Texto para a contracapa de um livro que compila as intervenções cívicas de Guilherme Valente sobre a educação nacional a sair em breve na Presença:
Em todos estes anos, a crítica expressa nos textos que assinámos nunca foi argumentadamente contestada por aqueles a quem era dirigida. Mesmo quando apresentada em escolas de formação de professores dominadas pelo «eduquês». A única resposta foi a insinuação rasteira.
Iniludível a tragédia, sempre agravados os resultados, alertada finalmente a opinião pública, o «eduquês» puro e duro foi recuando para um silêncio táctico ou mitigadas formulações. O recente «manifesto», aparentemente comandado por uma das suas mais esotéricas activistas (ver, neste volume, «O Regresso da Senhora Ching»), foi a mais recente das suas raras tentativas de reactivação, tornada possível por um arrebanhado «albergue espanhol» de frustradas ambições pessoais.
Perdido ou reduzido, finalmente, o seu poder no Ministério, agora sem o recurso à arma do nepotismo ou da intimidação, extingue-se o foco irradiador da infecção, mas não os seus efeitos, infelizmente perduráveis. O que agora se recorta são míseras tentativas de reconversão, ânsia de manter o estatuto e o emprego. E as esperadas manifestações de ressentimento dos que tendo podido opor-se à praga a deixaram alastrar.
O que não deve ser esquecido é a lição, tantas vezes repetida, na História: um reduzidíssimo número de fanáticos, conquistado o poder político, usando a indiferença geral, pôde fazer refém um País, impondo, durante mais de trinta anos, o que hoje a todos se apresenta como uma loucura hedionda. Uma tragédia educativa nacional que irá marcar durante longo tempo o destino dos Portugueses.
(Quem quiser instruir-se sobre o tema, poderá continuar a encontrar vestígios fósseis da praga na coluna museológica de Daniel Oliveira, que o semanário Expresso mantém nas suas páginas seguramente por justíssimas preocupações didácticas.)
Guilherme Valente
quarta-feira, 4 de abril de 2012
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4 comentários:
Bom, pelo menos agora podemos declarar que não
estamos disponíveis para ser escravos do
"eduquês". Eu tenho-o feito na minha escola.
Recuso os procedimentos estúpidos e
estupidifiantes, o erro e a imbecilidade. E
isso começa a ficar registado nas próprias
atas. De tal sorte que alguns "inovadores"
começam a ter mais cuidado. E chateiam menos.
O que já não era sem tempo.
"estupidifiantes", não, "estupidificantes".
Prezado Dr. Guilherme Valente: Aguardo o livro como libelo precioso contra os verdadeiros crimes que se andaram a cometer em nome da (des)educação da juventude portuguesa.
Cumprimentos amistosos,
Rui Baptista
Caro Guilherme Valente,
Aguardo o livro por ter a certeza de se tratar de mais uma pedrada no charco.
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