sábado, 18 de setembro de 2010

Discriminação positiva

"Para mim, foi óptimo. Mas é claro que é bastante injusto porque os outros passam anos a esforçar-se para terem boas médias. Com o Novas Oportunidades, uma pessoa que só tem o 7.º ano pode fazer o 9.º em seis meses e as seguir, em ano e meio, consegue tirar o 12.º Se tiver sorte, pode passar à frente [no acesso à universidade] e tirar o lugar às pessoas que fizeram esse esforço."

Este é o depoimento que o aluno que entrou no ensino superior com melhor nota no nosso país deu ao semanário Expresso de hoje (Primeiro caderno, página 26). Em números redondos: vinte valores.

Desistiu da escola e não terminou o ensino secundário. Increveu-se num Centro de Novas Oportunidades, foi aprovado em dois módulos - Gestão e Saberes Fundamentais - e em poucos meses obteve equivalência ao 12.º ano. Para entrar no curso que pretendia da universidade que escolheu, deveria fazer um exame proposto por essa universidade - Inglês - e foi o que fez. Tirou vinte valores e foi com essa classificação que concorreu em igualdade de circunstâncias com os alunos que concluiram o ensino secundário e fizeram exames nacionais.

Não, não é caso único. Há muitos mais casos. Que aumentam a cada ano que passa.

Este aluno admite com honestidade que beneficiou de uma injustiça, mas o director do Centro de Novas Oportunidades que frequentou discorda quando afirma que "Há uma discriminação positiva destes alunos".

Que outra coisa poderia este director dizer? O silêncio ter-lhe-ia, contudo, ficado melhor...

Ver notícia da RTP aqui.

33 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Bom, Professora Helena, este director podia, no mínimo, ficar calado, já que não sentirá vergonha de sair à rua de cara descoberta...
As coisas que vamos vendo... A isto não deveríamos chamar "descriminação" (sim, escrevi descriminação) criminosa?
Que é isto? Eduquês não será, até por haver (muito?) quem jure que não existe...
Será alguma aplicação fantástica do "learning street"? Pergunte-se a psicólogos, psiquiatras, sociólogos e outros entendidos. Eles hão-de saber... (a professores não perguntem...) E hão-de explicar-nos porque é que o próprio "beneficiado" acha a situação bastante injusta... Alguma coisa falhou na "construção" seu próprio saber? Se for isso procurem-se os culpados, que bem podem ser alguns energúmenos professores...
Como levar a escola a sério?

Ana disse...

Mas atendamos a uma coisa: para esse aluno entrar na universidade, teve de fazer um exame de inglês. Tal como todos os outros que concorreram a essa universidade, independentemente do tipo de percurso escolar. E entrou... tendo feito o mesmo exame que os restantes, repito. Ou seja, podemos pressupor que a bagagem acumulada no "percurso novas oportunidades" lhe permitiu passar com uma boa classificação num exame feito por todos (se teve vinte valores não poderia ter tido uma má classificação nesse exame)... porque é que os restantes, os que vieram com uma bagagem dita "normal", não alcançaram o mesmo sucesso nesse exame?...

Claro que é injusto, muito injusto. Mas, o candidato fez um exame igual para todos e, mesmo assim, obteve boa classificação. O que é que isso nos diz?

Ana disse...

E não esqueçamos que no percurso novas oportunidades existem professores...

Fartinho da Silva disse...

O ensino em Portugal foi transformado num autêntico circo de excentricidades. Nem na Inglaterra da idade média se conseguiu ir tão longe nos seus conhecidos circos...

É assim que se acaba com o ensino público. Se era esse o objectivo da "esquerda moderna e progressista" está de parabéns...

Ana disse...

Com isto não quero afirmar que (como decerto alguns poderão de imediato achar, uma vez que de cada vez que o tema dos CNOs é abordado, saltam-se de imediato da cadeira com sete pedras na mão...) o que é noticiado é justo (como, aliás, já referi, mas nunca é demais repetir). Contudo, os CNOs estão afectados pelo mesmo monstro do eduquês e das estatísticas que estão as escolas, as ministras da educação, as universidades e afins. E os professores (são professores e formadores -nomes distintos para profissionais com o mesmo objectivo...- que concebem os trabalhos, os desenvolvem e os avaliam; são esses mesmos professores que são confrontados com as injustiças do sistema e obrigados a colocar a sua integridade profissional de lado para poderem sobreviver).

mais uma vez, faço de advogada do diabo, dado que não se pode criticar um sistema sem antes ter estado bem no seu cerne e observado como se processa (atenção -convém esclarecer, nunca se sabe se podem chover pedras- que não estou a afirmar que a Dra Helena Damião o faz).

Ana disse...

Os saberes fundamentais não são um módulo. São aquilo que se denomina "núcleo gerador", que por seu turno está associado a unidades de competência distintas: CP (cidadania e profissionalidade), CLC (Cultura, Língua, Comunicação) e STC (Sociedade, Tecnologia e Ciência).

Aconselho a leitura dos referenciais de formação EFA ou relativos aos processos de RVCC.

Ana disse...

Tudo isto possui um referencial, ou programa, se lhe quiserem chamar assim, que abarca os três anos das principais disciplinas do secundário (ou os anos do básico, dependendo do nivel). No caso dos cursos de formação profissional, existem em módulos (por exemplo, no secundário,existem sete módulos STC e outros tantos CP e CLC, para além dos módulos de formação técnica. Na prática, se as coisas forem bem conduzidas, estas pessoas podem levar dois anos a fazer o curso...e muitas entram no curso de formação com o 11º...há casos e casos.

No caso das NO, a filosofia inerente é a de que um adulto que toda a vida trabalhou, acumulou saber através da experiencia. O objectivo do programa de RVCC é, portanto, validar esses conhecimentos. Logicamente, muito logica e obviamente, que só alguns felizardos têm esse perfil. A grande trafulhice, como se discute aqui, está no facto de se tratar de "qualificar" o maior numero de pessoas possivel. O estudante em questão, no post, nunca deveria ter sido aceite no processo de RVCC, dado que não acumulou saber suficiente que justificasse equiparação ao 12º ano.

No entanto, que ele fez um exame igual para todos e se safou bem, tb é um facto, teremos de considerar...ou não?...

Ana disse...

Peço desculpa pela intromissão, mas impossível não esquecer que os CNOs e afins são um sistema de ensino como qualquer outro, que foi totalmente subvertido nas mãos do eduquês. E tb é impossível esquecer que de cada vez que criticamos as NO, os EFAs, os CEFs, o ensino corrente e o ensino superior, estamos a criticar o trabalho de quem luta para manter os seus ideais e, ao mesmo tempo, o único meio de subsistência e a única forma de colocar comida na mesa. Coisas que, para a maioria dos profissionais, não são conciliáveis...

Uma das formas de melhorar o nível do ensino seria, como já muito se tem debatido, a melhoria das condições de trabalho e subsistência dos professores, formadores, profissionais de RVCC, etc e tal. Vivemos numa época em que os professores são espancados por alunos e pais, em que os formadores vivem uma autêntica escravatura num sistema carregado de ignorantes e mal-educados, e em que o retorno financeiro é mentira. Das duas uma, ou se alinha com o sistema...ou se abandona a profissão. É impossivel, nos moldes em que as coisas estão hoje, ser-se bom profissional, realizado e feliz.

Ana disse...

Ui, lá em cima, às 17h44 eu disse que o que era noticiado "é justo" ihihih. :) Como quem me leu deve decerto ter compreendido, foi um lapso (quiçá freudiano? :p)...pretendia afirmar que é "injusto", mas pensava no facto de a Dra Helena Damião ser justa... peço desculpa.

Anónimo disse...

Pasmo.
Discriminação positiva de quem utiliza esquemas legalizados para ultrapassar os que trabalham seria e afincadamente. Facilitismos lamentáveis, assustadores. A desvalorização do esforço e do empenho. Fico triste e (ainda mais) desiludida. Tenho 3 filhos a percorrer o ensino básico e secundário "normais": digo-lhes para se dedicarem ao surf e depois fingirem que estudam nas novas oportunidades? ou que sejam honestos e assistam a coisas como esta??

Inês, Lisboa

Ana disse...

mais uma vez, as "novas oportunidades" são o bode respiratório do que está podre em todo o sistema... em todo o sistema acaba por se generalizar o "fingir que se estuda". Claro que num sistema como as NO é muito mas muito mais fácil cometerem-se trafulhices a torto e a direito. O que não é justo é usarem as NO como exemplo de tudo o que está podre, desvalorizando quem lá tem de aturar os pseudo-intelectuais e chicos espertos que lhes são impingidos...

Anónimo disse...

Descriminação positiva bem desenhada é uma coisa, agora um esquema destes...

Como dizia num comentário ao post anterior...
...assim não vamos lá!

SNG

Miguel Galrinho disse...

Li essa notícia hoje no jornal Expresso e fiquei impressionado. O que toda a gente sabia que iria acontecer com as novas oportunidades agora verifica-se na realidade.

Helena Damião disse...

Cara Vani

Penso que tem razão quando insiste em afirmar que os problemas do nosso sistema de ensino não decorrem apenas das Novas Oportunidades. Na verdade, as Novas Oportunidades fazem parte de um todo que é esse sistema, encontrando sentido na lógica que o sustenta.

Ana Cristina Leonardo disse...

o que tinha mesmo graça, para o ridículo ser completo, era o aluno ser bilingue

Fartinho da Silva disse...

Cara Vani,

As NO são a cereja em cima do bolo...

Anónimo disse...

Isto é impressionante. Nem há comentário possível... A não ser que, para quem anda tão preocupado com processo, é surpreendente esta valorização do resultado. Quanto ao miúdo: pode não ser tão inteligente, capaz (ou competente, como quiserem), mas esperto é. E, ao menos, honesto, que é uma boa qualidade. E rara, hoje em dia.

MJ

joão boaventura disse...

Só posso chegar a esta conclusão, sem qualquer ironia:

Às NO só concorrem génios, supergénios, e extraterrestres, ou "os meus tipos inesquecíveis", pois não encontro outra justificação para o milagre das rosas, perdão dos vinte valores conseguidos para entrar na Universidade, e logo a seguir ser o melhor aluno da Universidade, mal entrou. Provavelmente, na escada ascendente, nem precisará de frequentar o 1.º ano e saltará, pela Nova Oportunidade Facultativa Universitária, para o último ano.

E depois ficar a rir dos patetas que estudaram inutilmente durante 12 anos, e a seguir, dos que ficam a estudar 4 ou 5 anos nas faculdades. Os génios têm a ciência infusa.

A história das NO foi criada no país do Nunca por um pobre homem que conseguiu um curso por portas travessas, através de várias oportunas oportunidades, e conseguiu chegar a primeiro ministro, e ficou a rir-se de quem estudou 12 anos, e trilhou os anos universitários todos com o suor do rosto.

Não dá para rir nem para chorar, porque estamos a assistir, não ao fim da história da escola portuguesa, mas ao nascimento das Escolas de Magia.

O ridículo tem pernas para andar.

Anónimo disse...

Triste é que, como habitualmente, uma notícia cheia de imprecisões, passe nos meios de comunicação.
Em primeiro lugar (e se a legislação foi correctamente aplicada), se o aluno fez apenas dois módulos é porque apenas lhe faltavam duas disciplinas do ensino secundário para o concluir e de um plano de estudos já extinto. Gostava que as mentes excepcionalmente esclarecidas deste país encontrassem uma boa solução para os milhares de portugueses que ficaram pelo caminho de um ensino secundário que chegou a ter uma taxa de reprovação de 60% e não me venham dizer que todos os alunos eram baldas. E, digo isto como aluna que muito estudei e muito me esforcei para ter boas notas e para ser boa profissional.
Em segundo lugar, qualquer aluno, acima de 23 anos, e isso nada tem a ver com a INO, pode concorrer ao ensino superior com um exame determinado pela universidade a que concorrer. Já assim era com os exames com exames específicos e não percebo porque é que só agora esta forma de acesso ao ensino superior, que sempre esteve pejada de outras injustiças como os números especiais de entrada para desportistas e afins, parece tão problemática a tanta gente.
Em terceiro lugar, mão percebo porque é que entrar com um vinte numa disciplina que se fez por exame pode ser injusto. Esse não é o princípio do acesso dos maiores de 23. O estudante não fez o mesmo exame dos outros? O problema é o de não ter a média do ensino secundário? Mas, já pararam para analisar bem e já viram quantos alunos podem concorrer ao ensino superior apenas com as médias de exames de algumas disciplinas que são as disciplinas de acesso definidas pelas faculdades? E, estamos a falar dos alunos do ensino regular. Já viram bem?
Pessoalmente sou a favor de exames nacionais a todas as disciplinas e estou farta de uma escola (e, peço desculpa, isso não tem apenas da ver com o Ministério da Educação) pouco rigorosa e pouco exigente. Mas, também é saturante ver tanta gente atacar sistematicamente a escola e o que nela se faz com a ignorância do que nela se passa. Também já estou farta do discurso "os professores são uns coitados", sempre atacados pelo ME, o estado da educação tem este defeito e mais uns milhares, e não vejo ninguém a propor soluções sérias e realizáveis. Soluções que assentem na responsabilização de pais, alunos e professores e que exijam resultados sérios sob a forma de resultados sólidos, isto é, que se traduzam num real adquirir de conhecimentos por parte dos alunos. Mas, já agora, de todos os alunos e não apenas daqueles que já sabemos que vão ter sucesso na escola, enquanto que os outros, os que não têm sucesso, que continuem presos do emprego precário, das baixas qualificações, da emigração sem direitos...

Anónimo disse...

Caro João Boaventura...
Talvez fosse bom um pouco mais de conhecimentos... As NO foram "inventadas" em toda a Europa antes de serem aplicadas em Portugal.
Existem em vários países da Europa.
Quanto ao aluno... só posso ficar triste por ele.
Não estou aqui a discutir a forma como o alunos entrou no ensino superior, mas, já agora lhe digo que, para ter entrado como entrou, o tal aluno também teve de andar 12 anos na Escola. Apenas lhe faltavam duas disciplinas para o concluir. Mas, isso não interessa, pois não?
O que é triste é a sua afirmação irónica de que o aluno entrou com 20 valores e logo se tornou o melhor aluno da Universidade. Lamento a sua ironia e gostava que me explicasse porque é que ele não pode ser o melhor aluno do seu cursos e da sua universidade. O meio de acesso ao ensino superior que utilizou é atestado da sua capacidade cognitiva? Fazer-se um exame de acesso ao ensino superior (igual ao dos outros todos), obter uma classificação de 20 valores é sinal de incapacidade intelectual do aluno?

joão boaventura disse...

Caro Anónimo,
de 19 de Setembro de 2010 09:19

Respeito os considerandos que tece, mas a minha ironia tem como ponto de partida o depoimento transcrito, e dele me sirvo:

"Mas é claro que é bastante injusto porque os outros passam anos a esforçar-se para terem boas médias."

Primeiro, isto é depreciar quem estuda 12, e, segundo a sua declaração publicitária:

"Com o Novas Oportunidades, uma pessoa que só tem o 7.º ano pode fazer o 9.º em seis meses e as seguir, em ano e meio, consegue tirar o 12.º",

deduz-se que pelas NO lhe foi permitido, em dois anos, saltar do 7.º para o 12.º, pelo que não encontro no texto do post, a não ser na exposição do caro anónimo, que afinal o aluno andou 12 anos a estudar e só lhe faltava 2 cadeiras.

Se só lhe faltavam duas cadeiras, não entendo o despropósito do aluno falar em saltos do 7.º para o 12.º, em dois anos, se esse não era o caso dele, como se deduz da declaração inicial que reproduzi no início deste meu comentário, em que ele reconhece o seu favorecimento face aos que estudam afincadamente durante doze anos.

Relativamente às NO espalhadas na Europa de que não me dá notícia, mas uma nuvem de notícia, ficava-lhe grato me indicasse as fontes para eu reclamar junto das diversas revistas de educação e ensino não terem feito ainda nenhuma referência
às NO, nem sequer à que corre em Portugal.

Cordialmente.

Fernando Martins disse...

Caro anónimo anterior (porque será que a malta que defende estas trapalhadas é, quase sempre, anónima?):

"As NO foram "inventadas" em toda a Europa antes de serem aplicadas em Portugal."

Tem a certeza? Pode dar três ou quatro exemplos? E nos outros países também acabaram com a hipótese de a pessoa aprender mesmo?

Se neste caso faltavam duas disciplinas para acabar o 12º ano ao "melhor aluno que entrou na Universidade" e que este até sabia umas coisas, visto ter tirado 20 no único exame (ou lá o que é aquilo - o facilitismo e trapalhadas em todo o seu esplendor) que fez (ao contrário dos outros alunos candidatos, que fazem muitos mais...), convém não esquecer os casos de pessoas que tinham o 5º ou 6º ano e em poucos meses estavam na Universidade.

Mas a mensagem é interessante - aliás, precocemente, o nosso PM aplicou-a, com sucesso, no passado, quando se transformou, num domingo e com ajuda de uns amigos de um velho Fax, num quase Engenheiro.

Ana disse...

Anónimo(a) das 9h12: plenamente de acordo consigo! É tão mais fácil atacar sem primeiro conhecer a realidade dos sistemas. É tão mais fácil usar bodes "respiratórios". E principalmente, é tão mais fácil falar sem conhecimento de causa... aí é que está: o tal aluno fez o mesmo exame que todos os outros e ainda se safou bem...

E lá está, um aluno assim teria de ter frequentado mais do que o 9o ano. O que muitos críticos das NO esquecem é q muitas das pessoas que ingressam nas mal-faladas NO têm ou o 11º incompleto, ou o 12º incompleto.

Mais uma vez, e como em tudo, paga sempre o justo pelo pecador...

É lógico que as NO sofrem o que todas as restantes instituições sofrem: uma degradação e uma pressão para que se apresentem estatísticas.

Tb se esquecem, muitas vezes, que um adulto não aprende da mesma forma que uma criança. E que não podem inserir um adulto de 50 anos numa turma de liceu (o ensino recorrente?...tem dado bons resultados?...)... o método de ensino de uma pessoa de 50 anos não pode ser o mesmo que de um adolescente de 15...

Qual é a diferença entre uma pessoa que faz exames had-hoc e uma que frequenta as NO, em termos de acesso à universidade? ambas têm, no final, de fazer os mesmos exames que todos os outros...e, pasme-se, safam-se muito bem...

Qd falamos em pessoas sem perfil para o processo de RVCC, a conversa muda de figura. Pois muda. É estar a dar acesso ao 9º/12º a pessoas que não têm conhecimentos... é que, reparem...o processo de RVCC não existe para ensinar, mas para validar aquilo que foi ensinado pela escola da vida. É um processo de qualificação, não de aprendizagem propriamente dita. E que sofre da mesma podridão que sofrem as restantes instituições. E que é tão mais fácil de burlar e atacar.

Lá está. Quando se está fora do sistema, é tão mais fácil criticar, esquecendo que todas as histórias têm dois lados.

O mérito de quem realmente o tem acaba por se perder no seio desta necessidade de culpar algo pelo mau funcionamento dos sistemas de ensino e de validação de competências. Se há algo a culpar, é a exigência em apresentar resultados rápidos, não importando como, imposta pela UE.

(Ps - já agora, não, não estou dentro desse sistema; mas cuidei conhecê-lo primeiro antes de o criticar...)

Ana disse...

Caro Fernando Martins:

"convém não esquecer os casos de pessoas que tinham o 5º ou 6º ano e em poucos meses estavam na Universidade."

ah sim?...indique-me o nome de umas quantas de que tenha conhecimento...

trapalhada? diga-me, fala com conhecimento de causa? ou limita-se a tirar pedras?

Anónimo disse...

Caro João Boaventura e autores de outros comentários:

- Posso inferir que o aluno apenas tem duas disciplinas do 12.º ano por fazer, pelas informações que são dadas a seguir, a saber que fez dois módulos de formação, que correspondem a duas disciplinas em atraso; não significa isso que esteja de acordo com semelhante forma de concluir o ensino secundário, significa apenas que, de acordo com as diversas informações, foi essa a forma segundo a qual o aluno concluiu o ensino secundário e sei-o porque conheço a legislação que o permite fazer, a saber o Decreto-Lei n.º 257/2007 de 29 de Outubro;
- Quanto à "trapalhada" do exame de Inglês que permitiu ao aluno aceder ao ensino superior apenas com a média dessa disciplina, lamento informar que, e tanto quanto se percebe pela notícia,:
a) o exame nada tem a ver com a INO, uma vez que se trata de um exame nacional, igual ao feito por todos os outros alunos que usaram esse exame para aceder ao ensino superior;
b) a utilização em exclusivo da média dos exames para aceder ao ensino superior, não é uma determinação da INO, mas da comissão de acesso ao ensino superior. Também recomendo a leitura do Decreto-Lei nº 64-2006, DR 57, Série I-A, de 2006 que regulamenta o acesso ao ensino superior para os maiores de 23 anos e que nada tem a ver com a INO.
- Em relação ao facto de que programas similares à INO (porque verdadeiramente não sabe o que é, pelo que sugiro a leitura do Decreto-Lei n.º 396-2007, de 31 de Dezembro que lhe dará uma visão um pouco melhor) e, sobretudo, o reconhecimento, validação e certificação de competências, ser utilizado em toda a Europa, sugiro a leitura da seguinte referência bibliográfica:
Universidade Católica Portuguesa (2009), "Iniciativa Novas Oportunidades: primeiro estudo de avaliação externa - caderno políticas públicas". Este é um de seis cadernos de relatório de avaliação externa da INO, e pode encontrar sínteses comparativas nas páginas 38 e seguintes. Também sugiro a leitura dos restantes cadernos.
O modelo português, não da INO, mas apenas de uma das suas componentes, o reconhecimento, validação e certificação de competências, baseia-se no modelo francês, pelo que recomendo a leitura do autor intelectual do modelo: Alex Lainé (2005). VAE. Quand l’ experience se fait savoir - L’ acompagnement et validations des aquis.” Edição Erés – França.
Cumprimentos,

Anónimo disse...

O que ninguém comentou foi o facto de haver uma Inuversidade que apenas exige um exame de ingles para permitir a admissão de alunos...

Rui

Ana disse...

Ninguém? eheheh...há que ler nas entrelinhas...

Fernando Martins disse...

Cara "Vani":

"convém não esquecer os casos de pessoas que tinham o 5º ou 6º ano e em poucos meses estavam na Universidade."

ah sim?...indique-me o nome de umas quantas de que tenha conhecimento...


SE quiser será fácil - uma sugestão: procuro um rapaz de uma claque de um clube do norte que foi às Olimpíadas e, tendo o 2º Ciclo, entrou num curso muito procurado em poucos meses.

trapalhada? diga-me, fala com conhecimento de causa? ou limita-se a tirar pedras?

Fico curioso por saber a minha área - sou professor de Geologia... Sei que há uns especialistas (já fui insultado por um, mais a minha família, que faz parte da Central do Governo para a blogosfera). Sei o que digo porque estou no terreno e falo com muitos colegas sobre o assunto. Não sou um anónimo qualquer, debaixo da capa de nickname ou desenho ranhoso, pago para limpar as asneiras do governo ou para as cobrir com carradas de comentários que nada dizem.

Ana disse...

Mais uma vez, senhor Fernando Martins, demonstra a sua falta de elegância com comentários muito infelizes e totalmente desprovidos de assertividade e conhecimento de causa. Passe bem e continue assim, formatado e tendencioso (porque se não o fosse, preocupar-se-ia em conhecer primeiro e insultar depois... e não se esqueça, quem não tem telhados de vidro, que não atire a primeira pedra, caríssimo). Sugiro-lhe que tente conhecer primeiro as pessoas (que engraçado, eu sou somente um nick e desenho ranhoso e, no entanto, muitos sabem quem eu sou, eheheh, porque se deram ao trabalho de me conhecer antes de atirar pedras ou de ler seja o que for com o olhar de quem apenas vê o seu lado da história, ou seja, o que mais lhe convém).

Já agora, apresento-me: sou caçadora de trolls. Mais esclarecido. E creio que pesquei um.

Ps - se o senhor insiste em partir para a ofensa, não continue a contar comigo. Sabe, não tenho o hábito de travar duelos de intelectos com pessoas desarmadas. Passe bem e seja muito feliz nos seus diálogos futuros (ou monólogos, visto que só admite um lado, o que lhe é mais conveniente...).

Ana disse...

ps - até uma pessoa saída das suas odiadas novas oportunidades conseguiria perceber qual é a sua área de profissão... chegou até aqui? leu tudo? percebeu tudo? a sério? é que até agora parece só ler na diagonal e uma vez ou outra (porque se tivesse lido a sério, perceberia que se equivocou e que foi muito mal educado, infeliz e deselegante, em suma, um troll).

Fernando Martins disse...

Cara "Vani":

Na sua caçada a trolls metamorfoseou-se... Quem foi que começou a fulanizar, falando em falta de conhecimento de causa ou tirar (SIC) pedras?

Reparo que não respondeu às minhas afirmações, como a sugestão(procurar um rapaz de uma claque de um clube do norte que foi às Olimpíadas e, tendo o 2º Ciclo, entrou num curso muito procurado em poucos meses) em resposta a uma sua pergunta, ou a minha afirmação de conheço as NO. Digo-lhe mais: a fraude Novas Oportunidades será mais tarde ou mais cedo desmascarada - e tenho pena dos menos de 5% dos participantes que efectivamente não mereciam (ou precisavam...) de estar metidos nesta embrulhada.

PS - já agora, pode dizer-nos o que faz? E tem nome ou profissão? Eu tenho - chamo-me, efectivamente, Fernando Martins e sou mesmo professor, em Leiria. E, sim, conheço quase directamente as Novas Aldrabices...

Fernando Martins disse...

Cara "Vani":

E já está com a mão na massa e parece saber umas coisas das NO, porque não diz que os Centros NO têm quotas a cumprir e que muitos professores fazem a quase totalidade do trabalho dos alunos?

Quer que lhe coloque um link para um trabalho preliminar que recebi? E a nota final do "aluno"?

Ana disse...

Fernando Martins, não lhe respondi, tem toda a razão. Nem vou responder, lamento, uma vez que são informações pessoais que não lhe dizem respeito e que provavelmente nem sequer lhe interessam. Se quiser saber mais, olhe, leia tudo o que está para trás neste blogue ou noutros.

E recordo-lhe que foi o senhor quem começou a "fulanizar", há algum tempo atrás.

Quanto à descrição que me faz de si não traz nada de novo, uma vez que a sua informação está à distância de um clique, seja na blogoesfera, seja no Facebook...nem necessita de me enviar o seu curriculum vitae para me provar que é realmente professor ou que tem conhecimento de causa. Repito, o senhor não leu o que eu disse, não percebeu ou não quis perceber. E, de inicio, não me referi a si...ou a carapuça serviu bem, ou tem mania da perseguição. Ou uma qualquer terceira hipótese, quiçá mais simpática, mas neste momento o senhor não merece a minha simpatia, cortesia ou crédito (não é que isso o preocupe). Começou muito mal, logo desde o inicio, de modo que, o estrago na sua imagem já está feito.

Lamento se estou enganada, desejo estar enganada, mas o senhor portou-se muito mal, foi terrivelmente troll e mal educado desde a primeira vez que se me dirigiu.

Quanto a responder-me, ou a eu responder-lhe, o senhor já deixou o seu ponto de vista bem claro e os seus modos também. Pelo que, não se dê ao trabalho de responder a este comentário, porque eu não voltarei a responder-lhe a si ou a dirigir-me a si.

Quanto a eu ser troll, amor com amor se paga.

E, finito, end of discussion. Um discussão bem estúpida, diga-se. Passe bem, baibai e beijinhos fofinhos.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...