Há poucos dias tive a oportunidade de ouvir no Museu da Ciência de Coimbra uma interessantíssima palestra de Martim Ramiro Portugal, Professor de Ciências da Terra, sobre a vida e obra do seu antecessor na Universidade de Coimbra José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o brasileiro descobridor do mineral onde foi encontrado o lítio e pioneiro da metalurgia em Portugal que no Brasil talvez seja mais conhecido como o "patriarca" da independência do Brasil (ver aqui um excelente sítio sobre José Bonifácio).
Com a devida autorização do autor (que agradeço), transcrevo o teor de um dos "slides" que o Professor Martim Portugal apresentou, com frases textuais de José Bonifácio e o respectivo significado na interpretação do palestrante. Conclusão: José Bonifácio permanece bastante moderno. Mudam-se os tempos, mas não se mudam todos os costumes!
Escritos sobre as Ciências Naturais de José Bonifácio de Andrada e Silva (entre parêntesis interpretação de Martim Portugal passados dois séculos):
1- "A falsa ideia que o povo tem da Ciência"
(Preconceitos sobre a dificuldade)
2- "O ódio que o clero supersticioso lhes tem."
(Prevalecimento de rotinas e velhos conceitos)
3- "O encasquetamento do direito civil e canónico, que dão pão."
(Privilégios das profissões mais rendosas)
4- "A nímia estimação que faz a capital dos estudos frívolos da poesia e retórica."
(A cultura está nas literaturas e nas ciências sociais – conceito antigo)
5- "A seita exclusiva do purismo."
(Preconceitos que prejudicam o saber fazer)
6- "A falta de museus, gabinetes de física e laboratórios."
(A falta de equipamentos e laboratórios)
7- "A negligência dos grandes para este tipo de basófia"
(O não reconhecimento da importância da Ciência e Tecnologia)
8- "A falta de meios dos literatos, para longas observações e experiências custosas".
(A inexistência de condições para investigação porfiada e bem sustentada)
9- "A falta de patriotismo etc, tudo o que pode trazer utilidade à nação".
(Não reconhecimento do valor estratégico da Ciência e Tecnologia).
10- "O modo pouco adulador do filósofo".
(O carácter austero e a expressão dos trabalhos de Ciência e Tecnologia em linguagem sóbria).
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1 comentário:
Impressionante a actualidade das "queixas". Passaram-se quase 200 anos e o problema é o mesmo... Apesar de beneficios tecnologicos, excelentes esforços de divulgação cientifica, avanços extraordinarios da ciencia... Ja chega nao?
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