segunda-feira, 20 de julho de 2009

A caminho do futuro. Em Coimbra



Artigo de J. Norberto Pires, responsável pelo iParque e nosso colaborador noutras ocasiões, publicado no jornal "As Beiras" de hoje:

Tenho insistido na ideia de que Coimbra tem um conjunto de valências que devem ser exploradas de forma integrada, para maximizar resultados. A Universidade, os centros de conhecimento, o I&D reconhecido e de excelência, a incubação de ideias e empresas, as empresas de sucesso, o parque de ciência e tecnologia (iParque), os espaços vocacionados para manifestações culturais, a história da cidade, os espaços de lazer, a gastronomia e as pessoas.

É importante perceber que tudo isto tem de ser interligado para que a atractividade da cidade e da região aumentem.

Coimbra está a prestar atenção a essa valência, verdadeiramente central, no século XXI que é o conhecimento. A Universidade percebeu que é fundamental que se ligue ao mundo das empresas, criando valor a partir do conhecimento que gera, apoiando as empresas, transferindo conhecimento, incubando ideias e empresas, colaborando na instalação de áreas de negócio estratégicas e apoiando as iniciativas locais que visam dar corpo ao empreendedorismo e inovação criando valor e emprego. Mas é preciso melhorar e actuar de forma coordenada. Isso faz-se com tempo e aprendendo a trabalhar em conjunto. Sinto falta de estruturas de capital semente e de risco, vocacionadas para apoiar a iniciativa empresarial da região. É importante caminhar de forma célere nesse sentido.

Coimbra precisa de incentivar mais o empreendedorismo de crianças e adolescentes. É necessário que os jovens percebam que muito provavelmente terão de gerar as suas próprias oportunidades, contando com o que aprenderam e com a formação específica que tiveram. Isso significa alertar, divulgar, organizar pequenas sessões e cursos, aproximar as escolas das empresas, da Universidade e centros de I&D. As palavras-chave do futuro são "conhecimento" e "empreendedorismo", seja qual for a área de actividade que escolham no futuro.

É preciso, igualmente, perceber que a economia não é só tecnologia. Existem também as áreas tradicionais da indústria e serviços que precisam igualmente de ser apoiadas com espaços de localização empresarial de qualidade, pois geram emprego, actividade económica e incorporam inovação e empreendedorismo. E a visão deve ser integrada de forma a ter soluções claras para as várias solicitações.

Coimbra tem de ser mais excitante do ponto de vista cultural. Foi feito um esforço muito sério relativamente a espaços culturais e isso deve ser realçado. É necessário perceber que temos condições de excelência para manifestações culturais de qualidade que sejam capazes de atrair a atenção das pessoas. No teatro, na música, nas artes gráficas, na literatura, nas actividades museológicas, nas manifestações de cultura popular, nas feiras e nas exposições podemos ter uma oferta muito interessante em termos nacionais e internacionais que sejam uma mais-valia para visitar e viver em Coimbra. Coimbra precisa de conjugar isso com a actividade empresarial. A cultura é uma actividade económica por si só, mas para além disso é um excelente argumento para atrair empreendedores e investimentos estruturantes. Sinto falta de teatro, música, do foco nos livros, e de uma grande feira do livro. Sinto falta de exposições e coisas a serem lançadas e apresentadas em Coimbra. Sinto falta desse fervilhar de actividade cultural.

A história da cidade, os espaços históricos, a gastronomia e as pessoas são também factores a explorar para dar mais visibilidade a Coimbra.

Coimbra é criativa e empreendedora. Pode e deve coordenar as suas valências para atrair e fixar investimentos, pessoas que geram actividade e valor, atrair visitantes, os melhores estudantes, os melhores investigadores e cientistas, escritores e poetas, pintores, actores e outros agentes culturais. Isso faz-se criando condições físicas e dinamizando acções imateriais que, em conjunto, criam o ambiente excitante propício à actividade criativa.

É este o desafio que temos pela frente. Em Coimbra.

J. Norberto Pires

1 comentário:

joel matias disse...

Continua a faltar uma casa de espectáculos decente em Coimbra; com dimensão nacional. Ao TAGV já só se notam as costelas debaixo de uma pele sem carne. As salas do C.C. Avenida no estado em que estão. Vamos ver o que fazem com o espaço do Est. Prisional? E o Coimbra em Blues? Os jardins da AAC tornaram-se uma mini-Latada permanente - espaço, a meu ver, muito mal aproveitado. Imagino que não se possam queixar aqueles adoram folclore - é o prato do dia em Coimbra!

O QUE É FEITO DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?

Passaram mil dias - mil dias! - sobre o início de uma das maiores guerras que conferem ao presente esta tonalidade sinistra de que é impossí...