A coerência do discurso é uma característica essencial da racionalidade. Num plano mais imediato, apela a preceitos da lógica, entre as quais se conta a não contradição entre argumentos; num plano mais mediato, implica a estabilização de argumentos, a menos que reflexões de carácter filosófico e/ou evidências de natureza científica obriguem a sua revisão, revisão essa que deve ser explicitada e devidamente justificada.
Mas a coerência do discurso parece estar ausente no Ministério da Educação. Se não, vejamos:
Na passada semana, a Ministra e um Secretário de Estado acusavam a comunicação social, comentadores, partidos e sociedades científicas do abaixamento de resultados do exame do 12.º ano de Matemática; nesta semana, os mesmos responsáveis políticos deixaram de imputar a culpa do aumento de classificações negativas no exame de Língua Portuguesa do 9.º ano a estas entidades. Trata-se, para o Ministério, de "variações perfeitamente normais", de “oscilações aceitáveis”.
E, dou outro exemplo:
Ainda, que os resultados negativos dos exames do 9.º ano de Língua Portuguesa sejam de 30,1% e os de Matemática de 36,2%, a Ministra da Educação disse: “Gostava de sublinhar que a larga maioria dos alunos teve nota positiva tanto a Português como a Matemática. Isso deve encher-nos de orgulho. É muito positivo e muito bom para o País".
Mas, resultados negativos na casa dos 30% em exames nacionais serão aceitáveis ou não? Depende muito do ponto de partida, da consistência dos resultados e das nossas aspirações, mas julgo que estão longe de poderem servir de apelo a um sentimento de exaltação patriótica. Isso mesmo foi o que a Senhora Ministra deve ter percebido, pois, logo de seguida, acrescentou que o País não se pode "conformar com estes resultados".
Em que ficamos, então? Devemos ter orgulho nos resultados dos alunos ou não? Não, assim não vamos a lado nenhum: é preciso, antes de qualquer outra coisa, acertar a lógica...
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7 comentários:
Se o vosso problema é a interpretação dos resultados dos exames, sugiro que entendam a “lógica do ME” como a de um agente que utiliza os exames para justificar as suas políticas. Se as classificações subirem poderá utilizar os resultados dos exames para comprovar que esteve a seguir um política educativa “certa”. Até as aulas de substituição – onde cada professor se reduz a um cão de guarda! – foram legitimadas pela subida das classificações! Quando as classificações descem o ME não poderá colocar, obviamente, em causa a sua política e aí tem que inventar culpados, o que é fácil: os estudantes esperavam uma prova mais simples, portanto não estudaram….
Cada agente tem dos exames a interpretação que lhe interessa ter. Também o ME interpretará instrumentalmente os exames.
Uma resposta mais alargada exige que se estudem as representações sociais associadas aos exames (1). Até aí estaremos a seguir as lógicas do senso comum.
(1) Trabalho que fiz aqui: Entendimento Professoral da Avaliação http://tiny.cc/n5NZc
O ódio a esta Ministra da Educação torna os comentadores inteligentes um tanto patetas e patéticos. Diga a Ministra o que disser, uma coisa ou o seu contrário, os comentários são SEMPRE negativos. Nem sequer o comentário é alguma vez neutro; é sempre agressivo e/ou amesquinhante. Que tal um pouco de auto-crítica? E uma tentativa de perceber o que leva a esta situação?
M. Helena Cabral
Helena Cabral
Democraticamente acho bem que defenda a Ministra dos ataques a que tem sido submetida, mas apelar a que cada comentador seja auto-crítico não está em questão, nem vem em apelo ao que o post da Helena Damião expôs.
Seria ridículo aparecer um post onde o autor se auto-criticasse, bem como os comentadores se apresentassem a auto-flagelarem-se.
Esse comportamento é mais apropriado nos Cursos de Cristandade, que não sei se ainda se realizam.
Nem os comentadores são figuras políticas ou de relevo, o que acontece com os poderes políticos cujos comportamentos responsáveis se evidenciam por demasiado visíveis.
Agora, se acha que devemos calar as críticas aos desvios comportamentais da Ministra a respeito dos paradoxos e contradições em que por sistema cai, então seremos coniventes com a Ministra por termos calado e silenciado o que ela fez mal.
Pio XII, a um grupo de jornalistas que o visitou, opinou que os jornalistas "eram responsáveis não só por aquilo que escreviam como também por aquilo que calavam."
Helena Cabral, a ministra o seu séquito, que esperemos que estejam de partida para nunca mais voltarem, já não têm nada para oferecer, já não há novidade, estratégia, coerencia, humildade, nada, a cada decisão, a cada afirmação é uma palermice pegada, já não se aproveita nada do que fazem nem do que dizem, aquela instituição tornou-se de inutilidade pública e tem que ser sanada o mais depressa possivel, a ministra parece alheada da realidade, vive num mundinho que ela criou para si mesmo, não vive no mundo real, crê ver importantes progressos na educação quando na realidade a está a destruir.
Obviamente qualquer critico, comentador, já não a leva a sério, a senhora parece completamente senil.
Cara Helena Cabral,
Alguém disse quatro meses depois da implementação das primeiras políticas "eduquesas" da Ministra da Educação - "Esta Ministra faz parte do passado, não do futuro"!
Ela esperneia por todo o lado, atira em tudo o que mexe, jura a pés juntos que fez coisas fantásticas, no entanto as "escolas" públicas foram transformadas em Centros de Guarda e Entretenimento de Crianças e Jovens, os professores num cruzamento genético entre um burocrata da antiga União Soviética, um entertainer de um reality show americano, um psicólogo e um sociólogo, os directores em torturadores da antiga inquisição para todos aqueles que não comungam com a doutrina do "eduquês", os alunos em bonecos de plático e os pais em meros espectadores da transformação pós-moderna dos seus rebentos em sucesso estatístico para União Europeia ver!
Se a Helena Cabral considera "isto porreiro, pá!", que posso eu dizer? Que a culpa é minha? Que a culpa é de Saturno? Que a culpa é das ondas electromagnéticas? Que a culpa é das pontes de hidrogénio? Não! A responsabilidade destas políticas é de gente bem conhecida e nós cidadãos temos o dever de as denunciar! Mais, temos o dever de correr com esta gente do poder!
O João Boaventura tem razão na crítica que me faz. E é acutilante.
Olha, não me custou nada reconhecer isto!
Helena Cabral
Helena Cabral
Só lhe fica bem.
E, se a minha aceitação da sua primeira mensagem merecia respeito por ser livre de opinar, aumentou agora por também ter respeitado a minha.
Bem haja.
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