sexta-feira, 7 de maio de 2010
UM ROUBO NO PARLAMENTO
O colapso ético do país é ainda mais preocupante do que o colapso financeiro e económico. Como que querendo dar razão às pessoas que chamam nomes feios a alguns deputados, o deputado Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada do Partido Socialista e que tem sido coordenador para a área da justiça, roubou (que outro nome é que há?) dois gravadores a jornalistas da revista "Sábado", dando por terminada uma entrevista que se realizava na Biblioteca da Assembleia da República. Não há desmentido possível, pois tudo foi filmado e o filme está exposto na praça pública. Não há atenuantes, pois não se trata de um principiante, mas sim de um político experiente que "actuou" sem escrúpulos, já alguém disse imitando um vulgar carteirista, na Casa da Democracia. O próprio confirmou o acto, não pedindo desculpa nem devolvendo imediatamente o material.
Com exemplos destes ao mais alto nível, que mais nos poderia acontecer? Pois o pior é sempre possível e aconteceu o pior. Não só a sua bancada não o desautorizou (nem sequer criticou) como até o próprio Presidente da Assembleia da República, que julgávamos uma pessoa sensata, lavou do assunto as mãos como Pilatos. Não, não é apenas uma questão de justiça, como ele disse. É, acima de tudo, uma questão de ética.
PS) Leio só agora notícia no "Público" de hoje e pasmo. Ricardo Rodrigues, na reunião da sua bancada, "teve direito a uma salva de palmas". Quase um herói, portanto. E o líder parlamentar, Francisco Assis, elogiou-o desta maneira: "Conto com ele, o partido conta com ele e o país conta com ele, porque é um homem de craveira e de qualidade e o Parlamento não pode estar assim a prescindir de figuras com esta qualidade". Pode, pode: se houvesse círculos uninomiais, o círculo centrado no deputado em causa seria decerto julgado supérfluo.
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27 comentários:
Exacto, trata-se principalmente de uma questão de ética e de moral. Mas como podemos esperar ética quando o próprio primeiro ministro é suspeito de estar envolvido em tudo o que é trafulhice?
Coisa que, "só em Portugal" (agora estou a provocar, confesso mas, "para parvo, parvo e meio"...)... :-p (embora não e apenas, é melhor acrescentar, que isto da ciber-coisa...).
"Ricardo Rodrigues, o deputado do Partido Socialista que nesta quarta-feira se viu envolvido num caso denunciado pela revista «Sábado», que o acusa de ter furtado dois gravadores a jornalistas, foi eleito para o Conselho Superior de Segurança Interna."
in Diário Digital
É possível levar este país a sério?
O Partido Socialista é useiro e vezeiro nestas atitudes. Recorde-se o que eles fizeram quando levaram o camarada Paulo Pedroso em ombros, não para a sede do partido, no Largo do Rato, como seria natural, embora ridículo, mas sim para a Assembleia da República, onde lhe fizeram uma espécie de manifestação de “desagravo”, como se o edifício do Parlamento lhes pertencesse.
No PS existe uma convicção de impunidade. Eles estão convencidos de que a sua ideologia lhes faculta uma superioridade moral. Vai daí, à boa maneira soviética, sentem-se donos da vida pública e das instituições. Podem preencher os melhores lugares nas instituições públicas e nas empresas em que o Estado tem participação. Podem inventar Fundações e outras instituições para colocar os camaradas. Podem até permitir-se fazer umas “subtracções”. De gravadores, ou de coisas com maior valor ...
É esta a origem do colapso da ética no país. Sem afastar o Partido Socialista do maior número possível de instituições, a começar pelo Governo, não é possível pôr em marcha o necessário processo de desinfestação do país.
Jorge Pacheco de Oliveira
É suspeito? Ser suspeito basta? Só em Portugal? Que parolice, e o que vai nos outros sítios? Somos iguais, há bem e mal comportados em toda a parte. E note que ser suspeito (e suspeito na opinião dos jornais) não basta nem deve bastar.
É preciso rigor. Onde está o roubo? Se calhar falar de furto já é exagero...mas o sensacionalismo é irresistível. Até blogues sérios se tentam.
Que exagero! O Homem só roubou dois gravadores.O que é isso comparado com os milhões desviados do erário público?
O título do post está errado: devia ser "Um LADRÃO no parlamento".
E devia referir as manobras que o digno representante da plebe no Parlamento fez para não ser acusado de pedofilia e associação criminosa a um gang de ladrões de colarinho.
Caro GMaciel:
Sim, é possível levar este país a sério.
Veja esta. Bush aldrabou a respeito das provas de que o Iraque tinha armas de destruição maciça. Durão Barroso disse que viu as provas. Depois foi para chefe da Europa!! Pode perguntar-se com a mesma lógica: é possível levar a Europa a sério?
Ou seja, meter ao bolso um gravador é horrível? E provocar uma guerra com milhares de mortos? Só soldados americanos (inocentes) já morreram mais que no tentado das torres.
Mas quem é a Europa que promoveu Barroso? Não será a Alemanha, a França, etc, etc. Será possível levar estes países a sério?
Para mim foi um roubo descarado e a partir deste momento não creio haver alguém neste País com autoridade moral para evitar que eu roube a caixa de um banco, não recorrendo à força nem a armas de fogo, obviamente!
E a primeira Republica era uma bandalheira? Então que III republica é esta? Construída pela Fraude Soares e continuada pela Fraude Sócrates?
Urge "extinguir" o partido socialista português e prender todos os seus membros imediatamente!
E, já agora, comentada (a República) pela Fraude Anónimo.
Eduardo Prado Coelho já tinha avisado:
"Hoje em dia a cultura ou a ética tornaram-se argumentos secundários numas eleições."
Urge extinguir todos os blogues e prender todos os comentadores anónimos.
CASA DE ORATES
Parece que o país abertamente
a converter-se está, na actualidade,
num manicómio em que a sociedade
dá todos os sinais de estar doente.
Desde o governo ao zozzo parlamento,
passando pelas várias autarquias
e suas respectivas freguesias,
não há vislumbre de discernimento.
Se no que diz respeito à educação
tudo vai mal, o que dizer então
de todos os restantes ministérios?
Fazem-nos falta governantes sérios
que com bom senso e lúcidos critérios
nos tirem de uma tal... situação!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Ainda estou à espera que, ao menos, o tribunal que tem em sua posse o material furtado o considere prova nula (porque roubada) e o devolva rapidamente ao legítimo proprietário. Era o mínimo dos mínimos, para não irmos já ao fundo.
Aos Anónimos e aos Anónimos que dizem mal dos Anónimos
Eu peço que não me levem a mal com aquilo que vou escrever, mas o que vou dizer resulta da leitura do n.º 194, 1.º Trim., de 2010, da revista "Análise Social", onde na "Secção de Estudos e Notas" me chamou a atenção o manuscrito "Reflexões em torno do conceito de anonimato", da autoria de Catarina Frois, incidindo sobre as Associações "As Famílias Anónimas", os "Alcoólicos Anónimos", e os "Narcóticos Anónimos", chamadas de 12 Passos.
Não estou a insinuar de nenhuma forma que os anónimos que comentam em blogs, pertençam àqueles grupos, mas esclarecer que as explicações para o anonimato utilizado pela autora se podem aplicar perfeitamente às pessoas que escondem o seu nome ou a sua identificação, especialmente quando escreve:
"Partia da premissa de que o anonimato, embora sendo definido como a ausência do nome da pessoa e a impossibilidade de a identificar, não carecia do desconhecimento proporcionado pela interacção não presencial. O que verifiquei nas associações de 12 Passos ao longo da minha pesquisa etnográfica foi que o anonimato não corresponde apenas à ausência de identificação no sentido legal e burocrático, nem somente à impossibilidade de identificar laços familiares ou reconstruir histórias pessoais.
O recurso ao anonimato implica a verificação simultânea de ambas as condições, sendo o elemento-chave que permite aos membros gerirem a divulgação e ocultação da sua informação pessoal, assumindo diferentes papéis e diferentes identidades consoante o contexto de interacção em que se encontram" (p.165-166)
Portanto, o meu comentário incide mais na compreensão das pessoas que resguardam a sua identidade nos blogs por razões que lhes assistem por direito.
Corrijo duas gralhas, de forma alguma intencionais, que são "doente" por "demente" e "zozzo" por "zonzo"; não vá pensar-se que foi maneira, um tanto ou quanto ardilosa, de chamar a atenção para os termos. Nada disso: apenas distracção. JCN
NUNCA FIANDO!
Alastra a roubalheira em Portugal:
roubam-se ideias, rouba-se dinheiro,
difama-se o bom nome pessoal
por um qualquer motivo corriqueiro.
De armas em punho e caras embuçadas
tudo se assalta em busca de valores
como outrora atacavam nas estradas
os mis crueis e vis salteadores.
Até ao parlamento já chegou
a ladroeira, havendo um deputado
que de artefacto alheio se apossou.
Se Bento Dezasseis não se acautela,
corre o risco também de ser roubado
em Fátima... rezando na capela!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Sinceramente, a minha vergonha envergonha-se com esta vergonha. Sim, muita. Demasiada para ser apenas vergonha.
Tristeza também. Como é possível que um deputado aja assim? Não justifiquem, como Mário Soares fez, dizendo que "existe uma grande tensão entre jornalistas e políticos..". Tretas! Existe é uma falta de respeito e indelicadeza monstruosas!
Inefável é ininteligibilidade do apoio do PS. How low can you go?
Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.
A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.
Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.
(Da minha Torre de Narciso,
José Carlos Ary dos Santos)
O invocado resguardo de identidade para cobrir o anonimato é apenas e muito simplesmente defeito de carácter ( podemos também chamar-lhe cobardia). Não há razões que subsistam para justificar o anonimato. Os anónimos não têm credibilidade. Simplesmente não deviam existir.
Daniel de Sousa
Eu sou anónimo devido a defeito de carácter, suponho. Por ter um defeito não tenho o direito a existir?
Enquanto houver blogues que permitam o anonimato lá vou sobrevivendo.
Ninguém lhes nega o direito de existirem, obviamente; mas lembra-lhes a obrigação de se tratarem, impreterivelmente. Trata-se de um cancro... social. JCN
Eu sou o anónimo das 10:32. Ando em tratamento mas não tem dado resultado. Quando escrevo sob anonimato a adrenalina sobe, sobe...Já tentei tudo, até acupunctura. O único remédio parece ser acabarem com a internet ou pelo menos vedarem a possibilidade de comentários sem nome.
Se vossemecê, conforme diz, ja não reage a qualquer espécie de tratamento, é porque obviamente já se deve encontrar... em fase terminal. JCN
O GRANDE EMBUSTE
Não há que ter ilusão
quanto à maneira concreta
e desde logo secreta
como é feita a eleição
dos diversos deputados
ao chamado parlamento,
os quais, em dado momento,
são pelo povo votados.
Sem ser chamado a escolher,
este só tem que dizer
se concorda ou não concorda
com a lista que os partidos
lhe apresentam para a engorda
dos seus membros preferidos!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Parlamento arquiva caso Ricardo Rodrigues
12h52m
Ana Paula Correia
"A Assembleia da República não vai debater a conduta do deputado socialista Ricardo Rodrigues, que furtou dois gravadores a jornalistas da revista 'Sábado', durante uma entrevista.
A decisão resulta da reunião, desta manhã, quarta-feira, da Comissão de Ética, que rejeitou a admissibilidade de um requerimento apresentado pelo Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, no qual era pedida a apreciação da atitude do deputado.
A comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias tinha transferido o requerimento para a Comissão de Ética, na qual BE e PCP se aliaram aos socialistas e o caso foi arquivado, contrariando a posição do PSD e do CDS-PP”.
É esta a notícia, em toda a suua crueza, publicada no “Jornal de Notícias”, horas atrás.
Toda a história tem a sua moral. Qual é a moralidade desta história? Em poucas palavras: solidariedade da esquerda. Protejo-te (ou mais plebeiamente, desenrasco-te) hoje para tu amanhã me protegeres (desenrascares) a mim! Ponto final, parágrafo…
Execelente dedução! Faz jurisprudência... em matéria de gatunagem! JCN
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