sábado, 10 de outubro de 2009

A escrita de São Tomás de Aquino

A propósito de um texto publicado no De Rerum Natura, um leitor questiona se será possível uma pessoa, ainda que seja génio, pensar em duas coisas em concomitância. Mais precisamente, pergunta: será “mesmo possível ler e escrever ao mesmo tempo, ou ouvir e escrever, ou ouvir e ler?”

Deixando de lado dados da Psicologia Cognitiva que nos informam acerca dos limites humanos para realizar, em parelelo e com sucesso, diversas tarefas, lembrei-me do caso que, em geral, é invocado quanto se aborda o assunto.

Trata-se de São Tomás de Aquino, que estudou, escreveu e ensinou sobre tudo ou quase tudo o que no seu tempo era relevante nos campos da Teologia e da Filosofia. Diz-se que tinha uma capacidade extraordinária de concentração, lendo, pensando, elaborando e ditando a vários secretários ao mesmo tempo (há quem diga que eram quatro, mas já vi referidos mais), conseguindo, assim, produzir vários livros em simultâneo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Pois, mas mesmo o Tomás só tinha uma boca, apesar de ser um génio(?). E se calhar na altura dele usava-se aquele tipo de letra muito bem feita que demora balúrdios a escrever e que por isso ele teria imenso tempo para ir pensando. Se calhar, dependendo do ritmo, eu também conseguia, ou a Helena. Já vi por aí jogadores de xadrez a jogar várias partidas simultâneas, em que jogam com 10 ou mais jogadores à vez, e nem são campeões do mundo, são bons jogadores portugueses. É tudo uma questão de tempo e prática.
Imagine que as secretárias do Tomás escreviam lentamente e que ele ia passando por elas e revendo a última frase. Seria fácil retomar o pensamento sobre o assunto , ou não?
Eu fico admirado é de alguém poder pensar no que escreve e no que ouve ao mesmo tempo. Pensar em duas coisas ao mesmo tempo? É muito estranho, é quase como dizer duas frases ao mesmo tempo com a mesma boca!
Mas a Helena poderia fazer melhor serviço e ir investigar papers sobre o assunto, de certeza que alguém já estudou o assunto seriamente. Se eu fosse do De Rerum, era o que faria. Como sou um comentador anónimo, baldo-me!
Mesmo na classe intelectual há muitos gabarolas e mentirosos, é preciso ter cuidadinho com os gajos, estão sempre prontos a mostrar que são mais inteligentes do que são. E eu sou um gajo muito desconfiado!
luis

joão boaventura disse...

Ignoro estas capacidades aqui expendidas sobre S. Tomás de Aquino, mas na sua Summa Theologica consegue provar que Deus não existe, na página esquerda, e que Deus existe, naz página direita.

Aconselharia a leitura da monumental "Théologie négative et noms divins chez Saint Thomas d'Aquin", do Dominicano e Doutor em Filosofia Thierry-Dominique Humbrecht, editado pela Librairie Philosophique J. Vrin, Paris, 2005

Anónimo disse...

Fui dar uma espreitadela a bibliografia do Tomas e nao me parece que tenha tantos livros como o Balzac ou mesmo o Camilo.

http://en.wikipedia.org/wiki/Works_by_Thomas_Aquinas

Se calhar em numero de paginas a obra e maior do que a do Camilo, nao sei, o que sei e que nao e 4 vezes maior (parece-me) e o Camilo nao precisava dessa tretas de 4 secretarias para dar show! O camilo era um gajo engracado e nao me parece que se pusessem com essas manias a professor Martelo.
luis

joão boaventura disse...

Aproveitaria para acrescentar que a teologia negativa de S. Tomás de Aquino, ínsita na fórmula emblemática "de Deus, não sabemos o que ele é, mas sabemos o que ele não é", afigura-se de origem mais remota, de Plotino.

joão boaventura disse...

Ao Anónimo das 16:43

Se estiver interessado na leitura das 17 obras de São Tomás de Aquino, pode lê-las gratuitamente aqui

Anónimo disse...

boventura, tu é que tens lata! Anónimo das 16:43?! Tu também estás anónimo, ó colega, nem bloguezinho apresentas.
Obrigado pelas obras mas acho que não gastarei muito tempo com elas, quando um gajo tem um São atrás do nome eu desconfio, e muito, e então quando é um São que tem mais de quatro secretárias, ui, ui, ui!
luis

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...