sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que acontece quando a ciência se apaixona pela arte?

Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra:

Passam horas sobre horas e meses sobre meses em laboratórios e instituições científicas por todo o país. Assistem, atentamente, ao nascimento de nova ciência e dela fazem a sua matéria-prima. Mas não são cientistas.

O Museu da Ciência convidou não só aqueles que trabalham no limbo entre arte e ciência para darem a conhecer ao público um percurso de vida invulgar mas também aqueles que promovem e reflectem sobres estas questões.

"A cooperação entre cientistas e artistas revela-se fundamental para a compreensão da ciência", avança Luísa Lopes, da organização das Conversas de Arte & Ciência. "A arte pode aventurar-se por territórios que problematizam a nossa identidade: ao implicar os próprios cientistas nos processos criativos torna visível e permanente a necessidade de fazê-los saltar do seu mundo. Por outro lado, o conhecimento de ciência pode ajudar a apreciar a arte, em particular quando os artistas usam o pensamento científico e os mecanismos do mundo natural para criar as suas mais ou menos subjectivas criações/obras", sublinha.

"Portugal ainda é pouco receptivo a parcerias" e "a actividade [em Arte e Ciência] ainda é relativamente diminuta, bem como a receptividade a potenciais parcerias", reconhece Luísa Lopes, da Reitoria e do Museu da Ciência. "Assim, é importante divulgar projectos onde sejam expostas experiências bem sucedidas, o que pode funcionar como estímulo para uma maior abertura das instituições e para a criação de uma plataforma comum de trabalho, como por exemplo o programa Rede de Residências - Experimentação Arte, Ciência e Tecnologia, resultando da cooperação entre a Direcção-Geral das Artes/Ministério da Cultura e a Ciência Viva", frisa.

Para Luísa Lopes, a promoção do interface arte-ciência é, sem dúvida, "uma mais-valia no que respeita à comunicação da ciência, potenciando a sua presença num meio cultural, do qual tem estado frequentemente alheada".

O objectivo das Conversas é precisamente estimular o diálogo entre artistas, cientistas e o público, dando a conhecer a comunhão de espaços de trabalho, de objectos e de vidas que todos os dias acontece entre Arte e Ciência, também em Portugal. Um dos temas em destaque será precisamente o programa de Residências Artísticas em instituições científicas, que no nosso país avança já para a segunda edição.

"A actividade artística sempre se confrontou com o campo da ciência e da técnica. Por exemplo, Leone Battista Alberti (1404-1472) colocou o problema da arte como ciência, individualizando na matemática o terreno comum a artistas e cientistas. Já Leonardo da Vinci (1452-1519) iniciou uma arte como investigação operativa", explica Isabel Azevedo, investigadora em Arte e Ciência e uma das convidadas das "Conversas".

O relacionamento entre o artista e o cientista inscreve-se hoje em várias dimensões, explica Isabel Azevedo. "Actualmente, por exemplo, o atelier é substituído pelo laboratório e os artistas nem sempre dominam tecnicamente os aparelhos ou outros dispositivos tecnológicos, portanto, diversos artistas contemporâneos trabalham com assistentes ou equipas técnicas especializadas na área que querem manipular, seja computador, vídeo, fabricação de objectos, construção de ambientes ou produção de dispositivos electrónicos", avança.

Por outro lado, frisa Isabel Azevedo, a Arte questiona os avanços científicos. "Para alguns analistas, o século XXI irá ser o século da biologia. O conhecimento acerca do mundo orgânico, incluindo o nosso próprio corpo, irá colocar questões culturais relevantes sobre o ser humano, e as implicações da manipulação genética. Tarefa mais uma vez para artistas em colaboração com laboratórios actualmente estabelecidos, como é o caso de Eduardo Kac, que reorienta o seu trabalho artístico para a discussão da nossa própria condição biológica", explica a especialista do Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura.

Isabel Azevedo é uma artista multimédia que explora as relações da arte, ciência e tecnologia, na produção de objectos artísticos, continuando e aprofundando investigação realizada anteriormente, na área de estudos de arte, sobre a plasticidade da luz, integração da óptica e luz laser nas artes visuais, holografia e criação artística, holografia e vídeo, instalações holográficas e ambientes multimédia. Trabalha na criação de invólucros pseudo-emersivos que englobam o observador, tirando-o do seu meio e envolvendo-o numa experiência perceptiva.

Para debater o diálogo entre Arte e Ciência em Portugal estarão no Museu:

- Mónica Guerreiro (Direcção-Geral das Artes),
- Joana Cunha (Ciência Viva),
- Simão Costa (artista do primeiro programa de residências artísticas em instituições científicas),

- Paulo Pereira e Herwig Turk (autores da exposição 'O Laboratório Invisível'),
- Mário Montenegro (companhia de teatro MARIONET),
- Isabel Azevedo (artista multimédia e investigadora em Arte e Ciência)
- António Pedro Pita (filósofo)

As Conversas de Arte & Ciência decorrem no dia 13 de Outubro, das 15 às 18 horas.

A entrada é livre.

Programa:

15h - “Programa Rede de Residências Experimentação – Arte, Ciência e Tecnologia”,
Mónica Guerreiro (Direcção-Geral das Artes), Joana Cunha (Ciência Viva),
15h20 – “iAVi - Arte digital em espaço público: realidades aumentadas.”, Simão Costa
(artista, participante do primeiro programa Rede de Residências),
15h40 - "Laboratório Invisível", Paulo Pereira (cientista) e Herwig Turk (artista),
16h - "Ciência no Teatro", Mário Montenegro (director artístico da MARIONET e
investigador em Teatro e Ciência na FLUC/bolseiro de doutoramento da FCT),
16h20 - "A experiência estética das imagens holográficas”, Isabel Azevedo (artista e
investigadora - Investigação em arte),
16h40 - “Proximidades e distâncias”, António Pedro Pita (Filósofo)
17h - Pausa
17h15-18h - Mesa redonda com todos os intervenientes.

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