Os quatro elementos de Empedócles: uma alternativa à materialista e ateísta Tabela Periódica (clique na imagem para aumentar), distribuída pelo re-Discovery Institute.
As investidas criacionistas na terra do Tio Sam, que se traduzem na pretensão de que se deve ensinar religião como se fosse alternativa à ciência - como diz um dos candidatos republicanos à presidência norte-americana, Sam Brownback, os criacionistas apoiam a 100% toda a ciência que não esteja em desacordo com o mais fiável e provado livro de ciência do mundo, a Bíblia - deram origem a sátiras sortidas. Claro que as maiores anedotas são mesmo as pretensões criacionistas, algumas das quais já abordadas em posts anteriores. Mas destaco entre essas sátiras, para além da Igreja do Monstro do Esparguete Voador, a Teoria da Queda Inteligente, publicada na minha Cebola favorita, a Deometria ou matemática para crentes e a deoeconomia, «o estudo da distribuição de recursos que assume que Deus é a 'mão invísivel' que energiza o motor da economia dos Estados Unidos», em que são decalcados os argumentos dos criacionistas.
A teoria da Queda Inteligente era até aqui a minha sátira preferida já que mimetiza na perfeição o discurso criacionista. De acordo com a sátira da Onion, os proponentes da Queda Inteligente, «cientistas» do Centro Evangélico para a Explicação Baseada na Fé, ECFR, afirmam que a «teoria da gravidade» tem falhas e que as diferentes teorias utilizadas pelos físicos «seculares» para explicar a gravidade não são internamente consistentes pelo que mesmo os críticos da Queda Inteligente admitem que as ideias de Einstein sobre a gravidade são irreconciliáveis matematicamente com a mecânica quântica. Estes factos provam que a gravidade é uma teoria em crise, facto irrefutável que apenas a visão materialista e ateísta dos seus proponentes impede reconhecer.
«Os defensores da gravidade de mentes fechadas não conseguem arranjar forma de fazer corresponder a teoria da relatividade geral de Einstein com o mundo sub-atómico» afirmou a Dra. Ellen Carson, uma das principais peritas em Queda Inteligente conhecida pelo seu trabalho com o Ministério da Juventude do Kansas. «Têm tentado fazê-lo quase há um século e, apesar de todas as suas observações empíricas e dados compilados cuidadosamente ainda não sabem como fazê-lo». Carson conclui o «óbvio»:
«Os cientistas tradicionais admitem que não conseguem explicar como funciona a gravitação. O que é necessário que os cientistas em defesa da agenda da gravidade percebam é que 'ondas gravitacionais' e 'gravitões' são apenas palavras seculares para 'Deus pode fazer o que quer que queira'».
Estas sátiras são completamente fiéis ao discurso criacionista, o que as torna acutilantes, já que mostram claramente a argumentação non sequitur que o caracteriza. Mas recentemente descobri o website satírico mais bem conseguido de todos, até no nome: o re-Discovery Institute.
Ironicamente descobri este site no mesmo dia em que um criacionista (anónimo, como sempre) da Terra jovem deixou um comentário num post do Rerum Natura que parece inspirado neste site satírico. Recordando aos nossos leitores o que escrevi no «Uma Crítica Construtiva», isto é, que não penso que as alarvidades anónimas que enchem as nossas caixas de comentários sejam representativas dos cristãos, bem pelo contrário, reproduzo o referido comentário substituindo evolução por «ligação química» e «crença evolucionista» por «crença na Tabela Periódica», já que, pelas razões óbvias, fiquei rendida à argumentação criacionista aplicada à química.
«Assim, muitas das supostas evidências da ligação química não passam de interpretações cuja "força probatória" se encontra totalmente dependente da prévia aceitação da crença na Tabela Periódica. (o que não deixa de ser uma falácia: o raciocínio circular)».
Este excerto poderia perfeitamente constar da lucubração satírica perfeitamente deliciosa, intitulada «O Químico Cego» que, de forma magistral, desmonta quimicamente todos os criacionismos. Na realidade, proteínas, ADN, neurotransmissores, etc. são apenas moléculas, cujas propriedades decorrem da respectiva ligação química e forças (ou interacções) intermoleculares. Ou aceitamos que é um misterioso designer que actua a nível da ligação química, ligações de hidrogénio e forças de van der Waals ou revertemos aos inícios do século XVIII e ao Query 31 do Opticks de Newton.
«Eles (os cristãos que aceitam o naturalismo químico) parecem acreditar que o Criador pode ter um papel na biologia, astronomia ou geologia mas não em química. Estas distinções são falsas, como demonstrado na transformação moderna da biologia numa ciência molecular. Todos os sistemas biológicos são no fundo sistemas moleculares. A vida, no cerne, não passa de química muito complexa. Deus não pode influenciar a biologia se lhe é negado um papel na ligação química e nas interacções moleculares. Deus actua ao nível da Química».
A Tabela Periódica acima reproduzida que, na linha dos «cientistas com senso comum», nega a existência de átomos, «incompatível com os princípios judaico-cristãos porque o atomismo apresenta a matéria independente de Deus, seja porque existe por toda a eternidade e nega a criação por um Desenhador Inteligente seja porque os seus movimentos e acontecimentos são independentes do controle por um Ser Soberano», é o equivalente químico do criacionismo puro e duro, a interpretação literal do Genesis.
Por sua vez, poderemos imaginar um Desenho Químico Inteligente que aceite a existência de átomos e moléculas, apenas indique que há «complexidade irredutível» em muitos sistemas químicos que não pode ser simplesmente atribuída às propriedades periódicas dos elementos e que mostra, literalmente, a «mão» de um criador inteligente. E podemos mesmo prever parte do discurso: que o facto de existirem várias abordagens materialistas à ligação química, o enlace de valência, a teoria de orbitais moleculares, teoria de bandas, etc., confirma que há discordância entre os cientistas sobre as bases da teoria; que muitas das supostas evidências que eram esgrimidas como corroborando a periodicidade das propriedades dos elementos se revelaram falsas, o que confirma a fragilidade científica da «teoria» da ligação química. Que por exemplo, há muitos mais, a electroafinidade do azoto é menor que a do carbono, a energia de ionização do alumínio é menor que a do magnésio. Isto para não falar na contracção dos lantanídeos...
Voltando à argumentação do nosso anónimo comentador, esta faz tanto sentido em termos de biologia como o faz no equivalente químico, «a teoria da ligação química, se pretende ser científica, tem que estar aberta à crítica, inclusivamente à crítica que pretenda pôr em causa a própria ideia das propriedades periódicas no caso de não existir evidência que a suporte suficientemente. Se a teoria da ligação química não tem qualquer base científica sólida, isso deve ser publica e abertamente afirmado, não contra a ciência, mas apenas contra a teoria da ligação química (a bem e em nome da ciência)». Assim e «pelo contrário, a complexidade da química e as coincidências antrópicas favoráveis à formação de moléculas são uma forte corroboração científica da visão bíblica do mundo.» Como tal, já é tempo de os materialistas assumirem a cristodinâmica quântica, que indica claramente qual é a força responsável por todos os fenómenos químicos:
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32 comentários:
Dear Blog-o Owner-o,
I NO speak-a your language, ONLY ENGLISH, but say want to say THANK YOU or GRACIAS for linking-o to our blog-o.
GOD be with your family-ia.
Tanto disparate. E, desta feita, de ambos os lados. Dos ID já sabia há muito dos seus disparetes. Da palmira, sei-o de cada vez que leio um post dela que envolva a tão incompreendida física quântica. Qual será utilidade destes posts?
Não sei do que ri mais: do re-Discovery Institute ou dos comentários acima :))))
O da senhora baptista por Brownback é simplesmente hilariante. O I NO speak-a your language matou-me :)
A "nova" táctica dos criacionistas já é velha, quase que aposto que, como no DA, vamos ver uma enxurrada de supostos novos comentadores que juram a pés juntos serem evolucionistas com coisas na linha do "novissimo" Carlos P :)
Isto se não começarem mesmo com um D-QI. Afinal sem o D-QI não há criacionismo que sobreviva :)
Afinal, a cruzada cristã contra o Harry Potter começou porque uma senhora pensou que uma sátira do Onion era mesmo à séria...
E por falar em patetadas criacionistas, esta é mesmo a sério: parece mas não é uma sátira.
O ministro da educação polaco, o Roman Giertych muito criacionista da Liga Católica Nacional das Famílias Polacas, baniu os clássicos da literatura dos curriculos escolares que passaram a ter só obras de autores nacionalistas e católicos, como JPII.
Mesmo na católica Polónia a medida criou tal burburinho que o gémeo Kaczynski teve de intervir e sossegar os polacos, sim senhor as vossas criancinhas vão poder continuar a ler Goethe, Dostoyevsky e Conrad.
O católico ministro não gostou e fez saber que considerava esta imiscuição do primeiro-ministro uma amostra da "total falta de lealdade da coligação».
Ainda na Polónia:
The Poland’s most powerful Roman Catholic priest who enabled ruling Kaczynski twins to take power in the country two years ago sparked a storm of controversy on Monday when the weekly “Wprost” released tapes on which he calls the President Kaczynski a “conman” and his wife a “witch” who should be put to death.
The tapes, recorded in April during a lecture Father Tadeusz Rydzyk, the founder and head of Radio Maryja, a popular, conservative and nationalistic radio station, was giving at his Catholic college (the monk runs his own media empire consisting of radio and television stations, a newspaper and a school of so called “Catholic journalism”), depicted Rydzyk complaining that Lech Kaczynski and his wife Maria had betrayed him when they dismissed parliament’s plans to tighten already strict anti-abortion laws.
Achei muito interessante o post que escreveu e links.
cumpz
Não sei o que a Física Quântica tem a ver com o evolucionismo, mas o que eu sei é que tanto o post sobre a Emmy Noether, quanto este, contêm diversas imprecisões e erros. Se diverte a Joana ler post com erros científicos ou históricos, ou se considera santificada toda a palavra da Palmira, tudo bem, mas tenho que concordar que temos, tanto sentidos de humor divergentes, como noções diferentes do que seja o rigor intelectual aplicado à divulgação científica.
Quanto ao DA e ao novo que afinal é velho; não sei a que se refere. Mas divirta-se - agora a sós - e especule estupidamente. Caramba, no seu convento são todas iguais a si?
Caro Carlos P.
Não sei se reparou mas... este post é uma sátira sobre a argumentação criacionista :-) Como tal é natural que tenha imprecisões e erros - non sequitur, nomeadamente - porque quer eu quer os editores da Onion tentámos mimetizar o discurso criacionista, que é de uma ponta à outra imprecisões e erros.
Sobre o post da Emily Noether se não se importa agradecia que dissesse quais os erros e/ou imprecisões históricas encontrou.
Simplesmente adorei a antecipação! A jogada só pode vir a dar golo!
Fiquei entusiasmadíssimo com a deometria e a cristodinâmica quântica, apesar de bem documentada fotograficamente, tem as cruzinhas dos limões mal desenhadas.
Não vá alguém não identificado pegar por isso.
Artur Figueiredo
O post mais hilariante no Rerum Natura. Já conhecia a Igreja do Monstro do Esparguete Voador, mas a Teoria da Queda Inteligente e a deometria não ficam atrás!
O resumo da deometria está sumplesmente o máximo :)
"Forget about isosceles triangles and the Pythagorean Theorem—they're square. The hottest trend in high-school math these days is deometry, the study of how the Creator created points, lines, angles, shapes and proofs. While critics decry the entry of religion into math class, fans of the new teaching method maintain that by giving God a primary role in geometry and other fields of mathematics, they are merely restoring balance to an area that has sought to remove all vestiges of religion from the public polygon."
Na cristodinâmica estou com o Artur Figueiredo. As cruzes mal desenhadas são um erro científico muito grave :) Como se me varreram os pormenores de quântica e química dou uma achega histórica para o peditório non sequitur (em português corrente, o que tem o c... cós a ver com as calças)
Uma pesquisa rápida na internet indica imprecisões históricas gravissimas na tabela do re-Discovery Institute. Não diz que há quem diga que o pai da Tabela Periódica foi Lothar Meyer :)
Depois das cruzes mal desenhadas, outra falha gravissima que denota uma falta de rigor intelectual inadmissivel em divulgação científica :)
Sobre os apocalítpicos criacionistas vejam esta:
"I have never witnessed any spectacle as politically extreme, outrageous, or bizarre as the one Christians United for Israel produced last week in Washington. See for yourself."
Espectáculos políticos extremos em Portugal: o grande defensor da teocracia católica, Pedro Arroja, o que escreveu que liberdade NÃO era podermos fazer o que queremos (isso é "libertinagem"), mas apenas podermos fazer aquilo que é bom para nós, determinado pela ICAR porque o Papa é que sabe o que é que deve ser proibido fazer para ficarmos mais livres.
«Se, porventura, me fosse perguntado qual a instituição que nos últimos dois séculos mais danos produziu nos países predominantemente católicos do sul da Europa e nos seus descendentes por toda a América Latina, eu não hesitaria na resposta - a democracia. (...)
Na realidade, durante este espaço de 200 anos, os melhores períodos destes países, em termos de prosperidade económica, social e até cultural, não foram conseguidos sob condições democráticas, mas sob a autoridade de um césar. Para mencionar alguns exemplos, Salazar em Portugal, Franco em Espanha, Pinochet no Chile, Peron na Argentina.»
Para não dizerem que só bato na direita, uma batida à esquerda :) O pensamento relativista "libertador" do BSS mereceu honras desse grande democrata que é o presidente Hugo Chavez
"Boaventura Sousa Santos recebe menção honrosa do "Prémio Libertador ao Pensamento Crítico -2006" pelo Presidente da República, Hugo Chávez Frías"
Em relação ao post da Emmy Noether:
Bohr não foi quem, pela primeira vez, aplicou a hipótese dos quanta ao átomo. (aliás, a expressão "em que pela primeira vez a quântica foi aplicada ao átomo" é bastante vaga)
É de todo incorreto colocar, historicamente, Heisenberg em Göttingen. Grande parte do período entre 1924 e 1927 foi passado em Copenhaga.
A Dreimännerarbeit é de novembro de 1925, e está muito longe - a léguas- de ser uma teoria quântica consistente e completa. De resto, dizer-se que era uma teoria completa é de todo um erro grave, pois, entre muitas outras razões, não é fisicamente equivalente à mecânica ondulatória.
A equivalência matemática, e apenas matemática, entre os dois formalismos já havia sido mostrada por Schrödinger em 1926.
Outro erro grave encontra-se na afirmação que Van Neumann desenvolveu uma versão própria da mecânica quântica.
E continua... Depois, a esta história toda faz a falta referir os trabalhos de Pauli, Kramers e Dirac.
cara Palmira:
É de facto gravissimo o erro que cometeu no post, dizer que de 1924 a 1927 o grande Heisenberg frequentava as prais da costa da caparica quando na verdade está demonstrado que durante este tempo morou na fonte da telha é de facto uma grave imprecisão. Gerações e gerações de futuros alunos de fisica serão irremediavelmente prejudicados pelas suas descaradas mentiras.... shame on you.
E além disso fazer referencia a «o quimico sério» quando na verdade o real nome é «O quimico invisual» é incómodo para não dizer fortemente politicamente incorrecto, shame on you duas vezes...
Caro Carlos P:
continua acim, forte que nem um rochedo, hás-de matálus pelo canssasso...
satanucho
Fiquei a pensar neste post (e já lá vão 500, (são muitos!) sinceros agradecimentos aos autores e também a todos os comentadores das caixas) desde ontem quando o li porque tenho este estranho hábito em relação ao que leio. Chego a pensar se por vezes tenho que ligar o sistema de válvulas possivelmente porque o silício dos chips em excesso me faz ranger os dentes :)
Tinha a ideia que as quedas eram sempre estúpidas e, daí a nada, afinal são sempre inteligentes. Uma pessoa fica azamboada. Pensei, prontos! Em cada queda uma pessoa pode sempre aprender onde é que não deve pôr os pés, logo fica mais inteligente. Mas depois também me ocorreu, com o fardo do criador (e inteligente) em todas as coisas é natural que o peso as faça cair. Ambas as hipóteses me convenceram, claro!
Sobre inteligência, também me lembrei: com tanta gente tu cá tu lá com o criador, não arranjariam também uma política inteligente. Claro, equívoco meu porque isto já arranjaram! Com o nosso padrinho americano este quintalinho a que chamam planeta ficou muito mais agradável para todo e qualquer ser vivo, logo, cá está a política inteligente.
Sobre o post ainda, há algum tempo a minha companheira chamou-me à atenção que alguns posts sobre criacionismo também tinham o label de humor. Este, claro, confirmava-o, não só pelo texto da professora Palmira como também, pelos sorrisos amarelos da maioria dos políticos europeus relativamente ao que se vai passando na Polónia, que a Joana num comentário anterior refere e também pelos curtos mas sinceros sorrisos da cor que quisermos de todos nós portugueses por este galardão atribuído pelo Chaves a um nosso conterrâneo sublinhado pelo João Paulo noutro comentário. Afinal já podemos dizer que não são só a Vanessa Fernandes e a Naide Gomes a trazer medalhas! Também me lembrei do "nosso" Nobel para exemplo, mas afinal parece que ele já é Ibérico.
Só posso concluir que não nos faltam motivos para rir e pelos vistos, inteligência também não, a ser verdade o que nos vão dizendo estes crentes inteligentes.
Artur Figueiredo
Na falta de argumentos científicos a favor da evolução, os evolucionistas recorrem à única arma que têm disponível: contar anedotas.
Para eles, a sátira, a anedota e a caricatura provam a evolução naturalista para além de qualquer dúvida razoável.
De resto, a anedota do Esparguete Voador só atesta que o pensamento evolucionista é essencialmente retorcido e aéreo. Só assim se lembrariam dela.
Os criacionistas pedem apenas evidências de evolução e dispensam as anedotas.
Neste post da Palmira continuamos a observar a mesma falta de argumentos científicos de sempre.
Mas as anedotas começam a desempenhar um papel fundamental na argumentação evolucionista.
Continuem assim que estão a dar informações muito relevantes sobre a profundidade do pensamento evolucionista!
"Genetics has no proofs for evolution. It has trouble explaining it.
The closer one looks at the evidence for evolution the less one finds of substance.
In fact the theory keeps on postulating evidence, and failing to find it, moves on to other postulates (fossil missing links, natural selection of improved forms, positive mutations, molecular phylogenetic sequences, etc.). This is not science.’
Professor Maciej Giertych, B.A., M.A. Oxon, Ph.D. Toronto, D.Sc. Poznan, Director do Departamento de Genética, Academia das Ciências da Polónia.
In the Foreward to Creation Rediscovered, by G.J. Keane, Melbourne (Australia), 1991.
"There has been in recent years the horrible realization that radiodecay rates are not as constant as previously thought, nor are they immune to environmental influences."
‘And this could mean that the atomic clocks are reset during some global disaster, and events which brought the Mesozoic to a close may not be 65 million years ago but, rather, within the age and memory of man.’
Frederic B. Jueneman, FAIC, ‘Secular catastrophism’, Industrial Research and Development, June 1982, p. 21.
Enquanto a Palmira se entretém a contar anedotas (devia candidatar-se a um programa de TV da especialidade), convém dar conta de alguns avanços interessantes no debate entre criacionistas e evolucionistas.
Os criacionistas vinham, desde há muito, apontando as premissas indemonstráveis e em muitos casos refutáveis e refutadas, de que dependiam os métodos de datação com base no decaimento de isótopos.
No seu recente estudo RATE (Radioisotopes and the Age of the Earth, diponível em dois volumes e na internet)vários cientistas criacionistas apresentam evidência de episódios de decaimento radioactivo no passado.
Durante muito tempo, isto era considerado uma heresia na física. Apesar de só se medirem as taxas de decaimento há cerca de 1 século, entendia-se que as mesmas eram constantes, pondendo assim extrapolar-se com segurança para o passado distante.
No entanto, hoje esse entendimento começa a ser questionado mesmo em círculos não criacionistas.
Um exemplo recente pode ver-se em
no artigo da revista New Scientist.com
Half-life heresy: Accelerating radioactive decay
(21 October 2006
Magazine issue 2574)
Aí se fala do físico Claus Rolfs, da Universidade de Ruhr, em Bochum, na Alemanha.
O mesmo afirma, de forma tão ousada como controversa, que é possível reduzir substancialmente a meia-vida dos isótopos, de alguns milénios até alguns anos.
No seu entender, é tempo de rever o entendimento tradicional segundo o qual a taxa de decaimento é constante e independente de factores ambientais.
Eis o que ele afirma:
"When I was studying physics, my teachers said nuclear properties are independent of the environment - you can put nuclei in the oven or the freezer, or any chemical environment, and the nuclear properties will stay the same," says Rolfs. "That is not true any more."
Se este físico alemão estiver certo, como um número cada vez maior de pessoas se mostra pronta a admitir, isso pode ter profundas implicações não apenas para o tratamento de resíduos, mas também para uma revisão das ideias dominantes sobre a antiguidade da Terra.
Em vez de gastar tempo e energia contar anedotas e a repetir acriticamente catecismos aprendidos sabe-se lá onde e com quem, seria mais interessante e intelectualmente estimulante acompanhar as novas descobertas científicas.
Pelos vistos os cristãos preferidos da Palmira são os que colocam a ciência falível dos homens acima da autoridade infalível de Deus.
Se esses cristãos realmente conhecessem a Bíblia e as “provas científicas” da evolução nunca cairiam no desgraçado erro de colocar a teoria da evolução acima da doutrina da criação.
Além disso, é teologicamente absurdo tentar compatibilizar o Deus da Bíblia com a “lei da sobrevivência do mais apto”.
Jesus Cristo encontra-se nos antípodas do salve-se quem puder.
Esta lei existe, é um facto, mas é teologicamente compreendida como uma consequência da queda e da subsequente maldição que Deus fez impender sobre a natureza.
Infelizmente a mesma lei parece dominar as relações entre os seres humanos. Daí que tanto se fale de corrupção, desonestidade e comportamentos predatórios na política, na economia, no desporto, na religião, na ciência, etc.
A Bíblia afirma que quando Deus criou o Universo viu que tudo era bom. Ora, se a morte, a doença e o comportamento predatório, que caracterizam a evolução, são bons, o que será mau?
A Bíblia afirma que a morte física e espiritual é consequência do pecado que afectou toda a criação.
Um cristão que aceite a teoria evolução tem que aceitar que a morte, o sofrimento e a doença já existiam antes do pecado, contra o que a Bíblia afirma.
Além disso, tem que aceitar que a morte, o sofrimento e a doença são os meios que Deus usa para criar as coisas.
Se a morte não é consequência do pecado, porque é que Jesus teve que morrer em nosso lugar?
É por perderem a fé no Génesis que muitos cristãos acabam por desacreditar no Evangelho, sendo que a essência deste é a ressurreição física de Jesus Cristo (também ela um facto cientificamente impossível).
A Bíblia diz que Deus criou tudo perfeito e completo quase instantaneamente.
A complexidade irredutível da vida e as centenas de coincidências antrópicas precisamente sintonizadas em todo o Universo (macro, micro e nano) mostram que este é, no seu todo, um sistema irredutivelmente complexo adequado à vida.
Exactamente o que decorreria de uma criação em seis dias.
Os sinais de degenerescência, entropia, desordem, ruído, etc., que se descobrem em toda a criação são interpretados pela Bíblia como manifestações de uma natureza decaída no seu todo.
É precisamente por isso que a Bíblia fala de um futura restauração de toda a criação.
É um erro pensar que o criacionismo é exclusivo dos evangélicos.
Existe um número significativo de católicos (v.g. Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Polónia, Brasil) que tem visto que não existem razões científicas e teológicas que justifiquem um abandono da doutrina da criação.
Os mesmos têm os seus sites na internet disponíveis a todos.
A razão humana, ela própria decaída, deve assumir uma atitude ministerial e não magisterial em face da Palavra de Deus.
A escolha do cristão em matéria de origens é: ou confia na Palavra de Deus, definitiva e infalível, a única testemunha da criação, ou confia nas especulações provisórias e falíveis de seres humanos que não existiam quando Deus criou o mundo.
por falar em anedotas: ahahahahah
«Vejo que na Alemanha e nos Estados Unidos se dá um debate bastante duro entre o assim chamado ‘criacionismo’ e o evolucionismo, apresentados como se fossem alternativas que se excluem: quem crê no Criador não poderá pensar na evolução e, pelo contrário, quem afirma a evolução deveria excluir Deus.»
«Esta contraposição é um absurdo, pois por uma parte há muitas provas científicas e a favor de uma evolução que se apresenta como uma realidade que temos de ver e que enriquece nossa consciência da vida e do ser como tal.»
«Mas a doutrina da evolução não responde a todas estas perguntas e não responde, em particular, à grande pergunta filosófica: de onde vem tudo? Como se empreendeu todo um caminho que chega finalmente até o homem?»
«Parece-me muito importante», explicou, «que a razão se abra mais, que certamente veja estes dados, mas que também veja que não são suficientes para explicar toda a realidade.»
«Não é suficiente, nossa razão é mais ampla e pode compreender também que nossa razão no fundo não é algo irracional, um produto da irracionalidade, mas a razão precede tudo, a razão criadora, e que somos realmente o reflexo da razão criadora.»
«Fomos concebidos e queridos e, portanto, há uma idéia que me precede, um sentido que me precede e que tenho de descobrir, seguir e que, em última instância, dá sentido à minha vida», sublinhou.
Bento XVI, 27-07-2007
Já há muito se sabia que muitos dos argumentos evolucionistas a favor da evolução eram anedóticos (v.g. órgãos vestigiais, junk-DNA, Neandertais, Homo Erectus, Lucy, Archaeoraptor).
Agora vemos as anedotas transformadas em argumentos a favor da evolução.
Isto chama-se evolução do pensamento evolutivo. Os criacionistas prevêem que o recurso a este tipo de retórica anedótica tenderá a aumentar nos próximos anos. A Palmira será a Cheer Leader.
Os evolucionistas riam-se quando os criacionistas criticavam esses e outros argumentos, mas os últimos estudos têm vindo a dar razão aos criacionistas nessas e noutras matérias.
Daí que quanto mais os evolucionistas se riem, mais amarelo vá ficando o seu sorriso. Esta também é uma previsão criacionista.
Agora, parece que uma outra estratégia discursiva consiste em mobilizar o Papa a favor da causa evolucionista.
Os evolucionistas criticam os católicos por seguirem o Papa, mas criticam os criacionistas bíblicos por não seguirem o Papa. Em que ficamos?
Os argumentos a favor da evolução resumem-se em falácias, anedotas e argumentos de autoridade (incluindo o Papa!!).
A doutrina da criação é a primeira doutrina bíblica e o fundamento de todas as doutrinas subsequentes. Se o Papa não a segue, o problema é dele.
Ele que não se admire se muitos acharem que a Bíblia não é para levar a sério quando fala de moralidade.
Na verdade, se a Bíblia está errada quando fala de Adão e Eva, porque é que há-de estar certa quando fala do pecado que começou com Adão e Eva?
E se está errada quando fala do pecado, porque é que há-de estar certa quando fala da salvação do pecado?
Sem a doutrina da criação, as doutrinas da queda, do dilúvio, de Babel, da escolha de Israel, da promessa de salvação, da encarnação e da ressurreição de Cristo, do regresso de Israel à sua Terra, da segunda vinda de Cristo e da promessa de restauração final de toda a criação não têm sentido.
Se cai a doutrina da criação do Génesis caem todas as outras que dela dependem.
Se a Igreja não defende a doutrina do Génesis, não deve admirar-se se as pessoas começarem a duvidar de todas as outras.
Se Adão e Eva forem duas metáforas, provavelmente Deus também será uma grande metáfora.
Em todo o caso, se quiserem ver o que os católicos criacionistas pensam sobre o Génesis e sobre a interpretação Papal do Génesis, podem ver:
http://www.kolbecenter.org/
O movimento da Reforma Protestante desencadeou-se exactamente porque havia a convicção entre muitos católicos (incluindo o monge agustiniano Martinho Lutero) de que o Papado não seguia a Bíblia. A mesma convicção mantem-se até aos dias de hoje.
Os criacionistas concordam com o Papa quando ele segue a Bíblia e discordam do Papa quando ele discorda dela.
Mais, os evangélicos entendem que não existe um fundamento bíblico sólido para o Papado.
Pedro nunca foi Papa, nunca se autocompreendeu como tal nem nunca foi visto pelos seus pares como tal.
A Bíblia relata que quando o centurião romano Cornélio se ajoelhou diante do Apóstolo Pedro, este disse-lhe imediatamente: "levanta-te que eu também sou homem".
Já viram algum Papa a dizer isto aos milhares de pessoas que se têm ajoelhado diante deles?
Voltamos sempre a cair no mesmo. O criacionismo pode definir-se como a doutrina de introduzir deus em todas as lacunas de conhecimento (quer existam quer não).
Mas ok, vamos dar uma hipótese séria ao nosso creacionista anónimo de se explicar. Por favor, pedia-lhe que me indicasse os "recentes estudos" que mostram que são "anedóticos" argumentos (na verdade, não são meramente argumentos, mas pronto) como "órgãos vestigiais, junk-DNA, Neandertais, Homo Erectus, Lucy, Archaeoraptor".
Depois, para que não se pense que o criacionismo é uma doutrina que meramente aponta falhas na ciência para depois dizer "ah, não sabem explicar, então é deus", pedia-lhe também que me indicasse os estudos alternativos que mostram que o criacionismo pode ser de facto verdade. Mas peço-lhe que o faça então pela positiva. Que me diga "a nossa teoria é esta, suportada por estes factos".
Ou seja, por exemplo, peço-lhe que me indique estudos que mostram que os "factos" que a bíblia relata podem ser verdadeiros. Estou a falar, entre outros, da possibilidade de todos os seres humanos terem surgido de um só casal, Adão e Eva. Afinal, incesto é pecado. E mesmo que não fosse, resulta em mutações genéticas (creio que esse facto empírico não disputa). Então como chegámos dos filhos de Adão e Eva até nós?
Creio que todo o Mundo lhe ficará muito grato se o conseguir explicar, e todos os cientistas, por muito anti-criacionistas que sejam, terão de o levar a sério. Agora, se a sua resposta voltar carregada de insultos, retórica oca, ou lhe escapar aquela frase de que "os caminhos de deus são os da fé", então por favor pare de fazer perder o tempo de todos.
As respostas às questões colocadas no post anterior já tinham sido objecto de referência por parte de vários criacionistas que intervieram neste blog. Mas não custa repetir pelo menos as mais importantes.
Além disso, as mesmas encontram-se respondidas com linguagem técnica, em:
www.creationwiki.org (enciclopedia criacionista on-line).
Eis alguns dados:
1) Os Neandertais afinal são verdadeiros seres humanos. Isto mesmo é afirmado pelo antropólogo Erik Trinkaus, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, há algumas semanas atrás.
2) Richard Leakey manipulou o crânio 1470, de um macaco, para se parecer com o de um ser humano. Também esta fraude foi recentemente descoberta, à semelhança do que tem sucedido noutros casos, entre os quais se destaca as recentemente descobertas fraudes do antropólogo Alemão Rainer Protsh von Zieten, que manipulava esqueletos para os vender aos museus como “evidências” da evolução.
3) A conhecida “Lucy” foi afastada dos ancestrais do ser humano, passando a ser qualificada como um macaco (no sentido genérico do termo). Um recente artigo na revista Proceedings of the National Academy of Science, escrito por três cientistas de Tel Aviv, veio sustentar que o Australopitecus afarensis não é ancestral do ser humano, como durante muito tempo se afirmou.
É claro que os evolucionistas terão que ir à pressa recrutar uma substituta para a Lucy, nem que para isso tenham que mobilizar um qualquer outro macaco. Quanto à Lucy, se tivessem desconfiado dos seus próprios modelos, os evolucionistas teriam evitado sujeitá-la à humilhação de uma despromoção.
4) Andreas Reichenbach, juntamente com outros cientistas alemães do Paul-Flechsig-Institute of Brain Research, da Universidade de Leipzig, acabam de demonstrar que a retina, longe de ser um exemplo de mau design, como erradamente se tem sustentado, é mais complexa do que se pensava. A mesma dispõe de uma sofisticada rede de fibras ópticas de elevada performance, que canaliza a luz através dos 400 000 fotoreceptores por ml^2, sem qualquer perda. É claro que isto pode ser visto como mais uma evidência de design inteligente na Natureza. É exactamente o que seria de esperar se a Natureza tivesse sido o produto de design inteligente. É claro que os autores da investigação, como estão impedidos de atribuir o design na natureza a Deus, tiveram que concluir, de forma tudo menos lógica, com as palavras teomórficas de Reichenbach: “a Natureza é tão inteligente!” (como se a natureza tivesse cérebro para pensar!) O trabalho foi publicado na edição de 30 de Abril do Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
5) Os criacionistas sempre suscitaram objecções ao conceito de "junk-DNA". O seu modelo prevê que o genoma seja todo ele funcional, salvo alguma deterioração genética acumulada. O fim do conceito Junk-DNA encontra-se bem documentado nos resultados do projecto ENCODE. Que podem ser consultado em:
The ENCODE Project Consortium, “Identification and analysis of functional elements in 1% of the human genome by the ENCODE pilot project,” Nature 447, 799-816 (14 June 2007)
Erika Check, “Genome project turns up evolutionary surprises,” Nature 447, 760-761 (14 June 2007)
John M. Greally, “Genomics: Encyclopaedia of humble DNA,” Nature 447, 782-783 (14 June 2007);
Elizabeth Pennisi, “DNA Study Forces Rethink of What It Means to Be a Gene,” Science, 15 June 2007: Vol. 316. no. 5831, pp. 1556-1557
Fez muito bem em perguntar. Existem muito mais respostas acessíveis a todos:
www.answersingenesis.org
Lamento desiludi-lo, mas continua sem dar uma resposta. Confesso que não tenho conhecimentos suficientes nem tempo disponível para criticar tudo o que afirma. Portanto, vou dar-lhe de barato (apenas para a discussão progredir) que o que afirma é verdade. Parece-me óbvio que casos pontuais de fraude (se é que existiu), e o facto de alguns orgãos serem muito complexos do que pareciam, indica falhas no conhecimento actual, não que as nossas teorias vigentes estão mortas e enterradas. E isso muito menos implica que o criacionismo está correcto. As falhas do conhecimento actual apenas implicam necessidade de melhorar e evoluir no conhecimento. Não ver isto é dar um salto epistemológico inaceitável.
Uma pessoa muito sábia um dia disse que as teorias não se dividem em certas e erradas: apenas em úteis e inúteis. Não sei se é assim tão extremo, mas uma coisa é certa: se o criacionismo quer ter algum valor científico não pode continuar no caminho do post anterior. Tem de ser uma teoria consistente, sustentada pela positiva, que explique mais do que o conceito de evolução. Atirar facadas ad hoc à teoria da evolução não implica ter uma alternativa com valor.
Para mim, o criacionismo é mera fantasia religiosa, justificando o injustificável. Mas esta é uma crença pessoal que em nada tolda a minha visão. Estou perfeitamente aberto a mudar de opinião, ou tão simplesmente a considerar o criacionismo como uma teoria científica se me conseguirem mostrar que o é. Aliás, ainda não o insultei nem o acusei de ser burro. Apenas gostaria de saber porque acredita naquilo que acredita.
Portanto, volto a insistir pela última vez: por favor, enuncie-me a teoria que propõe, e em que factos se baseia para a sustentar, sem subterfúgios nem retórica.
Teoria? factos? demonstrações?
desculpe caro anónimo não criacionista, mas acho que está a pedir algo que não existe no vocabulário do anónimo criacionista...
Ou estarei errado?
Caro manuel luis goucha:
Sou anónimo apenas porque não tenho perfil no Blogger.
E talvez tenha razão, e o criacionismo nem sequer é uma teoria de coisa nenhuma. Talvez seja basicamente religião disfarçada. Mas pelo menos gostava que os criacionistas nos tentassem mostrar que aquilo em que acreditam tem alguma validade. Sem insultos, sem apontarem meramente falhas à teoria da evolução, sem apelarem ao sobrenatural.
Como já se disse, se alguém quer testar o seu pensamento crítico, comece por analisar a estratégia argumentativa da Palmira: piromania argumentativa.
Os resultados estão à vista e, em meu entender, ainda se tornarão mais visíveis com o tempo.
Respondendo a algumas questões:
O criacionismo tem que apelar, por definição, ao sobrenatural. De resto, só alguém omnisciente é que poderia excluir liminarmente o sobrenatural. O criacionismo parte da existência de um Deus criador. É só lógico.
A rejeição do sobrenatural não é uma conclusão científica. É uma premissa (ideológica) do naturalismo. A mesma nunca foi testada em nenhum laboratório.
Nunca ninguém observou que Deus não existe.
As leis naturais são meramente descritivas. Elas ajudam a sistematizar a regularidade observável.
No entanto, elas nada dizem sobre se existe um legislador sobrenatural que criou as leis naturais e tem o poder de se sobrepor a elas.
Além disso, as leis naturais não podem justificar a sua existência com base nas leis naturais.
O problema é que as leis naturais são leis de conservação e entropia e não leis de criação.
Os naturalistas partem do princípio de que a natureza é tudo o que existe. Eles excluem liminarmente a existência de um Deus criador.
O problema é que não conseguem explicar a origem do cosmos e da vida com base em leis naturais.
Os naturalistas pensam que um dia conseguirão fazê-lo. Mas isso é uma questão de fé.
Daí que o naturalismo seja, essencialmente, uma questão de fé.
O naturalismo é uma crença religiosa em que não há lugar para Deus.
O criacionismo é uma crença religiosa em que tudo começa com Deus.
O criacionismo parte do princípio de que Deus criou Universo e avançou algumas indicações preciosas sobre o assunto.
A Bíblia, não sendo um livro científico, estabelece as premissas que possibilitam o conhecimento científico.
Ela fala de um Deus racional que criou o Universo e a vida de forma racional para ser entendido por indivíduos racionais, criados à imagem e semelhança de Deus.
Deus é LOGOS. O conhecimento é LOGIA. Existe uma congruência racional entre uma coisa e outra.
Os evolucionistas partem de um acidente cósmico que gera tudo mais por uma sucessão de acidentes cósmicos. Até os nossos pensamentos são o produto de reacções químicas aleatórias? Onde está então a racionalidade?
Não admira que os pós-modernos tendam a dizer que não há nenhuma.
Os cracionistas aceitam como fidedignos, porque inspirados por Deus, os relatos bíblicos da queda, do dilúvio global e de Babel e da subsequente origem das nações.
É também uma questão de fé. Mas as descobertas arqueológicas insistem em corroborar o rigor do relato bíblico.
Partindo de premissas fideistas diferentes, evolucionistas e criacionistas interpretam as mesmas evidências à luz das suas pressuposições.
Mas as evidências são as mesmas para uns e para outros. É importante ter isto em mente.
Os fósseis são os mesmos, as rochas são as mesmas, os crânios são os mesmos, o DNA é o mesmo, etc.
As interpretações é que são diferentes, na medida em que assentam em visões do mundo diferentes.
Os criacionistas têm tantos factos como os evolucionistas. Que factos é que os evolucionistas têm que os criacionistas não têm?
Repito. Os factos dos evolucionistas e dos criacionistas
são rigorosamente os mesmos.
De acordo com a visão bíblica, a extrema complexidade do genoma é vista como indiciando uma criação inteligente e não processos aleatórios. Além disso, a mesma aponta claramente para uma criação instantânea por um ser inteligente.
Na verdade, quanto mais complexo, integrado, interdependente e especificado se afigura um dado sistema ou mecanismo (v.g. DNA, cérebro humano), tanto menos provável é que o mesmo seja o resultado de processos aleatórios ao longo de milhões de anos e mais provável se torna que a sua criação tenha sido instantânea e sobrenatural.
De resto, o evolucionista não tem nenhuma evidência directa desse suposto processo aleatório, já que nunca ninguém observou a sua ocorrência ao longo de milhões de anos.
O que todos podemos observar hoje são mutações aleatórias e selecção natural, mas umas e outras não foram nunca observadas a criar informação genética complexa e especificada codificadora de estruturas e funções previamente inexistentes. Umas e outra destroem informação genética a prazo.
Ora, a evolução necessita de mecanismos que, de forma consistente ao longo de milhões de anos criem informação genética nova. Esse mecanismo continua envolto em mistério.
Se a isto associarmos a extrema sintonia de todas as variáveis atómicas, moleculares, ambientais e cósmicas necessárias à vida, temos que também aí encontramos evidência de uma criação instantânea, racional, sistemática, em que todos os elementos (macro, micro e nano), orgânicos e inorgânicos, se encontram numa relação de complexidade, integração e interdependência altamente precisa.
Os evolucionistas acreditam que tudo começou com uma explosão casual. No entanto, nada têm de convincente a dizer sobre a respectiva causa nem sobre a origem da energia necessária para isso.
Assim, os criacionistas entendem que quando interpretada à luz da perspectiva biblica, a evidência observada corrobora essa mesma perspectiva e desmente a evolução naturalística aleatória.
O Universo e a vida têm todo o aspecto de terem sido criados de forma racional e sistemática.
Como têm premissas diferentes, os evolucionistas acham que todas as interligações que se observam entre os diferentes aspectos do Universo (v.g. nível de radiação cósmica no sistema solar e na galáxia; existência do Sol, da Lua e sua interacção com a Terra) são meras coincidências antrópicas.
Mas isso é uma interpretação que decorre das suas premissas. Mas a verdade é que essas "coincidências" existem e a convergência simultânea é de uma improbabilidade é extrema.
Daí que seja inteiramente racional e razoável acreditar que o Universo e a vida não foram o produto do acaso (afirmação desmentida pelos próprios factos) mas é antes o resultado da acção intencional e racional de Deus (afirmação corroborada pelos factos).
A verdade é que continuamos sem explicações naturalistas credíveis para a origem do cosmos, da vida, dos sexos, da consciência, da linguagem, das línguas, etc. Do mesmo modo, o hipotético mecanismo da evolução continuam altamente controvertido.
Acresce que mesmo a geologia mais recente tende a abandonar as premissas uniformitaristas e a abraçar o neo-catastrofismo, posição que a aproxima das alegações criacionistas sobre um dilúvio global.
Os próprios evolucionistas reconhecem que o registo fóssil não corrobora uma evolução gradual das espécies. Isso mesmo dizia Stephen Jay Gould, entre muitos outros.
De resto, as investigações mais recentes sobre a "explosão cambriana" e as trilobitas apontam nesse mesmo sentido.
Para os criacionistas, o facto de 2/3 da superfície terrestre estar coberta de água, a existência de fossilização massiva nos cinco continentes acompanhada de evidências geoológicas de grandes catástrofes, é o que razoavelmente se esperaria do dilúvio global.
No entanto, nada disso corrobora a evolução das espécies. O registo fóssil só nos permite saber como é que os animais morreram e não como é que eles surgiram e evoluiram.
Observações recentes sobre a rapidez da sedimentação, da petrificação de madeira, da origem de rochas metamórficas, etc., corroboram o modelo criacionista.
A existência de Deus não pode ser provada cientificamente. Deus não está sujeito às leis naturais que Ele próprio criou.
No entanto, as evidências científicas em si mesmas, quando desvinculadas do naturalismo ideológico, corroboram inteiramente o relato bíblico e nesse sentido podem servir para afastar as barreiras intelectuais que se colocam entre o ser humano e o seu Criador.
Cada um de nós tem 32 pares de cromossomas, entidades compactas e lineares no núcleo da célula.
Até há pouco tempo, os cientistas pensavam que apenas 3% do genoma humano (o conjunto de DNA herdado do pai e da mãe) compreende genes, 35 000.
O restante 97% do genoma era considerado “lixo” (um rótulo pouco científico), considerando-se que era DNA que tinha perdido a sua função ao longo dos milhões de anos de evolução.
Este “junk”-DNA era considerado pela ideologia materialista e naturalista como uma evidência de que o DNA não tinha sido concebido de forma inteligente.
O mesmo foi utilizado por autores como Richard Dawkins, Daniel Dennet, e muitos outros, nas suas campanhas contra o “design inteligente”.
Diziam eles: se Deus criou o DNA porquê tanto junk-DNA?
Os criacionistas responderam, a semelhança do que já tinham feito a propósito dos órgãos e tecidos vestigiais, que o facto de desconhecermos a função do DNA não significa que essa função não exista.
Pelo contrário, convencidos de que Deus não cria lixo, os criacionistas sustentavam que o DNA tinha função e que a mesma deveria ser investigada.
Alguns evolucionistas admitiram esse ponto, embora de forma relutante. Outros continuaram a usar o “junk” DNA como evidência essencial de uma evolução naturalista aleatória.
Lembremo-nos de que até há pouco tempo os evolucionistas ensinavam que o apêndice era um órgão vestigial sem função, quando hoje todos sabemos que tem uma importante função.
Hoje sabe-se que não existem órgãos vestigiais no corpo humano.
No século XIX os evolucionistas chegaram a contar 180 órgãos vestigiais no corpo humano como “provas irrefutáveis” da evolução.
Infelizmente muitos estudantes de biologia foram erroneamente doutrinados, ao longo das décadas, a pensar acriticamente que grande parte do DNA é lixo, mais por razões ideológicas – de rejeição de um Criador – do que por razões científicas.
Hoje é mais correcto dizer que algumas partes do DNA não são codificadoras, sem que se possa dizer que são “lixo” ou que não têm função. Pelo contrário, as mesmas têm importantes funções.
Por exemplo, foi recentemente descoberto que partes do suposto junk-DNA controlam o desenvolvimento do embrião.
Mais recentemente, o programa ENCODE, anteriormente referido, veio ajudar a expor as importantes funções do DNA.
Estes desenvolvimentos legitimam inteiramente a afirmação criacionista de que Deus não cria lixo.
Os sinais de degenerescência que se vêm na naturza têm que ver com o decaimento que afectou toda a criação depois da queda do homem.
Como se vê, os factos estão aí. E eles corroboram a perspectiva criacionista.
Com a descoberta de que todo o DNA tem uma função aqui e agora é mais uma argumento anti-criacionista que implode.
Em meu entender, isto é mais significativo do que as anedotas com que alguns, em desespero de causa, querem colonizar tão importante discussão.
Mais uma referência:_ Hardman, H. 2004. [PSA for Peaston, et al., in Developmental Cell, 2004 7:597606, onde se lê acerca da relevância do suposto "junk" DNA para o desenvolvimento do embrião.
Muito obrigado pelas respostas. Penso que assim nos entendemos melhor. Aproveito para deixar aqui o que penso, encerrando a minha participação nesta discussão.
É óbvio e reconhecido que o criacionismo toma como premissa a existência de algum deus. Não se dá ao trabalho de justificar que deus ou deuses existem, e porque estão uns errados e outros certos, portanto pressuponho que parte do dogma é dizer que se trata do deus cristão, ou que todos são o mesmo, ou uma variação disto. Dizer-se que os "evolucionistas" (termo que considero errado) parte da premissa oposta, ou seja, que deus não existe é absolutamente errado e inconcebível. Nem me parece intelectualmente honesto. Tal como o próprio Papa afirma, pode acreditar-se em deus como entidade criadora do universo, entendendo-o como a força que colocou tudo o resto em movimento, como a razão última das coisas. Evolução e fé não são incompatíveis.
Mas o criacionista vai mais além. Não é apenas uma questão de deus existir e ser o princípio de tudo: é uma questão de à teoria da evolução, e a todas as restantes teorias inconvenientes, contrapôr-se a bíblia como verdade absoluta e literal. A razão religiosa para o fazer é em si mesma falaciosa: "se na parte da criação da espécie humana a bíblia está errada, para que haveríamos de acreditar no resto?". Isto é tão ridículo como dizer-se que pelo Oliver Twist não existir na realidade, então o livro não é retrato fiável do seu tempo e meio.
O mais grave é achar-se que as "teorias" são comparáveis. Do lado da evolução há um mecanismo descrito para a forma como a vida se formou e progrediu, e do lado do criacionismo há a recorrência ao sobrenatural. "Como aconteceu? Foi deus." "Este orgão parece muito complexo? Foi deus." É o nosso criacionista quem admite que assim parece. Não é apontado nexo de causalidade nem sequer evidência para que assim tenha sido. Não são explicados mais factos, não aprendemos mais sobre o Mundo e a origem de tudo por considerarmos a hipótese de deus intervencionista. Então como se defende o criacionista? De duas maneiras: citando factos que justificam a verdade literal da bíblia, e apontando falhas nos factos evolucionistas. Vai ainda mais longe: diz que os factos são os mesmos.
É simplesmente mentira que existam provas geológicas que justificam a história bíblica do dilúvio. Terão existido acontecimentos climáticos extremos, com efeitos quase tão devastadores em algumas zonas como o narrado da bíblia? Sem dúvida que é possível. Agora um senhor construir um navio onde coloca pares de animais? Não há prova nenhuma disto. Já para não falar nos múltiplos métodos de datação, que mostram que o planeta é bem mais antigo do que a bíblia estipula. E só para apontar mais alguns exemplos, continua sem explicação a forma como de Adão e Eva surgimos todos, sem mutações genéticas. (Nem coloco a questão moral de termos resultado de tanto pecado incestuoso.) Também fica por explicar porque era deus intervencionista e deixou de o ser, porque não pode deus ser provado (já que a sua existência tem, por definição, influências na natureza), as contradições factuais na bíblia, a forma como a bíblia surgiu por censura de outros textos, e porque não são outros textos sagrados a verdade verdadeira (passe o pleonasmo), etc. Há ainda o facto moralmente irreparável de, caso tivesse existido verdadeiramente um criador inteligente, existirem tantos desastres, doenças, crianças mortas à nascença, e tanta maldade em nós. Voltamos sempre ao paradoxo essencial: afinal se deus criou o Mundo, ele não é tão bom quanto se auto-intitula. Mas isto são mais divagações teológicas, sem nada de científico.
Isto tudo para dizer que, se quisermos entender aquele massacre intelectual que é a biblia cristã, de tão confusa, contraditória, desconcertante e tantas vezes estúpida (no sentido de pouca inteligência), como livro científico, por certo obtemos muitos mais problemas (irresolúveis) do que lendo "A Origem das Espécies". Portanto não é a bíblia que vai substituir o conceito de evolução de certeza. Este conceito, apesar de ainda não estar completo, e de existirem muitos problemas ainda por resolver (é assim que se avança no conhecimento), é bem menos problemático do que recorrer a uma figura mítica e a um livro escrito, reescrito e censurado ao longo de milénios. Prefiro mil vezes uma verdade que se vai descobrindo do que uma certeza absoluta dogmática e fechada.
E nem todas as ditas dificuldades da teoria da evolução são verdadeiras. Já foram aqui indicados muitos links, mas numa pesquisa de menos de 1 segundo no Google encontrei logo este: http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Hangar/2437/. Responde a tudo o que aqui foi indicado. Dei-me ao trabalho de ler, e todas são mais que suficientes para, mesmo a um espírito aberto, mostrar que se a oposição é entre evolução e criacionismo, pois o criacionismo não tem bases na sua crítica. Não seria honestidade intelectual do nosso criacionista explicar que as supostas falhas da teoria da evolução são disputadas, e não reconhecidamente problemas?
Resumindo, não estamos a comparar coisas semelhantes. O criacionismo considera a existência de deus como dogma, e a verdade literal da bíblia como teoria não verificável. O evolucionista não se pronuncia sobre a existência ou não de deus, e constrói uma teoria a partir do conhecimento actualmente existente, que como tal é provisória e sujeita a melhoria contínua, ou seja, científica. Só porque muitos evolucionistas são ateus, isso não implica que a evolução se pronuncie sobre a existência de deus. Apenas retira todo e total crédito à bíblia como relato histórico fidedigno.
O que me deixa mais tranquilo neste debate todo é que, como se diz em bom português, "os cães ladram, a caravana passa". Existirão sempre fanáticos tentando gritar mais alto uns que os outros. Provavelmente, mesmo da parte de alguns evolucionistas há bastante fanatismo. Mas felizmente há uma maioria silenciosa que vai trabalhando seriamente longe dos holofotes das polémicas do século. Esses sim, vão fazendo o conhecimento progredir, e a espécie humana, passe o uso abusivo do termo, "evoluir". E o mais curioso é que nenhuma dessas pessoas é criacionista.
Na qualidade de "anterior interlocutor", não, não continuarei o debate. Creio que não adianta, pois já ficou demonstrada a esterilidade das respostas criacionistas. Mas foi óptimo como aprendizagem.
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