segunda-feira, 13 de julho de 2009

O GRANDE APAGÃO


Informação recebida da organização nacional do Ano Internacional da Astronomia:

A 18 DE JULHO AIA2009 PROMOVE "APAGÃO" PARA FAZER BRILHAR AS ESTRELAS

Do Bom Jesus de Braga aos Jerónimos. Da Praça Velha de Angra à Baía de Cascais. Da Universidade de Coimbra à cidadela de Bragança. Portugal vai 'desaparecer' na noite para acender as estrelas do céu.

O Ano Internacional da Astronomia vai provocar um "apagão" que atingirá cidades e vilas por todo o país no dia 18 de Julho (sábado). De Braga a Lisboa, de Angra do Heroísmo a Cascais, de Coimbra a Bragança, da Calheta a Espinho, de Moimenta a Mira, alguns dos mais emblemáticos monumentos e praças centrais vão "desaparecer" na noite para fazer brilhar as estrelas. A iniciativa, promovida pelo Ano Internacional da Astronomia, pretende alertar os portugueses para o grave problema da poluição luminosa e, ao mesmo tempo, mostrar a beleza do céu nocturno.

Na "Noite das Estrelas", em Braga, o horizonte nocturno vai deixar de ser recortado pelo Santuário do Bom Jesus. O monumento, que é uma referência da arte barroca na Europa, vai render-se ao apagão nacional e tornar-se palco de um passeio pelo céu estrelado, orientado pelo ORION - Sociedade Científica de Astronomia do Minho e outros astrónomos da região. Música e palestras são outras das actividades previstas para a esplanada do Bom Jesus, a partir das 18h30.

Na região de Trás-os-Montes, Bragança é o palco central do Universo. Com a cidadela às escuras, os curiosos poderão descobrir no castelo, a partir das 21h30, Júpiter e Saturno, a Lua, alguns enxames de estrelas, nebulosas e galáxias, com a ajuda de astrónomos amadores e da equipa do Centro Ciência Viva de Bragança.

Ainda a Norte, Espinho vai desaparecer na noite, saindo de cena para deixar passar as estrelas. A iluminação pública da área central da cidade vai ser desligada e os seus habitantes poderão contemplar com os seus próprios olhos os efeitos da ausência de poluição luminosa. No Centro Multimeios de Espinho terão ainda lugar, a partir das 22 horas, sessões de observação do céu abertas a toda a população. "Iremos subir até ao topo do edifício do Centro Multimeios e observar com o nosso telescópio objectos que em condições normais não poderíamos observar", avança Lina Canas, do Centro Multimeios.

No distrito de Viseu, Moimenta da Beira é a protagonista das celebrações da "Noite das Estrelas", mais uma vez uma aposta conjunta da câmara municipal e do Clube das Ciências da Escola Secundária Dr. Joaquim Rebelo, que já este ano foi responsável pela organização da maior concentração nacional de telescópios. A iluminação pública de cerca de um quarto da cidade será desligada durante uma hora e meia, abrangendo a zona das escolas. A partir das 21h30, em frente ao Pavilhão Gimnodesportivo de Moimenta da Beira, haverá ainda passeios pelo céu nocturno, uma cortesia do Clube de Ciências.

No centro, Coimbra mobilizou-se em força para a "Noite das Estrelas". Um dos maiores símbolos do país, a Universidade de Coimbra, irá deixar de coroar a encosta da Alta da cidade, abrindo o céu nocturno à contemplação de todos. Com as luzes reduzidas, o Pateo das Escolas acolherá, a partir das 21 horas, observações astronómicas e ainda o espectáculo "Setestrelo", do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra. Para quem não medo das alturas e tenha uma lanterna à mão, será ainda possível subir à Torre da Universidade e olhar o céu com uma luneta igual à que Galileu utilizou há 400 anos. Do outro lado do rio, em Santa Clara, o Ano Internacional da Astronomia vai fazer parar a música do I Festival das Artes para homenagear o Universo. A partir do premiado Anfiteatro da Colina de Camões, na Quinta das Lágrimas, os curiosos poderão, assim, deambular pelos astros da noite, com a ajuda de astrónomos, a partir das 22h30. A entrada é livre.

Ainda no coração de Portugal, Mira volta a ser uma das mais entusiastas participantes do Ano Internacional da Astronomia (AIA 2009). A iluminação pública do centro da vila vai ser desligada, deixando as ruas à mercê das estrelas. As celebrações vão concentrar-se no Jardim Municipal, onde, a partir das 20 horas e ao som de música, decorrerão observações astronómicas, orientadas pelo Observatório Astronómico de Mira. Antes, às 16 horas, decorrerá ainda, na Casa do Povo, uma palestra sobre os perigos da poluição luminosa.

Mais a Sul, em Lisboa, a "Noite da Astronomia - Noite das Estrelas" vai fazer apagar o edifício do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Na Tapada da Ajuda, os curiosos poderão visitar o OAL e passear os olhos pelo céu nocturno, com a ajuda de uma equipa de astrónomos. As actividades decorrem entre as 21 e as 23 horas.

Em Cascais, as luzes da baía vão extinguir-se e dar lugar, na praia, das 22h00 à meia-noite, a um passeio guiado pelo céu. Além das constelações visíveis a olho nu, o público poderá descobrir imagens comentadas de objectos celestes, captadas ao vivo a partir de um telescópio e projectadas sobre um grande ecrã, ou olhar directamente para o céu através dos vários telescópios disponibilizados no local. Com pufs dispersos pelo areal, o NUCLIO - Núcleo Interactivo de Astronomia irá também às 20 horas dar corpo a uma palestra sobre os 40 anos da Missão Apollo, que pela primeira vez na História levou o Homem à Lua. O NUCLIO convida ainda todos os interessados a trazer os seus próprios telescópios e a participar nessa noite inesquecível.

No arquipélago da Madeira, a Calheta é a grande figura da "Noite das Estrelas", com a célebre Promenade entregue à noite durante meia-hora. Antes e depois do apagão, que tem início marcado para as 22 horas, decorrerão sessões de observação na zona. Na Calheta, haverá ainda lugar a medições do brilho do céu nocturno, uma iniciativa da Universidade da Madeira.

Nos Açores, o horizonte vai deixar de contar com Praça do Alto das Covas de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. A iluminação pública estará desligada entre as 22h30 e as 24 horas para facilitar as observações do céu profundo.

DE OLHOS NO CÉU

Sem apagões confirmados, mas de olhos no céu estarão ainda o Porto e Faro. Na cidade invicta, as celebrações concentram-se na entrada do Palácio de Cristal e na Praça Parada Leitão, onde, a partir das 22 horas, decorrerão visitas guiadas ao céu. Na iniciativa do Palácio de Cristal, que terá lugar no âmbito de uma LAN Party, a Associação de Física da Universidade de Aveiro (FISUA) ajudará os curiosos a desvendar as constelações visíveis. Junto à Reitoria da Universidade do Porto (UP), o Porto Cidade de Ciência e o Centro de Astrofísica da UP promovem observações astronómicas, numa iniciativa da Astronomia no Verão.

No Algarve, as estrelas voltam ser as personagens principais de mais um espectáculo de observação do céu na açoteia do Centro Ciência Viva, em Faro. As comemorações da Noite das Estrelas têm início às 22 horas.

A poluição luminosa resulta da má utilização dos sistemas de iluminação e é produzida sobretudo por candeeiros e projectores que, por concepção inadequada ou instalação incorrecta, emitem luz muito para além da zona pretendida. A luz emitida em excesso causa graves prejuízos ambientais e sociais: para além de exigir gastos supérfluos de energia, agravando o problema da poluição ambiental, ela ainda produz danos sociais, na medida em que afecta, por exemplo, o comportamento dos condutores e dos peões nas ruas, mas também o próprio bem-estar das populações.

As celebrações da "Noite da Astronomia - Noite das Estrelas" fazem parte do projecto internacional do AIA2009, "Dark Skyes Awareness" , que visa sensibilizar o público para o impacto negativo de uma iluminação artificial excessiva. Coincidem também com uma nova edição de observações do programa do AIA, E Agora Sou Galileu, desta vez dedicada à Via Láctea. No dia 18, assinala-se também o arranque do programa educativo Astronomia no Verão, da responsabilidade da Agência Nacional Ciência Viva.

O Ano Internacional da Astronomia (AIA 2009) é coordenado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Agência Nacional Ciência Viva, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Mais informações: aqui

1 comentário:

Helena Ribeiro disse...

Deveríamos unir esforços no sentido de alertar para o grande disparate duma iluminação invasiva que, não só roubou a noite aos cidadãos, como "amareleceu" tudo numa tonalidade maníaco-depressiva. Em nome da segurança pública? Absurdo!

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