sexta-feira, 23 de outubro de 2009

GALILEU E SARAMAGO


Minha crónica no "Público" de hoje (na imagem, representação pictórica do julgamento de Galileu):

O julgamento pela Inquisição de Galileu Galilei (um homem profundamente crente e até bem relacionado com a hierarquia da Igreja), no qual ele se viu obrigado a abjurar as ideias do monge Nicolau Copérnico, por elas contrariarem a Bíblia, é bem conhecido. Também é conhecido que o Papa João Paulo II “anulou” a condenação do sábio, admitindo um erro institucional. Mas é menos conhecido que as primeiras observações do céu feitas por Galileu com o telescópio foram logo confirmadas por jesuítas. Um dos maiores astrónomos da época, o jesuíta Cristoph Clavius, que estudou em Coimbra (e que foi grande admirador de Pedro Nunes), manifestou simpatia por Galileu, embora não tivesse chegado ao ponto de admitir o heliocentrismo. Abriu, há poucos dias, no Museu do Vaticano, uma grande exposição de astronomia, que evoca o nascimento da ciência moderna. Neste ano, em que celebramos Galileu, podemos olhar, como ele fez, para os satélites de Júpiter e pensar, como ele pensou, que, ao contrário do que transparece em certos passos da Bíblia, a Terra não é o centro do mundo.

Galileu, quando notou, numa carta à Grã-Duquesa Cristina de Lorena, que "a intenção do Espírito Santo é ensinar-nos como se vai para o céu e não como o céu vai", citava o cardeal Caeser Baronius, bibliotecário do Vaticano, que tinha assim resolvido o conflito entre religião e ciência. Contradições entre o texto da Bíblia e o conhecimento científico já tinham ocorrido antes, mas tinham sido ultrapassadas pelos religiosos mais esclarecidos. Por exemplo, certos trechos das Escrituras segundo os quais a Terra é plana levaram alguns padres antigos a rejeitar o conhecimento grego de que era esférica. Contudo, os cristãos mais cultos aceitaram a esfericidade do nosso planeta muito antes das viagens de circumnavegação. O físico Steven Weinberg ironizou: “Dante achou até que o interior da Terra redonda era um bom lugar para os pecadores.”

Há compatibilidade entre ciência e religião? Penso que sim. Mas, para que haja, como bem mostra o caso Galileu, tem de se abandonar a ideia de que a Bíblia é um livro de ciência. O seu conteúdo não resultou da aplicação do método científico e a apreensão religiosa desse conteúdo tem a ver com a fé e não com a razão. Trata-se de um livro em larga medida ficcional, escrito e reescrito por vários autores ao longo dos anos, que, obviamente, não pode ser levado à letra, como fizeram ontem os cardeais do Santo Ofício e fazem hoje os criacionistas evangélicos. Não é um livro de história, mas um livro de histórias, um livro que faz parte do património literário da humanidade, sendo apreciado mesmo por quem não tem fé.

A Bíblia, mais do que qualquer outro livro, tem sido fonte de todos os tipos de leituras e tresleituras. O escritor José Saramago acaba de dar um exemplo maior de tresleitura. Deixei, há muito, de me interessar pelo autor quando ouvi os seus dislates anti-científicos. Mas, agora, devido ao banzé que se instalou (há quem diga que é puro “marketing” para aumentar as vendas do último livro), não posso deixar de me pronunciar. Saramago falou sobre a Bíblia de uma maneira que, seja-se ou não crente, não é intelectualmente séria. Não foi apenas chamar-lhe “manual de maus costumes” e “catálogo de crueldades”. Foi também ter dito que o Génesis tinha “coisas idiotas”, exemplificando: “Antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?”. A pergunta é que não tem nenhum sentido! É o grau zero da crítica religiosa ou mesmo literária. O que não seria dito se alguém analisasse “O Memorial do Convento” desta maneira tão tosca? Tão errado é levar a Bíblia à letra, aceitando o que lá está, como levar a Bíblia à letra, recusando o que lá está. Francamente, não consigo distinguir entre a teologia básica dos que condenaram Galileu e esta anti-teologia igualmente primitiva de um escritor contemporâneo.

19 comentários:

P. Orlando Henriques disse...

Quero dar-lhe os meus mais sinceros parabéns!

Não sei se é crente ou não, mas também não é por isso que agora lhe dou os parabéns: é pela lucidez com que lê a Bíblia e com que “lê” os outros leitores da Bíblia, sejam eles esclarecidos ou literalistas.

Gostei especialmente da distinção que faz quando diz que é tão «errado é levar a Bíblia à letra, aceitando o que lá está, como levar a Bíblia à letra, recusando o que lá está». Apesar de serem opiniões diferentes a mentalidade ou, pelo menos atitude, é a mesma: teologia ou anti-teologia básicas e «grau zero da crítica religiosa ou mesmo literária».

Não me vou debruçar muito sobre Saramago sem ter lido o livro, apesar de não concordar com qualquer pessoa que afirme que a Bíblia é um manual de maus costumes. Lido com ela todos os dias e encontro nela muitíssimo mais para além das páginas sanguinárias e, além disso, leio-a com fé, e quem a lê com fé sabe ultrapassar roupagens culturais e encontrar na Palavra de Deus alimento espiritual para construir um mundo mais fraterno, tolerante e livre, e não um mundo de violência ou intolerância.

Aliás, parecem-me muito mais intolerantes os que a toda a hora continuam a acusar a Igreja das inquisições e outros erros do passado. Isso lá vai. Foram erros dos quais a Igreja se emendou. Sim, porque a Igreja também se converte constantemente, também está ainda a caminho da perfeição, como tudo o que é humano.
Quem, crente ou não, olhar hoje a Igreja com recta intenção sabe ela não faz mal a ninguém. Pelo contrário, um bom cristão é um bom cidadão.

Mas se dou os parabéns ao Carlos Fiolhais é porque vejo em si uma coisa que ainda hoje não é comum mesmo entre os intelectuais: a inteligência de perceber que a Bíblia não é um livro de história nem de ciência, que tem muito de ficção (eu diria mito).

E tem muito de mito porque pretende transmitir uma mensagem divina, pretende dizer quem é Deus; não lhe interessa nada se o mundo começou em seis dias ou em não sei quanto milhões de anos. De facto dizer que o Génesis tem “coisas idiotas” não é ser intelectualmente sério.

Rui Baptista disse...

Tive hoje a grata oportunidade de ler dois artigos no Público: um de Carlos Fiolhais (aqui reproduzido) e outro de Vasco Pulido Valente. Espero que Saramago os saiba interpretar e deles tirar as ilações devidas. Lê-los, tenho a certeza que o fará...

Anónimo disse...

Peço desculpa pelo atrevimento,já que como habilitações literárias pouco mais tenho que a quarta classe.No entanto discordo do seu ponto de vista sobre a bíblia!Porquê? porque quando interessava e interessa à igreja que seja levada à letra, ela é; nas partes em que há mais crueldade e ignorância já não interessa que seja, então não é.Pois lhe digo que quando eu era obrigado a frequentar a igreja era precisamente essa imagem de crueldade, vingança, castigo divino que nos era transmitida.Os livros de Saramago são romances, são ficção, enquanto que a biblia é apresentada como um livro divino,para ser lido e entendido por todos, desde o mais especialista ao que o não é, como sendo tudo verdades e exemplos a seguir.Logo, Sr. Carlos, não me venha com essa das interpretações não literais.Por isso já reescreveram a bíblia, provàvelmente para a suavizarem, mas eu tenho a outra, que quero guardar para mostrar aos meus netos, para que eles vejam a bondade, omnisciência e omnipotência divinas.Vital Verissimo

Socrates disse...

Nao sabia que o texto de Saramago era suposto ser cientifico. Os excertos apenas servem para demonstrar 'as pessoas que ainda acreditam nesse livro que este pouco sentido faz e que foi escrito por homens (machistas) com interesses proprios e sede de poder, quer dentro da sua casa quer fora.

Anónimo disse...

Concordo com o último comentador, que tem toda a razão.
É exactamente isso, então diga lá onde e para quê é que ela deve ser levada a sério.
É evidente que o Saramago tem razão e que a bíblia é usada como um manual de maus costumes, como comprova a história completamente estúpida, e agressiva, da religião católica.
Aliás, o Papa ainda aceita a pena capital e proíbe os preservativos, por isso está bom de ver que os livros por onde aprendem são muito fraquinhos.
luis

Paisano disse...

No tempo de Galileu não havia a preocupação que existe no tempo de Saramago e que se resume a uma palavra muito na moda hoje: MARKETING.

Já aquando de outra obra do Saramago (Evangelho segundo Jesus Cristo)deu muito geito publicitário para boas vendas os gritos e trejeitos dos representantes da Igreja, quase assemelhando-se a puras donzelas, ofendidas na honra.

E quanto mais demonstravam-se ofendidos mais livros se vendiam.

O que se lamenta é que não tenham aprendido a lição e tenham caído de novo.

Gritem muito, mais ainda, que o Saramago coitado precisa de vender o livro.

Miguel Galrinho disse...

Excelente artigo.

Como ateu convicto, e crítico de muitos aspectos na religião, condeno por completo as declarações de Saramago.

joão boaventura disse...

Era previsível o despertar de reacções quando Saramago escreve ou fala, exactamente porque escreve e fala como forma de reagir à sociedade, no que nela se lhe apresenta como inapropriado ou insensato, contraditório ou ortodoxo.

Afigura-se, independentemente dos considerandos que lhe conferiram as elocuções como forma de publicitar “Caim”, que o autor estaria acusando não a Bíblia mas o Velho Testamento (VT) (escrituras hebraicas), quatro vezes maior que o Novo Testamento (NT) (escrituras gregas). Ali a ira, aqui o apaziguamento.

A este propósito, Plínio Salgado, na “A vida de Jesus” (Editorial Ática, 6.ª ed. corrigida, Lisboa, 1947), coloca na boca de Jesus a separação entre o antes (VT) e o depois (NT):

“ – Ouvistes que foi dito aos antigos: não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (p. 294-295)
“- Ouvistes que foi dito: olho por olho, dente por dente; eu, porém, vos digo que não resistais ao mal, mas se qualquer vos bater na face direita, ofereçais também a outra.” (p. 295)

O Padre Miguel Pomazanski, tem uma forma inteligente de conjugar o antes e o depois, que compartilho:

“Os hinos e as leituras da Igreja nos revelam dois tipos de acontecimentos: O Velho Testamento, como um protótipo, como uma sombra, e o Novo Testamento, como um exemplo, a verdade, como uma aquisição. Nas missas nos vemos uma constante comparação: Adão — e Cristo, Eva — e a Mãe de Deus. Lá — o paraíso terrestre, aqui — o paraíso celeste. Através da mulher veio o pecado, através da Virgem — a salvação. Lá comer a fruta trouxe a morte, aqui a Comunhão dá vida. Lá a árvore proibida, aqui a Cruz da salvação. Lá foi dito: morrerás, aqui — hoje estarás comigo no paraíso. Lá a serpente tentadora, aqui — o arcanjo Gabriel, que traz a anunciação. Lá foi dito à mulher: serás triste, aqui, no sepulcro — alegrem-se. Durante todos os dois Testamentos vemos estes paralelos. A salvação do dilúvio — na arca, a salvação — na Igreja. Três peregrinos visitam Abraão — e a verdade evangélica da Trindade. A escada que Jacob viu em sonho — e a Mãe de Deus, a escada da descida do Filho de Deus para a terra. A venda de José por seus irmãos — e a traição de Cristo por Judas. A escravidão no Egipto — e a escravidão espiritual do diabo. O êxodo do Egipto — e a salvação em Cristo. O arbusto que queimava sem ser consumido — e a sempre virgindade da Mãe de Deus. Sábado — domingo (ressurreição). O ritual de circuncisão — e o mistério de Baptismo. Maná — e a Última Ceia de Cristo. A lei de Moisés — e a lei do Evangelho. Sinai — e o Monte da Bem-aventurança. O templo — e a Igreja do Novo Testamento. A Arca — e a Mãe de Deus. A serpente na haste — e a crucificação por Cristo dos nossos pecados. O cajado de Aarão que floresceu — e o renascimento em Cristo. Tais contraposições podem continuar e continuar.”

Este texto, extraído do capítulo “Porque devemos conhecer o Velho Testamento”, é parte de um link que pode ser visto e lido aqui.

Para finalizar não resisto à fórmula de Camus, “os detractores do futebol são tremendos, obrigam-se a falar do futebol, para parafrasear: os detractores da Bíblia são tremendos, obrigam-se a falar da Bíblia.

Xico disse...

Excelente artigo. Saramago mostrou-se abaixo do que os seus méritos e talento o obrigavam.
O que se diria, meu Deus, se alguns dos comentadores lêsse a Ilíada. Pelo que vi não há tal perigo...

João Pedro Ferrão disse...

Muito bom, Professor. Os meus parabéns.

Carlos Medina Ribeiro disse...

De qualquer forma, a ideia do livro é interessante:

Caim, obrigado a errar pelo mundo (e forçado a saltos no tempo para a frente e para trás), percorre os principais lugares referidos no Velho Testamento e vai falando com aquelas personagens todas, de Abraão a Noé.

Vale a pena lê-lo, o que se faz em poucas horas.

Anónimo disse...

É bem clara a ligação entre a ciência e a religião. Ambas têm o seu ponto de partida na fé. Pois é apenas por fé que os cientístas crêem na regularidade da Natureza, por exemplo, e não haveria ciência sem se pressupor que a Natureza tem regularidades. Por outro lado, a religião pode ser tão ou mais racional que a ciência, basta olhar-se, por um lado, para a crítica da epistemologia actual à forma como ser faz, hoje, ciência e, por outro lado, ao génio dos grandes autores de filosofia medieval. Quem vê num físico de partículas um espírito mais racional que num grande teólogo medieval, vê mal. Portanto, apresentar a separação entre ciência e religião como equivalente razão e fé é apenas um cliché, um coisa mal pensada. Pensar mal, pensar por clichés é a marca de Carlos Fiolhais. Repetir os clichés dos outros é a imagem intelectual de Carlos Medina. Tudo isto é muito claro e bem sabido. Por isso, a única coisa que considero interessante neste "post" é verificar que existem tantos (outros) a gostarem de embarcar na primeira jangada de pedra que se lhes apresenta. É aqui que entra a inteligência de de Saramago. Ele violenta os pensadores-repetidores de clichés. Violenta para vender, violenta para fazer política - é certo - mas violenta igualmente para que se possa pensar. Pensar, neste caso, não a relação ciência- religião, ou a leitura da bíblia, mas pensar na condição humana de se aprisionar, diferenciar e submeter a mitos que ela própria criou. É essa relação que este livro quer pensar e vejo, curiosamente, poucos o terão percebido.

Daniel Marinha disse...

É o do costume, mas que desta vez me surpreendeu por vir de quem vem.

Eu não tenho um curso em Matemática, muito menos em Lógica, mas uma afirmação do género: "é tão errado levar a Bíblia à letra aceitando o que está lá, como levar a Bíblia à letra, recusando o que lá está" não é auto-contradictória?
Ou é suposto daí concluir que se deve aceitar ou não os ensinamentos da Bíblia pelo que não está lá? É completamente absurdo.

Entendo que estivesse a tentar encontrar um compromisso entre espírito ciêntífico e o espírito santo, se tal coisa existe, mas lamento dizer que falhou redondamente.

Anónimo disse...

A Bíblia é um dos maiores pilares da Igreja Católica. Foi inspirada por Deus. Os seus autores limitaram-se a escrever o que lhe foi ditado pelo Espírito Santo. Não é isto verdadeiro tanto para o Antigo como para o Novo Testamento? Foi isto que me meteram na cabeça quando frequentei a "doutrina". O que lá está é para ser interpretado por cada um de nós e não como outros querem que seja. A leitura da Bíblia afugenta as pessoas da religião e foi isso que me aconteceu. A adjectivação de Saramago relativamente à Bíblia não me impressiona minimamente pois penso exactamente o mesmo.
Aconselho o Sr. Professor Carlos Fiolhais a reler Richard Dawkins, Stephen Jay Gould e tantos outros da área da Biologia. Lá verá como "tratam" o conceito de Deus.
Saramago tem a coragem e a lucidez de escrever o que escreve. Quando um destes autores foi confrontado com a questão de definir Deus, respondeu que deve ser um maníaco de baratas pois "criou", para já, 35.000 espécies...! (Mais ou menos estas palavras).
Também se compreende muito mal que a Igreja Católica seja maníaca do sexo recusando-o. Só para a procriação. Quem saiba um pouco de sexologia sabe bem que não é assim e que o sexo domina o pensamento do Homem: não para procriar, mas para gozar, como diria o grande Saramago.
M.M. Almeida Ruas
Endocrinologista

Rui Baptista disse...

Bem sei que se os conselhos fossem coisa boa, na sabedoria popular, ninguém os dava, todos os vendiam.

Mas já que estamos com a mão na massa com o conselho isento de honorários do Dr. Almeida Ruas ao Prof. Carlos Fiolhais, atrevo-me a aconselhar a leitura da relação angustiada com Deus dado por um nome grado das Letras portuguesas no âmbito do conto, do romance, da dramaturgia, da poesia, Miguel Torga. Cito-o: "Deus. O pesadelo dos meus dias. Tive sempre a coragem de O negar, mas nunca a força de O esquecer”

Dumoc disse...

Até aqui neste blogue se defende a Biblia e se ataca quem a desmascara!
A ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana)não pretende que os seus "rebanhos" leiam a Biblia (faz parte da sua doutrina) a Biblia é para ser escutada (trechos apenas) durante a Eucaristia. Não que esteja escrita em algum lado esta poribuição, mas é dito e redito desde a catequese, que só os teólogos poderão correctamente entrepretar a Biblia, contráriamente à Igreja protestante que encoraja o seu rebanho a Ler e meditar (individualmente ) a biblia. É desta maneira assim, notóriamente, passado um atestado de menor idade intelectual aos católicos por parte da ICAR. Os Mistérios de Deus ( e da biblia)não são para ser discutidos pelos católicos essa é a tradição e a única coisa que se pede aos crentes é Fé! Ora bem aqui é que a porca torce o Rabo! Saramago não tem fé (assim como eu e muios mais)mas foi criado numa cultura, num povo, num sistema totalmente influênciado por valores e costumes Católicos. Como tem um espirito Inquiridor cedo começa a questionar o porquê daquilo que lhe é "impigido". Quando começa a confrontar a leitura da Biblia com todo o conhecimento adquirido pela humanidade ao longo da história a conclusão é obvia!
Uma das razões para tanto "barulho" (diria mesmo ruído) à volta das declarações de Saramago é sem dúvida este enorme e generalizado desconhecimento da Biblia, que numa comparação (humoristica) me faz lembrar a crença no Pai Natal!
Por outro lado é perfeitamente possivel acreditar na existêncis de DEUS e regeitar totalmente toda e qualquer religião, uma vez que estas têm origem humana (se DEUS realmente tivesse escrito a biblia não teriamos decerto necessidade de "tradução")e DEUS ou os DEUSES são por defenição Supra-humanos.
Deixem o J. Saramgo sossegado pois é um bom escritor (passei muitas e boas horas na sua leitura)é um espirito Inquiridor e inconformista (sem os quais não estariamos aqui)e que sendo Português merece pelo menos o mesmo carinho que lhe devotam nuestros Hermanos, que sendo um povo muito mais católico que o Português não pretende nunca ser mais papista que o papa!

Tino disse...

Não sei o que me confrange mais: se o elementarismo ignaro das argumentações de Saramago se a sua decadência física expressa no seu extremo envelhecimento...

dumoc disse...

Claro que Saramago está velho, muito velho. Parece que nasceu no inicio do sec XX!Quando Portugal era o resto dum Império e a Suécia dava os primeiros passos para o seu futuro desenvolvimento... Mas mesmo velho e fisicamente debilitado, sózinho consegue pôr em "polvorosa" toda uma sociedade Portuguesa...:)
Sociedade essa que sobrevaloriza a juventude em detretimento da Experiência e do saber adquirido.
pelo menos Saramago chegou a uma Idade avançada e respeitavel. Quem sabe se Eu e Tu lá chegaremos, já para não falar de Portugal!
Passar bem!
;)

Pinto de Sá disse...

Parabéns, prof. Fiolhais, por este texto que só hoje descobri!
Há um aspecto na acusação de intolerância que Saramago assacou aos que lhe responderam que penso merecer uma nota que ainda não vi feita: é que essa acusação cabe na habitual atribuição pelos comunistas das maiores crueldades "à sociedade de classes" com que, com isso, justificam a "necessidade" da "ditadura do proletariado" e a sua própria crueldade para com todos os diferentes e até para com os "iguais"!...

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 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...