sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alan Turing


A habitual crónica de J.L. Pio Abreu no "Destak" de hoje (na foto estátua de Turing num parque em Manchester):

No mês passado, Gordon Brown pediu desculpas públicas pela forma discriminatória como o seu país tratou Alan Turing, uma das mentes mais brilhantes do século XX. Em 1936, Turing imaginou uma máquina muito simples que poderia resolver qualquer problema. A partir do algoritmo proposto com esta máquina, ele próprio colaborou na concepção dos primeiros computadores. Poucos sabem que o mundo informático em que hoje vivemos nasceu da sua cabeça.

O Governo Britânico da altura devia estar-lhe também agradecido pela decifração do código secreto das máquinas Enigma da Alemanha nazi, o que acelerou a vitória dos aliados na II Guerra Mundial. Mas, em vez de agradecer, o Governo Britânico condenou-o, em 1952, à castração química por comportamento homossexual. Perseguido, humilhado e impedido de trabalhar, Alan Turing suicidou-se aos 41 anos.

Este cientista ficou também conhecido pela concepção do Teste de Turing. Ele postulou que uma máquina seria inteligente se um humano, ao conversar com ela através de uma janela opaca, não a distinguisse de outro humano com quem poderia conversar por outra janela. O prémio Loebner é anualmente atribuído ao programa que melhor se comporte na competição.

Nas últimas edições deste prémio, alguns dos juízes humanos convenceram-se que a janela da máquina era ocupada por um seu semelhante. Resta saber se as máquinas estão mais parecidas connosco, ou se somos nós que mais nos parecemos com elas. Aqueles que promulgaram e aplicaram a lei que condenou Alan Turing seriam muito semelhantes a máquinas.

J. L. Pio e Abreu

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