domingo, 10 de fevereiro de 2008

O ocaso de um génio

Dia 2 de Fevereiro morreu um gigante do século XX, Joshua Lederberg, o «pai» da genética microbiana, homenageado com o Nobel quando tinha apenas 33 anos pela sua descoberta de que as bactérias também têm «sexo» - embora sem indícios de que se divirtam no processo, apesar do afinco com que se dedicam à reprodução.

Joshua Lederberg partilhou o Nobel de Medicina em 1958 com George Wells Beadle e Edward Lawrie Tatum «pelo trabalho respeitante a recombinação genética e genética bacteriana». Ao anunciar o prémio, o Instituto Karolinska referiu que Lederberg descobrira que «diferentes tipos de bactérias poderiam ser cruzados para produzir descendentes contendo uma nova combinação de factores genéticos». O processo, análogo ao sexo, fora designado por Lederberg «recombinação» no artigo «Gene recombination in E. coli», publicado na edição de 19 de Outubro de 1946 da Nature (artigo em formato pdf).

Lederberg, que organizou o Departmento de Genética Médica na Stanford University Medical School (1957), de que foi Chairman entre 1957 e1958, foi director do Kennedy Laboratories for Molecular Medicine (1962) e presidente da Rockefeller University (1978-1990), foi o pioneiro da microbiologia e imunologia modernas que lançou as fundações da engenharia genética e da abordagem genética da medicina. A actividade de Lederberg não se restringiu à biologia e introduziu a ciência da computação e a inteligência artificial nos laboratórios de biologia.

Em 2003, Lederberg, um grande comunicador de ciência que mantinha uma coluna que distribuía por jornais de referência, intitulada «Ciência e Homem» e que sobre o impacto das descobertas científicas na sociedade, escreveu um artigo em exclusivo para o Expresso, reproduzido nesta página.

Filho de um rabi ortodoxo que reagiu «muito fortemente» à vocação religiosa do pai interessando-se desde muito cedo por assuntos cientícos e seculares, Lederberg foi um firme advogado da ciência e da comunicação de ciência. Como afirmou, manteve ao longo da vida «um interesse inamovível em ciência, a forma pela qual o homem pode conseguir perceber a sua origem e propósito».

Para Lederberg, muito crítico do sistema de financiamento de ciência actual que privilegia projectos com aplicações rápidas e não a chamada investigação fundamental, o divórcio entre ciência e sociedade a que assistimos é um efeito colateral do que chamou «Instrumentalismo, ou a ciência dirigida a necessidades específicas» que «parece ser cada vez mais o critério para o investimento em ciência» e sobre o qual «Tenho sérias reservas em o aceitar como a única base moral para uma carreira em ciência».

Para fortalecer a cultura de ciência, Lederberg propôs quatro reformas, dirigidas ao sistema norte-americano mas que me parecem universais. As reformas pretendem obstar à deriva do verdadeiro espírito científico, que o seu mentor «Francis Ryan compreendia bem: a melhor forma de alcançar progresso científico é resistir à tentação de o controlar. Como escreveu Emerson numa meditação sobre a imprevisibilidade do génio, 'The mind goes antagonizing on'; os movimentos mais produtivos da mente são aqueles livres de expectativas prematuras sobre as recompensas que darão».

Continuando com as palavras de Ralph Waldo Emerson, «Há sempre o pôr do sol e há sempre génios»: na semana passada atingiu o ocaso a vida de um génio mas a luz da sua mente brilhante nunca se apagará nas nossas.

7 comentários:

Bruce Lóse disse...

um interesse inamovível em ciência, a forma pela qual o homem pode conseguir perceber a sua:

- origem: certo.
- propósito: errado.

Recuso-me partilhar propósitos com as escherichias, mesmo que sejam grandes malucas. Está bem que a famosa Lei Geral da placa de Petri (Genesis 1:28) traduz de alguma forma os meus objectivos de vida. Mas, caramba. Tenho outros.

António Miguel Miranda disse...

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Fernando Martins disse...

Caro perspectiva:

Quando é que tem vergonha na cara e pede desculpas pelas mentiras e aldrabices aqui colocadas em comentários anteriores?

Será que não tem um pingo de vergonha?

Ou quer que lhe explique outra vez alguns dos erros anteriores?

perspectiva disse...

Estimado Fernando Martins diga claramente quais são os erros anteriores. Não se refugie em acusões genéricas, fáceis de fazer (como bem sabiam os inquisidores).

Diferentemente do que acontece consigo, eu sou bem específico quando aponto os erros dos evolucionistas.

Por exemplo:

Erros da Palmira Silva

1) Ao tentar conciliar a lei da entropia com a evolução, e pensando com isso desferir um golpe letal nos criacionistas, defendeu a analogia entre a estrutura ordenada dos cristais de gelo e a informação complexa e especificada do DNA.

Esqueceu-se apenas que se tivéssemos DNA do tamanho de um cubo de gelo de um refrigerante vulgar teríamos aí possivelmente armazenada a informação genética suficiente para especificar cerca de 50 biliões de pessoas, coisa que, nem de perto nem de longe se passa com um cubo de gelo, o qual é sempre um cubo de gelo, pelo menos até se derreter ou, partindo-se, dar origem a dois ou mais cubos de gelo.

O DNA contém é um sistema optimizado de armazenamento de informação codificadora de estruturas e funções que não são inerentes aos compostos químicos do DNA.

Diferentemente, os cristais de gelo são estruturas arbitrárias sem qualquer informação codificada.

2) Tem criticado os criacionistas por os mesmos terem certezas absolutas.

Para ela, não existem certezas absolutas, o que põe o problema de saber como é que ela pode ter a certeza absoluta de que as suas críticas ao criacionismo estão certas.

Para a Palmira Silva todo o conhecimento começa na incerteza e acaba na incerteza.

As premissas são incertas e as conclusões também.

Mas a Palmira parece ter a certeza de que isso é assim.

Diferentemente, os criacionistas entendem que o conhecimento baseado na revelação de um Deus omnisciente e omnipotente é um excelente ponto de partida e de chegada para o verdadeiro conhecimento.

Para a Bíblia o mundo foi criado por um Deus racional, de forma racional para ser compreendido racionalmente por pessoas racionais.

Os criacionistas propõem modelos científicos falíveis, mas, partindo da revelação de Deus, estão convictos de que existe a possibilidade de certeza no princípio e no fim. Jesus disse: eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.

3) Criticou a noção de dilúvio global (presente na bíblia e corroborada por relatos semelhantes em praticamente todas as culturas da antiguidade) com a ideia de que a água nunca chegaria a cobrir o Everest.

Dessa forma, ela esquece que é uma catástrofe das proporções do dilúvio que melhor permite explicar a origem do Everest e o facto de nos seus diferentes estratos e no seu cume se encontrarem fósseis de moluscos.

4) Apelou à introdução de uma suposta “Lei de Darwin”, para tentar “ilegalizar” as críticas a Darwin, esquecendo que as leis naturais descrevem em termos simples e incisivos regularidades observadas empiricamente, sendo em princípio cientificamente falsificáveis.

Pense-se na lei da conservação da massa e da energia, na lei da entropia, na lei da gravidade, etc.

Diferentemente, nunca ninguém observou a vida a surgir por acaso e uma espécie mais complexa a surgir de outra menos complexa.

Se existe uma lei que podemos afirmar é esta: os processos naturais não criam informação codificada.

Esta lei sim, nunca foi empiricamente falsificada. A mesma corrobora a criação, se pensarmos que o DNA é o sistema mais eficaz de armazenamento de informação.


Ludwig Krippahl

1) Defendeu que a mitose e a meiose são modos de criação naturalística de DNA, quando na verdade apenas se trata de processos de cópia da informação genética pré-existente no DNA quando da divisão das células.

Por sinal, trata-se de uma cópia extremamente rigorosa, equivalente a 282 copistas copiarem sucessivamente toda a Bíblia e enganarem-se apenas numa letra.

De resto, o processo de meiose corrobora a verdade bíblica de que todas as criaturas se reproduzem de acordo com a sua espécies, tal como Génesis 1 ensina.

2) Defendeu a evolução comparando a hereditariedade das moscas (que se reproduzem de acordo com a sua espécie) com a hereditariedade da língua (cuja evolução é totalmente dependente da inteligência e da racionalidade.)

Em ambos os casos não se vê que é que isso possa ter que ver com a hipotética evolução de partículas para pessoas, já que em ambos os casos não se explica a origem de informação genética.

3) Defendeu que todo o conhecimento científico é empírico, embora sem apresentar qualquer experiência científica que lhe permitisse fundamentar essa afirmação.

Assim sendo, tal afirmação não se baseia no conhecimento, segundo os critérios definidos pelo próprio Ludwig, sendo, quando muito, uma profissão de fé.

Na verdade, não existe qualquer experiência ou observação científica que permita explicar a causa do hipotético Big Bang ou demonstrar a origem acidental da vida a partir de químicos inorgânicos.

Ora, fé por fé, os criacionistas já têm a sua fé: na primazia da revelação de Deus.


Paulo Gama Mota

1) Defendeu há alguns meses atrás a teoria da evolução com o argumento de que sem ela não haveria telemóveis!

É verdade!

Não se percebe neste argumento o que é que os telemóveis têm que ver com a hipotética criação de informação genética nova através de mutações e selecção natural.

Por outro lado, esquece-se que os telemóveis são o produto de design inteligente, nunca podendo ser utilizados para tentar legitimar a evolução aleatória do que quer que seja, e muito menos de seres cuja complexidade excede largamente a dos telemóveis ou de qualquer outro mecanismo criado pela inteligência humana.

Fernando Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando Martins disse...

Caro perspectiva:

É preciso ser burro, parvo e desonesto para continuar a vir aqui defender o que sabe ser mentira e que todas as áreas das ciências lhe dizem ser mentira. Se quer continuar a acreditar no mito babilónico do dilúvio, na Bíblia enquanto livro científico e noutras patacoadas é consigo - as pessoas são livres de acreditarem no quiserem. Agora vir aqui mostrar a sua ignorância e estupidez parece-me demais...

Quanto à questão em que demonstrou mais uma vez falta de humildade para reconhecer o erro (sobre estalactites), vá aos comentários do post http://dererummundi.blogspot.com/2007/12/criao-est-ainda-mais-prxima.html
e perceba que se falha numa coisa tão simples de ciência, o que fará em coisas mais complicadas...?!?

Fernando Martins disse...

E, já agora, não será perigoso um criacionista usar o termo "design inteligente"? É que esse termo é usado por um grupo de pseudo-cientistas que não acredita no mito bíblico da criação...

Já agora gostava ainda de perceber como reage às afirmações dos especialistas em gelos polares e glaciares que, aos estudarem as camadas anuais de gelo (sim, porque nestes locais forma-se por ano uma camada facilmente reconhecível...) que falam no clima de de há mais de 400.000 com base no estudo dos gelos...

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