.1827, informava que um periódico de Bruxelas publicara um longo artigo onde se demonstrava que “uma boa educação física nas classes inferiores produz em primeiro lugar a importante vantagem de prevenir muitas enfermidades, dando ao mesmo tempo maior aptidão para o trabalho”.

O Interessante, Jornal Instrução e Recreio, n.º IX, de 1835, que, num artigo intitulado “Da ginástica, ou exercício das forças do corpo” (pp. 898 a 900) louva as vantagens da prática da “ginástica, da luta, da carreira, do jogar a barra, e a bola”, e faz ainda alusão ao médico francês Tissot com louvor ao seu trabalho Ginástica Médica, publicado em 1780. Esta referência permitiu a M.J. Henriques de Paiva a sua tradução imediata para português, com notas pessoais, com o título Aviso ao povo acerca de sua saúde por mr.Tissot.

M. J. Henriques de Paiva (1752-1829), entre as inúmeras obras publicadas, alude igualmente ao exercício físico no Aviso ao povo ou sumário dos preceitos mais importantes, concernentes às diferentes profissões e ofícios, aos alimentos e bebidas, ao ar, ao exercício, ao sono, aos vestidos, à intemperança, à limpeza, ao contagio, às paixões, (Offic. Morazziana, Lisboa, 1787).

Com o título de Aviso ao povo ou Summario dos preceitos mais importantes, concernentes á criação das Crianças, estipula, no Artigo V, dedicado ao exercício, que “os homens não podem gozar de perfeita saúde sem exercício”; era higienista quando assevera que “cumpre que as crianças andem sempre limpas”, porque era voz corrente que a higiene era a clínica da saúde; também é pedagogo quando aconselha que “não se confranjam as crianças a estarem assentada”. E acrescenta que “o exercício é o primeiro mantimento da saúde, e o bom ar o segundo”. E é normativista quando estabelece em seis parágrafos, como num decreto, os itens necessários para que do exercício se colham os resultados que a saúde exige.

O seu autor é nada mais que o insigne professor da Casa Pia, Director da Farmácia da Real Casa Pia do Castelo e seu Professor de Química. Depois da 1.ª Invasão Francesa, por ser considerado um afrancesado devido às relações que manteve com os franceses em 1808 ou 1809 (?), foi preso e degredado para a Baía, naturalizando-se brasileiro em 1822 [35]. O pai, António Ribeiro Paiva, era sobrinho de António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1782).

Martinho de Mendonça de Pina e Proença (1693-1743), formado na Escola de Artes de Coimbra, redigiu, em 1734, um volume de 355 páginas com o título de Apontamentos para a educação de um menino nobre, que para seu uso particular fazia (Na Oficina de Joseph António da Sylva, Impressor da Academia Real), que parece quase cópia da obra de Jokn Locke (1632-1704) publicada em 1693 (ler a este propósito pé de página 36). Nele se aconselha a dançar, a esgrimir, e montar a cavalo, fazendo gosto de se aplicar a estes exercícios. E, a páginas 311 e sgts acrescenta: 

O gosto de conduzir um principiante para o delicioso campo das ciências, nos ia fazendo esquecer dos exercícios do corpo, não menos úteis, e agradáveis, e mais salutíferos, que os do espírito. A arte ginástica foi algum dia parte da Medicina; e ainda hoje Sydenham, e outros Médicos aconselham a equitação, como remédio universal de insuperáveis achaques nos primeiros anos: basta, que aos meninos, se lhe permita liberdade, e alguma largueza, que a inclinação natural os encaminhará aos exercícios do corpo, correndo, e saltando: mas se algum for de génio tão preguiçoso, e pesado, que o não faça; se deve provocar, e obrigar a que ande, e corra, ou jogue a péla, exercício cómodo, e que aconselham antigos, e modernos. (…)/ O exercício da espada é utilíssimo à saúde, e vigor do corpo, costumando a estar de pé, e de passos com firmeza, e fortificando os braços, de sorte que não é inútil à profissão de Soldado; (…) nenhum homem sisudo julgará mal empregada uma hora cada dia aplicada ao exercício mais conveniente, para adquirir uma compleição robusta entre todos os que se podem executar dentro de casa; (---) A dança, que além de dar vigor ao corpo, lhe comunica bom ar, e graça, está hoje entre as nações da Europa como divertimento.

Ribeiro Sanches (1699-1783), a quem a imperatriz Catarina a Grande deu um brasão de armas com o mote Acreditava ter nascido para ser útil, não a si próprio, mas ao Mundo todo, em 1760 escreveu as Cartas sobre a Educação da Mocidade, onde se aconselha os exercícios e as práticas desportivas da época, e elaborou o Tratado da Conservação da Saúde dos Povos, explicando a necessidade das actividades físicas no capítulo XXV - Do ócio e do exercício dos Soldados considerados para a Conservação da Saúde.

O bacharel Luiz Carlos Moniz Barreto traduziu a obra francesa de Ambroise Riballier, publicada em 1785, com o título, fiel ao original, Tratado da educação física, e moral das crianças de ambos os sexos, com 358 páginas, e editada dois anos depois, em 1787, pela Oficina. da Academia das Ciências, mas muitas eram as referências médicas fazendo apelo ao movimento, desde o Antigo Regime.

Almeida Garrett (1797-1867), na sua obra, publicada em 1829, Da Educação (ed. Em Casa de Sustenance e Stretch, Londres, 1829), aconselhava: “Os dois breves, simples e excelentes tratados dos D.D. Mello-Franco e F.J. d’Almeida devem andar nas mãos de todos os pais e educadores” (1829: II, 3.ª). Os volumes em referência tinham o mesmo título, aprovados e editados pela Academia Real das Ciências de Lisboa, Tratado da Educação Física dos meninos, para uso da nação portuguesa, o de Francisco de Mello-Franco [36]  (1757-1823), em 1790, e o de Francisco José de Almeida [37] (1755-1844), em 1791.

Garret, na introdução do seu trabalho evidenciava que, “exceptuando algumas memórias sobre educação física, não sei que tenhamos nada escrito nem de educação pública nem da particular” (ix), acrescentando que “na educação do corpo ou física, compilei e simplifiquei as regras gerais da boa higiene e da ginástica” (xiv), para opinar ainda que a dança, a equitação e a esgrima eram artes, não profissões, considerando-as “como gentil ornato da educação nobre ou necessário elemento (...) de toda a educação” (xv), e condenando a profissionalização, nestes termos: “Toda a Europa ri dos gentlemens ingleses que degeneram de cavaleiros em picadores; e não conheço nada tão ridículo como um cavalheiro n’um salão de baile fazendo passos e dificuldades de dançarino da ópera” (I, I, 45).

E acrescentava ainda: “não me canso de repetir que a educação física, a moral e a intelectual são conexas e inseparáveis”, mas “a primeira coisa de que devemos tratar é de formar um bom corpo robusto e sadio, e firmar n’esta educação a base sólida, que só ela pode ser, das outras duas” (xvi, xvii). Na educação do corpo ou física, compilei e simplifiquei as regras gerais da boa higiene e da ginástica ( I, I, 1.ª, 14).

De Centazzi, que nunca indicou nenhuma bibliografia, nem na tese, nem no trabalho oferecido à Academia das Ciências, natural terá sido considerar que o seu trabalho era o primeiro no género a ser publicado em Portugal. O mais grave é a própria Academia confirmá-lo, ignorando os trabalhos já existentes sobre a matéria, quando, muitos deles foram editados pela mesma Academia.

Ainda tentou introduzir em Portugal a prática da ginástica de medicina preventiva, mas as suas intenções esbarraram na incompreensão da época dessa actividade física considerada pouco masculina.

Fique ao menos a glória de ter sido o primeiro escritor português a merecer a primeira tradução para alemão, em 1840, do seu primeiro romance moderno português “O estudante de Coimbra”. A Câmara Municipal de Faro, muito justamente, homenageou-o dando a uma das ruas o seu nome.


O nome do Dr. Centazzi faz parte da toponímia farense desde fevereiro de 1987
(Fonte: blog Marafado)

NOTAS: 

[28] "Real Casa Pia de Lisboa” in “Branco e Negro. Semanário Ilustrado”, n.º 1, 04.04.1897, Lisboa, p. 2.
[29] O relatório pode ser lido a pp. 386 a 453 na “Memória da Comissão encarregada de visitar o Estabelecimento da Casa Pia”, in História e Memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa (Tomo VII, Na Tipografia da mesma Academia, Lisboa, 1821). A Memória da Comissão ocupa as pp 386-421, com 29 Documentos apensos desde a p.423 até à p.504.
[30] Apud História da Formação Profissional e da Educação em Portugal, de Carlos Fontes (29.09.2012).
[31] Quando perguntaram a Herman Boerhaave (1668-1738), famoso médico holandês conhecido mundialmente (um cientista chinês escreveu-lhe uma carta com este endereço : Ao ilustríssimo Boerhaave, médico na Europa.), e considerado o fundador da clínica médica. Como se dizia que a ginástica era a parte da higiene que trata dos efeitos dos diferentes exercícios sobre a economia animal, perguntaram-lhe o que era, para ele, a ginástica, respondeu que era gesta, acta, que em latim significa movimentos, isto é, a ginástica não era mais que movimentos. O médico português Januário Peres Furtado Galvão, no seu Curso elementar de Higiene, de 278 pp, publicado em 1845, apreendeu esta interpretação de Boerhaave, porque no índice pode ler-se Título III- Gesta, e no Cap.I –Ginástica – a arte de conservar uma harmonia salutar entre todas as funções da economia animal e as do sistema locomotor diz-se ginástica. Deduziu daqui que os gesta=movimentos equivaleriam aos gesta=sistema locomotor, já que é neste que se geram os movimentos. Quem estudou com o grande Boerhaave, foi Ribeiro Sanches, chegado à Holanda, em 1730, para fugir da Inquisição, e que, pelo seu valor, em 1731, foi recomendado por Boerhaave à corte imperial da Rússia, onde exerceu durante dezasseis anos altas funções nos exércitos dos czares. E fê-lo porque Boerhaave já tinha convites para a montagem de clínicas em Edimburgo, Londres, Oxford, Cambridge, Dublin, disseminando Institutos Clínicos em toda a Europa. 
[32] Opus cit., pp 25-26.
[33] Em 1897, a Real Casa Pai já tinha um corpo militarizado a imitar o melhor possível o Real Colégio Militar, quer na organização quer na disciplina, quer na farda. Mais tarde, estes normativos. Decreto de 29.09.1909 - Criando um curso de instrução militar na Real Casa Pia de Lisboa (DG n.º 259. 07.09.1903) (M. Guerra); e o Decreto de 02.05.1904 - Aprovando o regulamento da Real Casa Pis de Lisboa (DG n.º 100, 06.05.1904) (M. Reino) haverá ginástica e exercícios militares e "o curso de instrução militar é regido por dois professores oficiais, nomeados pelo Ministério da Guerra, sob proposta da provedoria. Além destes professores haverá um segundo sargento para cada 20 alunos." (Art.º 95)
[34] In Crónica Constitucional de Lisboa, n.º 135, de 31.12.1833, p. 748.
[35] Apud Carlos Maria Eugénio de Almeida “Relatório da Administração da Real Casa Pia de Lisboa; relativo ao ano de 1889-1890.
[36] Uma nova edição do Tratado seria produzida muitos anos depois, por José Martinho da Rocha, em Nosso Primeiro Puericultor, Rio de Janeiro, Livraria Agir Editora (1946). Verifica-se nos escritos de F.M.Franco alguma influência do trabalho de John Locke, influência já patente aliás na obra, editada em 1790, com o título de Tratado da educação física dos meninos, para uso da nação portuguesa. Mas já anteriormente, Martinho de Mendonça, da Academia Real da História, tinha publicado, em 1734, a Educação de um menino nobre, que, segundo Gomes (1964: 132), seria um decalque da obra de de John Locke (1632-1704), publicada em 1693, sobre a educação, o que reflectia a forte influência do pensador inglês. Ao abrigo da Lei de 02.04.1768 (Por Direito Natural e Divino pertence aos Soberanos proibir a introdução, venda, e publicação de todos os livros e papeis, que contém prejuízo da Monarquia, e dos vassalos dela) a Real Mesa Censória proibiu a circulação da obra de Locke, quer na língua original quer traduzida.
[37] Doutor em Medicina pela Universidade de Leyden (Holanda), depois de ter estudado em Coimbra. Segundo Silva (1859, II, 401) “Este medico, conhecido geralmente em Lisboa pelo diminutivo de Almeidinha, em razão da sua exígua estatura, pois era tão pequeno em corpo como grande na sciencia, foi durante muitos annos havido por maçon (...)”

João Boaventura

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