terça-feira, 31 de julho de 2007

A TV QUE DÁ CABO DE NÓS


Consta que o governo está muito interessado na defesa do consumidor. Sem dúvida que “simplexes” como a “casa na hora” são do agrado deste consumidor. Se os notários se estão a queixar, é sinal de que algo progride no nosso país. Confesso que nunca percebi porque hei-se pagar a um fulano que não me conhece de lado nenhum para ele me dizer que eu, afinal, sou eu.

Mas ainda falta fazer muita coisa. Este consumidor gostaria, por exemplo, que o governo – ou os tribunais ou fosse lá quem fosse – o protegesse de uma praga que o tem vindo a assolar. Julgo não estar sozinho, de modo que se este consumidor for defendido por quem de direito, muitos outros também o serão e ficaríamos todos contentes e felizes. Acontece que às horas mais inusitadas do dia e da noite e até, principalmente, aquela hora crepuscular entre o dia e a noite em que julgávamos que tínhamos direito a um jantar sossegado toca o telefone fixo ou o móvel – quando não tocam os dois ao mesmo tempo, ficando nós confundidos sobre qual devemos atender primeiro. Do outro lado está, anunciado no visor, um anónimo (esta é uma maravilha da tecnologia moderna: podemos saber que não sabemos quem nos está a telefonar!). Já que nos levantámos, dizemos-lhe educadamente “Alô”, “Boa Noite” ou o equivalente.

Do outro lado, ficamos então a saber, está a empresa da Teresinha e das suas amigas: a TV que dá cabo de nós. Não, não há coisas fantásticas. Eu já lhes disse que não estou interessado nas coisas fantásticas em que eles me julgam interessados uma vez que, da TV que dá cabo de nós, praticamente só consumo a SIC Notícias (alguns canais interessantes fecharam num insulto ao consumidor que celebrou um contrato julgando que os ia poder ver). E da Net que dá cabo de nós também já tenho o que quero. Eles insistem, de cada vez com vozes diferentes e de cada vez com ofertas diferentes. Já tentei ser pedagógico, repetindo que não estou interessado em nada mais deles além do que já tenho, mas não me acreditam em mim. E insistem mais! Eu só não lhes bato com o telefone no descanso a fazer triiim-triim porque agora já não há esses modelos que tanto jeito davam. Mas carrego no botão de desligar!

Tudo isto se poderia resolver muito simplesmente se fosse obrigatório saber no visor qual é a empresa que nos está a telefonar. Ou se fosse obrigatório que as empresas desse género que gostam de invadir a nossa privacidade retirassem da sua base de dados o nome de qualquer um de nós que se sentisse incomodado.

Eu repito, a toda a navegação, o aviso que já fiz várias vezes à Teresinha e às suas amigas e amigos: se julgam que assim aumentam os seus lucros, vão ver o prejuízo que têm. Qualquer dia mudo-me para outra TV por cabo e, se mais clientes fizerem o mesmo, em vez de serem eles a dar cabo de nós, seremos nós a dar cabo deles.

3 comentários:

Musicologo disse...

Posso parecer ingénuo mas há um algoritmo simples: os amigos que se identifiquem.

Quem não se identifica e ligar a uma hora inconveniente temos sempre opção de não atender, porque já sabemos que ou é institucional ou publicidade.

As instituições também deveriam ser obrigadas a ter um identificador tipo "Gulbenkian, EDP, CCB, FLUL, etc..", que aparecesse no nosso visor.

Anónimo disse...

Pela primeira vez, apesar de compreender e até simpatizar com as queixas do Carlos, não concordo com ele.
Primeiro porque não somos obrigados (felizmente) a ter telefone...qier fixo quer móvel. O mesmo se passa com a televisão. Não somos obrigados a tê-la e muito menos a vê-la. O mesmo já não se pode dizer do seu pagamento. Esse, vem inexoravelmente na factura da electricidade da qual dificilmente nos podemos safar. Isso sim é uma injustiça descomunal, que não é contestada por nenhum partido com assento na AR, o que desde logo me parece muito suspeito.
Quanto a mudar de fornecedor d serviço de TV por cabo, a não ser que o Carlos tenha a sorte de viver em algum dos poucos sítios onde há mais do que um fornecedor, não vai conseguir fazê-lo. Porque neste páis pelintra, após mais de 30 de Revolução, os sucessivos governos, continuam a pensar como os do Salazar e a garantir negócio só para os amigos. Os governos donos do "ar", do "subsolo" e dos "mares", só deixa trabalhar quem lhe paga para tal. Recebendo a garantia do governo de que não lhe aparecem concorrentes...

Anónimo disse...

Não tenha dúvidas que se eu tivesse opção não teria TV Cabo. Além de se pagar caro por um serviço em que os canais mais interessantes são extra, mudam de canais conforme lhes dá na cabeça e tiram sempre aqueles que mais interessavam, substituindo por outros sem interesse nenhum.

Quanto ao telefone, se tiver paciência, deixe-os em espera. Mas volte regularmente, para eles não se cansarem.

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