A proposito da excelente crónica de António Piedade acerca da sequenciação do genoma do Neandertal, deixo aqui alguns números acerca de mais este incrível feito da ciência e da técnica, que me impressionam:
- Foram sequenciadas 4 000 000 000 (quatro mil milhões) de bases, a partir de amostras provenientes de três indivíduos.
- O ADN extraído dos fósseis está extremamente degradado, partido aos bocados: 200 bases é o tamanho médio dos fragmentos de ADN encontrados.
- Os extractos de ADN usados contém apenas entre 1,5% a 5% de ADN de hominídeos.
- 95% a 99% do ADN obtido a partir dos fósseis é de organismos não primatas (microrganismos que colonizaram os ossos).
- Acresce ainda o risco de contaminação com ADN de humanos modernos, o que exige grandes cuidados.
- O genoma do Neandertal foi comparado com o de 5 humanos actuais, de diferentes partes do mundo.
- Tal como qualquer projecto de sequenciação de um genoma de um primata foi realizado por uma grande equipa. O artigo é assinado por 56 autores ligados a 21 instituições.
É uma agulha num palheiro com muita gente à procura!
4 comentários:
Caro David,
Muito obrigado pelas palavras elogiosas.
Mas ainda mais agradecido fico com os acrescentos complementares. Aliás, estou a aguardar, com alguma espectativa, um post do Paulo Gama Mota sobre as consequências antropológicas deste trabalho agora publicado, mas que já andava sussurante pela comunidade científica.
Abraço
António Piedade
Também aguardo esse post sobre as consequências antropológicas, mas tenho de confessar que os zunzuns que sempre me acompanharam, desde o secundário, sopravam a existência de genes neandertais nos seres humanos actuais. Pode ser algo arrogante da minha parte, mas tal como acho ilógico que o planeta azul seja o único com vida neste vasto universo, tb sempre achei que não fazia sentido duas espécies humanas tão próximas não se terem inter-cruzado a nivel reprodutor. Eeheheh, ainda bem que agora tenho provas a acompanhar os "feelings"...eheheh. :)
Mas é como se disse, é algo que sempre esteve "sussurrante na comunidade científica".
4 000 000 000 são quatro mil milhões ou quatro biliões??
Pedro Pereira
Não há um consenso (pelo menos leigamente) quanto à equivalência dos biliões. No entanto, a ordenação internacional, baseada na alemã e inglesa, dá a equivalência de 1 milhão de milhões ao bilião, seguida também em Portugal (nomeadamente, pelos matemáticos).
Na Alemanha, Espanha e Inglaterra, o termo bilião equivalente corresponde actualmente a «um milhão de milhões» (1 000 000 000 000), com doze zeros em vez de nove; e, recentemente, também em Portugal.
Portanto, de acordo com esta convenção internacional, o termo correcto
é "4 mil milhões".
Acresço, contudo, que anteriormente (tal como no Brasil actualmente, onde o termo é "bilhão") um bilião seriam mil milhões (com nove zeros, e não doze).
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