Da última entrevista de Saldanha Sanches, o fiscalista recentemente falecido, ao Diário Económico, de 14 do corrente, sobre corrupção:
D.E. - Quando diz que existe essa corrupção baseia-se em quê?
S.S. - Falo com as pessoas. Mas uma coisa é saber que há corrupção, outra coisa é provar que há corrupção. A prova é muito difícil, basta olhar para o Código de Processo Penal. Por exemplo, se eu levar umas escutas, se for disfarçado com óculos escuros e um bigode e dizer ao fiscal eu quero fazer uma casa em local x; depois o fiscal diz que não pode e eu tiro o dinheiro do bolso e ele aceita o dinheiro e eu gravo isso tudo: não é prova. Como é que eu provo? Imagine: você está a fazer obras e o fiscal diz: "Ah Ah! Obras!, Muito bem. Ou me dá x ou isto é tudo embargado"; e você grava essa conversa com o fiscal: não serve de prova. Vai denunciar o fiscal, arranja um rico sarilho, acaba arguida do Ministério Público. Experimente! Eles não podem provar em relação ao fiscal da obra e põe-na a si como arguida.
5 comentários:
Será que a prova é tão fluida... como isso?!... JCN
Caro JNC
Não é a prova que é fluida, mas o(s) cérebro(s) de quem fez o Código Penal, que até parece ter sido forjado para o(os) ilibar de futuros actos de corrupção, obedecendo ao adágio latino:
Qui cum possitnon prohibet iubet, que o mesmo é dizer quem, podendo, não proíbe, manda.
Pois, que outra conclusão ?
Felicíssima citação! Permita só que, em vez de "manda", proponha o termo "coadjuva", respeitando a semântica e a etimologia. Um pequeníssimo repairo. Com mil perdões! JCN
Caro JCN
Concordo por mais ajustado.
Só não concordo com os mil perdões. Lembre-se que atravessamos a época dourada dos milhões de milhões de euros por essa Europa; portanto, para se actualizar e estar dentro do espírito europeu deverá pedir-me milhões de perdões.
Espero que coadjuve.
quem discute as etimologias numa questão desta importância, parece que tem a lei a seu favor...
ij
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