Assim começa o livro do físico Alan Lightman "Senhor D. Um romance sobre a criação do Universo" que acaba de sair em Portugal (Asa):
"Se bem Me lembro, tinha acabado de acordar de uma pequena sesta quando decidi criar o universo. Não estava a acontecer grande coisa, naquela altura. Na realidade, o tempo nem sequer existia. Nem o espaço. Praticamente tudo dormia num infinito torpor de potencialidade. Eu sabia que podia fazer o que quisesse.
Para começar, decidi substituir o nada por alguma coisa. A Minha imaginação fervilhava. Doravante, haveria um futuro, um presente e um passado. Na realidade, acabava de criar o tempo. Mas involuntariamente. Foi só porque a Minha resolução de agir, de fazer coisas, de pôr fim à interminável ausência de acontecimentos, exigia tempo. Ao decidir criar alguma coisa, tinha espetado uma seta no informe e infindável Vazio, uma seta que apontava na direcção do futuro.
O tempo foi a Minha primeira criação."
sábado, 14 de abril de 2012
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1 comentário:
Teria sido assim que o Deus-Criador agiu perante o vazio e o... Nada? Tal pensam as religiões. Mas será muito mais racional e credível se se aceitar em Universo sempre existente com a sua massa e a sua energia - cuja realidade ainda desconhecemos na sua quase totalidade, apesar de já atingirmos estrelas e galáxias a muitos milhares e mesmo milhões de anos-luz de distância, o que quer dizer que a luz das estrelas dessas galáxias distantes saiu de lá há esses milhões de anos - como eterno, apenas se transformando continuamente. Aliás, quantos universos, como o que se nos apresenta e no qual tivemos o privilégio de vir à vida para conhecer todas estas fantásticas realidades, existirão? E alguma vez desvendaremos este mistéro, limitados que estamos quer na nossa inteligência, quer condicionados por uma matéria pesada - um corpo! - quer vivendo neste pequeno planeta de um pequeno sistema solar, na periferia de uma galáxia de tamanho médio entre milhões de outras? Ha, quem soubera responder!
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