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Uma das imagens que nos ocorrem quase de imediato quando pensamos nos universos da ciência, da religião, da arte, da filosofia… é que são universos distintos, separados. E, mais do que isso, estanques. E, mais do que isso, antagónicos. E, mais do que isso, inconciliáveis…

Logo, cada um de nós só pode movimentar-se num deles, nunca em dois, em vários; só pode discorrer segundo as regras de um deles, nunca segundo as regras de dois, de vários. E se tentar ir além de um desses universos prejudica cada um deles.
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Assim estranhamos que um filósofo ou um artista se interesse por ciência, do mesmo modo que estranhamos que um cientista, sobretudo se é das “ciências duras”, seja crente, se enleve com a arte e valorize a filosofia.
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Se reparamos bem, nesta representação social, ou pré-conceito, são os cientistas que ficam mais isolados porque tendemos a achar que só se interessam por (pela sua) ciência!
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Esta representação, como todas as representações, tem, certamente, um pé na realidade (há razões, que aqui omito, para a termos adoptado e consolidado) mas está longe de ser verdadeira: podemos, efectivamente, movimentar-nos em diversos universos de pensamento e de acção, sem os confundirmos, sem prejudicarmos a coerência de cada um, porque temos a capacidade de aprender diferentes lógicas e de as usar com adequação em contexto.
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Na imagem: O padre e cientista Luís Archer.
1 comentário:
Parace que a humanidade tem uma deriva de vícios, de que: nada é possível e nada pode ser; e com o rompante por novos enfrentamentos, descobre-se o que já fora de tempos. Ora, a inteligência por múltipla.
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